Archive for June, 2014

Reproduzo abaixo o excelente texto de meu amigo Philippe Araújo. Ele trata da isenção fiscal (impostos) para a FIFA durante a realização das Copas do Mundo (tanto no Brasil como em outros países). Com uma abordagem bem argumentada, objetiva, com lógica racional, e com adicional de bons links contendo informações de fundamental importância, essa leitura vem para complementar o meu texto anterior (clique AQUI) sobre verdades e mentiras sobre a Copa do mundo e sobre a revolta de algumas pessoas contra a mesma.

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fifa-corruptionRecentemente tenho visto muita gente criticando as leis tributárias criadas para o período da copa isentando a FIFA de pagar impostos no Brasil. Acho bonito tanta gente se preocupar com as arrecadações de um megaevento, ainda mais num país com uma taxa de sonegação como a nossa. É um costume que deveria dissipar-se por toda a população.

O que acho feio é reproduzir mentiras e usar argumentos vazios. Muito dos argumentos que leio/escuto são do tipo “o Brasil foi a única sede a dar isenção total de impostos” ou “nunca a FIFA lucrou tanto com uma copa do mundo”. Esses dois exemplos são perfeitos para demonstrar como o brasileiro comum* reproduz mentiras e/ou usa argumentos vazios. Vamos lá:

O Brasil não foi o primeiro, nem o segundo nem será o ultimo a dar isenção de impostos à FIFA, simplesmente porque isso é uma EXIGÊNCIA da entidade máxima do futebol. E não é pouco o que eles pedem: todas as subsidiárias da FIFA, toda empresa contratada, todo material comprado, todo serviço prestado referente à organização do evento será livre de taxas. E assim foi na Alemanha em 2006, África do Sul em 2010, agora no Brasil e assim será nas já confirmadas sedes de 2018 e 2022, Rússia e Catar, respectivamente.

Isso não é uma característica isolada dos eventos da FIFA. A organização das olimpíadas também envolve isenções fiscais e inclusive gerou, em 2012 nas olimpíadas de Londres, uma manifestação da população exigindo que os patrocinadores do evento pagassem os impostos. Assim, sem quebrar nada, os ingleses conseguiram garantir uma parte de sua arrecadação tributária.

Quanto aos lucros da FIFA, eu não sei se foram recorde (e duvido que Blatter nos conte. Não é à toa que a conta bancária dele é suíça), mas se foram recorde, isso só mostra a força da economia brasileira e o quão bom é fazer negócios em nossa terra. Eu não estou nem aí para os lucros da FIFA, que se diz uma organização sem fins lucrativos (risos). Eu me importo com o retorno financeiro da copa para o país, que injetará 142 bilhões de reais na economia, criará mais de 3 milhões de empregos e acrescentar 63 bilhões de reais à renda da população.

É impossível dizer que sediar a copa do mundo é um mal negócio. É, aliás, uma tremenda desonestidade intelectual. Fora ruim, Bélgica e Holanda não estariam também oferecendo 5 anos de isenções à FIFA para sediar uma copa do mundo. A FIFA sabe o quanto de retorno financeiro o seu evento traz consigo e se utiliza disso para maximizar os seus próprios lucros, através de algo do tipo “não vai me isentar? Ok, próximo da fila!” e sempre haverá um próximo na fila.

É mais ou menos por isso que eu acredito que a realização da copa do mundo é a prostituição mais bem-paga do mundo.

Mais sobre…

… as isenções fiscais concedidas pelo governo brasileiro: http://www.jogoslimpos.org.br/destaques/governo-federal-regulamenta-isencao-para-empresas-ligadas-copa-mundo/

… as isenções dos países-sede anteriores (em inglês): http://www.bbc.co.uk/news/10091277

…os protestos na Inglaterra: http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/07/16/ingleses-protestam-contra-isencao-de-impostos-para-patrocinadores-e-militarizacao-em-londres/

…e o resultado dos protestos londrinos:
http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/07/19/sob-pressao-multinacionais-desistem-de-isencao-de-impostos-em-londres/

…o retorno econômico da copa: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT149593-16357,00.html

…e mais aqui: http://www.ecofinancas.com/noticias/estudos-fgv-ernst-young-diz-copa-2014-vai-gerar-r-142-bi-adicionais-para-brasil

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Ainda como adicional, sugiro a seguinte leitura/vídeo sobre a corporação FIFA. (Clique AQUI)
Abaixo um trecho da mesma:
Blatter: “Somos uma organização sem fins lucrativos”
Jornalista: “Mas com mil milhões de dólares no banco”
Blatter: “Isso é o nosso fundo de maneio”
“Quando tens um fundo de maneio tão grande, é melhor ver se o Tio Patinhas não anda a nadar lá no meio. Já não és uma organização sem fins lucrativos!”, comenta Oliver.

por Miguelito Formador

figura daqui

Conto da geração Y

Posted: June 24, 2014 in Comportamento
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figura_geracao_y(plim – faz o Face time) – Oi prima, você está trabalhando hoje? (chamada do Marquinhos, um primo que adoro e que mora em Curitiba)
(swosch é o barulho do WhatsApp no celular) – E aí Má, tudo bom? (minha super-amiga Fê… no mínimo vai perguntar sobre ontem)
(tarã google Talk) – Oi gata, será que vai ter um tempinho hoje pra conversarmos? Não quero atrapalhar…
(pititi “pia” meu Hangouts, também no celular) – mesma mensagem que já li no google Talk, do gatinho do Nei.

Cheguei no trabalho há meia hora e ainda não consegui abrir meu email… Por que isso sempre acontece comigo?
Abri o Face, o gmail e, nem sequer consegui abrir o twitter ainda, pra ver novidades que não consegui acompanhar ou comentar ontem…
Meu chefe apareceu na minha baia no meio da mensagem do WhatsApp e antes mesmo que pudesse responder o Nei.
– Marlene, você viu o email que te passei ontem pela manhã? Conseguiu analisar a planilha? (odeio meu nome!)
– Ainda não terminei, mas estou terminando.
– Lembre-se que, como escrevi no texto, preciso da mesma para a reunião com a diretoria, as 13h!
– Sem problemas, chefe.

“Fê, tenho muita coisa pra te falar. Mas o chefe passou aqui e to fud$%& de trampo!” – respondendo o WhatsApp.
Abro o email corporativo, e enquanto o Outlook carrega, aproveito pra abrir rapidinho o twitter. O último comentário do meu cantor preferido foi: “Ouvindo a banda XYZW, demais o som!”

(plim) – Se não der pra conversar, avise. Mas minha mãe quer falar com a sua ainda hoje
(swosch) – Era isso mesmo que eu ia te perguntar, Má, me conta tudo!
@cantor preferido – “Curto demais também a banda XYZW… Mas sou muito mais fã seu que deles! S2”
(tarã) – Má…
(pititi) – Má… (por que mesmo essas coisas são sincronizadas?)

