Archive for March, 2014

Egypt_death_sentencesBaseados em especulações e preconceitos, e sem o menor embasamento científico, chove na mídia, no facebook, nas mesas de bares, ataques às “ditaduras” da Venezuela e de Cuba.
A imagem na cabeça vazia dos preconceituosos é que Fidel, Chávez, Maduro, seriam sanguinários, odiados pela população, ditadores que torturam, matam, não respeitam quaisquer direitos humanos.

Enquanto isso, ironicamente e assustadoramente, ninguém fala de Israel, Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes, Turquia, ou, atualmente, Egito. Já pararam para se perguntar “por que o mundo se preocupa tanto com Venezuela e Cuba, e tão pouco com esses outros países?”

Se você é um desses, sente-se e reflita sobre a questão.
Olhem o que está acontecendo neste momento no Egito, onde há um governo que ascendeu recentemente com um golpe militar aplicado contra o governo anterior, o qual havia sido eleito democraticamente. Este atual governo, assim como Arábia Saudita, Israel, entre outros, é apoiado pelo ocidente (Europa + EUA). Esta semana, 529 pessoas (todos opositores políticos ao governo e que reivindicam o restabelecimento do governo eleito democraticamente) foram condenados à morte!

Imaginemos se fosse Cuba ou Venezuela condenando 500 à morte numa bolada só! EUA invadiriam a ilha no mesmo instante, com todo o apoio da maioria das sociedades do mundo, e o facebook soltaria fogos em comemoração. Afinal, já chegou a hora de dar um basta nesta ditadura comunista onde come-se (no sentido gastronômico) criancinhas, e mandar para o inferno esse Fidel (onde Hugo Chávez lhes espera), Maduro e suas famílias, lugar de onde eles nunca deveriam ter saído, esses monstros!

Para assinar à petição do Avaaz que será enviada ao Governo egípcio pedindo para que esta decisão não seja executada, clique AQUI

A ONU diz que a decisão viola Leis Internacionais, por condenar à morte 529 pessoas em 2 dias de “julgamento”, sem respeitar, portanto, os direitos constitucionais de qualquer cidadão a um julgamento equitativo. Clique AQUI

Para ler a reportagem no site da Anistia Internacional, clique AQUI

por Miguelito Nervoltado

figura daqui

paul-krugmanEste blog reproduz a entrevista com Paul Krugman, prêmio nobel de economia em 2008, na Carta Capital.

Ele fala da crise mundial, crise na Zona do Euro (apontando Portugal como um país em ruínas), critica novamente a austeridade fiscal (ponto forte em sua teoria premiada com o nobel), fala da situação econômica do Brasil e como Lula/Dilma vêm conduzindo o país frente a esta crise que tortura todas economias do Mundo. Fala do que se esperar com a desaceleração do crescimento do PIB da China, e dá seus pitacos sobre Obama, políticas sociais nos EUA e possível cenário eleitoral com Hillary Clinton sendo favorita, caso se candidate.

Imperdível, para quem gosta de se informar. Para quem tem preguiça e/ou não se interessa, mas mesmo assim, gosta de dar pitacos e expor opiniões; ou para aquele que acredita que o Brasil está afundado numa crise irreversível e apocalíptica, leia essa entrevista e flexibilize suas convicções e certezas, expandindo seu campo de visão. 

Acesse à entrevista clicando AQUI

Acesse também nosso post sobre a Crise no Brasil, clicando AQUI

por Miguelito Formador

figura daqui

blog - 1654274_418552624947542_785865338_n

É incrível como interesses individuais podem ser colocados a frente do interesse comum/social.
É incrível também como a desinformação das mídias sociais intensifica o julgamento raso e rápido e o apoio a campanhas esdrúxulas de tão absurdas.
Recebi há algumas semanas uma figura-poster falando sobre a Marcha da Família (figura ao lado). Achei tão non sense, que duvidei de sua veracidade.

Mas… alguns dias e pesquisas depois, comprovei que é real!
A marcha que “deu início” ao período de ditadura militar no Brasil, pós renúncia de Jânio e governo do “comunista” João Goulart será reeditada em várias cidades do Brasil, seguindo o mesmo percurso de 50 anos atrás!
Porém, comprovei também pra minha tristeza, que seus organizadores desconhecem (ou ignoram propositalmente) os impactos deste período (a Ditadura Militar) no país.

