No último dia cinco, um primo do meu pai, personagem do conto publicado recentemente (aqui), faleceu.
Dizem que qualquer homem pode ser filho, mas somente os homens especiais, podem ser pais.
Na época que escrevi o conto, meu tio (é assim que sempre o tratei), estava internado na UTI.
Mas o momento difícil me fez lembrar de estórias vividas por ele com meu pai, de estórias que vivemos juntos; eles dois, nós e meus primos pequenos. Época de “viajar de ônibus” dentro de São Paulo…
Ambos os pais detinham o magnetismo do “exemplo”.
Tínhamos medo de sermos apanhados em algo que eles não fariam. E, logo, não aprovariam.
Maior que o medo era a vergonha… Como explicar um deslize, algo “feio”, para alguém que era recebido aos gritos e correrias, mesmo com roupas sujas e mãos vazias?
Pequenos humanos, meninos e meninas, tornam-se grandes pessoas através da influência de grandes mentes que se preocuparam com eles, quando pequenos e no decorrer de toda a caminhada.
A perda fez com que minha prima, filha desse verdadeiro pai-herói, se expressasse com um poema-homenagem.
Eis-lo aqui.
Obrigado Lu!
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PAI, QUERO LEMBRAR…
Do seu sorriso, da sua gargalhada, daqueles óculos, do enorme bigode, do seu perfume.
Das festinhas de aniversário, dos almoços e comemorações em família.
Do seu trabalho suado para ver a alegria brilhar em nossas faces.
Dos banhos de mangueira, do balanço e escorregador improvisados.
Do seu jeito tímido de dizer “Eu te amo” com gestos.
Da bagunça que eu e meu irmão fazíamos na oficina.
De quando brincávamos de marceneiro e construtor com os pedacinhos de madeira que sobravam. Afinal, queríamos aprender o seu ofício, pois o senhor era (e sempre será) o nosso exemplo.
Da euforia que sentíamos na espera pela sua chegada ao fim do seu dia de serviço.
Da gente prometendo para a mamãe que não íamos mais fazer bagunça e que não era pra contar nada para o papai.
Da nossa mãe de avental correndo atrás da gente pelo quintal, dizendo: “O pai de vocês já já chega e vocês vão ter de se explicar com ele!”. Bastava um olhar que Lucinha e Juninho logo se aprumavam! Não era medo, era respeito.
Do senhor brincando de vovô com os netinhos. Demorou, mas a cegonha logo se apressou em mandar dois bem próximos um do outro!
Pai, quero lembrar sempre da sua presença.
Descanse em paz, o senhor cumpriu a sua missão aqui na Terra. Um dia nos encontraremos.
Que Deus o receba de braços abertos no Reino da Glória.
Te amo, meu pai-herói!
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por Celsão ele mesmo e Luciana Almeida da Silveira
figura de arquivo pessoal
🙂
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Meu primo é mesmo diplomado na arte de fazer chorar de emoção!!!
Sem palavras… Obrigada, primo.
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Escrevi este texto na noite do dia de falecimento de meu pai.
Depois de esvaziar-me em lágrimas, mas ainda com a sensação de vazio que a partida de alguém que amamos causa no nosso ser.
Um buraco no estômago, algo que é arrancado abruptamente.
Mas ao escrever este texto, encontrei dentro de mim, um lugar especial.
Um lugar onde a dor dá lugar a saudade, com o passar do tempo…
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