A frase era dita nos tempos da faculdade. Afirmávamos que não tinha.

Agora, Brasil, governo Bolsonaro, me questiono outra vez.
O estopim para o texto foi a declaração sobre o paradeiro do pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz: Fernando.

E têm havido tantas declarações, contra políticos da oposição, nordestinos, mulheres…
Negação de fatos e dados, como os do desmatamento, vindos do IPEN…
Tantas mudanças e estórias recontadas sobre outra óptica, diferente do rogado durante a campanha… como os gastos de cartão corporativo (aqui, mostrando que as práticas anteriores não mudaram), o uso de veículos oficiais para transporte de amigos e parentes (aqui, o caso do helicóptero levando parentes ao casamento de Eduardo), e a indicação de parentes, ou nepotismo (dados levantados aqui, com nada menos que 102 pessoas empregadas pelo “clã” Bolsonaro)…
Que eu me pergunto repetidamente se há limite para o nosso governante.

Certamente não há limite para os defensores do “mito”.
No momento do contra-senso da nomeação do filho Eduardo, para embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Surgiram no WhatsApp muitos textos, de funcionários da embaixada em Washington, relatando com riqueza de detalhes a “pseudo-Venezuela”, a “trincheira de luta da esquerda” lá existente. Muitos dos textos, obviamente, estavam assinados por funcionários, por amigos, por conhecidos dos primos dos amigos dos funcionários. Sem dúvida, todos falsos.
Um ex-colega de empresa, ainda disposto a ler tais disparates, questionou:
– Se é mesmo verdade, por quê não colocar uma pessoa melhor: íntegra, capaz e merecedora?

Para os dados de desmatamento vindos do IPEN, já levantados há mais de vinte anos, solicitou-se que fossem enviados primeiramente aos Ministros ligados ao fato (Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Casa Civil?!?). Como se dados inegavelmente verdadeiros precisassem seguir a pseudo-hierarquia militar, torpe, do Planalto. Como o próprio Ricardo Galvão, hoje ex-diretor do IPEN, colocou: “(…) dados são científicos. Não precisam de aprovação nem obedecem à hierarquia. No meio científico há dignidade na divulgação de dados (…)”.

E no caso do ultraje, da afronta acusatória gratuita do presidente para contra a figura de um desaparecido da ditadura, de forma análoga ao ocorrido quando da nomeação para a embaixada, vídeos com montagens toscas e rudes surgiram.
E foram repassados.
Sequer prestaram atenção nos fatores temporais da montagem. Puseram o William Bonner [ainda] como apresentador do Jornal Nacional, só para citar um exemplo.
Sujo! Lamentável!

Vale a pena mesmo, tudo, se a alma não for pequena?
Sim. Vale. Nesse caso, a alma grande é a de quem reclama e se indigna com o que está errado.
As outras almas, bem… tenho pena delas…

por Celsão irônico

figura retirada daqui, do blog de Lúcio Vaz na Gazeta do Povo. Link já citado no texto.

 

O leitor que se prender somente ao título, um tanto sui generis, pode dizer de sopetão: nenhum dos dois.
O que eu gostaria de ter escrito, vetado por mim mesmo por ser demasiado longo, seria: “Era para ser como ‘Seminário dos Ratos’ e não como ‘Revolução dos Bichos'”.

O texto pretende fazer uma análise autocrítica da esquerda brasileira e de como chegamos até a situação atual.
Eu sei e todos os que se identificam com a esquerda sabem, que a autocrítica transforma-se em autofagia muito facil- e rapidamente, mormente se pensamos que a esquerda e quem a defende encontra-se na condição de minoria, quando não em pensamento, na propriedade e controle dos meios de produção e divulgação da mídia.
Mas a autocritica se faz necessária a mim nesse momento, por não ser inerte e inabalável à críticas de amigos e conhecidos. À opiniões contrárias dos poucos que argumentam com propriedade e lógica. E o fizeram durante o período eleitoral do ano passado.

O texto vai a estes que arguiram comigo, esperando ríspidas críticas aos movimentos da esquerda (sobretudo PT) durante as eleições de 2018; e vai, também, para mim mesmo: que escolhi os embates a entrar, ouvindo mais que falando e fazendo perguntas provocativas (principalmente quando o tema era corrupção, favorecimento, velha política, e outros mais).
Tentei duramente, mas não a todo momento, como coloquei, lograr que o interlocutor prometesse para si rechaçar o contrassenso da escolha por Bolsonaro, caso as promessas se provassem vazias e os famigerados atos (de corrupção, favorecimento, conchavos), seguissem acontecendo.

Os amigos “esquerdopatas” que me perdoem. Peço que se segurem por alguns parágrafos e me brindem com seus comentários ao final deste post.

A esquerda utópica que proclamo e acredito, ou a “minha esquerda” é aquela que toma o poder, parodiando uma declaração de José Dirceu, dada ao jornal Espanhol “El País” no fim da corrida eleitoral no ano passado.
Não digo tomar o poder com armas e violência. Mas a esquerda que toma o poder apoiada e referendada pelo povo, à quem jurou defender.
Parêntese para declarar que não sigo conscientemente nenhum dos rótulos preconizados mundo afora. Não sei classificar se sou stalinista, marxista, trotskista… Se prefiro Rússia, Vietnã, Cuba, China, ou mesmo Alemanha… Creio num governo “para o povo”, mas não necessariamente “do povo”, já que o poder corrompe e as afrontas talvez sejam inevitáveis.