Defendo a liberdade de expressão. Defendi aqui os protestos de Junho, os “rolezinhos”, defendo a abertura também àqueles que pedem a legalização do aborto, da diminuição da maioridade penal…
Falando em política, acho salutar, inclusive, que haja direita no país e que ela se manifeste abertamente; penso que precisamos disso, de alternativas aos discursos monotônicos centro-esquerda que dão as cartas ultimamente.
Mas daí a maquiar a verdade, falando de “intervenção militar provisória” e “limpeza nos três poderes” sem plano efetivo é babaquice!
Como faríamos para efetivamente governar sem políticos, legislar sem deputados, ou julgar sem ministros do Supremo? Por pior que essas instituições possam estar aos olhos de muitos, são os meios que temos hoje para fazer e cumprir as leis.
Queremos um ditador, governando através de decretos, independente da aprovação da Câmara e do Senado? Seria uma solução, certamente. Mas… não seria esse o modelo criticado pela direita e pelo mundo dito “democrático”? Não seriam Cuba e Venezuela criticadas exatamente por terem uma ditadura?

Reiterando: defendo a marcha como forma de protesto, legítimo de quem tem opiniões diversas e quer se expressar. Defendo também alguns pontos da direita, como a soberania nacional. Mas defendo com mais afinco uma maior transparência da imprensa e proponho que os “marcheiros” (seguindo a onda de nomear os que apoiam determinado movimento) avaliem as prováveis consequências do ato que estão a divulgar e apoiar.

Pra finalizar e complementar a informação, sugiro que vejam o vídeo veiculado pela Folha (aqui), onde alguns organizadores do movimento mostram a cara e expõe seus argumentos. Achei interessantíssimo, mesmo para os que discordam dos argumentos de “todos terem Ferrari é impossível”, “isso vai virar uma Venezuela”, etc.
Recomendo também, um vídeo em que o analista político Bob Fernandes critica a Marcha (aqui). Bem mais enfático e direto, ele “pega pesado” com a galera que se reunirá no próximo sábado.

por Celsão revoltado

figura retirada do Jornal GGN – aqui

Why Beauty MattersO filósofo Roger Scruton, autor do documentário Why Beauty matters, dissePenso que nós estejamos perdendo a beleza, e tenho medo que com ela, percamos o sentido da vida.

A beleza tem sido central para nossa civilização há 2000 anos. Na Grécia antiga, a filosofia refletiu sobre a arte, a música, a arquitetura e sobre o dia a dia, enchendo as vidas de beleza. Filósofos argumentavam que através da percepção da beleza, moldamos o mundo como um lar, e também passamos a compreender melhor a própria natureza e essência da vida. Os artistas usavam a beleza da arte como escape para a dor e o caos inerentes ao mundo.
A beleza era um valor tão importante quanto a verdade e bondade.

A partir do século XX, a beleza foi deixando gradativamente de ser importante, e seu espaço passou a ser ocupado pelo culto à “utilidade”. A criatividade passou a ser substituída pela “originalidade”, e assim a arte (em muito encabeçado por Marcel Duchamp) passou a ser uma ferramenta de quebra de tabus e de destituição da moral vigente, perdendo a sua essência bela e criativa; deixou de se colocar como um escape para as dores da alma e como agente gerador de alegria, e se tornou ferramenta legitimadora da concepção de que a vida humana é suja, triste e caótica, buscando constantemente representar fidedignamente estas características.

Mictório de Duchamp - Arte do século XX

Mictório de Duchamp – Arte do século XX

Esse impasse não se resume à arte, mas também está presente na arquitetura, que ficou sem alma e estéril. Vemos que a beleza das edificações passou a ser irrelevante, e a utilidade e praticidade das mesmas passaram a ser prioridade. Porém, essas edificações, com o passar do tempo, passam a ser antiquadas, fora de moda, e assim o que antes era útil torna-se inútil.

Essa degeneração vai ainda muito além. Nossa linguagem, costumes, maneiras, comportamentos estão cada vez mais rudes, autocentrados e ofensivos; nossos valores estão dando nó em inversões e distorções abismais.
A beleza, o bom gosto, a educação, as boas maneiras, a cordialidade, perderam seus valores e não tem mais lugar nas sociedades de hoje, e podem gerar até mesmo preconceitos e bullying para com aqueles que ainda buscam orientar suas vidas baseado nestes preceitos.