– Nossa, que planilha cabeluda! Como é que o louco do chefe quer isso pra hoje a tarde? O comentário alto e proposital chama a atenção do Zé, meu colega de trabalho.
– O que foi?
– Zé, ferrou, o Irineu quer uma análise disso tudo aqui pra daqui a pouco!
– Porque você disse que já estava terminando, se nem sequer havia aberto o arquivo?
– Sei lá… não queria falar que não sabia do que se tratava…

Publica uma mensagem no Facebook: “Fud%$& e cheia de trampo”, digita o mesmo texto no twitter e no grupo do WhatsApp @gostosonas da zona sul.
(plim) – Depois me chama, não dá pra explicar o assunto todo por aqui…
(swosch) – Má, não faz isso comigo! Eu preciso saber o que vocês fizeram e onde foram. E se o primo dele está a fim de mim…
(swosch @gostosonas da zona sul) – “Também estou assim” / “Trampo é phoda” / “Queria um estagiário só pra mim”
(tarã) – Se eu fosse você, deixava o serviço pra amanhã, como fez ontem e falava comigo.
Abre o arquivo torrent escondido e busca os arquivos da banda XYZW…
(pititi) – Detesto o sincronismo entre o Google Talk e o Hangouts – publica isso no Facebook e twitter

10:30h e me chamam pra tomar café. Todos sorridentes, como se a noite anterior tivesse sido a melhor da vida ou como se só eu tivesse lotada de trabalho…
– Nem vou, gente. Mas… podem me trazer um Capuccino?
“Marquinhos, vou pedir pra minha mãe ligar pra sua. Mas agora não consigo conversar.”
“Fê, o primo tá na sua. Mas agora não consigo conversar”
“Também quero um estagiário” / “kkkkk”
“Môre, não consigo falar agora, mas… sabe o seu primo? Ele gostou da Fê, minha amiga?”
Arquivos da discografia da banda XYZW, 18% concluídos
Outlook aberto e percebo que o email do Irineu é de três dias atrás. Preciso organizar minha caixa de entrada!
(swosch) – Ai que legal! Me avisem quando forem sair de novo, viu? Eu quero ir junto!
(plim) – Beleza. Vou dizer pra minha mãe que a tia vai ligar pra ela.
(tarã) – não pode conversar, mas está perguntando coisas da sua amiga, né? Aposto que está falando com ela…
(swosch @gostosonas…) “Má, não pode pedir pro Zé?” / “Verdade… não há problema” / “kkkkkk”
(pititi) – Aposto que está falando com ela… (leio só o final. Prometo não pegar mais o celular. Droga!)
(swosch @gostosonas…) “kkkkk” / “Se puder culpar alguém, não há problema, já dizia o filósofo” / “kkkkkk”
WhatsApp pro @gostosas: kkkkk. Gente, não posso pedir pro Zé!

Arquivos da discografia da banda XYZW, download em 75%
Mensagem no Face e twitter – “Trabalhando muuuito e ouvindo XYZW”
(plim) – Mas você não estava muito ocupada, prima? Como é que está ouvindo rock? E logo essa banda que tem letras racistas, de acordo com um colega de classe…
(tarã) – Está falando com sua amiga ou não?
(swosch @gostosonas…) “Má, você não ficou com o Zé? Pede pra ele…” / “Podiscrer… Ele vai fazer”
(swosch) “Vai ter de me convidar pra ir junto! Mal posso esperar…”
Não estou falando com minha amiga e você está me atrapalhando.
Fê, não posso falar agora!
Como assim racistas?
Zé, você pode voltar na minha mesa? To precisando de ajuda… (por email)

Arquivos da discografia da banda XYZW – download concluído.
Tocar? Arquivar? Salvar como… => Apagar!
Mensagem no Facebook – “A banda XYZW tem letras racistas.” (avaliando se posto também no twitter…)

O Zé chega na mesa, o celular faz 55 (swosch) e 27 (tarã) e 10 (plim) enquanto ele me explica, melhor dizendo… enquanto ele faz o trabalho diretamente no meu PC.
– Então, concluindo, basta gerar um gráfico dessas células na aba “Resumo”. Assim…
Mais dois sons (swosch) e cinco (tarã) fazem com que ele comente:
– Como você consegue trabahar assim? Isso não te atrapalha?
– O que atrapalha é não acompanhar as discussões, não ler os comentários, mensagens e twitts.
– Como assim?
– Me dá um minuto? (e pego o celular)
Zé “pescoça” por sobre meu ombro e se espanta com a agilidade dos meus dedos…
– Mas… você consegue responder isso bem rápido, não é?
– É simples: conversas do WhatsApp com mais de dez frases eu não leio. E, caso as últimas sejam risadinhas, mando um “kkkk”; parentes sabem que devem me ligar se alguém morrer e Facebook basta curtir, se for marcada em algo.
– Quem ouve, pensa que é simples assim.
– Não é mesmo… Mais um minuto!
– Pronto! Onde estávamos?
– Já terminei, salvei e anexei no email. Basta você enviar pro chefe.

Mensagem “o Zé é um amor! Adoro meus colegas de trabalho” compartilhada no Facebook e twitter.
15 curtidas em 3 minutos! “Nada mau!” – deduzo pensando alto – “Mas poderia ser melhor…”
Abro o arquivo “a fazer.docx” e insiro a linha “Melhorar popularidade na net”
Curto outros 25 comentários, fotos e publicações de amigos no Facebook (sem saber, curto inclusive um comentário falando bem da banda XYZW), “retuíto” três frases de pessoas que sigo, respondo mais dois Whats e… partiu almoço!

por Celsão irônico

figura montada com imagem retirada daqui

skyshoe1Estava eu, buscando num desses portais na internet alguma notícia “nova” da Copa e me deparo com a notícia: “Em clima de Copa, pianista toca nua os hinos de Brasil, EUA e França”.
Pra quem não a conhece, a “pianista nua” ou “Suzy pianista” surgiu no ano passado, postando inicialmente vídeos de música clássica tocados sem mostrar o rosto e de lingerie na internet. Houve sucesso e ela “ousou” mais, passando a tocar só de calcinha e nua em algumas ocasiões.

Deu entrevistas, foi tema de documentário na emissora alemã Ruptly TV, participou de programas no Brasil, como o programa Silvio Santos e o Pânico, tocando nua no quadro do “Poderoso Castiga”…

Os argumentos que usava, como: “Protesto em nome das musicistas que sofrem num ambiente puramente masculino” e “Tiro a roupa por uma causa”, se comparando ao grupo Femen, ou mesmo, “Diferente de simplesmente mostrar meu corpo e agregar a isso coisas vulgares, estou mostrando música clássica”, não surtiram muito o efeito desejado e ela própria sucumbiu à música popular.
(no programa Silvio Santos tocou um dos temas do apresentador e no Pânico tocou Gustavo Lima)

E digo mais, num universo masculino e machista e, num país ainda mais machista, o intento deve ter gerado muito mais “dor de cabeça” que “chamadas para audições” como ela desejava. Ela própria, analisando seus progressos, poucos meses após aparecer na mídia, disse que havia interrompido as aulas de piano que dava, principalmente para homens e adolescentes, dado os pedidos para ensinar de lingerie; além disso, recebeu ligações e propostas não-relacionadas com a música…

Bem… E o que pretendo eu com esse título e essa introdução?
Perguntar a essa moça: “Precisa disso?”
Não bastava ter sentido na pele o machismo e a discriminação ao tocar nua, precisava querer aparecer na Copa e rivalizar com as chamadas “musas”? Precisava ter mais uma bunda brasileira à mostra para gringo ver?

Post_Copa_Machismo_01No mesmo tom, outras “candidatas a musa”, também aproveitam o momento e mostram o corpo em qualquer oportunidade que surge. Minha vontade é pegar as moças da foto ao lado (uma delas é a tal da Andressa Urach) e “ensinar bons modos”, como nossas avós fariam. Na base da vara de marmelo, se fosse preciso!

