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Natal_GuerraE mais uma vez o Natal se aproxima, e traz com ele a virada de ano.

O Natal é tempo de união familiar, de demonstrar nosso amor aos nossos entes queridos, de dar um abraço gostoso no melhor amigo, nos nossos pais, nossos avós e nossos filhos. Também no Natal, devido ao que ainda resta de vínculo religioso desta data com o cristianismo, lembramos de Jesus, e com isso, lembramos do amor ao próximo. É neste momento que dedicamos pensamentos positivos e orações aos pobres, aos menos favorecidos, aos que sofrem de enfermidades, aos cidadãos de países em guerra.

O Réveillon carrega a esperança do novo. Novamente abraçamos com muito afeto os nossos entes e amigos mais queridos, nos emocionamos, agradecemos pelos maravilhosos momentos vividos juntos no ano que se vai, e desejamos momentos ainda mais maravilhosos para o ano que se inicia.

Aproveitamos essa data para fazermos algumas promessas, definirmos alguns objetivos, normalmente visando tornar nossa vida mais feliz, ou nos tornarmos uma pessoa melhor e/ou mais saudável e/ou mais bem sucedida.

Mas e o nosso cotidiano fora destas datas, como anda? Andamos fazendo nosso dever de casa para que o mundo seja um lugar melhor, e assim, necessite menos de nossas orações e pensamentos positivos? Afinal, o nosso voto em 2014 levou em consideração as propostas daquele político para reduzir a pobreza e a fome no Brasil, levou em consideração suas propostas a favor das minorias que mais sofrem (pobres, deficientes físicos, negros, homossexuais, mulheres, povos indígenas)?

Quantas vezes por ano cumprimentamos o mendigo que vive no nosso bairro? Com qual frequência convidamos o mesmo para tomar um café na padaria conosco? E aquele cobertor que está no armário há quatro anos sem utilização; já pensamos em descer as escadas e oferecer-lhe para o mendigo? Ou mesmo, alguma vez nos interessamos pela sua história de vida; já sentamos ao seu lado para bater um papo e ver o que ele tem a dizer?

Visitamos durante este ano alguma instituição que cuida de meninos de rua, órfãos, ou menores infratores? Será que estudamos ou buscamos nos interessar pelos principais motivos da criminalidade no Brasil, ou no mundo? Visitamos um asilo para perguntar se precisam de alguma ajuda? Fomos num abrigo de refugiados da Síria e Afeganistão para saber como podemos ser úteis e conhecer a forma como estas pessoas estão sendo tratadas?

Quantas vezes nos interessamos, enquanto brancos, em nos colocar no lugar do negro e entender sua dor; ou como hetero, no lugar do homossexual ou transexual; ou como homem, no lugar da mulher; ou como negro, no lugar do índio?

Quantas horas de nosso tempo dedicamos este ano a buscar informação de qualidade, para não nos deixarmos ser manipulados por grandes grupos de monopólio da mídia? Quantas vezes engolimos nosso orgulho, neste ano, quando um amigo, ou professor, ou parente, bem informado e preocupado com as questões do mundo, chegou até nós para nos alertar sobre nossa opinião equivocada sobre algo?

Quantas vezes nos preocupamos se aquilo que escrevemos, falamos, defendemos, argumentamos, realmente são ideias que visam promover um mundo mais justo e ético? Quantas vezes, ao invés de emitirmos rapidamente nossa opinião, não nos sentamos e ouvimos o que o outro tem a falar, e refletimos sobre a possibilidade dele estar certo, e enxergamos uma oportunidade de evoluirmos intelectualmente e espiritualmente?

Refugiados africanos, europeus e asiáticos na Europa; o Congresso mais conservador do Brasil desde 1964, eleito PELO POVO BRASILEIRO, aprovando projetos e leis sem fim que reduzem os já poucos direitos do povo sofrido brasileiro; este mesmo Congresso, com intenções parecidas com as anteriores, caça a Presidente Dilma e busca convencer o povo brasileiro, através da mídia, que a solução para o Brasil é um impeachment, mesmo que não haja argumentos legais para tal; homossexuais continuam a ser espancados e assassinados, enquanto a popularidade de Bolsonaros e Felicianos só aumenta;

Ataques terroristas em Paris justificam o bombardeio de todo um país, com a morte de milhares de civis; este mesmo país é estratégico no controle do petróleo no Oriente Médio pelos EUA e os países aliados da OTAN, mas acreditamos que o bombardeio à Síria se deve ao atentado em Paris; na Alemanha, movimentos como o Pegida crescem e ganham popularidade.