A percepção da beleza do coletivo e de tudo que está ao nosso redor, é substituída pelo individualismo, lucros, desejos, inveja, cobiça, prazeres momentâneos e irresponsáveis; e a beleza dos sentimentos, gestos e ações escorrem pelos nossos dedos. Isso colabora na geração de um sistema selvagem, um capitalismo predador onde quanto maior o poder financeiro de um indivíduo, empresa ou Nação, maior o seu valor e prestígio.

Vejamos, por exemplo, a representação da beleza do ser humano. Antigamente, muitos artistas e filósofos buscavam, através da contemplação, retratar e descrever o ser humano de forma pura e bela, em toda sua essência e perfeição (de acordo com Platão, a beleza é uma visitante de outro mundo. Não podemos fazer nada com ela, a não ser contemplá-la. Se tentarmos tocá-la acabaremos por profaná-la, destruí-la).
Hoje em dia a representação da beleza do ser humano, principalmente da mulher, está corrompida, degenerada. Uma sociedade machista e pervertida estimulada por todos os possíveis estímulos do marketing e dos costumes patriarcais, não é mais capaz de encantar-se com a leveza dos traços e movimentos femininos, pelo contrário, esta beleza foi assaltada pela pornografia e simbolização da mulher como objeto sexual de consumo masculino.
Esta representação se vê no cinema, na música, na televisão, nos cartazes e outdoors, nos programas de entretenimento de hotéis, bares, baladas, nos anúncios de internet, nos livros e até mesmo em pinturas e esculturas.

E qual a perspectiva pro futuro? Bom, não é nada boa.
Os sistemas educacionais estão cada vez mais degenerados, a Grande Mídia mundial cada vez mais zela pelo interesse dos grandes senhores da elite em detrimento dos interesses da maior parte da sociedade. Assim, uma sociedade paranoica, caótica, egoísta, rasa e amedrontada, ou como diria Zygmunt Bauman, uma sociedade de valores líquidos, é criada, e um buraco vazio é deixado no lugar onde antes habitavam naturalmente valores de ética, de moral, de espiritualidade, de coletividade e de beleza. Para ocupar esse espaço, entra em ação o Marketing, responsável por gerar necessidades sintéticas, guiando as pessoas a preencherem este espaço com a nova ordem: Consumo!

Em nome da manutenção deste Status Quo, toma-se de assalto a palavra “democracia” para acusar de ameaçador e desrespeitoso o fato de alguém julgar os gostos e opiniões de outros. Alguns até consideram ofensiva a sugestão de que possa haver “bom gosto” e “mau gosto” quanto ao que se lê, assiste ou escuta.
Assim, beleza e fealdade são colocadas em mesmo patamar de igualdade, e qualquer opinião, por mais preconceituosa, bárbara, retrógrada, desprovida de lógica racional ou fora de contexto com a realidade, deve ser “respeitada”.

Quando ignoramos a beleza, nos encontramos em um deserto espiritual, nossas vidas perdem o sentido, e a insatisfação sempre estará presente por melhores que nossas vidas possam parecer! Viveremos constantemente em estado de ansiedade e nervosismo, mas não saberemos a origem de tais sentimentos; teremos medo, mas não saberemos do quê.

Porém ao adotarmos a beleza como base cultural, a harmonia e paz nos invadem.

Contemplação

Imaginemos, por exemplo, um momento de contemplação, olhando fixamente para a natureza bela. A brisa leve nos sequestra da realidade dos apetites materiais e transporta nosso pensamento para um espaço-tempo sublime adormecido no fundo de nossa alma, e aí os raios de Sol tocam nosso rosto, e nos lembramos de uma melodia perdida em nosso subconsciente, que nos remete a uma recordação nostalgicamente alegre de algum momento mágico do passado, ou aos traços do rosto de uma pessoa amada, e de repente, como que num toque de mágica, somos preenchidos por uma alegria que transborda, e naquele exato momento percebemos indubitavelmente que nossa vida vale à pena.

por Miguelito Filosófico

Para assistir ao documentários Why Beauty Matters, clique AQUI

Este mesmo artigo foi publicado no blog Soul Negra, que aborda temas de todos os tipos relacionados à cultura, moda e beleza Negra. Clique AQUI

Figura_UCVEN_01Estamos vivenciando a história!