A Copa está acontecendo sem maiores problemas, torcedores estrangeiros vieram e estão elogiando a organização e a hospitalidade (coisa que muito brasileiro duvidava que ocorreria). Estamos fazendo a nossa parte. Mas… não deveríamos perder essa excelente chance de mudar a imagem de turismo sexual e de “república da bunda”? É uma pena que, mais uma vez o machismo seja estimulado pelas mulheres…

Enfim… pode ser que me julguem machista ao tolher uma mulher da oportunidade de mostrar seu corpo.
Pode também ser visto como machismo a frase escrita acima: “ensinar bons modos”, ensinuando uma agressão.
Assumo que não “curto” quando a pianista Rita Tibes (nome verdadeiro de Suzy) expõe o Brasil nua; preferia que fosse vestida. Mas assumo também não saber o quê ela precisava fazer pra aparecer de outra forma…

Minha revolta está no fato dela (e das outras) serem brasileiras e, mesmo não representando todas as outras, passarem a imagem que a muito custo, alguns tentam mudar. Me revolta também o fato dessas coisas acontecerem nesse período, propiciando comentários maldosos e, infelizmente, com base em fatos.

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e montagem feita daqui.
P.S.: pra quem quer ler uma notícia da Suzy pianista (com alguns vídeos na matéria), clique aqui

opiniãoUm dos princípios dos estudos que tangem a economia é a chamada Lei da Oferta e da Procura, ou Oferta x Demanda. Esse princípio nos diz que, se há oferta demasiada de um produto X no mercado, o preço deste produto tende a cair. Inversamente proporcional, se há procura demasiada, o preço de X tende a subir.
Dando um exemplo prático: se a maioria dos agricultores de uma cidade começam a plantar milho verde, em um certo momento, não haverá consumidores suficientes para todo o milho produzido e assim este produto começa a “sobrar”. Tentando “eliminar” o excedente, os agricultores começam a reduzir seus preços, visando estimular a venda. Assim, a oferta muito alta, causou a redução do preço.

Pois bem, hoje, felizmente, vivemos em “relativas democracias” na maior parte do planeta, o que garante, à boa parte dos cidadãos, liberdade de expressão. Além disso, a globalização somada ao boom da internet com seus blogs e redes sociais, deu ao indivíduo ainda maiores possibilidades de expressar-se. Temos blogs, vlogs, revistas informais e formais online, youtube, e-mail, redes sociais e muito mais, onde várias milhões de pessoas se expressam diariamente.

Assim configuramos um cenário onde muitas pessoas se expressam simultaneamente, emitindo suas mais diversas opiniões para todos os cantos, gerando uma oferta muito grande deste “produto”. Intelectuais, alienados, tolos, ignorantes, humildes, manipulados, esclarecidos, direitistas, esquerdistas, reacionários, progressistas, conservadores, liberais, todos emitindo informações, uma parte delas metodológicas e científicas, e a maioria que não passam de meras opiniões.

Essa é a “Era das opiniões“. Segundo o filósofo grego Parmênides (530 a.C. – 460a.C.) a opinião (dóxa), é aquilo onde não há nenhuma certeza, mas sim só dúvidas. Assim, as análises baseadas em opiniões são bem distintas das ideias baseadas na observação metódica dos fatos.

A maior parte da sociedade, em muitas circunstâncias, não é capaz de identificar o que é ciência e estudos metódicos, e acabam os colocando na mesma caixinha das “opiniões”. Como na Lei da Oferta e Procura, o produto “opinião”, por ser muito ofertado, acaba perdendo seu valor. Assim, informações de qualidade, números oficiais, estatísticas sérias, estudos acadêmicos, comentários de jornalistas embasados e éticos, são dispersados no meio de um montante de baboseiras, e perdem seu valor. Intelectuais, sábios, cientistas, especialistas e esclarecidos, acabam sendo ignorados pela “massa” de consumo (demanda/procura).

Opiniao_Rachel_SheherazadeIsso é obviamente colaborado pelo fato de termos na maior parte do mundo sistemas educacionais precários, que pouco ou nada estimulam o indivíduo a questionar com senso crítico e objetividade a informação que lhe é oferecida. Assim, ao se deparar com tanta oferta de conteúdo, este indivíduo se perde, não sabendo mais separar o que é bom do que é ruim.
Aliás, falando de “bom e ruim”, penso ser interessante lembrar de uma passagem do documentário Why Beauty Matters do filósofo Roger Scruton:
Em nossa cultura democrática, as pessoas frequentemente pensam ser desrespeitoso julgar o gosto ou a opinião de outros. Alguns se sentem até ofendidos com a sugestão de que existe “gosto bom” e “gosto ruim”… (Leia nosso artigo baseado neste documentário clicando AQUI)

Pois bem, eu concordo com Scruton, há sim muitas questões na vida onde é possível distinguir o ruim, do bom. Assim como há verdades e mentiras, certo e errado, feio e bonito.
É claro que nem sempre existe certo e errado, ou feio e bonito, e há muitas questões que são subjetivas, ou até mesmo tão complexas que é possível haver diversos caminhos plausíveis. Mas temos que analisar cada situação, cada tema, individualmente, para sabermos onde é possível definir verdades e certezas, e onde não é.
Usar o argumento clichê de que “não existem verdades, tudo na vida é relativo”, é um sinal de pobreza intelectual e argumentativa, onde busca-se generalizar tudo, negando a ciência e valores ético-morais. Isso é ruim para o debate, atrasando o avanço intelectual das sociedades. Com essas generalizações vem a negação à ciência. (AQUI uma sugestão de um excelente artigo sobre opiniões e sobre valores de ética-social)

Nesta mesma linha, sabendo-se da desvalorização que as opiniões sofreram nos dias de hoje, estando inclusas aqui informações de cunho metodológico e com propriedade; e sabendo-se que existe um senso comum que afirma não existir “certo ou errado”, chegamos a uma máxima dos tempos modernos: “Respeite minha opinião, pois não existe opinião certa ou errada”. Ou, “todo mundo tem direito de emitir opinião”.
Quem nunca ouviu alguma dessas frases numa discussão no facebook, ou num debate caloroso na mesa do boteco, ou nos comentários de leitores de revistas, ou nos comentários abaixo de algum vídeo no youtube? Aposto que todos, e diversas vezes.
TeletubbiesConheça o método Teletubbies de emitir opinião, clicando AQUI

A questão aqui não é ter o direito ou não de emitir opinião. Todos temos o direito de emitir opinião sim, por mais preconceituosa, alienada, manipulada, desinformada que ela seja.
“Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo“…

A questão é alertar a sociedade, desenvolver um pensamento coletivo crítico no sentido de que, liberdade vem atrelada a responsabilidades. Se a sociedade, o governo, as leis lhe dão liberdade para agir ou falar como bem entender, isso significa que você, à partir deste momento, tem que conhecer os seus limites, os limites do próximo, e ter noção de cidadania e coletividade. Senão alguém vai precisar intervir, contra você, para garantir a liberdade e os direitos dos outros. Afinal, você tem liberdade sim, mas o que acontece quando ela invade a liberdade de outra pessoa? Quem tem mais direito à liberdade?

Portanto, você pode emitir frases racistas, mas tem que ter consciência do dano que você pode estar causando a outrem ao agir assim, e tem que ter conhecimento de suas responsabilidades civis. Você pode sim inventar mentiras sobre alguma pessoa, mas tem que ter consciência que poderá ter que arcar com danos causados a ela. Isso se aplica também aos “curtir e compartilhar” de qualquer tipo de informação que lhe salta aos olhos no facebook. Ao compartilhar um boato ou mentira, difamando e denegrindo a imagem de alguém, além de ser anti-ético, ainda pode lhe gerar processo judicial. Clique AQUI para ler sobre isso.