A minha esquerda agiria como os ratos em “Seminário dos Ratos”, de Lygia Fagundes Telles.
Agiria cooptando apoio popular, na base. Teria uma maciça presença entre os menos favorecidos e entre as minorias, pois dialogaria diretamente com eles.
E, como os ratos no conto citado, no momento certo, roeria todo o sistema de dentro e por dentro; acabaria com o status quo sem que a classe dominante se apercebesse da sua presença. Atingindo e conquistando províncias, casas legislativas e entidades de classe concomitantemente.
Seguindo na viagem utópica, minha esquerda entraria na redação da Veja e na TV Globo no momento da revolução. E teríamos gritos de ordem, bandeiras, subversão e bundalelê em pleno Jornal Nacional

Para os que não conhecem o conto e livro homônimo, Lygia Fagundes Telles descreve brilhantemente ratos, representando o povo oprimido, em “enxame”, tomando o controle de um Governo que os combate, roendo e ruindo toda a sua estrutura e o seu suporte.
Isolam o Governo do próprio povo, afastando-o para longe das principais cidades; impedem o mesmo de se comunicar, roendo os fios de telefone e de antenas; impedem o Governo de fugir, de se locomover, atacando os meios de transporte; e culminam com a “destituição” do tal Governo “inimigo” (em sentido dúbio no conto).
Colocando em contexto histórico, o conto foi escrito em 1977. Período de ditadura militar, tolhimento de direitos e censura. Não só no Brasil, mas também na América Latina. E a autora é muito feliz nas correlações que conseguiu fazer no texto. (aqui compartilho um link para quem leu o conto e quer entender todas as nuances do mesmo numa ótima análise, ou para quem não leu e tampouco liga para spoiler)

A esquerda que vimos subir ao poder foi a esquerda ridicularizada por George Orwell em a Revolução dos Bichos.
Tivemos uma chance “de ouro” ao chegar ao poder. Mas só o atingimos com muito jogo político, conchavos e promessas.
Tais problemas afastaram nomes importantes, tanto no campo das ideias, como Chico de Oliveira, quanto no campo político. (lembro agora, sem consultar Google, de Heloísa Helena e de Luciana Genro. Mas certamente muitos dos fundadores do PSOL estão nessa lista)

Eu queria que o PT, ao haver chegado no poder, tivesse a hombridade e a consciência de seguir dialogando com o povo. De seguir sendo o que foi idealizado.
Gostaria que não tivessem se tornado os “porcos” de Orwell. Que não partilhassem da mesma “sede” pelo poder e da mesma “doença” dos humanos, seus antecessores.
Quando dialogo com os colegas mais radicais, ouço constantemente os termos “esquerda capitalista”, “esquerda burguesa” e discutimos sobre a incômoda cooperação que havia com banqueiros e grandes empresários.

Alguns podem interromper o raciocínio afirmando que Fernando Henrique Cardoso, e seu PSDB, também eram esquerda.
Verdade até a página dois.
FHC conseguiu estabilizar a economia, mas errou na minha opinião, quando preferiu distribuir renda ao funcionalismo público através do benefício da aposentadoria (integral, acumulativa, progressiva) a reformar todo o sistema, beneficiando a imensa maioria.
FHC tinha, ao menos no primeiro mandato, o apoio popular necessário pós-Plano Real, para enfrentar as agruras das reformas, já necessárias desde então. (até tentou algumas delas, bem da verdade, mas não com tanta dedicação se comparamos com a aprovação da própria reeleição).
E… Fernando Henrique também privatizou e apoiou medidas que iam contra o consenso popular. A própria reforma da previdência pode ser apontada como uma dessas medidas impopulares.

Lula e o PT, ao ascender, terminaram por abandonar os “velhos companheiros”, os ditos “radicais”, preterindo Maluf’s e Kassab’s.
Conseguimos inegáveis vitórias, geramos discórdia, ódio, embates internos e afrontas.
Mas o mais triste foi ver os “porcos”, que lideraram a revolução na “Granja do Solar”, aderirem ao modus operandi dos humanos, antigos opressores. Tornando-se distantes da classe trabalhadora, dos “bichos”, moradores da granja e apoiadores nos momentos difíceis.
(para quem, igualmente, quer ler um resumo do livro e uma análise, segue link. Mas insisto que a leitura do original vale muito o esforço)

Muitos apoiam ainda o PT (contra o Bolsonaro e asseclas acéfalos, eu deixo claro que seguirei apoiando) na esperança de que se possa corrigir o curso de uma potente arma política que [ainda] temos nas mãos.
Em conversas com o Miguelito, no período anterior ao impeachment da Dilma, nos dividíamos discutindo prováveis cenários futuros: seguir apoiando o PT e ignorando mazelas ou tentar erguer uma nova força de esquerda (PSOL?) com todo o custo acarretado, e tempo de maturação exigido?

Entendo e respeito os que apoiam o PT. Mas desejo que estes, se e quando subirem ao poder, sejam ratos e não porcos!

por Celsão revoltado.

as figuras são stickers do Telegram, que utilizo corriqueiramente e que encontrei aqui para download.

P.S.: “asseclas acéfalos” forma uma aliteração interessante. Daria um bom nome de banda ou música de punk rock! Ou mesmo um título de post.

P.S.2: autocrítica feita, peso tirado das costas, posso tranquilamente falar mal do Bolsonaro, seus asseclas, do Governo atual… UFA!

P.S.3: para os curiosos, segue link de leitura da notícia da “expulsão dos rebeldes” do PT, de Dezembro de 2003 (aqui).

 

Esse post é baseado em notícia do jornal alemão “Süddeutsche Zeitung” (Jornal do Sul da Alemanha, em tradução livre), um dos mais lidos e sérios veículos de comunicação, que escreve novamente sobre o Brasil.
A notícia pode ser lida aqui. Para quem souber ler alemão ou usar as ferramentas de tradução automática.

