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Na década de 80 eram os ex-combatentes.
Ouvia a conclusão do meu pai e das poucas notícias de televisão que vinculavam atentados ocorridos nos Estados Unidos com alguma causa.
A explicação era válida e aceitável. Como no filme do Rambo.
Ex-militares plausivelmente seriam marginalizados numa sociedade que buscava a paz, que condenou (supostamente) a guerra.
E… um marginalizado, sem emprego e sem ocupação, com porte de arma e pesadelos envolvendo guerra… é certamente uma das receitas para algum desvio psicológico.

Depois foi o cinema e a televisão.
Não sei se o número dos filmes violentos realmente aumentou nos anos 90. O western (popularmente bang-bang) já existia “desde sempre”.
A produção do cinema certamente ficou melhor, o “realismo” aumentou. Mas é dificílimo dizer se o número de armas aumentou.
A partir de então, ao menos pra mim, as explicações começavam a ficar sem sentido… como que forçadas.
Dizer que Charles Brownson e seu “Desejo de Matar” impeliam os cidadãos americanos para as armas e as ruas era um pouco demais pra mim. Talvez os já psicóticos…

Daí culparam os videogames.
Como se expor pessoas (jovens majoritariamente) a “realidades ampliadas”, no jogo, alterasse o discernimento de certo e errado, de realidade; fizessem com que eles acreditassem em capacidades sobre-humanas, em heróis…
Aconteceu até no Brasil. No caso do estudante de medicina que entrou num cinema armado em São Paulo. Mateus ganhou página no Wikipedia (aqui) e a explicação exagerada para o seu crime.

Os advogados de defesa tentaram, em vão, alegar insanidade mental de seu cliente e argumentar que Mateus havia sido influenciado pelo jogo “Duke Nukem 3D”, no qual há uma cena de tiroteio dentro de um cinema

De qualquer forma, também acho desproporcional culparmos jogos eletrônicos e videogames pelos atentados. Mesmo havendo estudos e casos onde o indivíduo “reproduz o jogo” em seu cérebro constantemente, não há deduções apontando para jogos específicos e nem deduzindo que o próximo passo seriam as armas.
Uma observação: eu defendo uma classificação etária dos jogos, como já existe. E uma certa censura em seu conteúdo, chegando à proibição, para casos extremos e exagerados. (por que não? Cada país pode decidir como educar seus jovens, ou o quê expor a eles)

Voltando ao tema…
Os atentados a arma nos Estados Unidos continuam ocorrendo. Talvez pelo maior alcance da mídia,
Quem será que temos que culpar agora?
Talvez os refugiados? “Estrangeiros” sem pátria que moram no país das oportunidades.
Os muçulmanos e a sua religião rígida e extremamente conservadora?
Os latinos que não se identificam inteiramente com o sonho americano e criam suas comunidades, mantendo o seu idioma?
Os negros e suas características violentas, seus problemas de comportamento?

A culpa é das armas.
Algo criado para matar não deve chegar às mãos de cidadãos de bem. Não deve se oferecer como “alternativa” para uma discussão de trânsito, para um problema entre vizinhos, para uma resposta ao bullying
E é claro pra mim que o país que mais disponibiliza armas à sua população será o país que mais terá problemas com elas.

Juntemos a isso um presidente hors concours no que diz respeito a noção e discernimento e o resultado é o que vemos: dizer que os professores e auxiliares devem estar armados em sala de aula (aqui).
Combater violência com mais violência, certamente, não terá sucesso.
Isso pensando que os professores aceitarão essa “tarefa” de defender os alunos de atentados.
Soa tão absurdo, tão irreal a proposta… Buscar aumentar as armas (colocando algumas dentro das escolas) ao invés de diminuir seu número e reprimir seu uso…

Enfim, só temo que essa “onda” armamentista mantenha-se distante daqui.
Nossos problemas com violência urbana são outros, porém presentes. E o passo dado ao armar a população pode representar uma piora considerável na segurança pública.
Que seja apenas devaneio político de quem quer se promover com essa ideia estapafúrdia.

por Celsão correto.

figura retirada daqui e daqui. Mesmo link onde estão outros infográficos interessantes sobre relações arma/população.

 

Contrariando minha esposa, assisto vez por outra ao programa Fantástico, o “show da vida” ou ainda a “nossa revista semanal”.
O faço sem grandes expectativas. Naquela negação da chegada da segunda-feira e do retorno à rotina estressante da semana.