E aí tem gente que sem nunca ter estudado ou lido nada a respeito de algum assunto, e sem ter qualquer base de conhecimento, se acha no direito de refutar estudos científicos, baseados pura e simplesmente em suas “opiniões”. Muitas vezes, numa inversão de valores, afirmam que a ciência é manipulável e por isso não deve ser acreditada. Regridem séculos na história da evolução do conhecimento humano e afirmam confiar pura e simplesmente em suas observações individuais/sensoriais (empirismo). Desmerecer ou denegrir o método científico (AQUI), baseado em pura opinião, ou mesmo que utilizando-se vagamente de métodos empíricos, é algo extremamente raso, ultrapassado e de prepotência soberba, beirando o abismo do absurdo e da insanidade.
Quem emite opiniões dessa forma, pode e deve exigir sim o direito de fazê-lo, mas pedir respeito às mesmas já é demais.

por Miguelito Formador
figura daqui e daqui

VaiTerCopaSimEm tempo: Enquanto eu escrevia esse post, já estando bem no final, saiu o pronunciamento da presidente Dilma sobre a Copa. Este pronunciamento converge com muito do que eu escrevi aqui, e veio até em boa hora para embasar ainda mais alguns de meus dados e argumentos. Clique AQUI para assisti-lo na íntegra.

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Amanhã, dia 12.06.2014, uma quinta-feira, começa a Copa do Mundo de futebol. O maior evento esportivo do mundo, já há décadas. Futebol  está entre as maiores paixões de várias sociedades espalhadas pelo planeta, mas em nenhum lugar ele é tão idolatrado como no Brasil.

Em 2007 o povo brasileiro torceu para que o Brasil  ganhasse como sede deste torneio, e vibrou ao ver esse sonho se tornar realidade quando fomos escolhidos. Lembro-me que a euforia era geral. Mas, o tempo passou, chegou 2013, onde uma onda de manifestações espalhou-se pelo Brasil. Tudo começou com os 20 centavos, que era um movimento extremamente legítimo, embasado e com um propósito bem claro. Aos poucos foi se abrindo o leque, e de repente, protestava-se contra tudo. Protestos legítimos se misturavam com protestos oportunistas. A mídia, que inicialmente criticou duramente os primeiros protestos que ainda lutavam por melhoria nos transportes públicos, passou a apoiar muitos dos novos protestos, “coincidentemente”, aqueles com predominância de críticas ao Governo Federal, muitas vezes direcionados à Presidente da República.

Até mesmo o MPL (Movimento Passe Livre) que havia iniciado os protestos dos 20 centavos, declarou estar se retirando oficialmente das manifestações, pois essas haviam tomado rumos contrários às causas pelas quais eles lutavam. As manifestações haviam sido “sequestrados” por grupos oportunistas, defendendo causas conservadoras e com intuito principal de desestabilizar o Governo. Clique AQUI ou AQUI para ler sobre a nota do MPL na ocasião.

No embalo do caos das manifestações, entre os grupos conservadores e/ou oportunistas, começaram a surgir as pautas criticando a Copa do Mundo, os atrasos das obras, os preços elevados das mesmas, e coisas do tipo. E eis que de repente surge o slogan: “Não vai ter Copa”. Pronto, aí começou um movimento que nunca mais parou. Um movimento conservador, sem muita lógica inicialmente, e que foi tomando corpo, criando novas argumentações e conquistando adeptos, principalmente entre os conservadores e entre a Classe Média, mas também entre alguns progressistas e entre as camadas mais pobres.

Acho que posso parar minha introdução histórica, pois penso que daqui para frente todos saibam o desfecho deste movimento, pois ele está aí até hoje a todos vapor. Posso, portanto, começar a fazer meus simples questionamentos e análises objetivas sobre o assunto.

Bom, até 2013 ninguém protestava ou reclamava contra a Copa. A Copa não era um assunto que incomodava o brasileiro, que gerava revolta, indignação, como é o caso da educação, saúde, corrupção, transporte público, etc. Estes problemas já estão no “pacote” de reclamação dos brasileiros há décadas, para não dizer séculos, e com total razão. Mas a Copa, nunca foi. Todos continuavam felizes e vibrantes esperando a Copa nos trazer alegria. Como que, de repente, a Copa vira uma das principais causas de revolta? O brasileiro do nada acordou para este tema? O povo percebeu repentinamente que a Copa era um mal negócio e estava levando a nação para o buraco?

Bom…. eu não sou tao inocente assim. Para mim está claro que a pauta “Não vai ter Copa” foi uma questão de oportunismo, e como sempre, o povo brasileiro foi, num geral, manipulado. Pelo Governo? Lógico que não, pois protestos contra a Copa é algo ruim para o Governo/Executivo/PT. Manipulado por quem então? Ora bolas, por aqueles que sempre nos manipularam durante 500 anos, a elite conservadora, os partidos de direita e simpatizantes, e os porta-vozes destes dois grupos, a Grande Mídia.

Alguns dirão: Ora, mas para a mídia é ruim se a Copa for um fiasco, afinal, a mídia lucrará bastante neste período. Hei de concordar com essa lógica. Porém, aqui não se trata de uma equação com uma única variável, mas sim com uma complexidade de variáveis.
Precisamos primeiro lembrar que para uma boa parcela da elite, e para quase toda a classe média (estou a  falar da classe média tradicional, em seu sentido amplo sociológico, o que vai muito além de poder aquisitivo), o PT representa um mau governo.
Para uma pequena parcela da elite (principalmente o sistema financeiro e o agronegócio), para uma ainda menor parcela da classe média, e para a maioria dos pobres e da “nova classe média” o PT representa um governo histórico, além de Jango, o único governo realmente com bandeiras sociais e de esquerda que tivemos na história.
Tá certo que, enquanto Governo, o PT é muito mais centro-esquerda que esquerda, mas já é um grande avanço se comparado aos 500 anos de direita elitista em nossa história.

Assim, voltemos à elite, mídia e Copa do Mundo. Num geral, para a elite e para a classe média tradicional, o PT tem que sair urgentemente do poder. A Grande Mídia brasileira está  concentrada na mão de 6 famílias. Essas 6 famílias possuem quase 80% do escopo midiático do Brasil. Dessas 6 famílias, 2 delas estão entre as 15 famílias mais ricas do Brasil. A família Marinho lidera o topo das famílias mais ricas do Brasil, segundo o ranking da Forbes. Clique AQUI
A mídia vive de patrocínio. No caso da Grande Mídia, eles são patrocinados, principalmente por grandes empresas, ou seja, a elite. Desta forma, aquela possuirá obrigatoriamente editoriais que não prejudiquem os interesses desta elite patrocinadora. Isso é  bem óbvio. Imaginem se um jornal X vai escrever algo bombástico que prejudique a imagem de seu principal patrocinador, correndo o risco do patrocinador retirar a publicidade.

Não é teoria da conspiração, é algo 100% lógico e assumido por qualquer especialista que estuda o mercado da mídia. A mídia tenderá a proteger quem lhes garante a sobrevivência, os patrocinadores. A elite empresarial representa no mínimo 80% de todo o patrocínio da Grande Mídia. Esta mesma elite está, num geral, contra o Governo, por este ser de centro-esquerda, e eles (a elite) gostarem de centro-direita ou direita. Assim, a Mídia, para ser coerente com quem lhes banca, bate no PT mais do que fazia com outros governos. E as provas sobre isso temos aos montes.

