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herero_namaComecemos com um texto publicado esse ano pelo portal UOL (link aqui)

O título do texto é “Por que a Alemanha não se desculpou até hoje pelo primeiro genocídio do século 20” e ele trata do assassinato de dezenas de milhares de africanos assassinados pelo exército alemão entre os anos de 1904 e 1908.

Conhecemos diversos exemplos parecidos com este. Quando um país mais desenvolvido (Europeu – por exemplo), coloniza um país africano (ou de qualquer outro continente) durante décadas, séculos, explorando suas riquezas e enriquecendo enquanto estes empobrecem. Então um dia rebeldes resolvem reagir, e como contra-reação os colonos utilizam da máxima força bruta, crueldade, barbaridade e covardia, levando etnias praticamente à extinção.

Exploram, abusam, estupram, matam, sugam tudo de valioso de suas terras, e quando partem daquele país, deixam somente pobreza, atraso, destruição, traumas e ódio para trás.
Depois os intelectuais, políticos e cidadãos dos países desenvolvidos, algumas décadas mais tarde, dizem que os países explorados não se desenvolvem, pois são corruptos, ou não aproveitam as oportunidades, ou são incapazes de aprender com os erros, ou porque não têm nada a oferecer de volta num possível comércio…. ou seja, a culpa ainda é deles, povos explorados, assassinados, sugados….
Para piorar, os acadêmicos e intelectuais dos países explorados (América do Sul, África, Ásia, etc) aprendem com a mídia e com seus sistemas de ensino, as teorias que convêm e favorecem os interesses dos países exploradores. Em nossas Universidades e em nossos jornais, em na maior parte de nossa literatura, são difundidas ideologias que visam nos manter alienados e dominados. Assim nos ensinam que o neoliberalismo é bom para o Brasil, para o Vietnam, e para a Namíbia. Ensinam que os países Europeus se desenvolveram pois são mais organizados. Que somos atrasados devido ao nosso fracasso, nossa cultura “defasada”. E que a culpa de sermos atrasados, pobres, corruptos, é praticamente toda nossa, e que os  países exploradores têm pouca ou nenhuma parcela de culpa. Também nos ensinam que, se uma etnia foi explorada há algumas décadas, ou mais de um século no passado, não há mais nada a ser retratado, não há mais dívida, pois afinal, 1 século é tempo suficiente para um povo se colocar em pé de igualdade com outro (grande balela!).

Eu sou a favor de pedidos de desculpas e pagamentos justos de dívidas, seja financeiramente, seja com investimentos tecnológicos e acadêmicos naqueles países…. Não por parte da Alemanha somente, mas por parte de todos os países que hoje usufruem de um bem-estar social em parte devido às todas atrocidades feitas em outras regiões e contra outros seres humanos.
Imaginem se uma comoção mundial entrasse em vigor, organizada por ONGs sociais e com apoio da ONU, e uma onda de investimentos em educação, saúde e tecnologia, financiada pelos países ricos, começasse a acontecer nos países que foram explorados e sugados num passado recente? E assim, esses países recebessem um pouco daquilo que lhes foi tomado, e pudessem assim voltar a sonhar com uma certa independência e dignidade de vida?
Até mesmo as sociedades dos países ricos teriam enormes ganhos, pois além de dormir com a consciência mais  limpa, ainda teriam menos problemas com os efeitos colaterais causados pelas massivas imigrações (imigrantes e refugiados), que iriam ser reduzidas fortemente se as condições de vida naqueles países melhorassem, e ainda notariam uma forte redução nas ondas de terrorismo em seus países. Além disso tudo, estes países explorados se tornariam mais civilizados e mais seguros, tornando-se destinos turísticos ainda mais paradisíacos para os cidadãos dos países exploradores.
Como podemos ver, todos ganham!

O fato é que, enquanto nós, nascidos em países explorados, continuarmos reproduzindo o discurso  de quem nos explorou e ainda explora, nossos países continuarão nestas condições, num ciclo eterno de subdesenvolvimento, violência e ignorância. Afinal, o interesse e a vontade de mudança só podem surgir, se houver um despertar de consciência dentro de nós. Esse interesse jamais surgirá dos povos dominantes, pois eles usufruem dos mais diversos benefícios oriundos de nossa ignorância e desinteresse.

por Miguelito revoltado
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Menos violenta, mas não menos genocida, toda a colonização ostensiva Européia terminou “aculturando” civilizações seculares e inocentes na América Latina. As vezes por força da pólvora, como contam os relatos de Aztecas, Maias e Incas, mas muitas vezes simplesmente pela imposição de costumes e religiões.

Esse raciocínio, de genocídio ou de “extinção programada”, por exemplo, ocorreu com os índios Yamanás e Selknams, que viviam no extremo sul do continente americano.

Nus, não por acaso, estes povos eram adaptados às condições adversas do lugar, eram hábeis com canoas, usufruíam de abundante caça e pesca local, e passavam no corpo gordura de leões marinhos, para suportar o frio intenso. As fogueiras desses índios deram o nome ao lugar: “Terra do Fogo”, chamaram os Europeus.