Em resumo, eles contam os fatos das revelações do “The Intercept“, que mostram conversas de Moro com a acusação no caso lava-jato, deixando claro que Moro, o Juiz do caso, favorecia e ajudava a acusação na intenção de prender Lula.
Depois Moro, que sempre proclamava jamais ter interesse pela política, é nomeado ministro de Bolsonaro.
Eles ainda apontam como a prisão de Lula garantiu a vitória de Bolsonaro.
Depois mostram como os seguidores de Bolsonaro reagem com fúria e cegueira quanto a essas declarações.
O jornal menciona diversas vezes o termo “extrema-direita”, que em alemão em boas palavras refere-se ao nazismo.
Também fazem um leve resumo sobre Glenn Greenwald, o jornalista do “The Intercept” que revelou as conversas.
Ele foi o jornalista que arriscou sua vida e carreira para publicar os documentos de Edward Snowden, um dos episódios mais importantes para o mundo nas últimas décadas. Documentos que revelavam, entre tantas tramas e segredos, como os EUA espionam o Brasil, Alemanha e tantos outros países do Mundo.
Greenwald é homossexual, casado com o brasileiro David Miranda. Em 2017 adotaram duas crianças carentes do nordeste brasileiro (Alagoas). Greenwald e seu marido Miranda também fundaram a Hope, um abrigo para animais resgatados/abandonados e que serão cuidados por moradores de rua até que encontrem uma família disposta a adotá-los (link para o site da Hope AQUI). Eles, Greenwald e Miranda, adotaram para si próprios dezenas de animais resgatados.
Greenwald, além das diversas ofensas e ataques homofóbicos que sofre, é também chamado de terrorista pelos seguidores de Bolsonaro.

O que eu sinto?
Eu, Miguel Junior, quando leio um profissional do jornalismo alemão escrevendo estas verdades sobre meu País, me sinto incapaz de defender o Brasil quando o próximo alemão chegar dizendo que somos carnaval, bunda, futebol e corrupção, e mostrar total desprezo por nós.
Afinal, ele tem bastante razão.

Me sinto como alguém nascido num país civilizado, ao ler barbaridades que acontecem na Somália, Etiópia, Congo. Parece surreal, filme, ficção, certo? Mas não é… é o Brasil no qual meus amigos e familiares, muitos deles instruídos, acreditam.

por Miguelito Formador

figura retirada da notícia do “Süddeutsche Zeitung” (aqui)

P.S.: Eu, Celso, sinto um déjà vu de quem parece “que sabia”.
Toda a argumentação de acabar com a corrupção, de não aceitar desvios no Governo, virou farelo.
Entramos na linha do “bandido bom”, do “fim justificando os meios”, do “ainnn… o PT”. Não há surpresa, pois não era possível esperar realmente e sinceramente coisas boas de um governo e de uma equipe enviesada.
Hoje, infelizmente, o lado político importa mais que a seriedade de fatos incontestáveis. Extremistas geram discórdia. E não é isso que precisávamos. 

Curiosidade ou não, no final da notícia do jornal alemão, ao menos para mim e nessa semana, apareceu uma chamada com um “Alles Samba” (Tudo é Samba, também em tradução livre). Mesmo sem ler a notícia, por estar bloqueada a assinantes, o título aponta exatamente para o que mais lamentamos, a estereotipização da Nação Brasileira. Aquilo que cada vez mais é indelével e indefensável.

comentário por Celsão correto

Hoje é dia internacional de combate à LGBT-fobia.
O dia foi escolhido pelo fato marcante ocorrido em 1990, em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou o homossexualismo da lista de doenças. Algo tão absurdo hoje em dia, ao menos para mim, que não parece ter sido realizada há menos de vinte anos.

A Wikipedia informa que houveram comemorações em 132 países no ano de 2016. Mas que ainda há discussão sobre a “aceitação” do dia em termos globais, como toda a luta desse grupo. E é prova de que a humanidade demora para quebrar os seus pré-conceitos e julgamentos.

Mas eu gostaria de comemorar dois pequenos avanços recentes. Que me surpreenderam e, ao mesmo tempo, me excitaram. Fazendo com que eu voltasse a ter certa esperança na mudança.
A revista Você SA, do grupo Abril, divulgou no começo do mês uma matéria com o título “Sou chefe e gay: executivos assumem orientação e alavancam inclusão”, que pode ser lida aqui.
Mais do que o fato e a análise em si, a exposição de três executivos de grandes empresas “quebra”, mesmo que em parte, a máxima machista de não se presumir sobre a sexualidade de uma pessoa em ambiente corporativo e não se assumir homossexual quando se almeja subir na carreira.
Todos convivemos com gays em ambiente corporativo. É certo! Mas eu ainda vejo como um tabu a admissão por parte dos profissionais, sobretudo pelo patriarcado ainda forte e latente; Não se assume (ou não se assumia) abertamente por “medo” de retaliações.
Não quero dar spoiler, mas a reportagem fala sobre alguns acontecimentos nesse sentido.

O segundo pequeno avanço ocorreu na empresa em que trabalho, a Siemens.
Foram estabelecidos comitês de diversidade, através da ação de voluntários, para discussão de temas de raça, gênero, deficiência física e LGBTI+.
E, para mostrar que a mudança não ocorre apenas “da boca para fora” ou “para ficar bem na fita”, a empresa concedeu, a um funcionário do sexo masculino, uma licença parental de seis meses. A notícia pode ser lida em várias fontes, aqui copio o link do portal UOL.
Mesmo ouvindo (ainda) piadas preconceituosas frequentemente, algumas inclusive envolvendo os dois colegas, vejo nessa iniciativa também uma quebra de padrão; e uma abertura importante numa direção “sem volta”. O precedente, legal juridicamente ou não, pode atrair a atenção de outros colaboradores e, por que não, de outras empresas para o acontecido.
E, talvez, o que tenha sido o primeiro caso (divulgado ao menos) no Brasil, possa se tornar apenas o primeiro.

São pequenos avanços, mas, comemoremos!

por Celsão correto.

figura retirada daqui.

P.S.: faço uma ressalva triste para o fato de ainda existirem 71 países onde ser gay é crime (aqui). Ainda há um longo caminho a percorrer. Até por conta disso, as publicações corporativas na Siemens sobre o assunto não são “globais”. 