Com relação à Copa, a Grande Mídia parece ter adotado uma estratégia interessante. Apoiar as manifestações contra a mesma, elaborar editoriais negativos, mostrar pessimismo, e estimular a ideia de que o brasileiro não quer mais o evento. No caso, eles estão fazendo sangrar. Sangram a Copa, sangram o Governo, sangram a presidente Dilma, sangram o PT. Mas não matam….. pois matar seria péssimo! A Copa tem que ocorrer, e bem. Mas antes disso ocorrer, eles fazem sangrar para enfraquecer o Governo, gerar o caos, o ódio na sociedade. Mas na hora H, vão mudar um pouco o rumo do editorial, fazê-lo mais positivo quanto à Copa, fazer fortunas em cima do evento.
Ou seja, o resultado final para eles é: muito lucro na Copa, e um Governo enfraquecido. Mesmo que eles corram o risco da Copa não correr tao bem assim…. mas ela irá ocorrer, e eles terão mesmo assim muito lucro. Mas o Governo sairia extramente enfraquecido. Portanto, eles sacrificariam seus cavalos, para conquistar a rainha.

Agora que você já sabe da postura da mídia, e já se perguntou quando e porque os protestos contra a Copa surgiram, talvez esteja percebendo que seu ódio contra a Copa e contra o Governo, pode sim ter algum embasamento, mas ele é também resultado de um senso comum, de um objeto de manipulação de massas, feitos por muitos daqueles que oprimem as sociedades. Se você já está fazendo essas reflexões, ótimo, pois vou continuar.

Vou atacar agora as críticas mais ouvidas com relação à Copa, pontualmente:

  1. O Brasil não precisa de Copa, mas de educação e saúde
    O que uma coisa tem a ver com outra? Os investimentos com saúde e educação não foram alterados devido à Copa. O dinheiro da Copa saiu uma parte de capital privado, e a parte de investimento público saiu principalmente da verba destinada a infraestrutura e de empréstimos do BNDES. Investimentos com infraestrutura existiriam, com Copa ou sem Copa. O que o evento fez foi canalizar uma parte destes recursos de infraestrutura e acelerar vários projetos que já estavam em andamento, e criar outros novos, o que é muito bom, no ponto de vista urbano.
  2. Muitas obras não ficarão prontas, e muitas outras com atraso
    Verdade. Mas, só porque ficarão prontas  com atraso, significa que não são mais válidas? Quer dizer que, se for para fazer algo com atraso, é melhor sequer fazer? Não entendo essa lógica…. Ex.: Imaginem que queremos investir 500 milhões em educação até 2016. Agora, se só formos atingir os 500 milhões em 2017, então nem precisa investir, melhor não investir nada em educação! É por aí?
    A maioria das obras ficarão prontas. Algumas sem atraso, algumas com atraso, mais a maioria será feita. E se ficará pronta em 2014 ou 2015 ou 2016, o resultado será sempre o mesmo: obras prontas para melhoria na mobilidade pública. Esse é o raciocínio final que deve ser feito. Vejam AQUI o vídeo com o comentário do jornalista Bob Fernandes
  3. Os gastos da Copa são muito elevados
    Bom, os gastos públicos com o evento estão estimados em R$ 26 bilhões. Destes, somente 8 bilhões são para estádios. Os outros R$19 são para infraestrutura, turismo, segurança pública, entre outros, ou seja, excelente. Já os 8 bi gastos com estádios, bem, não dá para fazer Copa sem estádio, convenhamos. No mais, a maioria das reformas e construções foram exigência da FIFA. E além disso, sabemos que ao menos 10, destes 12 estádios, serão sim muito bem utilizados após a Copa. Afinal, futebol além de um amor, é grande negócio no Brasil.
    O PIB do Brasil é de R$ 5 trilhões de reais. Portanto, 8 bilhões de reais representam aproximadamente 0,16% do PIB de 1 ano no Brasil. Mas estes R$ 8 bi foram investidos no decorrer de 4 anos. Portanto, podemos dizer que, no período, o Brasil gastou algo em torno de 0,04% do seu PIB em estádios. Só de 2010 a 2013 o Governo investiu R$1,7 trilhões em saúde e educação, ou seja, 212 vezes o valor dos estádios, ou mais de 65 vezes mais que a soma de todos investimentos diretos com a Copa. Mais sobre essas comparações de valores AQUI e AQUI (e no pronunciamento da Presidente, que possui os valores ainda mais confiáveis)
  4. Precisávamos de 12 sedes?
    Concordo que não. E a FIFA sugeriu 8 sedes. Porém, 18 estados brasileiros pediram para sediar a Copa. Com muita negociação e diplomacia com governadores e prefeitos, o Governo Federal teve que ceder a 12 destes estados.
    Portanto, se você acha um absurdo 12 sedes, ou se acha absurdo alguns estádios em cidades que nem têm tradição de futebol, pois reclame com os governadores, parlamentares, prefeitos, vereadores daquelas cidades. Concentrar as reclamações no Governo Federal, é errado, pois foge do cerne do problema.
  5. A FIFA manda e desmanda nas regiões dos estádios e cidades sede
    Sim, e isso é um absurdo. Mas essa é a FIFA, uma grande corporação e cheia de poder de fogo. Tampouco é culpa do Governo ou da presidente o fato de a FIFA ser assim. Eles foram assim na África do Sul, na Alemanha, nos EUA, no Japão e Coreia do Sul, e em todos os lugares. Se quer reclamar da FIFA, então deixe claro no seu cartaz e na sua fala, que você está protestando contra a empresa FIFA. Não misture as coisas, aproveitando para atacar o Governo hipocritamente por coisas que eles mal podem interferir. Inclusive, indico este vídeo (AQUI), num programa de TV inglês, que mostra de uma forma divertida, a triste realidade de como funciona a FIFA e algumas de suas atrocidades mundo a fora.
  6. Temos os estádios mais caros da história
    Balela. Nas últimas copas do mundo, tivemos 2 estádios mais caros que o nosso estádio mais caro, que é o Mané Garrincha. Obviamente, para avaliar o valor do custo de um estádio, temos que considerar o custo financeiro X tamanho/capacidade do mesmo, pois não dá para se comparar um estádio de capacidade para 10 mil torcedores, com um de capacidade para 80 mil.
    Portanto, ao analisarmos custo do estádio/número de assentos, vemos que não há nada de anormal nos custos de nossos estádios, em comparação com os custos de estádios em Copas em outros países. Cliquem AQUI e vejam a lista dos 25 estádios mais caros da história das Copas. 
  7. A Copa está trazendo prejuízo, devido à ineficiência das obras e da corrupção
    Uma afirmativa abismal! Segundos estudos da FGV e da Ernst & Young, além dos investimentos de R$ 19 bi em infraestrutura, que retornam diretamente para a sociedade como qualidade de vida, a Copa e seu legado futuro ocasionarão um giro de aproximadamente R$ 112 bilhões para nossa economia. Ou seja, mesmo com ineficiência e desvios de corrupção, o retorno de investimento é de 5 vezes o valor do capital investido. Não há como discutir que a Copa é um investimento excelente para a economia. Leia mais clicando AQUI e AQUI
  8. Não sou contra a Copa do Mundo, sou contra a Copa no Brasil
    Esse é o campeão dos argumentos sem sentido e hipócritas. É tão insano que parece até um diálogo com Homer Simpson. Todos os protestos sempre foram a Copa no Brasil, e não contra a Copa em si, isso é óbvio! É tipo falar assim: Eu não torço para que a Dilma, ou Aécio, ou Eduardo Campos não se elejam presidente, eu torço para que eles não se elejam presidente no Brasil…..   Oi?
    Óbvio que estamos discutindo sobre a Copa no Brasil, usar esse argumento é mostrar que você ou é muito desonesto ou você tá mais perdido que goiaba na bananeira.
  9. Muitas comunidades estão sendo removidas sem o devido ressarcimento dos danos
    Aqui concordo em gênero, número e grau. É um absurdo o tratamento que está sendo dado a algumas comunidades indígenas e a comunidades carentes nas redondezas dos estádios. Para estas causas específicas, onde também se incluem os protestos dos Sem Teto, eu sou a favor de protestos sim, contra FIFA, contra a presidente, contra o Congresso, contra o Judiciário, contra governadores, contra prefeitos. Os protestos são válidos e legítimos.
    Mas aqui também há exageros e sensacionalismo por parte da mídia e de outros oportunistas. Dizem por aí que 150 mil famílias foram desalojadas. Segundo dados do Governo, o número oficial é de 6.652 famílias. Outra informação distorcida seria que as famílias estariam sendo deslocadas para construção de estádios. Segundo o Governo, essas famílias foram removidas para a realização de obras de mobilidade urbana, como por exemplo, transporte público coletivo. E todas elas receberam moradias do programa Minha Casa, Minha vida. Clique AQUI para ler a nota de 10 verdades sobre a Copa emitida pelo PT.
    Agora, novamente repito, concentrar críticas infundadas quanto aos desalojamentos na presidente, é novamente um erro.

