Uma pergunta a qual ainda não tenho resposta: por que o acordo anti-nuclear assinado nesse final de semana entre as potências ocidentais e o Irã é válido e merece ser comemorado?
Coloco isso, pois este mesmo grupo de países, chamado agora de “grupo P5+1”, ignorou o acordo conseguido por Lula (então presidente do Brasil), o primeiro ministro turco, Tayyip Erdogan, e o “temido” Ahmadinejad em 2010. Lembram-se disso? Na época, esses países descreditaram as várias horas de conversa e as assinaturas com aval da ONU para impor uma quarta “frente” de sanções ao Irã.
Tudo bem que nem Brasil, nem a Turquia eram ou são membros do Conselho de Segurança da ONU. Mas, na época, falava-se em conflito iminente, inevitável, e somente os dois países “toparam” enfrentar e conversar com o Irã. Um deles arriscava-se pela primeira vez fora de seus domínios regionais na América do Sul e o outro, conhecido aliado americano, é um dos mais influentes negociadores do Oriente Médio. O resultado veio, apesar da descrença do grupo de países “influentes” (EUA, França, Inglaterra, China, Rússia e Alemanha), como pode ser lido em declarações dos EUA aqui e da Rússia aqui.
Em 2010, véspera de eleições no Brasil, a incursão de Lula foi criticada e classificada como fiasco. Eu mesmo o critiquei; na época não via motivo de intervir em um assunto complexo e tão “distante” de nossa Nação. Hoje, todo o ocorrido foi esquecido; afinal, os únicos que ainda estão no poder são Barack Obama e Angela Merkel…
Ignorarei propositalmente alguns fatos, como: do Irã ter declarado (e continuar declarando) que o urânio por lá é para fins pacíficos, para gerar energia; do país representar um grande produtor de petróleo e opositor ao domínio americano (e, consequentemente, israelense) na região; daquele vírus desenvolvido para boicotar as usinas Iranianas de enriquecimento de urânio, do Brasil ter ajudado a evitar uma provável Guerra… Israel continua contra o acordo, descrevendo-o como grande erro e criticando diretamente os Estados Unidos. (aqui)
Oras, o ideal agora seria que a ONU e o tal grupo “P5+1” pressionasse Israel a abandonar o seu próprio programa nuclear. Mas isso nunca aconteceria! Afinal, o título de “polícia” do Oriente Médio pertence a eles, que seguem ocupando territórios de outrem e se desenvolvendo belicamente de modo impune.
por Celsão Revoltado
figura retirada do portal Terra aqui.
P.S.: Uma das notícias de 2010, contando sobre o caso, está aqui. Notícia recente do Terra aqui. E um excelente artigo também de 2010, do professor José Luís Fiori, com verdades que incomodam, pode ser lido aqui.