Alguém diz estar ciente que Eduardo Cunha é um bandido e mafioso inescrupuloso, mas defende o impeachment de Dilma, liderado e encabeçado por esse mesmo Cunha;

Afeganistão, Iraque, Egito, e dezenas de outros países da Ásia e África continuam em eterno estado de guerra, com milhares de mortes semanalmente, financiados por empresários e governos de países ricos, mas nós só nos indignamos pra valer quando 100 pessoas morrem num atentado terrorista em Paris, ou nos EUA, ou em Londres.

Eu já escrevi isso anteriormente, mas assim como o Natal e Réveillon se repetem, também irei me repetir: “eu desejo para o próximo ano, que todas as pessoas ajam como se Natal e Réveillon fossem todos os dias do ano”.

por Miguelito Filosófico

figura daqui

Reproduzo abaixo um texto que escrevi em meu perfil de Facebook, dedicado a alguns amigos específicos.
Aproveito a replicação aqui no blog para dedicar este texto também a todos vocês leitores que se sentirem identificados no que aqui será exposto.


AmorXódioQueridos amigos. Vocês são muito especiais, e compartilham comigo de uma mesma sensação recente, todos vocês.

A sensação de desilusão.

Sim, aprofundar nos estudos políticos e sociológicos, aprofundar nas observações sobre o comportamento da sociedade, gera uma frustração muito grande. Ao percebermos como o ser humano pode ser desonesto intelectualmente, hipócrita, arrogante, teimoso, agressivo, tudo em prol de defender seu ego, gera em nós um desgosto, um lamento. Como podem ser capazes de alimentar tanto ódio, sem nem mesmo terem motivos reais para o mesmo? Nos perguntamos.

Nós que nos esforçamos em demasia para obtermos o máximo possível de conhecimento e informação, para sabermos daquilo que falamos. Nós que refletimos todos os dias ao deitarmos em nossas camas, e pensamos profundamente sobre tudo, e tentamos ver se há equívocos em nossa maneira de pensar ou agir. Nós que sempre pisamos com os dois pés atrás, antes de acreditarmos em algo. Nós que temos sensibilidade dolorida, e qualquer suspiro de maldade do mundo nos corta a alma. Nós que buscamos desenvolver nosso senso crítico ao extremo, e percebemos assim as mentiras e maldade nos pequenos gestos. E principalmente, a nós que foi dado o dom de conseguirmos pensar nos outros, no coletivo, antes de pensarmos em nós mesmos. Nós que travamos nossa luta pelo próximo, pela melhoria de vida do outro, principalmente daquele que menos tem. Travamos essa luta com muita fidelidade, honestidade, ética, responsabilidade e amor, sem ganhar NADA em troca, simplesmente a consciência limpa de que estamos desempenhando nosso trabalho de formiguinha para construirmos um mundo melhor (mesmo que seja uma utopia, mas como disse Mia Couto, “a utopia nada mais é que a força que nos faz caminhar sempre em frente”).

Nós sofremos muito mais que qualquer outra pessoa. Nós absorvermos toda essa maldade, como um filtro. Um filtro humano, que absorve a sujeira, para que ideias mais puras cheguem ao próximo.
Não pessoal, não é gostoso ser filtro, e estar sempre carregado de sujeira. Mas o que fazer? Fechar os olhos e nos isolarmos em nosso mundinho? Sim… é possível, mas acho que eu não seria capaz. Plagiando Einstein “uma mente que se expande não mais se apequena”.

Ninguém disse que seria fácil. Muito pelo contrário. Eu por exemplo, a todos do meu arredor que me procuraram para que pudéssemos nos ajudar mutuamente e crescer juntos, eu sempre avisei: “Você tem que estar certo de sua decisão, pois é um caminho sem volta, e será cada vez mais doloroso”.
Eu sei que mesmo vocês não entenderam 100% o que eu queria dizer. Mas quem entende o outro 100%? Não há! Pois cada um de nós é um único universo.

Mas percebo que à medida que vocês se aprofundam, e assumem com maior intensidade a luta pelo bem para dentro de vocês, nós (você e eu) nos tornamos mais síncronos e nos entendemos/alcançamos ainda melhor.