Se é para protestarmos, por que não aproveitamos a Copa para protestarmos contra a riqueza das 15 famílias mais ricas do Brasil, que juntas acumulam uma fortuna de R$ 270 bilhões de reais, 10 vezes mais que os gastos com a Copa. Somente a família Marinho possui R$ 64 bi, mais que o dobro dos gastos com a Copa, e quase 3 vezes do que é gasto anualmente com o Bolsa Família. Protestemos pela implementação do Imposto sobre Grandes Fortunas, portanto!
Ou então, por que não protestamos contra a sonegação de impostos feita pela sociedade civil brasileira. Só em 2013 já foram sonegados 222 bilhões em impostos. Daria para fazermos 10 Copas com o dinheiro que o povo deixa de pagar ao Governo, o que é de direito deste, por lei, para poder investir na melhoria do país. Se quiser acompanhar diariamente quanto o povo brasileiro sonega de impostos, acesse o Sonegômetro.

E sabe o que dói? Além dos protestos descabeçados contra a Copa, é ver essa mesma galera protestando contra o Bolsa Família, como se fosse uma dinheirama, e pior, mal aplicada. Enquanto os ricos brasileiros deitam e rolam em fortunas muito maiores que o valor total gasto com o Bolsa Família, e o brasileiro sonega até 20 vezes mais que o valor gasto no Programa.

No mais, deveríamos estar celebrando a oportunidade de sediarmos a Copa, que celebra o futebol, nossa paixão. Se há críticas a serem feitas no processo, que sejam feitas, mas da forma devida e com consciência, sabendo cobrar dos responsáveis.
A Copa já está e continuará girando nossa economia, aquecendo nosso comércio, elevando nosso PIB. Mais dinheiro para os cofres públicos, mais dinheiro para ser investido em infraestrutura, saúde, educação, segurança, e todo o resto. Além disso, a Copa é uma grande oportunidade para quebrarmos certos estereótipos que os estrangeiros têm quando ao Brasil, como sendo um país de florestas, praias onde as mulheres andam nuas, mulheres bundudas, carnaval, samba, criminalidade e futebol. Podemos mostrar que alguns destes estereótipos são falsos, e que também temos muito mais que isso.

É uma oportunidade de exibirmos nossas belezas para o mundo, o que despertará ainda mais o interesse pelo turismo no Brasil, além de alavancar negócios e investimentos estrangeiros no nosso território.

Boicotar a Copa, destruir a mesma através de caos, não fará com que nossos problemas sejam reparados. Pelo contrário, só aumentarão os mesmos. Frustrará os turistas, e espantará o interesse estrangeiro. Perderemos investimentos, o que pode dar uma porrada na economia, que pode parar de crescer, ou desacelerar, gerando regressos sociais, desemprego, redução de direitos trabalhistas e muito mais.
Os estrangeiros tampouco irão nos ajudar por verem que estamos protestando contra nosso Governo. Eles não se importam com nossos problemas. Não adianta achar que a Copa é uma oportunidade de mostrar para o mundo nossas mazelas, afinal, você acha que eles farão o que? Nos ajudar, enviando uma tropa do exército vermelho? Gerar o caos com o Brasil cheio de turistas, é como ter discussão familiar com a casa cheia de visitas. Você e sua família passam vergonha, perdem a confiança da visita, e por fim, não resolveram o problema que estava sendo discutido. Inteligente, né? Não, não é! É de uma imbecilidade sem fim!

Quebrar a Copa, antes de mais nada, não é ser contra o Governo, nem é lutar contra os problemas, ser contra a Copa é ser contra o Brasil !

* Leia também um ARTIGO bem interessante que mostra que outros países que sediaram a Copa também tinham motivos de sobra para protestarem, mas não o fizeram. E mostra também que nós brasileiros achamos que somos os únicos que temos problemas, no nosso velho complexo de vira-latas, e quando resolvemos protestar, protestamos de forma errada, protegendo os opressores e atacando os oprimidos.

** AQUI algumas suspeitas de suborno e negociações ilícitas da Rede Globo com a FIFA pelos direitos de transmissão da Copa.

*** E AQUI a entrevista do empresário Abílio Diniz, presidente BRF, maior empresa de alimentos do Brasil, fala do pessimismo empresarial para com o país, da oposição e ataques à Dilma, e sua opinião sobre o legado da Copa.

por Miguelito Formador

figura daqui

placa-seja-bem-vindo-copa-do-mundo-fulecoCopa do Mundo de futebol no Brasil batendo à porta. Em menos de uma semana se inicia o evento mais importante para os amantes deste esporte.

Mas isso não me deixa tranquilo…
E nem digo pelos estádios super-faturados; Tampouco pelas declarações recentes de Ronaldo Fenômeno sobre “decepção” ou sua suposta filiação e apoio ao candidato da oposição;
Sequer são as prováveis manifestações, futuras e passadas, que me incomodam.

A opinião que quero compartilhar aqui suplica para que olhemos também na direção de outros “campos”… Um resquício de inveja que tenho de países como Argentina, Chile, México e Colômbia pela presença de Prêmios Nobel nestes lugares; inveja que voltou a tona após a perda do colombiano Gabriel García Marquez.

Recebi há algum tempo um PPT atribuído ao senador Cristovam Buarque. E, embora não tenha encontrado no site do senador qualquer nota sobre a autoria do texto, compartilho o mesmo, pela valiosa reflexão

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Craques Brasileiros

Em cada dez dos melhores jogadores de futebol do mundo, pelo menos cinco são brasileiros. Entre todos os prêmios Nobel do mundo, nenhum é brasileiro.

Entre os grandes jogadores brasileiros, quase todos têm origem pobre, enquanto quase todos os profissionais de nível superior vêm das camadas ricas e médias.