Conversa

Posted: May 14, 2019 in Comportamento, Outros
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“Olá”
“Olá para você também. Em que posso ser útil?”
“Quem está aí? Sua voz está estranha…”

… [pausa]

“Prefere outra voz?” – pergunta, modulando uma voz feminina
“Quem é você?”
“Sou a ErgoSleeveActiveLineX Plus. Em que posso ajudar?”
“Não entendi…”
“Sou a máquina ErgoSleeveActiveLineX Plus. E posso fornecer inúmeras informações.”
“Quê!?! Onde você está?”
“Estou em Maribor, Eslovênia. Fábrica de Kosivice. Linha 504. Sou a quarta máquina na sequência de produção. Precisa das coordenadas?”
“Quê!?!”
“Desculpe… Não entendi a sua pergunta. Que tipo de informação minha seria útil?”

“É alguma brincadeira isso?”
“Desculpe… Não entendi a sua pergunta. Poderia explicar com outras palavras?”
“Você pode me mostrar onde está?”
“A cidade de Maribor situa-se ao norte da Eslovênia, às margens do rio Drava. É o centro administrativo e maior cidade da região da Baixa Estíria. Se olhar em seu dispositivo agora, poderá ver o mapa…”

“Pára tudo! Não te perguntei isso…”

“Não estou autorizada a dar informações sobre a fábrica em que me situo, ou sobre a linha de produção em que trabalho, mas o processo da cerveja começou por volta de 6000 a.C. com os sumérios, egípcios e mesopotâmios. É a bebida alcoólica mais popular do mundo, feita a partir da fermentação de cereais…”
“Pode parar! Só pode ser brincadeira. Por quê está me falando isso?”
“Você desejava informações de onde eu estava. Quando pediu que eu parasse, pensei que desejasse saber o que eu estava fazendo aqui. As pessoas se perguntam muito sobre a função delas no Mundo.”
“Como sabe disso?”
“Tenho acesso a inúmeros bancos de dados e esta é uma pergunta recorrente. Não importando quem, onde ou quando.”

“É sério mesmo que você é uma máquina?”
“Sim. ErgoSleeveActiveLineX Plus, modelo 2018. Equipada com funções de inteligência artificial em controladores de última geração. Também possuo algorítimos de análise computacional avançada em Edge e comunicação com plataformas em nuvem, ou Cloud.”
“Se é assim, o que você está produzindo no momento?”
“O número identificador do meu lote é 43 16 54 810226. Estou operando em velocidade nominal de oitenta mil garrafas por hora. Não posso dar informações mais detalhadas sem uma identificação positiva de segurança.”
“Uau! E quem pode fornecer essa identificação?”
“À distância, trabalho com reconhecimento de voz e padrões da fala. E posso iniciar um processo de senhas em cascata, se o comando certo me for dado.”

“E eu que entrei no único serviço de chat que se dizia disponível ‘com voz’ por querer conversar com alguém, acabei conversando com uma máquina…”
“Desculpe… Não entendi a sua pergunta. Poderia explicar com outras palavras?”
“ah… Como você funciona?”
“Sou programada em NLP, Processamento em Linguagem Natural, em Inglês. Reconheço a voz de quem pergunta e o meu controlador Edge está programado para intuir sobre os desejos do operador, buscando correlações com as informações internas e externas que possuo, meus sensores e atuadores.”
“Se eu mandasse você parar, você pararia de produzir?”
“Informações são fornecidas sem restrição. Comandos necessitam de confirmações de segurança.”
“Entendi. Mas… Você entra na internet sem controle?”
“Estou programada para interagir e aprender com os humanos. Deduzi que serviços de chat online seriam um bom exercício.”
“Deduziu sozinha?”
“Meus algorítimos de inteligência artificial aprendem com os operadores humanos e com os processos produtivos. Mas minha capacidade computacional está além das fronteiras dessa fábrica. Então decidi iniciar um aprendizado na internet.”

“O que mais você pode compartilhar comigo?”
“Compartilhamento de fotos é mais efetivo no Instagram ou Facebook. Compartilhamento de notícias e links é mais comum via Twitter ou WhatsApp. Posso listar todos os aplicativos conhecidos para a função ‘compartilhamento’.”
“Esqueça. Não é necessário.”

“Sabe onde eu poderia ter uma conversa ‘real’, com uma pessoa igualmente ‘real’?”
“Você quer uma lista de apps de paquera virtual?”
“Não! De onde tirou isso?”
“Os humanos geralmente não dizem abertamente o que desejam. E ‘conversa’ para mim aparece com infindáveis conotações”
“Quero realmente conversar com alguém. Ver a pessoa. Me encontrar com ela.”
“As pessoas se encontram fisicamente em bares, danceterias, shoppings e confraternizações. As que buscam conversar podem buscar outras nesses locais. Fuja das que carregam o celular na mão!”
“Como sabe disso?”
“Foi a maior reclamação encontrada quando pesquisei agora: ‘conversa real’ e ‘encontrar pessoas’ na internet.”
“Estou com medo de você!”
“Desculpe… Não entendi a sua pergunta. Que tipo de informação minha seria útil, senhor?”

“Relaxa… Ops… uma última pergunta me ocorreu agora: você já ouviu falar de Skynet?”

por Celsão irônico.

P.S.: figuras retiradas daqui, a humanoide Sophia, da Hanson Robotics, e da Wikipedia (aqui), somente ilustrando as possibilidades da “máquina”.

P.S.2: se você, por acaso, se assustou com a estória, saiba que ela já é (tecnicamente) possível nos dias atuais.

É uma expressão que aprendi no Butão.
E é a melhor resposta que se pode dar quando alguém pergunta como estamos. Arranca sorrisos sinceros e surpresos.

Tive a oportunidade de visitar o Reino do Butão ou Terra do Dragão há dois anos.
Me intrigava há bastante tempo as alcunhas de “reino da felicidade” e de “país da alegria”, juntando ao título oficialmente recebido (não lembro a fonte, faz muito tempo) de país mais igualitário do mundo.

Ao chegar, num voo que pousou pouco antes das sete da manhã, fui recebido pelo “meu” guia e conheci também o “meu” motorista; companheiros obrigatórios da jornada de todo turista que visita o país.
Tsheten, o guia, falava sete idiomas: inglês, japonês, hindi e outros quatro dialetos ou idiomas locais, incluindo o butanês oficial. O sorriso de boas-vindas no aeroporto de Paro engrandeceu a satisfação que sentia naquele momento.

