Archive for April, 2015

Conto corporativo

Posted: April 25, 2015 in Comportamento, Outros
Tags: ,

dilbert-meetingChegada com risos, manobristas atarefados, apertos de mão afetuosos e frases capciosas como “Você engordou” ou “Tá careca, meu velho!”
Apressadas recepcionistas tentar rebanhar o grande grupo à sala principal sob ameaças de “Já vai começar e depois do início, ninguém entra…”
“Equipamento no mercado é um filho” sentencia o primeiro palestrante, enquanto aposto que muitas cabeças se voltaram aos verdadeiros filhos, distantes ao menos no decorrer dos dias daquela reunião geral. Que modo de começar!
Figuras mudam sem apresentação ou detalhamento, somente assuntos macro são comentados. Talvez para entreter, talvez para hipnotizar.
Duas mãos se levantam no centro e sinalizam que faltam seis minutos. Ou seriam quinze, nesta simbologia de palma aberta e indicador estendido? Prefiro pensar positivamente. Não que o assunto seja de menor importância ou o apresentador enfadonho, mas são tantos rostos para rever e assuntos a tratar…
Em seguida vem profit, management, infrastructure, life cycle, smart grid, service, assets, uptime, supply chain, headquarters, stakeholders, timing; no melhor estilo bingo que jogávamos na faculdade quando um professor se valia de estrangeirismos. Pra mim só falta synergy, bradava um. Estou por co-working, sussurrava outro. Sei que as vezes é inevitável, principalmente para empresas multinacionais e seus programas globais; mas muitos pensam que abrilhanta a apresentação. Creio o contrário. Principalmente se o termo é confuso na língua local… Aposto que muitos na sala entendem por exemplo, profit, como lucro, alguns como margem e outros como resultado.
Na fileira da frente percebo a primeira piada com texto longo circulando via WhatsApp. Os risos denunciam o grupo.
“O mercado dos EUA é sempre um mercado regulado”
“O que eu faço na frente do cliente?”
“Tudo o que puder explicar em termos de retorno de investimento ou retorno de caixa pro cara…”
As apresentações são curtas, mas se acotovelam.
“Você vai monitorar o processo dele”
“Tem que visitar os market places
“Quem tem pressão alta é só quem mede” – me lembra um chefe arrependido por ter feito check-up.
Analogias com futebol despertam e divertem: “bola dividida” e “deixar o campo cedo demais” couberam perfeitamente e soaram melhor que o Inglês anterior.
Obviamente alguns tropeços técnicos também divertem. Não menos que os celulares e o WhatsApp.

A pausa para o almoço é rápida demais para os papos e ligações pendentes. Comer? O que tinha pra comer mesmo?
Agora é esperar o próximo intervalo.
“Amparado por uma política comercial séria”
“Reconhecimento da marca tem peso”
“Nosso desafio não é empurrar produtos para as prateleiras dos clientes, mas ajudá-lo a esvaziar estas prateleiras”
Certas frases e conceitos são realmente bons e ficam.
O complicado é lutar contra o sono neste momento, uns tomam nota, independente do assunto, outros buscam algo no teto e se ajeitam nas cadeiras, os mais despojados tiram foto dos que estão dormindo…

Paradigma, propósito, complexidade, desafio, vanguarda, difusão de conhecimento e luta contra o sono pós-almoço.
Organização Monolítica e Bill the Trust (ou seria Build the Trust?) são as próximas temáticas. Se sai melhor quem consegue entender o futuro do futuro, fonte primária de relacionamento, fazer bons financiamentos.
Acho que se sai melhor aquele que não me tem como chefe e segue pendurado no celular. Haja falta de respeito!
“Otimização é curto prazo. Temos de olhar a longo prazo”. Não dá pra concordar com tudo mesmo.
Parceria assimétrica, critérios, business plan, player, advisory, coaching. Os termos são intermináveis. A poesia também.

por Celsão irônico

figura retirada daqui, somente pela semelhança dos “Mundo Dilbert” com o mundo corporativo

