Tudo começou com a notícia da “importação” de médicos cubanos.
O Conselho Federal de Medicina foi contra, pois afinal, temos profissionais muito mais qualificados e prontos para exercer a profissão, é o governo que não dá oportunidade.
A mídia e a burguesia foram contra. Ignorando fatos conhecidos, como a qualidade da saúde em Cuba, a experiência desses médicos, sobretudo em áreas pobres e em doenças dessas áreas e a recusa dos nossos médicos em atender os pontos longíncuos do país.
Não vou isentar o governo do descaso geral com a Saúde Pública. A falta de recursos, leitos, material humano torna desafiador e trágico o dia-a-dia dos profissionais da saúde na maioria dos confins dessa Nação. Mas houve ação e coragem na idéia. Temos um baixíssimo contingente de médicos estrangeiros e dificuldades em preencher vagas nas regiões Norte e Centro-Oeste, mesmo com salários, comparativamente, mais altos.
Daí vieram os protestos. Médicos e outros profissionais foram as ruas nas principais cidades para criticar a vinda de médicos Cubanos e reinvindicar “melhores condições” de trabalho. Justo o protesto e algumas exigências como teste de validação de Diploma e proficiência em Português, na minha opinião. Injusto pedir auxílio moradia, melhores salários e planos de carreira para irem, por exemplo, para o Tocantins ou o Acre. Parece-me que eles querem “expatriações” dentro do próprio país…
Agora surgiu mais um ponto nesse conto: houve aumento na carga horária dos cursos de medicina; os futuros profissionais deverão trabalhar dois anos no SUS, vinculados à Universidade, recebendo bolsa e ajudas de custo em caso de deslocamento. O anúncio foi feito no lançamento do programa “Mais Médicos para o Brasil” e já gerou críticas de todos os lados. Dizem que agora nossos cursos serão os mais longos do mundo, apontaram como retrocesso e trabalho forçado a medida, e como um impedimento ao desenvolvimento profissional ou especialização.
Bem ou mal, algo está sendo feito. E, cá pra nós… Salários de R$10 mil para atuação nas periferias, a “importação” de profissionais somente em caso de vagas remanescentes e agora da Espanha e Portugal (Cuba deu o que falar), está muito além do que os demais profissionais do nosso país têm.*
O que me faz perguntar: o que afinal os médicos querem?
por Celsão correto
* exceção feita aos políticos e juízes. Mas não entremos em assuntos mais complicados nesse post.
figura proveniente de montagem. Original retirada daqui