Beethoven disse que Deus se comunica com o homem através da música.
O intelectual, filósofo, pesquisador e escritor, Roger Scruton disse que de todas as artes, a música é, certamente, a que mais lhe comove e encanta.
Mas e quando um artista, como que num momento de transe, vê sua alma repleta de inspiração, e com muita criatividade, talento, senso crítico, cria uma música, que além de música, é uma junção de outras artes, e ainda com um forte e delicioso toque crítico sobre uma realidade do mundo?
Muitos dizem que hoje em dia não se faz música e outras artes no Brasil, como se fazia em outros períodos, como no período da ditadura militar. Acusam a falta de ter “contra o quê lutar” como sendo o motivo da falta de inspiração na arte moderna brasileira. Isso faz todo o sentido! Mas será que estamos mesmo com carência de arte? Penso que não. Basta buscarmos no lado B, no mercado alternativo, que veremos muita coisa fantástica, tanto música, como pinturas, poesias e qualquer outro tipo de arte. Acho que o principal problema do momento, é que a arte de verdade, não se populariza hoje em dia, como se popularizava antigamente.
Mas porque isso acontece?
Bom, eu tenho minhas suposições:
Cada vez mais o mercado capitalista mostra suas garras. A cada ano que se passa, o dinheiro tem mais valor, e grandes empresas ampliam sua hegemonia/monopólios. No mercado da “arte” é a mesma coisa. O que vende mais, Michel Teló ou Cordel do Fogo Encantado (para quem não conhece, procurem essa fantástica banda no youtube)? Daí existe uma combinação de gravadoras querendo vender, com mídia querendo audiência e bestificar os espectadores, somado a um imenso grupo de cidadãos menos politizados e menos críticos (resultado da péssima educação tanto das escolas como a familiar + a influência da mídia alienadora), e bingo, temos uma falta de mercado para a arte de verdade, e cada vez um maior mercado para Michel Teló’s, Sertanejos Universitários, Funk carioca, Britney Spears, Restart.
Assim como a boa música tem pouco espaço nesse mercado moderno, também o têm a boa poesia, o bom jornalismo, a boa crônica, a boa informação, a filosofia crítica, a antropologia e sociologia com real utilidade pública, as boas pinturas, o bom artesanato, o bom teatro, a boa comédia, o bom cinema…… (*)
Esperemos que a internet se popularize cada vez mais, e que os artistas e profissionais de qualidade, que não têm espaço nos meios convencionais, possam atingir uma parcela maior da população através da internet. Também esperemos que os cidadãos se conscientizem cada vez mais de sua alienação, e percebam que não só a internet, mas qualquer meio de comunicação e informação têm, tanto porcarias quanto materiais de ótima qualidade.
Basta tentarmos sermos críticos e sensatos, termos interesse, e então filtrarmos tudo que não presta, e passarmos a valorizar tudo o que mostra ser feito com arte, com criatividade, com conhecimento, e com boa intenção, tendo como prioridade transparecer o interior da alma do autor e ainda de lambuja, se possível, trazer algo de útil para a população, seja um bom sentimento, seja a conscientização sobre algo importante.
Tem que estar claro para todos nós cidadãos que, o consumo determina o mercado. Consumamos qualidade, e a qualidade se popularizará! Nós temos a força e poder nas mãos, basta querermos ser pessoas mais conscientes, seletivas, profundas e críticas.
Aproveitem e cliquem (aqui) para terem contato com uma obra de arte do mundo musical, e que está escondida, como muitas outras, sem espaço para adentrar no “mercado de massa”.
(*) Sei que definir “bom” e “ruim” é um assunto complexo e muitas vezes, subjetivo. Por isso aproveito para indicar duas leituras nossas:
1) Afinal, o que significa o termo “Cultura”? Clique AQUI
2) Será que é errado julgar algo como “bom” ou “ruim”, “verdade” ou “mentira”, “bonito” ou “feio”, “certo” ou “errado”? Clique AQUI
por Miguelito Formador
Achei esse post elitista, no sentido de uma tentativa de imposição desse critério a outra classe social. Senti um pouco de “classe média sofre” aí. Primeiro, quem (e como) é que se julga o que “boa” arte, “boa” cultura, “boa” música? Você? Eu? Não. Cultura é expressão popular e se mostra de todas as formas em todos os lugares, desde comida até ao jeito que um indivíduo ou grupo se expressa. E se essa expressão passa por um baile funk num morro carioca – não podemos nós julgar isso como não-cultura.
Cultura é algo dinâmico, e essa definição de boa cultura é o que a elite de ontem lutava contra – o samba de raiz e o uso do violão em canções tem origem bastante simplória. o que foi vítima de um estupendo preconceito das elites que viam isso como não-cultura também.
Não desmereço o argumento capitalista de poder de grandes gravadoras em bombardear ouvidos das massas e criar sucessos. Mas ressalto que cultura não é só o que você gosta e sua “medição de qualidade” é bastante subjetiva.
Comentário moderado por oespblog.
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“Cada vez mais o mercado capitalista mostra suas garras. A cada ano que se passa, o dinheiro tem mais valor, e grandes empresas ampliam sua hegemonia/monopólios. No mercado da “arte” é a mesma coisa. O que vende mais, Michel Teló ou Cordel do Fogo Encantado (para quem não conhece, procurem essa fantástica banda no youtube)? Daí existe uma combinação de gravadoras querendo vender, com mídia querendo audiência e bestificar os espectadores, somado a um imenso grupo de cidadãos menos politizados e menos críticos (resultado da péssima educação tanto das escolas como a familiar + a influência da mídia alienadora), e bingo, temos uma falta de mercado para a arte de verdade, e cada vez um maior mercado para Michel Teló’s, Sertanejos Universitários, Funk carioca, Britney Spears, Restart.”
Eu concordo de certa forma com o que você falou, tem certas coisas que são frutos dos motivos citados, mas ainda assim, por mais “Trash” que pareça, isso é fruto de alguma cultura e não cabe a ninguém julgar porque, infelizmente/felizmente, gosto é gosto e cada um tem o seu….
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