Na Ucrânia, após protestos seguidos contra a posição do governo de manter-se fora do Euro e aliado à Rússia e o afastamento do presidente ucraniano, tropas russas foram enviadas à região da Crimeia, território pertencente a Ucrânia, mas de maioria populacional russa.
Pra complicar (e variar), os EUA e a Europa “se meteram”, condenando a movimentação de tropas e ameaçando a Russia com sanções diversas. Enquanto isso, na Crimeia, o parlamento local e independente aprovou uma anexação ou retorno ao território Russo. Tal aprovação deve seguir para referendo popular e incendiar a disputa EUA (+Europa) vs Rússia.

Agora o presidente afastado da Ucrânia aparece na mídia Russa, dizendo-se ainda presidente legítimo, enquanto o atual primeiro ministro é recebido com honras por Obama na Casa Branca, e diz: “não nos tenderemos à Rússia!”

A situação está tão complicada, que não vejo posição a defender… Se de um lado os protestos foram legítimos e as vítimas alvejadas covardemente tornaram-se mártires da luta “pró-Europa”, do outro a decisão de uma parte representativa de um país deve ser levada em conta.
Só não adianta argumentar aqui que os Estados Unidos e a União Européia só querem o bem para o povo da ex-república soviética; a Alemanha e os demais estão de olho num mercado inexplorado e rico em gás natural!
Não seria pelos pobres ucranianos que uma guerra seria iniciada, caso seja.

Bem diferente, mas igualmente complicada é a situação na Venezuela, onde o governo tenta sufocar a oposição em meio a uma crise de abastecimento e o ressurgimento de grupos empenhados em derrubá-lo.
Longe de ter a popularidade de seu antecessor, Maduro enfrenta dissidentes nas forças armadas e tenta controlar até a mídia internacional, que não o pertence.
Mas… até que ponto um governo pode ir para manter seu governo? Vale assassinato? Vale prisão sem condenação?
Vou responder essas perguntas com outra: até que ponto iriam países como EUA, China e Alemanha para sufocar protestos insistentes de um grupo opositor ou tentativas de golpe?
Eu não tenho dúvidas que estes governos iriam até as últimas consequências. Por muito menos, o governos americano e britânico prendem sem condenação ou acusação prévia, basta haver suspeita de participação em atividades terroristas.
Não acho condenável a decisão de prender suspeitos de terrorismo para averiguação, só acho complicado ler as opiniões da grande mídia contra um governo que está tentando se manter.

Pois é… É bem complexo julgar sem participar, emitir opiniões “de fora” e isentas, não é verdade?

por Celsão irônico
figura: montagem

Post_01_okCada vez que me encontro com um texto “radical” sobre discriminação ou racismo escrito por um negro, me entristeço.
Longe de mim negar que exista racismo no Brasil. Sabemos todos que ele existe e que está presente no dia a dia do país; recentemente, por exemplo, um árbitro negro sofreu xingamentos e teve seu carro vandalizado no Rio Grande do Sul (links aqui e aqui).
Tampouco quero entrar no cerne das leis brasileiras de racismo e injúria racial. Concordo com ambas e aprovo a diferenciação existente.

Falo aqui sobre negros que falam em “reparação histórica”, principalmente.
Os que alguns antropólogos classificam como racialistas. Radicais ao ponto de criticar a participação de outras etnias em Escolas de Samba, bares, festas, eventos…
Historicamente, é inegável que houve escravidão e que depois dela, em muitos países, o “rótulo” colocado nos ex-escravos levou a uma lenta, quando não inexistente ascensão social.
Mas, como negro, sou contra os benefícios advindos deste termo “reparação”; sejam as cotas raciais  em universidades, funcionalismo público e todos os desdobramentos.