Nessas eleições, máscaras caíram, e a hipocrisia, que é um problema crônico da sociedade brasileira, principalmente da maior parte da classe média, foi se desfazendo e se tornando algo claro. Preconceitos, arrogância, elitismo, individualismo, indiferença para com as dores do mundo, egoísmo, foram deixando de estar debaixo da máscara da hipocrisia, e foram se tornando parte de um discurso mais aberto e transparente, por parte de muita gente. E dentro destas “muita gente”, estão colegas, conhecidos, amigos de infância, parentes, família, pessoas que “admirávamos”. E pessoal, é ÓBVIO que isso dói demais em nossa alma! Tira-nos o sono. Causa-nos pesadelo. E muitas vezes, até mesmo nós que também somos seres humanos, sentimos coisas ruins, como preguiça, nojo, raiva!
Ora, só porque buscamos evoluir não quer dizer que sejamos perfeitos. Mas não nos coloquemos JAMAIS no mesmo balaio dos tolos, JAMAIS!
Estamos diante neste momento de compreender com maior plenitude a celebre frase de Che Guevara: “Há de endurecer-te, mas perder a ternura jamais!”

Sempre achamos essa frase bonita. Até mesmo os tais tolos acham essa frase bonita. Mas compreendê-la em plenitude é algo bem mais raro, pois exige uma caminhada individual, uma caminha árdua, mas que expande nossas mentes, e nos livra de correntes culturais do senso comum.
Para entender melhor essa referida caminhada, acesse AQUI meu texto “A escalada da Sabedoria”.

Com todos vocês aqui marcados, tenho conversado inbox no facebook, ou por e-mail, ou por telefone, ou pessoalmente, nos últimos tempos. Temos conversado muito, e sempre o mesmo assunto. Estamos todos cansados, desiludidos, desesperançosos. Queremos ajudar o mundo, mas o mundo parece não querer ser ajudado. Queremos dormir. Queremos fechar a porta para os problemas dos outros, e cuidarmos de nós, pois estamos enlouquecendo no meio de tanta insanidade. Queremos ter paz em nossas vidas! Queremos desfazer o Facebook. Queremos ignorar os e-mails daquele tio com ar de oráculo, mas totalmente alienado. Queremos bloquear dezenas de pessoas no Whatsapp, que ficam mandando fotos e vídeos mentirosos e maliciosos. Queremos evitar embates e debates. Não aguentamos mais!!!
Acreditem, as conversas com cada um de vocês individualmente, foram uma repetição de exclamações e desgostos. Portanto, entendam, compartilhamos exatamente dos mesmos sentimentos.

Assim sendo, eu quero dizer-lhes que, respeitarei em plenitude aqueles de vocês que se isolarem, ou evitarem futuros debates. Se está demais, então deves fazer isso mesmo. Eu te apoiarei, pois entendo sua complexidade, sua profundidade, e sei da dor que sentes.
E se você quiser continuar lutando, se ainda tiver alguma energia aí, conte comigo, como sempre pôde contar. Você não está sozinho, não mesmo. E sabe que minha companhia não é rasa, estou com você por maior que seja o seu inferno astral. Estou com você, antes de estar comigo mesmo.

Aproveito para lembrar que aqui não se trata de política somente pessoal. E sei que mesmo alguns de vocês não entendem quando digo isso, e me criticam. A política, em momentos de tanta tensão como esse, serve para revelar a face mais profunda do caráter das pessoas. Não se trata de apoiar Aécio ou Dilma, Marina ou Levy, Luciana ou Eduardo. Trata-se sim de apoiar a vida, apoiar um mundo mais justo ou não. Apoiar aqueles que já têm uma vida melhor, ou apoiar aqueles que mais sofrem. Trata-se de ser CAPAZ de abrir mão de seus benefícios pessoais, identificando que você já é um ser humano com muitos privilégios, e então lutar por mais direitos ao próximo, que tem menos direitos que você.

Portanto, não estamos lidando só com política, estamos conflitando com a dura realidade do caráter do ser humano, e é justamente isso que nos dói.
Portanto, nossa luta não é só política, mas é uma luta por um mundo melhor, por sociedades mais justas, mais críticas, mais coletivas.

Lembremos que todo ser humano é uma complexidade. Todos temos coisas boas e coisas ruins. No fim, nós somos o resultado de onde alimentamos mais. Se nos alimentamos de coisas boas, nos tornamos melhores. Se ingerimos coisas ruins, piores.

