Posts Tagged ‘Alexandre de Moraes’

aroeiramoraes2Agora está feito.
Alexandre Moraes foi nomeado, sabatinado e aprovado em votação do Senado. É o novo Ministro do STF e tomará posse em Março.
É aquela água que misturamos ao vinho. Indissociável. Estará lá por longos 26 anos…

A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça foi um “teatro de bonecos”, como escreveu curto e bem, Josias de Souza (aqui).
A começar pelo presidente, Senador Edison Lobão, investigado na Operação Lava Jato, passando por nove outros investigados fazendo parte da mesma sabatina e terminando com outros senadores “da base” elogiando Moraes, sua conduta, suas respostas, seu penteado…

As revistas Veja e Época, notoriamente de direita, portanto extremamente críticas aos governos petistas anteriores e esperançosos (quero crer que somente a princípio) em relação a Temer, divulgaram e divulgam abertamente nos últimos exemplares a verdadeira perseguição à Operação Lava Jato, o provável “estancamento” proposto há algum tempo por Jucá…
A capa da Veja que ilustra esse post é da edição 2517, de 15 de fevereiro.
Dentre as reportagens da Época, destaco essa, “O governo e o Congresso contra a Lava Jato“. São inúmeros os exemplos de medidas lícitas, porém imorais, que as entidades máximas da Nação estão tomando para se protegerem e para “afundar” o inédito combate à corrupção.

post_pizzaO colunista da também conservadora Folha de São Paulo, Jânio de Freitas, chega a propor aqui que as escolas de Direito devam parar de ensinar as leis e o modo correto de empregá-las, passando a ensinar truques jurídicos.
É isso que estamos vivenciando atualmente: “truques” em todas as esferas: Executivo, medidas e indicações do presidente Temer, Legislativo, com votações rápidas em pontos de interesse próprio, arquivamento de processos de interesses contrários, protelação em alguns casos, sabatinas “teatrais” e até do próprio Judiciário, que arquiteta quando lhe convém suspensões de processos e procrastinações, como o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE e a atual “novela” da verificação das assinaturas do projeto popular de medidas anti-corrupção.
O “povo” propôs, com mais de 2 milhões de assinaturas. O Congresso alterou bastante, colocando punições a juízes por abuso de autoridade, o judiciário bloqueia o processo, cria liminar, assinaturas devem ser conferidas, TSE não consegue conferir… pizza a vista! (aqui)

Voltando ao nosso ilustríssimo mais novo Ministro do Supremo, Moraes…
Ele terá o papel de defender Eunício, Maia, Temer. “Defender” não seria a palavra judicialmente perfeita, seria o “truque jurídico”. Enfim… ele vai defender os principais artífices do Executivo e Legislativo atual e blindá-los certamente.
Talvez estenda sua benevolência também a Renan Calheiros e aos tucanos ex-colegas de partido, como Aécio, também citado nas delações da Odebrecht.
Quem tem dúvidas de que Alexandre de Moraes está mesmo “atado” ao PMDB e ao governo Temer, pesquise a primeira visita dele após a votação do Senado (aqui). Ele foi direto para a “casa do padrinho”, pedir a bênção e buscar as primeiras instruções. E essas, aposto, começaram com a sugestão de visita subsequente: Carmen Lúcia.

Tirando a já óbvia pizza da Lava Jato a caminho (está obvia até pra Veja e Época), me espantam os problemas de Ministério que nosso atual presidente enfrenta.
Já havíamos levantado alguns prováveis problemas quando os mesmos foram nomeados (aqui).
Mas os números seguem aumentando e surpreendendo. É difícil até de controlar a contagem: a maioria é de réus, enrolados em inquéritos e escândalos.
Moreira Franco, recém nomeado e Bruno Araújo (Cidades) são os ministros atuais citados pela Odebrecht. Que também conta com os já afastados Romero Jucá e Geddel Vieira. Isso no âmbito da Lava Jato.
Temos José Serra, recém saído do quadro, que responde por improbidade administrativa. A ele juntam-se Eliseu Padilha, Hélder Barbalho e nosso querido Kassab.
Mas tem também crimes “raros”, como fraude de licitação (Ricardo Barros – Saúde), desvio de merenda (Maurício Quintella – Transportes), falsidade ideológica (Marx Beltrão – Turismo), peculato (Raul Jungmann)…

É repetido aqui nesse espaço, mas repetirei.
Triste constatar que todo o movimento do “gigante” durante a pressão pró-impeachment era realmente contra Dilma e contra o PT. E não algo contra a corrupção, como muitos diziam.