Iniciarei um argumento rápido com a distinção feita a esta minoria racial em detrimento de tantas outras. Mulheres, nordestinos, homossexuais, gordos, religiosos, deficientes, idosos, trabalhadores que usam transporte público com a roupa suja de tinta… (por serem pobres e provavelmente nordestinos e/ou negros) também sofrem preconceito, são hostilizados e têm muitos de seus direitos cerceados pela condição.
Outro ponto que reitero em discussões: as cotas “empurram o preconceito pra frente”. Um estudante egresso do sistema de cotas, poderá ser “taxado” numa entrevista de emprego, pode haver um checkbox na ficha ou prancheta de algum selecionador, ele pode simplesmente não ser aprovado, por acharem que não é capaz; só entrou numa universidade por ser cotista. E, é sabido que a diferença de notas entre um cotista e um estudante fora da classificação de cotas é mínima e, muitas vezes, inexistente; ou seja, os mesmos estudantes seriam aprovados estando ou não inscritos no sistema de cotas. (como referência, segue uma reportagem da IstoÉ). Oras, pra quê usá-las? Pra quê passar por este risco de discriminação no futuro?
Não se mudam pensamentos e avaliações de uma sociedade com a caneta. É com educação, consciência e tempo. O preconceito não terminará com classe média negra, universitários negros ou funcionários públicos negros. É claro que a presença de negros e pardos neste meio pode acelerar o processo; só que, sem a “ajuda”, isso também ocorreria e seria incostestável por quem quer que fosse. Esse é meu ponto!

Não vou seguir argumentando sobre as cotas. Este por si só é um tema complexo e delicado; daria também pra entrar na subjetividade de definição de negro e branco no Brasil… Este post é um desabafo aos que querem criar uma “ilha” de convívio, que acho mais nociva que benéfica aos negros e mestiços.

“Papo de branco”? De alguém que “venceu” e pode criticar estando longe da realidade atual? “Egoísmo” por não querer ver outros na mesma condição? Já ouvi isso…

Mas, pra finalizar e deixar mais discussão pro futuro, quero registrar que defendo políticas de inclusão feitas pelos próprios negros, como a Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo; que excelentemente, não discrimina alunos e professores brancos, embora tenha sido criada por negros e para negros; empresários negros que prefiram empregados negros a brancos (afinal, cada um pode contratar quem bem quiser, não sendo necessário criar cotas pra brancos nessas empresas), segmentação de mercado com produtos “afro” (coisa bem comum nos Estados Unidos) e até mídia segmentada e especializada para negro e pardos, como alguns ótimos blogs e portais da internet.
O vídeo do Morgan Freeman, que gerou parte do título deste post, não é um resumo sobre racismo, como algumas versões do youtube sugerem. É apenas um modo de ver o problema, num Brasil miscigenado e pós-cotas. O vídeo do saudoso Milton Santos, mostra bem o que tentei expor entre idas e vindas neste post: cresçamos como brasileiros, tratemos cada um como seres humanos. Evoluamos!

Vídeos no youtube: Milton Santos e Morgan Freeman clicando nos nomes ao lado.

por Celsão correto

P.S.: não citei nenhum site/blog classificado como “radical” por mim propositalmente. A ideia não é acusar ou iniciar um embate, apenas expor minha opinião.
P.S.2: compartilhem a opinião de vocês.

hoaxÉ lamentável, mas terei novamente que voltar ao tema farsas, ou mais especificamente, farsas de internet, também conhecidas como “hoax”.

É certo que invenções, mentiras, textos e vídeos maliciosos e desonestos estão aí aos montes. E se alguém for se incomodar com cada um das dezenas/centenas destes que surgem diariamente, estará fadado a enlouquecer. Portanto, já sabendo desta realidade, eu simplesmente ignoro a maioria daqueles com os quais me deparo, até porque de tanto já ter sido incomodado com tais hoax e, justamente por isso, já ter estudado bastante sobre o assunto, na maioria das vezes, basta eu bater o olho numa farsa e já a identifico como tal, e assim eu poupo meu tempo e energia.

Por e-mail venho recebendo bem menos hoax. Penso que isso tenha sido o resultado da minha luta travada durante muito tempo com alguns amigos que insistem em acreditar na maioria delas, pois lhes agrada ao ego e as suas convicções pessoais. Ou estes amigos aprenderam nestas discussões comigo a serem mais críticos e pararam de acreditar em tudo que viam na internet, ou então eles passaram a não me enviar mais tais e-mails, sabendo que “o chato do Miguel” certamente irá criticar com suas teorias da conspiração…. enfim, se for o segundo caso, nada posso fazer, pois tem gente que nao “pega” nem no “tranco”.