Que fizeram explorações para cruzar o Cabo Horns, encontrando um caminho diferente entre Atlântico e Pacífico.
Que estudaram a Antártida a partir dali.
Que evoluíram em sua “evolução”, graças a Darwin e também à uma ilha da região.
Que lutaram por outras ilhas: Franceses, Portugueses, Espanhóis e Ingleses…

Mas… infelizmente… não respeitaram o povo oriundo e originário dali!
Impuseram condições, expulsaram das terras, exploraram e grilaram por onde estiveram.
Como, em sã consciência, um sujeito elitizado e capitalista, acostumado com regras europeias, toma por normal a construção permanente de casas, fortalezas e igrejas num terreno que não o pertence?

Seguindo a linha defendida pelo Miguel, o mínimo que o explorador poderia propor era um aluguel temporário.
Oferecer os serviços de benfeitorias, as casas, as igrejas. E, após concluídas, deixar que os habitantes locais determinassem o que fazer com elas.
Alguns relatos locais dizem que os primeiros índios Selknam que foram vestidos pelos Ingleses que lá estiveram e receberam aulas do idioma, abandonaram roupas e voltaram a viver a seu modo poucos meses depois. A insistência das “melhores condições morais e sociais europeias”, dizimou a população indígena do local.

Conclusão óbvia, os primeiros ingleses que realizaram um assentamento de “brancos” na Terra de Fogo, em companhia do Reverendo Thomas Bridges, já estão na 6ª. geração e seguem a morando na Estância Harberton, uma das mais concorridas estâncias de Ushuaia, famosa pos atrações turísticas. Ou seja, as casas e hotéis construídas, estão gerando renda há cinco gerações.
Enquanto que os quase 3 mil Yamanás que viviam naquela região à luz da época desapareceram em 50 anos. Na referência que li (aqui), o autor relata que há (ou havia) apenas uma última índia Yamaná, com cerca de 80 anos de idade. Sendo todos os demais descentes “mestiços e aculturados” (sic).

Finalizando… Quem realmente acredita que as imposições do rico para o pobre pararam?
Que somos e estamos livres ideologicamente nos dias de hoje? E que a nossa ignorância, passividade e subserviência não são comemoradas por países imperialistas e classes dominantes?

Vale o exercício de reflexão.

por Celsão correto.

figura retirada da matéria do UOL sobre os Herero e Nama (novamente aqui)

P.S.: para quem quiser ler a estória dos índios da Terra do Fogo, segue um link de partida bem bacana (aqui)

Marcha da Família com Deus 1964 x 2013 Ditadura década de 60,70,80 x Cenas do próximo Capítulo

Marcha da Família com Deus 1964 x 2013
Ditadura década de 60,70,80 x Cenas do próximo Capítulo

Nos últimos 20 anos, a América Latina tem sido o sustentáculo do mundo na sobrevivência de políticas de esquerda, protecionistas, de luta pelos interesses da própria nação acima dos interesses estrangeiros/imperialistas.

A Europa vem presenciando sua democracia e os direitos do trabalhador enfraquecendo desde a década de 90. É a falência da social democracia nestes países, onde no cabo-de-guerra (povo X capital), vence novamente o capital.

Os países latino-americanos, quase todos, passaram por ditaduras de direita apoiadas e patrocinadas pelos EUA (até mesmo Cuba teve seu ditador aliado aos EUA, Fulgencio Batista, de 1952 a 1959, quando foi derrubado por Fidel Castro – leia sobre esse processo AQUI), do início da década de 60 até o início da década de 90. Foram 30 anos, aproximadamente, de ditaduras de direita por todos os cantos da América do Sul e Central. Ao término destes períodos de intervenção militar, estes países vieram passando por um acelerado processo de avanço da democracia.

Vencidas as ditaduras, nada mais normal que um processo progressivo de democratização. Sai a ditadura, entram governos parcialmente democráticos, normalmente de centro-direita ou de direita. Políticos conservadores, que se elegem devido à imaturidade democrática da sociedade, e por saberem aproveitar os resquícios do sistema elitista herdado da ditadura e da colonização, que privilegiam aqueles que mais têm.

Porém, na América Latina, grandes mentes surgiram, e souberem se organizar, se uniram para debater ideias e ideais, para trocar experiência e conhecimento. Assim, chegaram a conclusões parecidas em comum. Apoiaram-se mutuamente para chegarem aos Governos, e lutaram, alguns mais, outros menos, para acelerar o processo de democratização destes países, e fazer com que o povo, historicamente excluído e sem voz, pudesse ter mais direitos e ser mais respeitado. Além disso, lutaram pela nossa independência frente às grandes potências, não só no papel, mas na prática, seja na política, na economia, na cultura, militarmente ou diplomaticamente.

Assim vimos nos últimos anos uma ascensão de governos populares em muitos países da América Latina.

