
O amor e o ódio são tratados pela maioria das pessoas como o oposto um do outro. Isso é uma falácia enorme. O amor e ódio são irmãos, são dois lados da mesma moeda. Uma pessoa, num momento de ciúmes, decepção, sentimento de ingratidão, acaba facilmente confundindo o amor com o ódio.
Não é à toa que as brigas entre parentes próximos são tão intensas e constantes. Marido e mulher que se amavam tanto, da noite para o dia, passam a se odiar, muitas vezes gerando até agressões verbais e físicas, e algumas vezes originando até mesmo a morte de um dos dois, ou de ambos. É o amor imaturo, doentio, se transformando em ódio.
E podemos nos lembrar do contrário, quando crianças que eram iguais a cão e gato na escola, futuramente acabam se relacionando, e até se casando, o que deixa então claro que toda aquela repulsa de um pelo outro, era na verdade um amor, paixão, atração mal compreendido(a) devido à imaturidade.
Portanto, o oposto tanto do amor, quanto do ódio, na verdade, é a indiferença. Sentir indiferença é sentir nada. Não há espaço para amor, nem ódio. É a ausência de sentimento. Já o amor e o ódio indicam a presença dos mais intensos dos sentimentos.
Na política, a história é bem parecida.
Vivenciamos em 2013 uma sequência de manifestações de cunho político. E interessantemente muitos dos manifestantes levantavam bandeiras “anti-políticas”, de ódio e negação à política.
Ora, existe algo mais político que ir às ruas protestar contra a política? A negação à política é por si só, um ato extremamente político. Mas muitos dos manifestantes, em sua maioria jovens de 16 a 25 anos, não se deram conta disso, talvez por falta de conhecimento, talvez por ingenuidade, talvez por falta de reflexão, ou uma combinação disso tudo.
O ódio à política está muito próximo do amor à mesma. O que os separa é uma linha tênue.
Exemplificando:
… Imagine um jovem, que pintou a cara, foi à rua com cartazes dizendo “Impeachment da Dilma”, “Impeachment de Alckmin”, “Cassação de Renan Calheiros”, “Dissolução do Congresso”, “Político é tudo pilantra”(sic), “vamos tirar essa corja de bandidos do poder”. Todas essas frases carregam uma mensagem de ódio à política.
Então, imagine que cheguemos a este jovem e lhes mostremos que estamos querendo fundar um novo partido: O “Jovens Contra a Política Suja” (JCPS). Explicamos a este jovem que somos contra “esses partidos”, essa “roubalheira”, essa “safadeza”. Queremos limpar nossa política, lutar por mais ética, mais compromisso com o povo, por um Brasil mais justo.
Provavelmente esse discurso lhe agradaria, e ao ser convidado, esse jovem provavelmente aceitaria participar do projeto, integrando então o novo partido político.
Pronto, de ódio à política, aquele jovem passou “a ser a própria política”. Foi tanto “amor” que acabou trazendo a política para sua própria vida …
Já uma pessoa indiferente à política, não tem qualquer sentimento, não sente raiva de políticos, nem de partidos, muito menos amor ou empatia. Conversas, artigos, livros, debates políticos lhe causam somente um sentimento, o tédio. Essa pessoa, dificilmente aceitaria participar de um projeto político, jamais irá às ruas protestar, provavelmente continuará justificando sua ausência nas eleições, ou no máximo, votando nulo. Portanto, a indiferença e o ódio à política são muito distintos.
A negação à política, o ódio mostrado por uma parcela dos brasileiros, é algo muito forte, interessantíssimo, mas também perigoso. O envolvimento político é uma das consciências mais importantes para o desenvolvimento de uma sociedade enquanto democracia saudável e para o progresso da Nação. Porém, é preciso muito, mas muito cuidado. O envolvimento imaturo, carregado de emoções não refletidas, não digeridas, originando inclusive o pensamento de estar negando exatamente aquilo que se está fazendo, pode ser uma ferramenta perigosíssima nas mãos daqueles com maior compreensão, experiência e ambições.
Temos nessas eleições de 2014 um grupo político, composto por dinossauros/anciãos da política, pessoas que já participam do processo político em seu mais alto grau há muitas décadas. Políticos, marqueteiros, publicitários, empresários, economistas envolvidos até a cueca, há décadas, neste mesmo processo político atacado pelos manifestantes.
Esse grupo é exatamente igual aos outros grupos. Têm as mesmas intenções, mesmos objetivos, mesmas ambições, porém com uma diferença: O discurso é diferente.
Eles, de forma muito “astuta” e “sagaz”, adentraram numa campanha política, utilizando-se da negação da política, com o claro intuito de conquistar a confiança daqueles milhões de jovens que foram às ruas ano passado. Portanto, é o mais do mesmo, vestido com roupa nova.
Esse grupo é uma repetição do que já aconteceu algumas vezes na história do mundo. Eles representam a Terceira Via. E as experiências que o mundo já teve com tais discursos ludibriadores, não foi nada boa.
Portanto, é muito importante que desempenhos nosso papel em outubro com muita consciência. Não há heróis, não há milagres. Não nos ceguemos pelas emoções. Tragamos o racional á tona e saibamos identificar incoerências. Saibamos identificar mentiras, aplicando um simples toque de lógica. Não deixemos que as manifestações do ano passado tenham servido para colocarmos no poder pessoas que estão utilizando os mais sujos dos jogos psicológicos para com a sociedade. Colocar essas pessoas lá é jogar no lixo a legitimidade dos protestos de 2013 e colocar o Brasil em uma situação de enorme risco, com grandes chances de retrocessos, tanto econômico quanto social.
Sejamos cidadãos responsáveis, eleição não se trata de protesto, de birra, de ódio irracional, sequer se trata de jogos de risco numa mesa de cassino, ou investimento em bolsa de valores. Eleição é o que há de mais sério em nosso papel de cidadania. Saibamos escolher o projeto mais coerente, mais sensato, mais praticável, e mais soberano para nosso país.
* Para ler mais um artigo nosso, que relaciona a opção política com o caráter do eleitor, clique AQUI
por Miguelito Formador
figura daqui + montagem minha
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