 

post_dilemasComo clamar por desenvolvimento e crescimento, sabendo que ele não é sustentável?
Todos pedem isso atualmente. Dizem que a saída da crise é a retomada do crescimento, é um novo ciclo de industrialização, de ganho de produtividade; que só diminuindo o desemprego e a informalidade, atingiremos verdadeiramente os índices buscados.
Ora, sabemos que o mundo é finito (aliás, bem finito). E que já o estamos degradando muito mais do que ele próprio consegue se recompor/refazer. Há muito tempo, relatórios da ONU alertam para o excesso de desmatamento, aumento de temperaturas globais, diminuição das reservas de água potável, entre outros problemas; trazendo todas as consequências, como diminuição de geleiras, aumento de tornados, desertificações, extinção de espécies…
Como seguir produzindo, por exemplo, automóveis em São Paulo?
Mesmo sabendo que ainda há demanda, que mais e mais pessoas alcançam este “benefício”, sei também que a cidade não está preparada, que não há zoneamento urbano eficiente, que os deslocamentos são cada vez maiores. Tudo leva a crer que a cidade vai “travar” em congestionamentos e saturar-se em monóxido de carbono!
É extremamente difícil pra mim querer o crescimento capitalista, sabendo que ele destruirá o planeta.

No outro lado, como fazer para me alegrar com a diminuição da igualdade e direto aumento de consumo, por exemplo, de carne vermelha nas famílias brasileiras?
Mais carne consumida no mundo, significa mais gado engordando, que precisam de bastante pasto e que geram desmatamento e gases de efeito estufa. (isso mesmo! O gado é o maior vilão das emissões brasileiras de efeito estufa!)
Como querer a evolução das empresas nacionais de carne bovina e de outras carnes processadas e o aumento das exportações se isso pode levar ao aumento do desmatamento?
Mas, com o Congresso atual e sua grande bancada “ruralista”, certamente seguiremos firmes na expansão dos números do setor de alimentos e bebidas, um dos poucos que seguem crescendo neste ano de “crise”.
Mas… meu dilema está em buscar o melhor pra população e para o planeta ao mesmo tempo… Sempre relembrando Malthus que, além de sua teoria demográfica de aumento de população descolada do aumento necessário de produção alimentícia, pregava que: “qualquer melhoria no padrão de vida de grande massa é temporária, pois ela ocasiona um inevitável aumento da população, que acaba impedindo qualquer possibilidade de melhoria“.

Pra finalizar, queria falar sobre a geração e o consumo de energia elétrica.
Somos o país desenvolvido com a maior porcentagem de energia “limpa” e renovável. Se não me engano, cerca de 80% da energia que geramos vem de fontes hídricas. Nossa Itaipu foi durante muito tempo a maior usina do mundo.
Mas agora, prestes a inaugurarmos Belo Monte, percebe-se que não há meio mais economicamente viável que seguir com as hidrelétricas, que, infelizmente, devem ser construídas na Amazônia, última “fronteira” inexplorada deste tipo de energia.
Oras, como negar aos usuários recém integrados ao grid, à rede de energia elétrica brasileira, o direito a uma TV? A um chuveiro elétrico, ou secador de cabelos? A ascenção social trouxe essas possibilidades, “abriu” o mundo antes inimaginável a brasileiros invisíveis. Mas… qual o preço que pagaremos por isso?
Será que queremos mesmo seguir o caminho da industrialização ininterrupta? De produzir bens de consumo para que as pessoas sigam desejando consumir? E, consequentemente, precisarmos de mais energia elétrica e mais devastação sem compensação?

É claro que os temas como: eficiência energética, reflorestamento, fazendas verdes, produção controlada e fontes de energia renováveis podem ser argumentos contra os dilemas discorridos aqui.
Mas são assuntos que tornam ou a produção mais custosa, ou mais trabalhosa/burocrática, e não interessam à grande maioria das empresas; ou seja, só funcionariam com muita pressão governamental.