Nestes tempos de Copa do Mundo, a TV e o rádio mostram, todos os dias, pequenas biografias dos nossos grandes jogadores. Em comum, todos têm o fato de terem começado a jogar futebol aos quatro anos de idade, em algum campo de pelada perto de casa, às vezes no quintal de um amigo. Todos continuaram, com persistência, o desenvolvimento de seus talentos. Transformaram-se em grandes craques, graças à oportunidade, ao talento e à persistência.

No Brasil de hoje, 20 milhões de meninos jogam futebol. Se apenas um em cada dez mil tiver talento e persistência, nas próximas Copas teremos dois mil ótimos jogadores; se for um em cada um milhão, ainda assim teremos dois times completos, formados por grandes craques.

O mesmo não vai acontecer com a ciência, a tecnologia e a literatura no Brasil. Não teremos 20 prêmios Nobel, nem mesmo juntando, a esses meninos, os outros 20 milhões de meninas. Porque poucos entrarão na escola aos quatro anos. Não terão acesso a verdadeiras escolas, não poderão persistir no desenvolvimento de talento, não terão livros ou computadores, como têm bolas.

O Brasil tem grandes craques graças ao gosto pelo futebol, ao tamanho da nossa população e ao fato de que todos têm acesso à bola e ao campo de pelada. Nosso país não tem, até hoje, nenhum Prêmio Nobel de Literatura ou Física, porque poucos têm acesso a ensino de qualidade desde a primeira infância, com professores bem remunerados, preparados e dedicados, dispondo de livros e computadores na quantidade e qualidade necessárias.

Os campos e as bolas surgem espontaneamente, ou pelo esforço da comunidade e dos próprios meninos. A escola e os computadores só estarão à disposição se houver um esforço deliberado do país inteiro.

Ninguém vira craque por sorte, e sim por talento e persistência. Mas, no Brasil, o desenvolvimento intelectual depende, antes de tudo, da sorte de nascer em uma família rica, em uma cidade próspera, com um prefeito que dê prioridade à educação. O talento e a persistência vêm depois porque, antes, precisam de oportunidade: uma escola de qualidade. O desenvolvimento intelectual depende de condições criadas pelo Estado nacional: escolas, livros, computadores, professores.

Se tivéssemos feito isso há cinquenta anos, o Brasil seria o campeão do saber, e não o lanterninha, posição que ocupamos atualmente. Se o fizermos agora, daqui a 20 anos teremos recuperado terreno, e aí teremos a chance de vencer não só a Copa do Mundo, mas também a Copa do Saber, do conhecimento, da ciência, da tecnologia, da literatura. Ganharemos as medalhas do Nobel, além das taças da Copa.

Além do mais, teremos o capital e as bases para construirmos o Brasil do século XXI. O futebol deslumbra, mas só o saber constrói.

Tudo isso, porém, enfrenta um grave impedimento: os brasileiros têm paixão pelo futebol. As vitórias emocionam, as derrotas deixam todos abatidos. Mas não existe a mesma paixão pela educação.

Há semanas, os meios de comunicação informaram que estamos perdendo para o Haiti em termos de repetência escolar. Nada aconteceu, ninguém se incomodou. Se tivéssemos perdido para o Haiti no futebol, nossos jogadores teriam sido muito mal recebidos na sua volta ao Brasil.

Para que as medalhas intelectuais cheguem, é preciso ter pela escola a mesma paixão que o Brasil tem pelo futebol.

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por Celsão correto

figura retirada daqui

P.S.: Em tempo, gosto bastante de futebol, torcerei pelo Brasil e tentarei assistir a todos os jogos que puder. Não sou contra a realização da Copa aqui e sei que muitas das notícias vinculadas foram exageradas…
Por exemplo, contra o argumento de que o gasto com estádios foi maior que os gastos com educação: aqui.
E contra o argumento que a Fifa está isenta de todos os tributos no Brasil: aqui.

Mas… que os argumentos acima também poderiam ser pensados e levados em conta… certamente!

NazismoO resultado das últimas eleições do parlamento Europeu, nos trouxe preocupação. Pra quem não acompanhou, partidos de extrema direita, ou ultranacionalistas, conseguiram um número considerável de cadeiras, crescendo bastante em participação total desde as últimas eleições.

Na minha opinião é muito cedo para dizer se isto é uma tendência da política européia, abandonar a social-democracia e focar mais ainda no capitalismo/liberalismo ou se é algo momentâneo, reflexo da crise instaurada em toda a Zona do Euro; cuja palavra da moda, austeridade, vem tirando empregos e piorando condições sociais nos países menos desenvolvidos do bloco em prol do bloco em si. Aliás nem sei se minha classificação destes ultranacionalistas como capitalistas está correta.

De qualquer modo, é assustador pensar que uma sociedade altamente evoluída e um mercado livre, capitalista, estabelecido e tecnológico expulsarão imigrantes ou cercearão seus direitos legalmente.
Mesmo tomando este resultado inesperado como algo momentâneo, o que a alta abstenção nesta última eleição explica, como “trazer de volta” o povo que não votou? Como saber se as prováveis medidas e leis “nazistas” são aceitas por todos? E independente disso… Como seguir crescendo como mercado comum, anexando outros países, sem a participação destes (e do resto do mundo) na economia e ao mesmo tempo, diminuindo o desemprego e aumentando a renda?

por Celsão correto

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Esta ascensão do Nazismo na Europa é ainda mais preocupante, uma vez que se dá de forma institucional, dentro da política. Vários países viram uma elevação da representação nazista e/ou da extrema direita entre seus parlamentares no parlamento Europeu.
Em paralelo, uma crise econômica, política e social na Zona do Euro, gerando desemprego, insatisfações, reduções de direitos trabalhistas, e ferindo direitos humanos. Essas crises, como já é sabido, são fermento para inflar ainda mais ideologias e comportamentos extremistas, como o nazismo e fascismo, no caso. Portanto, a crise no Euro mostra que o nazismo provavelmente continuará crescendo.

Ainda devido ao ocorrido, podemos fazer uma crítica a abstenção política, a cruzar os braços, a não agir, a não participar do processo democrático, a não votar ou votar nulo. Claro, não pretendo aqui falar que os impactos de se votar nulo ou se isolar da política na Europa, é o mesmo impacto de quando se faz isso no Brasil. Tampouco quero colocar todos os que optam pelo voto nulo num mesmo balaio, pois sei que tem gente muito bem esclarecida com motivos para fazê-lo. Mas me entristece saber que, ao votar nulo, a pessoa, principalmente aquela provida de conhecimento político e de ética-social, está abrindo espaço para que o “mais pior” vença, pois se exatamente essa pessoa votasse, certamente, ela não escolheria o “mais pior”, o que enfraqueceria o mesmo e reduziria suas chances de vitória.

Outra reflexão que podemos fazer aqui é sobre a eficiência da democracia. Vemos aí países com mais de 20% de representação nazista. Imaginem se chegarem a 30 ou 40% (o que está bem próximo). Basta fazerem algumas coligações/alianças com outras alas radicais ou que comunguem de alguns interesses em comum, e boom, têm mais de 50% de representação no Parlamento. E aí, é ético, legal, democrático, justo, evoluído, termos governos nazistas em pleno século XXI ascendendo através de um processo “democrático”? Quais as consequências disso para nosso futuro?