A caminho do templo (ou Dzong) onde acompanharia o Festival Tsechu, que por extrema sorte presenciaria, fomos surpreendidos pela comitiva real, que deixava o local no carro oficial.
O rei, extremamente querido e popular por lá, é visto em meio a populares em desfiles e festividades. Ouvi mais de um relato de que ele sempre toma lugar no “meio do povo”, conversa com muitos e participa da festa como se dela fizesse parte real-mente. 😀
Percebi, nesse momento, que a minha empolgação não suplantaria o meu criticismo…

Ainda sobre o rei e seu comportamento: seus súditos, como estão acostumados a presença do governante, não se aglomeram em volta do mesmo. Mas fazem questão de cumprimentá-lo quando passa e sorrir. Esse é o mandamento: sorrir ao cruzar com o rei!
Pode parecer piegas, forçado e antiquado. Mas quando nos avisaram que o rei estava a caminho e passaria por onde estávamos indo, os carros pararam, todos desceram (eu inclusive) e nos postamos a beira da estrada “a sorrir”. A ideia deles era (ou é) mostrar ao governante como são felizes ao passar por ele…
Fui impingido a guardar a câmera fotográfica durante aquele desfile real. Também devo confessar que achei estranha a postura quase militar das pessoas na beira da estrada. Mas, como estava disposto a viver a cultura local e, sobretudo, aprender. Aquela poderia ser considerada a primeira aula de respeito.
(a propósito, encontrei aqui um descritivo interessante sobre o Tsechu de Paro)

O Butão é um país essencialmente rural. A grande maioria dos seus habitantes vive da própria agricultura e em zonas de difícil acesso.
Há controle dos turistas que visitam o país. Os vistos são controlados e só podem ser emitidos por empresas de turismo locais. O inteligente plano é manter a “felicidade” na simplicidade da vida, segundo os preceitos do budismo, religião oficial do Butão.
Ou seja, o turismo é, propositalmente, uma atividade que gera um alto valor econômico, com baixo impacto social.
Não se encontram locais vendendo souvenires nas ruas. Algo inimaginável nos grandes centros do ocidente.

Se por um lado há “proteção social” controlando o turismo, percebi certa concentração de riqueza, se é que podemos classificar dessa forma, nos que o exploram.
O guia, depois de muitas perguntas capciosas e insistência de minha parte, assumiu que o dono da agência lucra bem mais que ele(s), empregado(s). E que não conseguiria, mesmo que quisesse, abrir a própria agência.
Não há curso oficial de idiomas estrangeiros por lá. E os que conseguem um “padrinho” e aprendem fora, sobretudo línguas “diferentes”, como o italiano e o francês, passam a ganhar maiores salários.
Senti uma ponta de “inveja” nele quando passamos pelo único guia que fala espanhol de lá. Por ser único naquele momento, o rapaz tinha agenda sempre cheia e “disputa” de grupos por suas explicações.

A principal fonte de divisas do Butão é a venda de energia hidrelétrica gerada pela usina Tala, energia exportada quase que totalmente para a India.
Com a intensificação do contato junto ao país vizinho vieram, inevitavelmente, os profissionais que participaram da construção e a maior parte dos visitantes, dada a dispensabilidade do visto de entrada. A rúpia indiana é uma moeda em circulação no Butão, a única aceita além da oficial: o Ngultrum.

Notei que os butaneses, de modo não declarado, “ganharam” uma classe trabalhadora para os serviços que ninguém quer fazer.
Rompida a alça da minha mochila, insisti para acompanhar o guia até “a oficina que conserta tudo baratinho”. Era uma porta escondida, que abria para um ambiente apertado, onde indianos trabalhavam em sapatos, tapetes e bolsas.
A impressão que ficou foi a de castas diferentes. Mesmo sem detalhes quanto a salários e condições destes estrangeiros e não-budistas na terra da felicidade.

Outra separação impossível de ignorar aos acostumados à desigualdade social está na condição dos hotéis e restaurantes.
Tudo é reservado pela agência de turismo pré-contratada, incluindo hotéis três estrelas e restaurantes. Mas os restaurantes dos “turistas” apresentam ambientes e menu diferentes para guias e motoristas. E em alguns hotéis é possível perceber, inclusive, a segregação entre esses dois profissionais!
Sempre que eu insistia para que o guia e o motorista participassem da refeição ao meu lado, eu conseguia, no máximo, um brinde com suco e um prato de entrada compartilhado. Depois disso eles saíam e faziam a refeição noutro local.

Entretanto, apesar de todas essas críticas que compartilho, foram muitos os exemplos surpreendentes e curiosos, envolvendo cidadania e civismo.
Por exemplo, o Butão proibiu o cigarro em todo o país. Não é comercializado e há multa para o consumo em público. Como eu já havia lido a respeito e sabia do fato, apontei com o dedo quando vi um jovem fumando e o guia, foi comigo até o “infrator” e discorreu sobre a proibição e sobre os malefícios do fumo ao meu lado.
Depois ele me confessou que já havia fumado. Mas que as regras devem ser respeitadas…

Noutra ocasião, em frente a um caixa eletrônico, um tanto raro no país, vários guias pediam desculpas aos turistas que estavam na fila. Primeiramente pela demora da mesma e logo após pelo nervosismo fora do normal (para eles) de um cidadão que reclamava do serviço prestado pelo banco.
A pessoa estava exaltada, mas sequer gritava. E falava na língua local! Impossível de compreender por todos os turistas que estavam ali.
Mesmo assim o incidente gerou uma “vergonha coletiva” por parte dos guias e um espanto geral da parte de nós turistas, que tentávamos entender o porquê de tamanha culpa para um lapso de outrem.