No Brasil, o processo ocorreu progressivamente. Sarney (Tancredo) foi eleito de forma indireta. Collor, frente a Sarney, foi um progresso, na minha opinião, e foi o primeiro presidente eleito democraticamente no Brasil, depois da ditadura (vale lembrar que Lula teria vencido, se não fosse a armação que a Globo fez no último debate, fazendo edição do debate antes de transmiti-lo, o que também mostra imaturidade democrática da sociedade).
Depois veio FHC, que frente a Sarney e Collor, está anos-luz à frente no quesito democracia. Mas, aquele PSDB, de origens sociais-democratas, infelizmente, se direcionou ao neoliberalismo e consequentemente, a favor dos interesses imperialistas.

E depois veio o PT, com Lula. Lula concretizou a democracia no Brasil. Um grande avanço, comparado ao que veio antes, o que é normal, seguindo a lógica da evolução progressiva. Claro que, não foi perfeito, até porque perfeição não existe. Mas ainda há/havia MUITO a evoluir, melhorar, tanto na democracia, quanto na vida do cidadão.
Mas antes que isso fosse possível, as forças conservadoras começaram a “reagir”, chegando ao seu auge durante os governos Dilma.

A história se repete, desde a Grécia antiga, e fatos já observados naquela época, acontecem exatamente da mesma forma hoje.
Quando ideais/pensamentos/movimentos “A” avançam, ideais/pensamentos/movimentos “B” começam a crescer proporcionalmente, visando frear “A”. A isso dá-se o nome de “reação”, ou “reacionarismo”. Alguém age, outro alguém reage.

O que ocorre é que, enquanto o povo não tem voz nem direitos, a elite e os pensamentos conservadores ficam hibernando, escondidos. Quando o povo começa a ganhar força, as ideias e atitudes conservadores e opressoras ascendem, e com força bruta, e reagem visando impedir este avanço do progressismo.

Como os governos de esquerda estavam atingindo seus objetivos nas Américas: inclusão social, combate ao imperialismo, evolução da democracia, etc, as forças de direita começaram progressivamente a avançar em paralelo.

Peixes_piloto

Peixes_piloto

Essas forças são principalmente compostas por: EUA e seus principais aliados na Europa (Inglaterra, Alemanha, França), as elites locais (banqueiros, grandes empresários, a mídia privada, e claro, aqueles políticos que representam os interesses destes grupos), e os peixes pilotos (pessoas da classe média, que se acham de elite ou sonham em pertencer a ela, e aí defendem ideias conservadoras, sem perceberem que, na verdade, deveriam defender ideias progressistas, pois eles, classe média, estão muito mais próximos do povo, que da elite).
(Um pouco do ódio desenvolvido pela classe média do Brasil. Mantega recebe gritos e ofensas por médicos no hospital Albert Einstein. Clique AQUI)

Neste movimento, a América Latina está passando por um processo político muito delicado, que lembra os movimentos que se iniciaram na década de 60, e que geraram todos os golpes militares de direita, e afundou a América Latina num período de trevas.
Venezuela e Brasil são países líderes neste processo do avanço da esquerda. E são países riquíssimos em petróleo. Por isso, somos o maior alvo do golpe que se arma. (Venezuela se prepara para reagir contra Golpe e Guerra – Clique AQUI)

Se você é um dos que defende inocentemente o impeachment de Dilma. Se você é um dos que inocentemente acha que o escândalo da Petrobrás trata-se de “mais um esquema de corrupção”, sem perceber o golpe econômico e político que se arma em volta de NOSSO petróleo. Se você é um dos que há anos vem divulgando, espalhando, compartilhando, curtindo, toda e qualquer informação contra o PT, contra Lula, contra Dilma, contra Zé Dirceu, contra Chávez, contra Maduro, contra Fidel Castro, contra Evo Morales, etc. Se você acredita que ser de esquerda é simplesmente ser comunista, e acha que comunista come criancinhas (e não percebe que a esquerda tem um espectro político amplo, incluindo a social democracia, sistema vigente na maioria dos países europeus. E que ser de esquerda significa, basicamente, estar do lado do oprimido).

Se você pertence ou se aproxima destes grupos descritos acima, ou de qualquer outro parecido…. então VOCÊ é cúmplice dos golpes que se armam. VOCÊ joga contra o Brasil e contra os povos latino-americanos (mesmo que não saiba disso). VOCÊ está ajudando o planeta a escrever um novo capítulo de sua história, onde mais uma vez, uma Era de sombras pode estar se aproximando da humanidade, e você, que se acha bem informado ou bem intencionado, é responsável por esse fenômeno.
(Segue um excelente artigo didático sobre as várias facetas do golpe. Clique AQUI)

Sim, eu sei que o sistema educacional e a mídia nos corrompem, nos ludibriam, nos enganam, nos fazem jogar do lado que eles querem que joguemos. Mas no fundo no fundo, nós somos seres pensantes, e só não nos livramos dessas amarras e alienações, pois somos reféns de nossas fraquezas, nossas ambições, nosso orgulho, nossa arrogância, nosso ego. Se fossemos seres humanos melhores, como fingimos ou aspiramos ser, seria muito mais fácil sairmos dessa prisão ideológica, e fazermos desse mundo um lugar melhor para todos.
O culpado portanto é VOCÊ!

E se o pior acontecer, eu lamentarei, por mim e por você.

por Miguelito Formador

figura montagem própria (originais daqui + daqui + daqui + daqui)