Como sugestão, mais de reflexão que de solução para os problemas, deixo duas perguntar para concluir este post já repleto de interrogações:

– E se para comprar um carro novo as pessoas tivessem de levar o dobro do peso em materiais reciclados à montadora? (um Uno zero poderia custar R$15.000,00 e mais 300kg de alumínio, 200kg de plástico e 100kg de papel ou tecido)

– E se o governo investisse em energia eólica e solar no Brasil como investiu no pró-álcool na década de 70? Bancando mesmo o programa do próprio bolso e financiando uma parcela da diferença de tarifa? Será que a população toparia gastar mais em energia “verde”? Será que entenderia um endividamento do Estado em prol de algo tão nobre? Certamente não hoje em dia. O fato é que em alguns anos (talvez) não precisaríamos mais das usinas termelétricas a óleo e nem das futuras usinas no Rio Tapajós…

por Celsão correto

figura retirada do vídeo Story of Stuff ou História das Coisas onde a ambientalista Annie Leonard explica como funciona o sistema linear do capitalismo e os efeitos no planeta. Link para uma versão do youtube legendada em Português aqui

maioridade-penalNeste artigo irei apontar alguns dados e estatísticas sobre a violência no Brasil e sobre a Maioridade Penal mundo afora.

Não pretendo aqui fazer grandes debates morais ou éticos sobre a possível redução da Maioridade Penal; tampouco quero especular sobre os mais diversos efeitos colaterais da mesma. Esse aqui não é um artigo filosófico, nem humanista, muito menos moralista. Esse é um artigo de exposição de dados e estatísticas.
Se quiserem saber um pouco sobre a forma como os integrantes deste blog (Celsão e Miguelito) pensam sobre a Maioridade Penal e sobre os diversos efeitos de uma possível redução da mesma, clique AQUI para ler o artigo do Celsão.

  • Como anda este tema pelo Mundo?

Para começar, eu gostaria de compartilhar o resultado de um estudo feito pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), órgão da ONU. A UNICEF levantou os dados de 54 países de grande relevância, e construiu uma tabela com a “Idade para responsabilidade penal juvenil”, e “responsabilidade penal adulta (maioridade penal)”, respectivamente, em vários países. Vejam alguns exemplos que eu selecionei, onde adicionei por contra própria a Nova Zelândia, que não está inclusa no estudo original:

Brasil: 12 & 18
Alemanha: 14 & 18
Argentina: 16 & 18
Áustria: 13 & 19
Chile: 14/16 & 18
China: 14/16 & 18
Espanha: 12 & 18/21
Eslováquia: 15 & 18
Eslovênia: 14 & 18
Finlândia: 15 & 18
Franca: 13 & 18
Grécia: 13 & 18/21
Holanda: 12 & 18
Hungria: 14 & 18
Irlanda: 12 & 18
Itália: 14 & 18/21
Japao: 14 & 21
México: 11 & 18
Noruega: 15 & 18
Uruguai: 13 & 18
Austrália: 10 & 19
Hong Kong: 14/16 & 18

Nova Zelândia: 10/14 & 17
Portugal: 12 & 16/21
Suécia: 15 & 15/18
Suíca: 7/15 & 15/18
Escócia: 8/16 & 16/21
Dinamarca: 15 & 15/18
Bélgica: 16/18 & 16/18
Rússia: 14/16 & 14/16
Canadá: 12 & 14/18
EUA: 10 & 12/16

O que percebemos nesta lista?
Selecionada a grande maioria dos países mais “civilizados” e “evoluídos socialmente” no planeta, temos 21 com Maioridade Penal de no mínimo 18 anos, e em alguns casos chegando a 21 anos.
Há 6 países com critérios mistos (variando de 14 aos 21 anos), onde a criança será julgada como adulto somente em casos bem específicos, por exemplo, quando da ocorrência de crimes gravíssimos. Normalmente o processo é acompanhado de uma avaliação criteriosa da maturidade da criança/adolescente.
Há 1 país que fixou em 17 anos.
E temos 2 países (EUA e Rússia) que possuem Maioridade Penal fixada abaixo de 18 anos.

O que isso significa?
Se aprovado o projeto de lei no Brasil, estaremos nos distanciando, mais um pouquinho, dos padrões de cidadania, de evolução social, de direitos humanos, e do utópico sonho de sermos mais parecidos com os países “desenvolvidos”.