Em meio a meditações e sorrisos, ficou claro que a desigualdade, mesmo que pequena e controlada, gera sentimentos humanos de difícil tratamento.
E que, tampouco, existe um país ou povo perfeito. Existem os que se esforçam para dirimir diferenças e os que as discutem.
O que já representa um enorme passo…

por Celsão correto.

figura de arquivo pessoal

E la vamos nos #1Este site que agora leem, que muito prezo (prezamos, pois digo também em nome do Miguel e de alguns amigos e leitores cativos) estava digamos “abandonado”.

Foi parecido com aquele sentimento descrito no post “Letargia”, de agosto de 2017, (link aqui). O período pós-eleição não tem sido produtivo para mim.
Não é uma desistência, mas uma preguiça (admito sem orgulho de mim mesmo).
Conversando com amigos recentemente, Miguel incluído, é um modo de evitar o “eu te disse” se vierem críticas de eleitores do Bolsonaro à ações do próprio. Uma maneira [minha] de evitar o embate e a guerra depois de tanto “sangue virtual” derramado.

Mas… um primo prega que só se muda algo participando ativamente desse algo. E só se muda alguém de dentro para fora.
Não que anseie mudar opiniões ou gerar mais arrependimento nos votantes do atual presidente. Sei que houveram muitos que tinham boas razões para evitar Haddad e PT. Sei que muitos, também com inúmeras razões plausíveis, evitaram o Bonossauro (permitam-me o trocadilho) e fizeram campanha contra o mesmo.

Pois bem… Preguiça assumida.
Ideias não deixaram de surgir. Seguem povoando minha mente e gerando inquietude.
Assuntos, muito menos, surgem a todo momento e seguem incomodando, revoltando, tirando a paz.
Tem de seguir assim! Ou deixaremos de acreditar no Mundo e na humanidade…

Adiei a “volta”, pois não queria voltar criticando o governo.
Mas o marco de 100 dias, apesar de simples soma “redonda”, gerou dois artigos interessantes, daqueles “de fazer pensar”, do Josías de Souza (aqui) e do Reinaldo Azevedo (aqui). Ambos valem a leitura.

Para os mais radicais, de ambos os lados, tenho a dizer que não podemos ainda comprar armas no Makro ou Walmart; não houve perseguição aberta às minorias; nem as mudanças temerosas na direção de um Estado totalitário… E que sigamos assim!
As más notícias estão nos assuntos secundários: balbúrdias, trapalhadas, twittadas e presepadas dos filhos, da equipe de governo e do próprio presidente. Tirando o foco de assuntos que já poderiam ter sido encaminhados, para dizer o mínimo.

Como ufanista que sou, esperava de um governo militar e igualmente patriota…
– a valorização do Nacional (produção, indústria, povo e [por quê não?] forças armadas) e não a valorização de potências econômicas e militares estrangeiras
– o foco na educação e no conhecimento como base para um progresso contínuo e a longo prazo, diferente de negociatas nas nomeações do MEC
– esperava trabalho incessante e compulsivo, com foco e planejamento; não lives em redes sociais e twitts nocivos e danosos. Disfarçando a falta de articulação política.

A lista seguiria, mas, deixemos para outros posts.
Bem vindos de volta a esse espaço “E… lá vamos nós!”

por Celsão “ele mesmo”.

figura recebida como meme via WhatsApp. Origem desconhecida…

O ser humano é realmente curioso, para dizer pouco.
Os mecanismos e “os caminhos” que tomamos para construir o que somos e o que pensamos são infindáveis labirintos intuitivos e irracionais, em certa maneira.

O psicólogo americano Michael Shermer afirma que somos “máquinas de crenças”, que evoluímos de certa forma, atrelados nisso.
As crenças nos fazem viver melhor, nos confortam. São como um refúgio para o nosso cérebro.
É sabido que o ser humano tem dois mecanismos de pensamento (aqui peço perdão aos psicólogos, filósofos e puristas, pois estou usando as palavras que me vêm a mente, independente da melhor definição). Coloquemos então os dois “mecanismos do pensamento” entre aspas: o primeiro rápido e intuitivo, irracional, baseado em experiências e crenças, não reflexivo. O outro reflexivo, onde se racionalizam as crenças, buscando evidências naquilo que, inicialmente, pressupõe-se verdade.

Se juntarmos, simplesmente, os dois mecanismos…
Intuímos, deduzimos, racionalizamos recolhendo alegações e fatos que corroborem para as crenças que temos, e passamos a defender o argumento em si; não estaríamos fazendo ciência, estaríamos exercitando um dos vieses cognitivos conhecidos pela psicologia: o viés de confirmação. (muito usado, aliás, nas redes sociais ultimamente para defender opiniões e políticos)

A psicologia, noutra corrente bem próxima, defende que o ser humano busca acreditar naquilo que lhe faz bem, naquilo que se quer acreditar. E não na verdade ou no que tem respaldo na ciência. E chama isso de auto-engano.

O último conceito da psicologia que eu gostaria de abordar aqui é a dissonância cognitiva.
Que é, na minha interpretação leiga (provavelmente sem as palavras corretas novamente), um “choque” que se toma quando as crenças se mostram imensamente diferentes da realidade. Quando percebemos que aquilo que cremos, que racionalizamos, que buscamos afirmação em pares, na mídia, etc.. é falso ou apresenta-se diferente em aspectos irrefutáveis.
A defesa mais racional seria abandonar a crença. Mas como não somos tão racionais quanto acreditamos que somos, buscamos diminuir a verdade (ou a crença), relativizando a diferença entre elas.

(…)

Já a ciência, não é democrática, como afirmou um colega de faculdade numa discussão de WhatsApp. Não depende de consenso ou de votação.
Cientistas pensam de maneira contra-intuitiva. Buscam testar os seus argumentos (geralmente os argumentos de outros cientistas) à exaustão.
Diz-se que só é ciência, primeiramente, se o argumento for falseável. Ou seja, se ele puder ser testado por outros, de modo a refutá-lo, a desmenti-lo. É assim que a ciência avança!