Pelo facebook a história não é muito diferente. Com o tempo eu fui “filtrando” muitos contatos. Entre os principais motivos de filtro está a falta de senso crítico, tendendo à imbecilidade crônica mesmo. Por exemplo: uma pessoa posta algo assumido pelo próprio autor como sátira/brincadeira. Mas aquele que o está a compartilhar está acreditando que aquilo seja verdade. Daí eu, com toda a educação e diplomacia que me foi “dada”, abordo a pessoa, muitas vezes por mensagem privada, às vezes no próprio post, e sugiro que ele olhe o perfil do próprio autor do texto, onde aquele diz que este se trata de uma piada, e que as informações são fictícias, e por isso, não deve ser levado a sério.
Após fazer essa sugestão, sou tratado como arrogante, metido, sabichão, ignorante, conspirador e até como “alienado”, pelo “amigo” que compartilhou o texto. Tento explicar mais uma vez que não é nada disso, e que só enviei o link onde o próprio autor diz que as pessoas não devem acreditar no texto, pois trata-se de uma história inventada, algo humorístico. Os insultos e grosserias continuam em minha direção, agora apoiados pelos amigos deste meu “amigo”, os quais estão ali dentro do post exaltando as “verdades” do texto em tom voraz.
Só me resta ativar o botão “filtro de imbecilidade”, para que eu nunca mais veja nada que essa pessoa escreva ou compartilhe. Afinal, essa não pega nem no tranco.

Mesmo já tendo filtrado algumas dezenas de pessoas por este motivo, ainda continuo a ver, aqui e acolá, besteiras insanas a serem compartilhadas e ovacionadas. Só não tenho mais a mesma energia de debater sobre coisas óbvias. Então, quando me manifesto, o faço de maneira lacônica, se colar colou, senão, azar, me dou por vencido e nado para longe para não me afogar na rasura destas pessoas médias.

Bom, mas quero aqui mencionar duas farsas/hoax que merecem minha preciosa atenção, pela popularidade que ganharam, e também por terem conquistado a simpatia e credibilidade de amigos e entes dos mais queridos.

Angela Merkel ataca Dilma Roussef e tece críticas ao seu Governo
merkeldilma620388Trata-se de um suposto depoimento de Angela Merkel, Chanceler alemã, onde ela haveria tecido duras críticas ao Governo brasileiro, mais diretamente à Presidente Dilma Roussef.
A tradução que circulou pela internet no Brasil, com aplausos e vibrações eufóricas de uma boa parcela de brasileiros (principalmente da classe média) segue abaixo:
Diante da arrogância da Dilma, a Chefe de Estado alemã, Angela Merkel, deu
entrevista à TV alemã ontem à noite na qual mandou um recadinho:
– Essa senhora vem à Alemanha nos dizer o que temos de fazer? Ora, a
Alemanha vai bem obrigada apesar de tudo. Mas vou aproveitar para dar um
conselho a ela… antes de vir aqui reclamar das nossas políticas
econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e também os
juros que são exorbitantes no Brasil? Se eu posso emprestar dinheiro a juros
baixos e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no país dela, não vou ser
eu que direi ao meu povo que não faça isso.
Ela que torne a especulação no país dela menos atraente.

Para acessar a reportagem original em alemão, onde se encontra o que realmente foi dito por Dilma e Merkel, clique aqui.

Tudo isto que está aí acima e que supostamente foi dito pela Chanceler alemã, é um conjunto de invenções, criações. E nem estou a falar de sentido adulterado, mas sim de invenções deliberadas. Merkel em nenhum momento fez críticas à presidente brasileira, nem falou de juros, muito menos disse que estes são absurdos no Brasil (até porque, se ela assim dissesse, mostraria uma profunda ignorância histórico-política, pois o Brasil tem no governo Dilma os juros mais baixos depois de décadas, chegando a ser tão baixos que foram atacados pela mídia e pela elite, principalmente os banqueiros – que são os donos não só do Brasil, mas do Mundo).
Resumidamente, Dilma teceu diplomaticamente críticas a algumas medidas da Alemanha e da Zona do Euro, e Merkel concordou com algumas destas críticas e observações feitas por Dilma, mas ressaltou que essas medidas são provisórias, de emergência, e que em breve outras posturas serão tomadas. Não há críticas ao Brasil, e não há atrito entre as duas presidentes. Tudo extremamente técnico, diplomático e respeitoso por ambos os lados.

