Cresçamos como Brasileiros ou Paremos de falar sobre isso!

Posted: March 9, 2014 in Sociedade
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Post_01_okCada vez que me encontro com um texto “radical” sobre discriminação ou racismo escrito por um negro, me entristeço.
Longe de mim negar que exista racismo no Brasil. Sabemos todos que ele existe e que está presente no dia a dia do país; recentemente, por exemplo, um árbitro negro sofreu xingamentos e teve seu carro vandalizado no Rio Grande do Sul (links aqui e aqui).
Tampouco quero entrar no cerne das leis brasileiras de racismo e injúria racial. Concordo com ambas e aprovo a diferenciação existente.

Falo aqui sobre negros que falam em “reparação histórica”, principalmente.
Os que alguns antropólogos classificam como racialistas. Radicais ao ponto de criticar a participação de outras etnias em Escolas de Samba, bares, festas, eventos…
Historicamente, é inegável que houve escravidão e que depois dela, em muitos países, o “rótulo” colocado nos ex-escravos levou a uma lenta, quando não inexistente ascensão social.
Mas, como negro, sou contra os benefícios advindos deste termo “reparação”; sejam as cotas raciais  em universidades, funcionalismo público e todos os desdobramentos.

Iniciarei um argumento rápido com a distinção feita a esta minoria racial em detrimento de tantas outras. Mulheres, nordestinos, homossexuais, gordos, religiosos, deficientes, idosos, trabalhadores que usam transporte público com a roupa suja de tinta… (por serem pobres e provavelmente nordestinos e/ou negros) também sofrem preconceito, são hostilizados e têm muitos de seus direitos cerceados pela condição.
Outro ponto que reitero em discussões: as cotas “empurram o preconceito pra frente”. Um estudante egresso do sistema de cotas, poderá ser “taxado” numa entrevista de emprego, pode haver um checkbox na ficha ou prancheta de algum selecionador, ele pode simplesmente não ser aprovado, por acharem que não é capaz; só entrou numa universidade por ser cotista. E, é sabido que a diferença de notas entre um cotista e um estudante fora da classificação de cotas é mínima e, muitas vezes, inexistente; ou seja, os mesmos estudantes seriam aprovados estando ou não inscritos no sistema de cotas. (como referência, segue uma reportagem da IstoÉ). Oras, pra quê usá-las? Pra quê passar por este risco de discriminação no futuro?
Não se mudam pensamentos e avaliações de uma sociedade com a caneta. É com educação, consciência e tempo. O preconceito não terminará com classe média negra, universitários negros ou funcionários públicos negros. É claro que a presença de negros e pardos neste meio pode acelerar o processo; só que, sem a “ajuda”, isso também ocorreria e seria incostestável por quem quer que fosse. Esse é meu ponto!

Não vou seguir argumentando sobre as cotas. Este por si só é um tema complexo e delicado; daria também pra entrar na subjetividade de definição de negro e branco no Brasil… Este post é um desabafo aos que querem criar uma “ilha” de convívio, que acho mais nociva que benéfica aos negros e mestiços.

“Papo de branco”? De alguém que “venceu” e pode criticar estando longe da realidade atual? “Egoísmo” por não querer ver outros na mesma condição? Já ouvi isso…

Mas, pra finalizar e deixar mais discussão pro futuro, quero registrar que defendo políticas de inclusão feitas pelos próprios negros, como a Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo; que excelentemente, não discrimina alunos e professores brancos, embora tenha sido criada por negros e para negros; empresários negros que prefiram empregados negros a brancos (afinal, cada um pode contratar quem bem quiser, não sendo necessário criar cotas pra brancos nessas empresas), segmentação de mercado com produtos “afro” (coisa bem comum nos Estados Unidos) e até mídia segmentada e especializada para negro e pardos, como alguns ótimos blogs e portais da internet.
O vídeo do Morgan Freeman, que gerou parte do título deste post, não é um resumo sobre racismo, como algumas versões do youtube sugerem. É apenas um modo de ver o problema, num Brasil miscigenado e pós-cotas. O vídeo do saudoso Milton Santos, mostra bem o que tentei expor entre idas e vindas neste post: cresçamos como brasileiros, tratemos cada um como seres humanos. Evoluamos!

Vídeos no youtube: Milton Santos e Morgan Freeman clicando nos nomes ao lado.

por Celsão correto

P.S.: não citei nenhum site/blog classificado como “radical” por mim propositalmente. A ideia não é acusar ou iniciar um embate, apenas expor minha opinião.
P.S.2: compartilhem a opinião de vocês.

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