No Brasil, temos uma educação rudimentar, que não prepara o cidadão moral- e eticamente, não nos dá referencia de ética-social, não nos ensina a pensar criticamente, questionar, não nos ensina a aprender com humildade, não nos ensina a respeitar as diversidades e pluriculturas. Temos famílias que herdam uma cultura elitista e preconceituosa de seus antepassados escravagistas e aristocratas, e repassam isso para nós, em maior ou menor grau. Temos a forte presença de igrejas fundamentalistas, radicais e bandidas, com único interesse de manipular seus fiéis para obter grana. E temos uma mídia sem qualquer regulamentação, uma mídia bandida que defende única- e exclusivamente o interesse de seus patrocinadores, grandes empresas, em detrimento do interesse da sociedade.

Portanto, somos alimentados quase o tempo todo por tudo o que há de pior! Não tem segredo. Isso origina essa nossa sociedade, que elege Bolsonaros, Felicianos, etc… que elege o Congresso mais conservador desde 1964. Que protesta por mudança na política em 2013, e em 2014 elege uma política ainda mais podre que a anterior, e pior…. acham que fizeram bem seu papel de cidadãos.
Essas eleições são muito importantes, mas ganhando Dilma ou Aécio, a maior derrota já tivemos, que foi a vitória do conservadorismo no Congresso, e a revelação de quão contaminada está a sociedade brasileira.

Mas nossa luta tem que ir muito além da eleição. Nossa luta tem que continuar no dia a dia. Como fazemos para mudar os 4 pontos descritos acima por mim? Educação, Igrejas, Cultura familiar, Mídia? Pois somente mudando estes pontos, trabalhando aí, podemos ter uma sociedade que fomente o que há de melhor em cada um de nós, e nos faça enfim, nos tornamos um país mais honesto, mais justo, mais igualitário, mais inteligente, mais civilizado, mais coletivo.

Eu quero trabalhar, e buscar soluções para estes problemas. Eu continuo sonhando com um Brasil mais bonito, mesmo tendo a impressão de que o próprio Brasil não queira isso. Na verdade, eu sei que o Brasil quer, o problema, é que o Brasil não sabe que quer. Como disse Gilberto Gil “o povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe”.

Então, meu trabalho continuará sendo feito, mesmo que eu não seja compreendido. Pois esse é justamente um dos principais objetivos do meu trabalho, “fazer com que cada vez mais pessoas compreendam e alcancem o que eu, e outros militantes do povo, fazemos”. Eu luto para abrir os olhos da sociedade, para eles “quererem”. Quererem e aceitarem serem ajudados.

Amo vocês, e contem comigo para o que vier. Ao menos chegaremos ao fim de nossas vidas, olharemos para trás e diremos “nós tentamos”, que orgulho e alegria.

Com muito carinho.

* Para ler nosso artigo sobre o ódio e o amor na política, clique AQUI

por Miguelito Filosófico

Figura de edição própria. Figura original daqui

manifestação_2013_02Tem uma teoria que repito há alguns anos, não sei se li de algum filósofo/intelectual, ou se aprendi com algum sábio amigo, ou se fui eu mesmo que cheguei até ela a partir de minhas observações. Ela consiste no trato do amor e do ódio.

O amor e o ódio são tratados pela maioria das pessoas como o oposto um do outro. Isso é uma falácia enorme. O amor e ódio são irmãos, são dois lados da mesma moeda. Uma pessoa, num momento de ciúmes, decepção, sentimento de ingratidão, acaba facilmente confundindo o amor com o ódio.

Não é à toa que as brigas entre parentes próximos são tão intensas e constantes. Marido e mulher que se amavam tanto, da noite para o dia, passam a se odiar, muitas vezes gerando até agressões verbais e físicas, e algumas vezes originando até mesmo a morte de um dos dois, ou de ambos. É o amor imaturo, doentio, se transformando em ódio.

E podemos nos lembrar do contrário, quando crianças que eram iguais a cão e gato na escola, futuramente acabam se relacionando, e até se casando, o que deixa então claro que toda aquela repulsa de um pelo outro, era na verdade um amor, paixão, atração mal compreendido(a) devido à imaturidade.

Portanto, o oposto tanto do amor, quanto do ódio, na verdade, é a indiferença. Sentir indiferença é sentir nada. Não há espaço para amor, nem ódio. É a ausência de sentimento. Já o amor e o ódio indicam a presença dos mais intensos dos sentimentos.

Na política, a história é bem parecida.

Vivenciamos em 2013 uma sequência de manifestações de cunho político. E interessantemente muitos dos manifestantes levantavam bandeiras “anti-políticas”, de ódio e negação à política.

Ora, existe algo mais político que ir às ruas protestar contra a política? A negação à política é por si só, um ato extremamente político. Mas muitos dos manifestantes, em sua maioria jovens de 16 a 25 anos, não se deram conta disso, talvez por falta de conhecimento, talvez por ingenuidade, talvez por falta de reflexão, ou uma combinação disso tudo.