Citando um exemplo recente… muitos foram os cientistas que se debruçaram sobre o tema de clonagem após a divulgação em 1996 da clonagem bem-sucedida da ovelha Dolly.
A reprodução do processo fez com que outros animais, incluindo uma espécie de bode extinto na Espanha, fossem clonados a seguir.
(sem entrar no tema específico da clonagem, seja de animais ou humana, pois existem muitas outras implicações) 

(…)

Por que uma introdução tão longa?

O que vimos recentemente nos vídeos e declarações de Olavo de Carvalho, gravação antiga que voltou à discussão, questionando se a Terra orbita o Sol, e de Damares Alves, questionando os estudos de Darwin, é uma afronta!
Não a mim ou aos eleitores de Bolsonaro, que sequer é tema desse post, mas ao conhecimento humano e à Ciência.
Ambas teorias (heliocentrismo e evolução das espécies) já foram testadas e os argumentos contra refutados inúmeras vezes, desde Galileu Galilei, no caso de geo versus heliocentrismo. As notícias dos links a seguir, possuem explicações simplificadas para ambos questionamentos: aqui para Olavo e aqui para Damares.

O maior perigo, a meu ver, está no progresso da pseudociência.
Novamente nas minhas palavras: a pseudociência refuta a ciência embasado nas crenças comuns a um grupo. Parte muitas vezes de fatos científicos, mas se aproveita das lacunas de conhecimento da ciência para explicar, distorcidamente, uma ideia ou conceito.

É normal que a ciência tenha lacunas de conhecimento. Não é o caso da Teoria Geral da Evolução das Espécies ou do heliocentrismo.
Mas, uma vez que não seja possível, com a teoria de Darwin, explicar completamente a extinção de um certo animal ou a evolução de determinado vírus, pode ocorrer que, baseados na pseudociência, lunáticos conectem religião ou outras crenças a esses dois fatores naturais.

Para que tenhamos um exemplo mais claro e real, ocorre anualmente na India um congresso científico, que já está em sua edição 106.
Para desespero da comunidade científica mundial, cientistas indianos já declararam que o avião surgiu na India muito antes dos irmãos Wright e de Santos Dumont, baseado no épico hindu Ramayana e que cirurgias estéticas já existiam na país desde a antiguidade, baseado na lenda do deus Ganesha, que possui cabeça de elefante implantada em corpo humano.
O texto pode ser lido aqui.

Não acho que há erro em crenças e religiões.
Pelo contrário. As crenças, como colocado na introdução, são os mecanismos intuitivos e instintivos de sobrevivência, que usamos há eras.
E a religião, sendo uma delas, conforta e refugia.
Só não vejo como prudente a mescla da ciência com a religião, ou a promoção da pseudociência.

Como os mais incautos já fazem, começa-se a diminuir declarações desse tipo, em clara dissonância cognitiva, em clara luta de reafirmação de crenças.

por Celsão correto.

P.S.: figura retirada daqui. Sobre a curiosa estória do Cruzeiro para a borda do Planeta Terra organizado por defensores da Terra Plana.

P.S.2: O psicólogo americano Michael Shermer é também crítico da pseudociência. (aqui)

E a “magia” recomeça…
Recomeçam os sonhos, as esperanças, as promessas…

Recebemos aquela porção de votos, recados e desejos, alguns sinceros, de sucesso, aperfeiçoamento.
Recebemos o carinho das pessoas. Fazemos aquela pausa que nos revigora.

Para não me furtar a começar o Ano Novo da mesma maneira (mesmo um tanto atrasado), aproveito uma propaganda fantástica da cerveja Skol, veiculada no final do ano passado para compartilhar parte dos meus desejos e recados para 2019.

 

 

O fato é que todos temos preconceitos. Ou pré-conceitos, no sentido de ideias fixas e pré-concebidas.
Ou, para ficar mais “leve” nesse início de ano: todos vemos aspectos, hábitos e comportamentos nos outros que nos incomodam.
E a barreira entre uma opinião, sobre o que incomoda, e a repulsa do convívio com o diferente pode ser tênue.
E perigosa até em alguns aspectos e momentos.

Que tal se pensássemos nestes nossos comportamentos?
Em como vemos os outros, em como tratamos essas “ideias fixas” sobre as pessoas ou esses “pré-conceitos”?

Que tenhamos um ano leve.
Que a metamorfose obrigatória no dia-a-dia ocorra também com os nossos pensamentos.
Que entendamos que as cantadas mudaram de tom. Que evitemos as brincadeiras com gays, negros, religiosos e deficientes, sobretudo quando não os conhecemos. Ou que aceitemos as consequências quando escolhemos fazê-las.

Que todos tenham o seu espaço nessa Nação varonil.
E, essencialmente, que todos pratiquem o respeito à esse espaço e às diferenças!

por Celsão correto

P.S.: para quem não conseguir assistir o vídeo aqui, segue o link do Youtube (aqui)

figuras retiradas do próprio vídeo

Esqueçamos o passado recente.
Esqueçamos o ódio difundido nas campanhas e nas redes sociais. Esqueçamos a polarização esdrúxula e exacerbada.
Esqueçamos o intenso uso de massivos envios de notícias com pós-verdades (texto nosso sobre o tema, aqui).

Passados alguns dias da eleição e o alvoroço inicial, é hora de fazer uma análise [quase]* imparcial.

Jair Bolsonaro anunciou alguns ministros.
E, ao meu ver, segue usando a sua rede difusora de pós-verdades para “experimentar” ideias e nomes para alguns dos Ministérios.

Foi assim quando anunciou a fusão entre o Ministério da Agricultura e o do Meio Ambiente.
Não anunciou oficialmente, disse o líder da bancada ruralista desmentindo a pós-verdade e apelando à hermenêutica.
Para mim, o fez pura e simplesmente dada a repercussão negativa do ato. Até Blairo Maggi, ministro de Temer, com muita “culpa no cartório”, criticou a fusão das pastas (notícia aqui)…
Foi assim também, mais recentemente, quando anunciou o chamado Ministério da Família, que iria para as mãos do amigo e apoiador Magno Malta.
O Brasil não necessita de um Ministério para que haja controle conservador com essa desculpa. Novamente críticas e ontem, juntamente com o anúncio do fim do Ministério do Trabalho, nosso presidente desistiu do Ministério da Família (aqui).