Gente, mas não precisa saber falar alemão para saber que essa tradução cheira à mentira, certo? Será que a Chanceler (presidente) de uma das 3 nações mais importantes do Mundo, iria se referir à presidente de uma outra nação tão importante, chamando a mesma de “esta senhora”??? Será que ela falaria em público “vou dar um conselho a ela”??? Poxa, não precisa ter doutorado em política, nem ser um gênio da diplomacia, nem ter o senso crítico mais apurado do Universo, para perceber que esta tradução é uma picaretagem.

Outra coisa que já resolveria o problema neste caso, seria, pegar o texto original em alemão, colocar em algum tradutor, tipo o Google, Babylon, etc, e ver o resultado que ele dá. Claro que a tradução fica uma porcaria, mas já consegue-se pegar uma ideia do que está contido no texto original.
Por fim, se você não quer jogar no Google, por preguiça, ou porque não confia na tradução do mesmo. Se você não tem nenhum amigo alemão ou que fale alemão, e possa te dizer o que está presente no texto original. Então só lhe resta uma posição coerente e sensata: ignorar o texto em português, pois você não faz a menor ideia se o mesmo está te fazendo de palhaço, mentindo na cara dura, inventando coisas! A não ser que ele venha em alguma fonte segura de informação, de algum jornalista respeitado, daí a história muda. Mas se o texto está sendo replicado no facebook, ou em blogs de procedência “x”, poxa, não dá para acreditar né?

O Governo, a sociedade, Lula e Dilma, e o Brasil como um todo são detonados pela Francefootball, uma revista francesa de futebol e esportes, ao que se diz, uma das revistas mais respeitadas do Mundo
revista_france_footballPara acessar o texto em português com o suposto resumo do que está contido nesta edição da revista francesa, clique aqui.

Primeiramente fui marcado neste texto por um amigo do facebook. Ao me marcar, ele já se adiantou: “Miguel, sei que você dirá que há sensacionalismo e alguns dados não são totalmente verdadeiros, mas gostei e concordo com a ideia geral do texto”.
E eu me pergunto: Tem tanta revista, tanto blog, tanto jornal, tantos intelectuais por aí escrevendo sobre tudo que se possa imaginar; será que é necessário compartilhar e disseminar um texto de procedência desconhecida, contendo informações sabidamente falsas e maliciosas, só porque a “ideia geral” nos agrada? Sei lá se eu sou um ET, ou se a cabeça da galera tá do avesso. Quem compartilha tais coisas, está disseminando mentiras e colaborando para a “idiotização” da sociedade! Será que essa é uma atitude ética, civilizada e cidadã, especialmente quando for feita com consciência?

Não aguentei ler tudo, pois estava me dando ânsia realizar aquela leitura sabendo que estava jogando meu tempo fora, tamanho o descaramento das mentiras ali contidas.
Porém, passados alguns dias, precisei dar maior atenção ao texto, pois isso me foi requisitado por mais duas pessoas da minha família. Enquanto isso, o texto bombava no facebook, por e-mail e em blogs imundos.

Gastei algo em torno de 2 horas vasculhando a internet. Procurei esta capa e esta reportagem em francês (original) no site da revista, mas não achei. E aqui já começa a PRIMEIRA coisa extremamente estranha, que já basta para vermos a falta de seriedade. O texto fornece um link (…A revista pode ser acessada no site: www.francefootball.com mas apenas…), mas não fala se é o site do Brasil, da França, ou sei lá de onde. Clicando no HIPER-LINK do site contido no texto, ele não nos direciona para o site da revista, mas sim para o link desta matéria no FACEBOOK. Ou seja, ao invés de colocarem no hiperlink o site da revista, colocaram o link do facebook de quem criou este texto. Percebem a falcatrua? E esse é só o começo.

Digitando www.francefootball.com no browser da internet, este te direciona para http://www.francefootball.FR, pois é de domínio francês.

Entrei no site francês da revista e procurei por esta capa. Procurei pelos títulos e pedaços do texto que estão contidos na capa, não achei nada. Procurei por Brésil (Brasil em francês) e aí achei várias reportagens… abri todas as últimas dos últimos 2 meses, e nenhuma parece ter qualquer relação com o texto acima. (aqui mais um problema. O texto diz “a capa desta semana da revista francefootball….” Qual semana? Cadê a data do texto? Por que não colocar: “a capa desta semana, ex.: 28.01.2014, da revista bla bla bla, traz uma reportagem….?” Percebem que as informações são omitidas propositalmente para ficar mais difícil o rastreamento?