O ódio à política está muito próximo do amor à mesma. O que os separa é uma linha tênue.

Exemplificando:
Imagine um jovem, que pintou a cara, foi à rua com cartazes dizendo “Impeachment da Dilma”, “Impeachment de Alckmin”, “Cassação de Renan Calheiros”, “Dissolução do Congresso”, “Político é tudo pilantra”(sic), “vamos tirar essa corja de bandidos do poder”. Todas essas frases carregam uma mensagem de ódio à política. 

Então, imagine que cheguemos a este jovem e lhes mostremos que estamos querendo fundar um novo partido: O “Jovens Contra a Política Suja” (JCPS). Explicamos a este jovem que somos contra “esses partidos”, essa “roubalheira”, essa “safadeza”. Queremos limpar nossa política, lutar por mais ética, mais compromisso com o povo, por um Brasil mais justo. 

Provavelmente esse discurso lhe agradaria, e ao ser convidado, esse jovem provavelmente aceitaria participar do projeto, integrando então o novo partido político.

Pronto, de ódio à política, aquele jovem passou “a ser a própria política”. Foi tanto “amor” que acabou trazendo a política para sua própria vida

Já uma pessoa indiferente à política, não tem qualquer sentimento, não sente raiva de políticos, nem de partidos, muito menos amor ou empatia. Conversas, artigos, livros, debates políticos lhe causam somente um sentimento, o tédio.  Essa pessoa, dificilmente aceitaria participar de um projeto político, jamais irá às ruas protestar, provavelmente continuará justificando sua ausência nas eleições, ou no máximo, votando nulo. Portanto, a indiferença e o ódio à política são muito distintos.

A negação à política, o ódio mostrado por uma parcela dos brasileiros, é algo muito forte, interessantíssimo, mas também perigoso. O envolvimento político é uma das consciências mais importantes para o desenvolvimento de uma sociedade enquanto democracia saudável e para o progresso da Nação. Porém, é preciso muito, mas muito cuidado. O envolvimento imaturo, carregado de emoções não refletidas, não digeridas, originando inclusive o pensamento de estar negando exatamente aquilo que se está fazendo, pode ser uma ferramenta perigosíssima nas mãos daqueles com maior compreensão, experiência e ambições.

Temos nessas eleições de 2014 um grupo político, composto por dinossauros/anciãos da política, pessoas que já participam do processo político em seu mais alto grau há muitas décadas. Políticos, marqueteiros, publicitários, empresários, economistas envolvidos até a cueca, há décadas, neste mesmo processo político atacado pelos manifestantes.

Esse grupo é exatamente igual aos outros grupos. Têm as mesmas intenções, mesmos objetivos, mesmas ambições, porém com uma diferença: O discurso é diferente.

Eles, de forma muito “astuta” e “sagaz”, adentraram numa campanha política, utilizando-se da negação da política, com o claro intuito de conquistar a confiança daqueles milhões de jovens que foram às ruas ano passado. Portanto, é o mais do mesmo, vestido com roupa nova.

Esse grupo é uma repetição do que já aconteceu algumas vezes na história do mundo. Eles representam a Terceira Via. E as experiências que o mundo já teve com tais discursos ludibriadores, não foi nada boa.

Portanto, é muito importante que desempenhos nosso papel em outubro com muita consciência. Não há heróis, não há milagres. Não nos ceguemos pelas emoções. Tragamos o racional á tona e saibamos identificar incoerências. Saibamos identificar mentiras, aplicando um simples toque de lógica. Não deixemos que as manifestações do ano passado tenham servido para colocarmos no poder pessoas que estão utilizando os mais sujos dos jogos psicológicos para com a sociedade. Colocar essas pessoas lá é jogar no lixo a legitimidade dos protestos de 2013 e colocar o Brasil em uma situação de enorme risco, com grandes chances de retrocessos, tanto econômico quanto social.

Sejamos cidadãos responsáveis, eleição não se trata de protesto, de birra, de ódio irracional, sequer se trata de jogos de risco numa mesa de cassino, ou investimento em bolsa de valores. Eleição é o que há de mais sério em nosso papel de cidadania. Saibamos escolher o projeto mais coerente, mais sensato, mais praticável, e mais soberano para nosso país.

* Para ler mais um artigo nosso, que relaciona a opção política com o caráter do eleitor, clique AQUI

por Miguelito Formador

figura daqui + montagem minha