Dos 54 países estudados pela UNICEF, 74% aplicam Maioridade Penal de 18 anos. Algo em torno de 20% aplicam Maioridade Penal flexível/mista, e somente 6% aplicam Maioridade Penal fixa menor que 18 anos.
Clique AQUI e veja o estudo completo da UNICEF.

Há dados mundiais que nos alertam para um grande retrocesso, uma caminhada na contramão da evolução do ser humano enquanto sociedade. E que se a maioria dos países “desenvolvidos” tem maioridade penal de 18 anos, é por que há um motivo bem concreto para isso. Suas legislações chegaram a essas soluções devido há séculos de estudos, progresso, aprendizado, experiências e evolução. E nós, no Brasil, por pura subjetividade e impulsos instintivos, queremos impor aquilo que “achamos”, em detrimento da ciência, da intelectualidade, e da natural evolução das sociedades.

  • Quem é a favor, e quem é contra?

Do lado dos que apoiam estão:
O Congresso Nacional, tido pela maioria dos brasileiros como uma instituição falida, corrupta, apodrecida. Em especial este atual Congresso, que é o mais conservador desde o golpe de 1964 que implantou a “querida” ditadura no Brasil. Hoje, liderados pelos “admiráveis” Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
A Grande Mídia, composta por Rede Globo, Revista Veja, Jornal O Globo, Folha de São Paulo, entre outros, cada vez mais dignos de críticas e repulsa da sociedade brasileira, devido a sua parcialidade e falta de profissionalismo e ética. 

Já do outro lado,  são contra a Redução da Maioridade Penal os seguintes órgãos:
ONU, UNICEF, OEA (Organização dos Estados Americanos), CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), CFP (Conselho Federal de Psicologia), CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), e a OAB (ordem dos advogados do Brasil).

E você, está sincronizado com quais grupos? Já parou para pensar no porquê de cada um destes grupos se posicionarem como se posicionam? Já parou para pensar na história, na integridade, nas intenções de cada um desses grupos e como isso reflete na forma deles se posicionarem?

Eu, assim como você, chego a conclusões “próprias”, sem precisar seguir ninguém ou qualquer órgão. Mas, me alivia bastante saber que estou do mesmo lado que a ONU, AMB, OAB, CNBB, UNICEF, OEA, CFP, etc.
Se não te incomoda o fato de estarem ao seu lado a Globo e Congresso Nacional, bom, cada um com sua consciência.

  •  Qual a parcela de culpa dos adolescentes na violência do Brasil?

Segundo os dados da SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública), os jovens entre 16 e 18 anos são responsáveis por 0,9% do total de crimes praticados no Brasil. No caso de homicídios, somente 0,5% são de responsabilidade deste grupo.
Clique AQUI e leia mais.

Segundo o Anuário de Segurança Pública, entre todos os crimes cometidos por menores, cerca de 10% são crimes graves, como homicídio. Mais de 70% dos crimes são crimes contra o patrimônio: furto e roubo (quase 43,7%) e envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%). Clique AQUI.

O que concluímos com isso?
Ora, o argumento de que a redução da Maioridade Penal será eficiente para combater a criminalidade no Brasil, é um argumento furado, fruto de desinformação. Supondo uma eficiência de 100% da justiça e da polícia caso a redução seja aprovada, teríamos uma redução de 0,9% na criminalidade do país, e uma redução de 0,5% das taxas de homicídio. Isso significa que, ao invés de termos 200 assassinatos, teríamos 199. Nossa, que melhoria!!!

Reduziremos o número de assassinatos de 200 para 199, mas em contrapartida, estaremos colocando milhares de adolescentes na cadeia, por terem furtado ou por serem foguetinho do tráfico, e quando saírem da cadeia, terão se tornado reais criminosos, traficantes, assassinos, estupradores, com os mais diversos distúrbios mentais. Ou seja, ganha-se 0,9% aqui, perde-se 30% em alguns anos.