E… obviamente… meu lado utópico espera estar errado!

por Celsão correto.

figuras retiradas daqui (por Aroeira) e da lista de capas da Veja, aqui

 

post_moraes_imoraisUm jurista exemplar, extremamente técnico e experiente, uma escolha independente.

Acho que nem o mais ingênuo dos brasileiros que têm acompanhado a Operação Lava Jato e as movimentações políticas dos últimos meses acredita nas palavras do presidente Michel Temer após a indicação do ex-secretário e agora ex-ministro da justiça Alexandre de Moraes para a vaga aberta do Supremo Tribunal Federal (STF).

E, por mais que defendamos que, naturalmente ou inconscientemente, as indicações para o STF, feitas pelo presidente da república em exercício, possuem o seu viés político, inevitável talvez, o jurista e professor Moraes não é uma dessas escolhas “desconfiáveis”, que geram “desconforto” na oposição política.
Pelo contrário: Alexandre de Moraes é mais um golpe à Democracia, o maior sinal de aparelhamento do Poder Judiciário dos últimos tempos, um “cuspe” na cara da esperança popular romântica de combate à corrupção, através da refinada casa de “imortais da Justiça”.

Alexandre é (ou era, pois terá de se desfiliar) filiado ao PSDB.
O fez por convicção, faz parte dos “protegidos” do governador Geraldo Alckmin. Foi Secretário de Justiça em seus governos e passou a Ministro da pasta de Temer logo após fazer um “favor” ao próprio presidente e à primeira dama, prendendo em tempo recorde um chantagista que havia hackeado o celular de Michele Temer.

Alexandre passará pela sabatina “café com leite” da CCJ e se tornará revisor da Lava Jato.
O que, mesmo não representando o papel principal, será ele, ex-Ministro de Temer, parte e influente no governo, filiado a um dos partidos com maiores indicações nas últimas delações… quem poderá atuar em disputas crucias para a continuidade da Lava Jato, como a condenação dos indiciados somente após a última instância, historica- e lamentavelmente longos anos após as primeiras condenações.
É Alexandre de Moraes também, ex-ministro, amigo, PSDB paulista, que atuará nos envolvimentos inevitáveis dos presidentes da República, da Câmara e do Senado nas delações da empreiteira Odebrecht.
É ele que “estancará a sangria”, ação proposta por Romero Jucá, ex-ministro e atual líder do governo no Senado, em gravação vazada há menos de um ano (aqui).

São tantas as correlações e tamanha a imoralidade, que é até difícil concatenar um texto que faça sentido!
Nas planilhas da Odebrecht, “Santo” é Geraldo Alckmin, padrinho político de Moraes. “Caju” é Romero Jucá, afastado do Ministério de Desenvolvimento após esdrúxula confissão de culpa. Outro político com relação direta ao presidente Temer, o “Angorá”, Moreira Franco, aparece como principal captador de recursos para Michel Temer junto à Odebrecht.
Agora Ministro da Secretaria Geral da Presidência, Temer fez aquilo que Dilma não conseguiu com Lula, quando o juiz Sérgio Moro vazou “acidentalmente” gravações entre a então presidente e Lula.
É o roto fazendo o que fez o esfarrapado, o sujo fazendo pior que o mal lavado…

Temer é citado mais de quarenta vezes na delação da Odebrecht. Moreira Franco mais de trinta.
Para “fechar o pacote de absurdos”, a provável indicação para o lugar de Moraes, no Ministério da Justiça será a de Antônio Cláudio Mariz de Oliveira (aqui), defensor de muitos acusados da Lava Jato e ferrenho crítico da mesma.
Chegou a ser cotado, anteriormente, para o cargo. Na época, Temer desistiu exatamente por conta das críticas feitas por Mariz à Lava Jato (aqui).
Agora, ao que parece, o circo e o fingimento não são mais necessários. A revolta do povo arrefeceu, cessou…

Para terminar, li que em sua tese de doutorado, o próprio Alexandre de Moraes defendeu que nomeações de filiados a partidos políticos e ocupantes de cargos de confiança aos tribunais de justiça, sobretudo ao STF, são imorais, não deveriam acontecer nos mandatos correntes para que não insinuassem prêmio por dedicação, agrado ou recompensação.
Até Alexandre é contra Alexandre!

por Celsão correto

figura retirada daqui

P.S.: sugiro o vídeo revoltado do Bob Fernandes, por representar parte do que sinto (aqui)
E uma indicação de leitura, do colunista Hélio Schwartsman sobre as duas últimas medidas do nosso patético presidente. Pra mostrar que mesmo alguém pró-Temer é contra a ridícula mediocridade (aqui)