A seguir, um texto com a análise detalhada das eleições, extraído do Facebook, na página chamada “Uma Página Numa Rede Social”

Na França, a Extrema-Direita foi a grande vencedora das eleições europeias. O Secretário Geral honorário da Frente Nacional – o partido vencedor – disse, há poucos dias atrás, que o vírus do Ébola resolveria o problema da imigração na França em três meses. O mesmo sujeito disse que as câmaras de gás na II Guerra Mundial foram apenas um pequeno detalhe do regime nazi.

Na Alemanha, o NPD, Partido Nacional Democrático, também conseguiu lugares no Parlamento Europeu. Este partido neo-nazi defende que a Europa é um continente de pessoas brancas, quer expulsar os estrangeiros que vivem e trabalham na Alemanha, e levam para os seus comícios bandeiras proclamando a ideologia nazi do “Nacional Socialismo”.


Na Grécia, os ultra-nacionalistas da Aurora Dourada também conseguiram lugares no PE. O porta-voz do partido enverga, orgulhosamente, uma suástica tatuada no ombro, exclamou que o país tem de libertar-se da escumalha, referindo-se aos imigrantes na Grécia, e vários dirigentes do partido estão actualmente detidos, condenados por crimes de ódio. Foi o terceiro partido mais votado na Grécia.

Na Finlândia, o Finns foi um dos partidos que também assegurou lugares no PE. Este partido defende que só os verdadeiros finlandeses têm o direito a viver no país, quer expulsar os muçulmanos do território nacional e quer proibir a união de casais do mesmo sexo.

Na Dinamarca, o Partido do Povo Dinamarquês teve quase 27% dos votos e duplicou o seu número de eurodeputados. A fundadora do partido defende que a imigração na Dinamarca não é natural nem bem-vinda e alega que os imigrantes na Dinamarca só poluem o país com guerras de clãs, assassinatos e violações.

Na Holanda, o Partido da Liberdade, da Extrema-Direita, conseguiu quatro lugares no PE. O líder do partido quer expulsar todos os muçulmanos do país e já tem tentado formar alianças com outros partidos ultra-nacionalistas de outros países, tentando promover leis europeias de maior controlo de fronteiras e restrição da livre-circulação de cidadãos europeus na Zona Euro.

O Jobbik, na Hungria, é um partido neo-nazi que defende que os judeus que vivem na Hungria devem estar sujeitos a um registo especial, que os sujeite a controlos regulares, pois consideram que os judeus constituem um risco para a segurança nacional. Vários dirigentes do partido também já referiram que gostariam de ver a raça cigana erradicada do planeta. Conseguiram 14,7% dos votos nestas eleições.

Na Áustria, o partido da Liberdade Austríaca aumentou a sua representação no PE para o dobro, conseguindo dois eurodeputados. Este partido, de ideologia ultra-nacionalista, defende que os estrangeiros na Áustria devem voltar para os seus países e que a Áustria não tem lugar para mais imigrantes.

Na Itália, os Lega Nord conseguiram 6% dos votos. Um dos seus eurodeputados disse que os negros são intelectualmente inferiores aos brancos.

Pela primeira vez, o Parlamento Europeu terá um bloco inteiro constituído por partidos da Extrema-Direita, ultra-nacionalistas, defensores da saída dos seus países da União Europeia.

O elemento comum a todos estes partidos é a ideologia fundamentada pelo preconceito racial e xenófobo. Agora, esses grupos têm uma representação europeia forte, que poderá ser decisiva durante os próximos anos, na aprovação e rejeição de muitas das leis que influenciarão a política dos Estados-Membro, incluindo Portugal.

A apatia em relação à política, que se traduziu em níveis massivos de abstenção por toda a Europa, abre espaço para estas dinâmicas eleitorais.
A todos os que se abstiveram, alegando que nenhum dos partidos do boletim de voto os representava, tenham o seguinte em mente: “democracia” não é escolher apenas o partido dos vossos sonhos, que irá realizar todas as políticas que vocês gostariam de ver realizadas. A democracia acontece quando a maioria escolhe o partido cujos valores que mais se aproximam dos valores que o eleitor gostaria de ver defendidos. Não estamos a escolher o partido perfeito, estamos a escolher o mal menor.

E o que acontece quando não nos damos ao trabalho de escolher um mal menor? Ganha o mal maior, como aquele representado pelos neo-nazis que, agora, passarão a influenciar a orientação política europeia.
Com quase 70% de abstenção em Portugal nestas eleições europeias, aqueles que ficam de braços cruzados, dizendo que votar nada irá resolver, têm mais é de abrir os olhos e ver o que está a acontecer à sua volta.

por Miguelito Formador

figura retirada da página Uma Página Numa Rede Social do facebook

IMG_20140529_073355Era uma vez um país, que tinha um produto chamado retaw.
Era um produto muito importante para o funcionamento das coisas, mas a ele não se dava a devida importância. Era abundante e barato. Com ele era possível se alimentar, gerar energia, limpar a si mesmo e a outras coisas.
Todos tinham acesso ao retaw, era tranqüilo e confortável contar com ele ao longo de todos os dias. As cidades cresciam em torno de suas fontes e se expandiam em regiões onde o retaw abundava.
Algumas cresceram bastante e, estabelecendo influência local, transferiam o retaw presente nas cidades circundantes através de dutos, tornando-se mais atrativas e fazendo com que outras pessoas viessem morar nelas, crescendo ainda mais. Surgiram muitas cidades-metrópole, dentre elas A e B.

Porém, a medida que o tempo passava, a cidade A, maior do país, passou a consumir muito mais retaw do que conseguia retirar das suas reservas e seu entorno. E, uma vez que o retaw não podia ser produzida através de indústrias, começou a enfrentar um problema com sua população.
Campanhas sobre a importância do recurso e sua conservação começaram a ser feitas, mas a população não se atentava a elas, desperdiçar retaw era tão natural quanto respirar ou caminhar. Nunca havia faltado e seguia custando tão pouco que só poderia serem mentirosas as campanhas e alertas da mídia. “Eles querem o retaw só pra eles”, pensavam muitos.

Daí a cidade A passou a buscar o retaw em rincões mais e mais distantes para suprir as necessidades dos seus habitantes, ignorando os apelos das associações de defesa do retaw e o crescimento das cidades nestes rincões. A situação só fez piorar…

Com as reservas de retaw muito abaixo do normal, os governantes decidem por bonificar usuários que reduzissem seu consumo. Pouco efeito surtiu, já que consumir retaw é bom e desperdiça-lo já é parte do costume, da “cultura” local.

Eis que o governo da cidade A tem outra ideia: desviar o retaw que abastece a cidade B. Também uma metrópole local, mas com menor população e, por conseguinte, menor consumo. Isso afetará muito pouco a cidade B, pensam os arautos da ideia. E, ademais, não há como convencer as pessoas da iminente escassez do retaw em todo o país!

Obviamente, a cidade B foi contra o roubo descarado de retaw e um problema político virou conflito social e acabou em guerra e separação territorial.
Agora, o retaw custa muito caro, a energia não é gerada mais a partir dele, desenvolveram-se substitutos artificiais para limpar as coisas e, até para consumo próprio, os cidadãos se vêm obrigados a racionar retaw

por Celsão irônico

P.S.: pra quem não “ligou os pontos”, substitua a cidade A por São Paulo, B por Rio de Janeiro e troque “retaw” por água. As consequências e a figura são liberdades poéticas de minha parte.
P.S.2: pra quem não acreditou e/ou quiser ler algo a respeito, seguem três links (1, 2 e 3).

figura – montagem de arquivo pessoal