Agora, convido vocês a refletirem sobre estes dados. Pense em quanta informação falsa e manipulada você acreditou e que foi desmentida aqui. Reflita, e reposicione-se.
Vai ficar com as mentiras e achismos subjetivos, ou ficará com a realidade e a ciência?

por Miguelito Formador

Leia 18 motivos para dizer não á redução da Maioridade Penal. Clique AQUI (figura do link)

imagesCA7OKUSNMeu principal ponto é que este é um caminho sem volta.
Creio sinceramente que, após aprovada a redução da maioridade penal para 16 anos, alguns falarão sobre 15 ou 14. E o que nos garante que aprovada essa outra redução não se começaria a falar em 13 ou 12 anos?
Afinal, com tanta informação disponível na internet e desenvolvimento social apoiado pela escola, toda criança de 12 anos é capaz de discernir sobre certo e errado e, consequentemente, ser culpada judicialmente por isso. Não é mesmo?

Espero ter passado o “choque” que tive de modo mais exato possível.
É triste imaginar que existam pessoas que defendam prisões indiscriminadas, especialmente de jovens. Hoje, um menor no Brasil só pode ficar três anos detido. Mas não há distinção de tipo de crime. Um furto de pão pode levar a três anos de Febem (ou Fundação Casa) e um assassinato ou latrocínio também.
Uma alternativa a discutir seria a tipificação dos crimes de menores, talvez até aumentando o tempo de detenção.

Mas, meu principal motivo de revolta e choque é o movimento no sentido único de punição!
A sociedade e os políticos que a representam, movem-se em sentido contrário ao resto do mundo dito “civilizado”. Busca-se punições cada vez mais severas aos “invisíveis”, como se eles realmente fossem desaparecer do convívio com os “homens de bem” da elite.

O primeiro passo deveria ser a educação. De acesso universal, gratuito e com a melhor qualidade possível. Visando formar indivíduos com senso crítico, que compreendessem também suas possibilidades, dificuldades e a importância das escolhas na vida, principalmente mostrando àqueles menos favorecidos o abismo social do país.
Uma segunda abordagem seria a prevenção. Trabalhar esportes e profissões técnicas nas periferias. Incentivar ONGs como o Afro Reggae. Trabalhar a leitura e a autoestima, mostrar exemplos de pessoas e carreiras bem-sucedidas que nasceram e se criaram na periferia, fugir dos exemplos socialmente “aceitos” de música e futebol, sem discriminá-los.
Daí sim, num terceiro momento a punição, mas não a repressão. Trabalhar (também) a autoestima e mostrar que há volta no caminho da criminalidade. Fazer os menores trabalharem em asilos e em casas como a AACD. Trabalhar a reinserção com cursos profissionalizantes e/ou esporte.

Como diriam os mais antigos, muita água ainda passará por debaixo da ponte. A primeira “aprovação” na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) será “testada”, pois passará por uma Comissão Especial, pelo Congresso Nacional, Senado, parecer presidencial…
Espero que não “vingue”. Pois erraremos pecando por excesso. Os processos judiciais continuarão morosos e as classes mais abastadas e seus bem relacionados advogados seguirão recorrendo indefinidamente. Duvido que os ricos adolescentes incendiários de índios, os atropeladores de trabalhadores em pontos de ônibus, os que brigam nas ruas, ou os que estupram coletivamente sejam julgados e punidos como o jovem que mora nas ruas e rouba para comer ou cheirar cola; ou mesmo aquele que trafica na periferia por ter observado maus-exemplos de “sucesso” e “conquistas”.
Há uma música do Racionais que fala dessa realidade: “Dizem que quem quer segue o caminho certo. Ele [o menino da periferia] se espelha em quem está mais perto”.

Enfim, quem sou eu para apontar a solução prima e única. Tampouco especulo que a redução da maioridade penal não deva ser discutida.
Mas, discutida abertamente, sem pré-condições e pré-conceitos da elite para com os mais pobres; da mídia para com os invisíveis.
Afinal, não é prendendo toda a população “perigosa” e mantendo-a por toda a vida encarcerada, que acabaremos com a pobreza e a violência no país.

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e daqui