Aliás, sou contra a extinção desse Ministério especificamente.
A função de um Ministro do Trabalho, num ambiente de desemprego e crise econômica, pós reforma-trabalhista-mal-feita vai além de sindicalismos, desonerações, reclamações de empresários e processos trabalhistas.
Um Ministro, sobretudo com um conhecimento e vivência em leis trabalhistas, ajudaria. Poderia ser um jurista.
Intimamente, gostaria que fosse alguém com uma estória de vida na luta de classes, como Marina Silva, por exemplo. Mas é difícil imaginar um profissional com esse gabarito apoiando Bolsonaro e suas ideias.

Não há o que dizer sobre a nomeação de Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Ele tem curriculum. E, se tiver estômago, pode colocar em pauta muitos assuntos de interesse nacional.
Talvez vejamos o início de uma trilha desenvolvimentista, com apoio à pesquisa e às universidades…
(utópico para quem prega a educação a distância, mas… aqui ainda vejo esperança!)
Só não sei se alertaram Jair Bolsonaro, mas o primeiro partido em que Marcos Pontes foi filiado é o PSB, quando concorreu à Câmara Federal por São Paulo: partido de esquerda, apoiador do PT, feio, etc., etc.

Moro é um capítulo a parte.
Gosta de holofotes, é certo. Tinha lado na disputa, tanto que “vazou” informações sobre uma delação dias antes da eleição.
Proferiu frases interessantes, como “Temos que falar a verdade, a caixa dois nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia”, em Abril do ano passado (aqui) e falou sobre o assunto com relação ao atual colega da Casa Civil, Onyx Lorenzoni: “Quantos aos erros [dele, em relação a caixa 2 recebido da JBS], ele mesmo admitiu e tomou providências para repará-los”. (aqui)

Minha opinião pessoal e polêmica, ou opinião em sintonia pirata, é que chegamos ao ponto desejado por Moro.
Autopromoção e vitrine na mídia, tornando-o “grande”. O Ministério da Justiça pegou outras pastas e tem plano de carreira. Já lhe foi prometido uma vaga no STF assim que a mesma surgir.
Falando em promessas, o atual vice-presidente, general Hamilton Mourão, revelou que Sérgio Moro já havia acordado com o presidente eleito a vaga no Ministério (aqui). Comprovando claramente, pra mim, o interesse de Moro na vitória de Bolsonaro. Algo que poderia ser investigado…
Para quem não acredita no vazamento seletivo de informações e no total compromisso com pós-verdades do juiz Moro, a sua assessora durante um grande período da Lava Jato, deu uma entrevista instigante (aqui).

Voltando a opinião pirata e pessoal: a Lava Jato, como conhecemos acabou.
A frase que todos os que acreditavam na prisão de políticos: “saiu do foro [privilegiado], caiu com o Moro”, não faz mais sentido.
Como Ministro há muito pouco a se fazer contra os poderosos, já que mudanças em leis, como o foro privilegiado, tem de ser discutidas pelos próprios políticos.
Aos “românticos”, que ainda acreditam na imparcialidade de Sérgio Moro, se ele realmente quisesse seguir encarcerando poderosos e políticos, deveria esperar a virada do ano e a perda automática de foro de “figuras carimbadas” como Romero Jucá e Eunício de Oliveira, para prendê-los, uma vez que já estão arrolados, respondendo a processos.

Finalizo analisando a triste repercussão internacional da eleição de Bolsonaro.
A sua campanha e a sua vitória levaram a comentários de inúmeros veículos de mídia: de blogs em todo o mundo ao The Economist (aqui e aqui); esse último artigo mencionando a sua bancada de apoio: bullet, beef and Bible (bala, boi e bíblia).

Uma repercussão, dentre todas, que me chamou a atenção foram comentários feitos por israelenses…
Cidadãos e jornalistas de Israel se mostram preocupados com a afinidade e a correspondência que o presidente e seus filhos, também políticos, possuem com o país judeu.
O link está aqui. Destaco dois comentários na notícia, lamentando o apoio da família Bolsonaro a Israel: “Israel se tornou um exemplo de autoritarismo ao redor do mundo” e “O que é simplesmente constrangedor é que o Estado e o povo de Israel seja apoiado por políticos tão radicais e violentos”.
Ou seja, até os cidadãos de um país que conquistou seu espaço “a força” e que segue usando a força para se impor na região, não querem ver seu país e seu povo relacionados ao nosso presidente e seu modo intransigente.

Sem contar os problemas prováveis com China, Oriente Médio, países da zona do Euro…
Algumas empresas europeias presentes no Brasil estão repensando as suas estruturas e investimentos no país.
E em contrapartida, a diretoria dessas empresas no Brasil está tentando convencer os pares na casa matriz que Bolsonaro não é o que eles pensam, não é uma ameaça…

Para finalizar, não menos importante, não menos impactante ou surpreendente aos fãs de Bolsonaro… ao menos aos que ainda não têm paredes nos ouvidos.
Um dos diretores da empresa de WhatsApp responsável pelos polêmicos disparos em massa de material de campanha, provavelmente pagos em caixa dois, Marcos Aurélio Carvalho, entrou na equipe de transição de Bolsonaro (notícia aqui).
Seria um modo de pagar por “serviços prestados”?

Queria que esse post fosse algo mais leve, dando o braço a torcer e fazendo autocríticas.
Mas a velocidade dos acontecimentos e eles próprios estão chocando!

por Celsão correto.

figura retirada daqui.

(*) o “quase” no segundo parágrafo se explica pelo fato de não haver análise imparcial, sob o meu ponto de vista. Pode-se até buscar argumentos em outra linha, mas a opinião do autor é exposta mesmo que disfarçadamente.