Portanto, trata-se de um texto fake/falso, que foi criado não por um pé-rapado qualquer, mas sim por uma equipe que sabe o que faz, e escreve um texto que parece, aos olhos de  pessoas “médias”, um texto profissional e sério, cheio de links de referência, supostamente embasando os dados. Porém, eles sabem que essas pessoas médias, não irão abrir todos os links, nem checar as informações. Pois se o fizessem, e tivessem um pouquinho de senso crítico, já começariam a ver diversas coisas estranhas.
Quem criou este texto, o fez de forma criminosa, sabendo que cativaria o seu público alvo, que é raso e gosta de sensacionalismo, imediatismo, críticas e soluções simples para os mais complexos problemas.

Misturaram verdades com inverdades, realidades com distorções, e usando de sensacionalismo extremo, buscam apontar culpados (o governo atual e o descaso público) de forma bem simplória. Ou seja, cada acusação que eles fazem, ou está repleta de mentiras, ou é parcialmente verdadeira, porém omite todos os 500 anos de história do Brasil, omite diversas influências políticas/sociais/econômicas/geográficas, omite dados e estatísticas, omite curvas de evolução, e simplificam problemas seculares como um erro político de 1 ano atrás. A má fé predomina neste texto, e isso não é casualidade, isso é proposital, pois quem o fez tem um objetivo bem claro.

Como exemplo concreto, abordarei uma passagem do texto, a qual já ilustra tudo que estou querendo dizer. Segue:
Para os taxistas não há cursos de inglês financiados pelo governo, mas para as prostitutas sim. Parece piada, mas é verdade: (vide:www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/01/1211528-prostitutas-de-bh-tem-aulas-gratis-de-ingles-para-se-preparar-para-a-copa.shtml)

Esse boato surgiu há quase 2 anos. À princípio, uma revista holandesa teria vazado essa informação que o governo brasileiro estava pagando curso de inglês para prostitutas, preparando-nas para a Copa. Isso virou uma febre no Facebook e nas correntes de e-mail.
Naquela época postei um texto aqui no blog tratando exatamente deste tema. Clique AQUI.

Resumindo o que escrevi na época: a reportagem da Holanda falava da associação das prostitutas de Belo Horizonte, a qual estava pagando cursos de formação para as prostitutas, entre os quais, inglês era a prioridade. É a associação delas, que é organizada pelas próprias trabalhadoras, para representar os seus próprios interesses. Não tem governo Federal, nem estadual, nem prefeitura, nem vereador envolvido. Nem empresários, nem sociedade. São elas, tirando vontade e dinheiro de seu próprio caixa. E é só Belo Horizonte, não é Brasil…..
Pelo amor de Deus né?

Mas sabe o que é pior? Nem é necessário saber dessa história toda que contei, nem abrir meu blog, nem saber falar alemão/holandês. Basta abrir o link da Folha.uol, que está aí acima, o qual foi fornecido pelo próprio texto e ler o que ali está escrito. O texto ali presente não menciona governo, mas sim a associação das prostitutas. Ali está explicado direitinho, que elas buscam até voluntários para dar aulas. GOVERNO ou POLÍTICA, ou qualquer palavra que vincule este fato ao Governo, não estão presentes no texto. Ou seja, a versão em português da edição da Francefootball, diz que prostitutas estão recebendo cursos de inglês pagos pelo Governo, e para embasar isso, fornecem um link da Folha.uol cujo o texto não fala nada disso. Para quê continuar lendo um texto destes? Se o autor age com tanta má fé assim, e pior, de forma ridícula, chamando “nós” leitores de idiotas e analfabetos funcionais. Será que vale à pena continuar lendo o texto, com a esperança de que coisas boas estão por vir? Para mim está claro: Não!

Ao invés de dar mais exemplos de mentiras e canalhices contidas nesta tradução da Francefootball, deixo aqui um link do próprio site da UOL que desmascara o texto. Não deixem de lê-lo, pois eles apontam inúmeras mentiras e afirmações maliciosas contidas nesta hoax. Clique AQUI.

Para encerrar, deixo também a dica de mais dois outros textos meus postados neste blog.
1) Trato de farsas e da burrice da oposição brasileira. AQUI 
2) A farsa do Nióbio, tema que já circula há anos na internet. AQUI

por Miguelito Nervoltado

figura 1 daqui
figura 2 daqui