E não é que nesse domingo fui surpreendido?
Infelizmente, negativamente. O que me surpreendeu foi uma reportagem especial, tomando quase um bloco inteiro, sobre o fuzil-metralhadora AK47.

A notícia trataria supostamente da violência ocorrida na favela da Rocinha, Rio de janeiro, que demandou intervenção militar federal na última semana.
Mas não foram abordados os detalhes do ocorrido. Não se tocou no assunto tráfico de drogas, provável razão principal da briga entre facções rivais. Sequer das implicações sociais da “guerra” instaurada, como cancelamento de aulas, redução do comércio, plausíveis inocentes alvejados por balas perdidas de ambos os lados (e aqui são três os lados: facção A, facção B e polícia/exército)…
A notícia tratou da arma AK47…

Soubemos que o nome vem de “Kalashnikov automática”, fabricada em 1947. Vimos imagens do seu criador, Mikhail Kalashnikov e a sua estátua inaugurada recentemente em Moscou.
Vimos muitas fotos e vídeos do Estado Islâmico, Osama Bin Laden, terroristas em ataque ao Charles Hebdo, treinamentos com crianças árabes. Todas usando a arma.
Fomos “quase” convencidos de que, se russo, é mal. E que a Rússia é a responsável pela violência no Rio de Janeiro.

Somente um telespectador mais atento ouviu que a arma é produzida em diversos países, entre eles Bulgária, Romênia, India e China. Este último maior produtor mundial.
Que os Estados Unidos compram os fuzis de forma legal da China e do Leste Europeu, e são usados como principal entreposto para as Américas e a África.
E que também se fabricam rifles AK47 nos Estados Unidos! (informação aqui).

Num mundo onde o extremismo está cada vez mais presente, é correto aludir ao armamentismo e ao “contra-ataque”?
É saudável mostrar à população todo o poder do crime organizado, cobrando os parlamentares um “endurecimento” sem analisar as causas?

O problema das drogas no Rio de Janeiro, ampliável às armas e ao problema do terrorismo no Mundo, é por si só demasiado complexo e enredado. Não há solução simples e aplicável num curto espaço de tempo, como, por exemplo, um mandato de Prefeito ou Governador.
O que condeno é a abordagem da matéria. De um programa muito assistido, no canal mais assistido do país.
Já perdi as esperanças de discussões filosóficas e aprofundadas. Mas daí a mostrar por dez minutos a arma mais usada… Foi demais!

por Celsão revoltado

Vídeo no Youtube com o “extrato” da matéria pode ser visto aqui

imagem retirada daqui

a-origem-das-armas-de-fogo-3Pra começar vou expor minha opinião. Romântica para variar…
Eu acho que arma de fogo deve estar em posse da polícia e dos que têm poder de polícia (forças armadas e alguns correlatos da função de segurança pública, como investigadores). E só. Qualquer outro cidadão que portar uma arma é bandido por exclusão e deve responder criminalmente por esse porte.

Aqui, logicamente, muitos falarão do mundo de Poliana em que me imagino, onde não existiriam meios ilícitos para que bandidos arranjassem armas, da ótima segurança pública e sensação de segurança no Brasil, etc.
Admito que aceito (para deixar claro, eu não apoio, mas aceito) o argumento daqueles que defendem o direito de posse de arma de fogo como mecanismo necessário à autodefesa e como máxima liberdade individual.
Aproveito para afirmar que, no estatuto do desarmamento discutido até então, de 2003, a posse era concedida por tempo determinado, controlada, havia uma idade mínima razoável para a mesma, critérios que proibiam a obtenção da posse e alguns subjetivos que a dificultavam; como por exemplo, o crivo de um delegado analisando o perfil do “candidato” e os seus porquês escritos num formulário. Eram avanços mínimos e ainda passíveis de subterfúgios para a concessão do porte de armas, mas eram avanços!

Pessoas que morem em lugares remotos e/ou que recebam treinamento adequado com reciclagem periódica, profissionais do ramo de segurança privada e outros casos especiais, poderiam ser discutidos como exceções e tratados como tal. Sempre consonante a critérios rígidos de concessão e controle numérico de armamento e munições.

Porém, se o texto aprovado pela tal Comissão passar na íntegra, teremos num futuro próximo uma posse definitiva ao invés de temporária, uma idade mínima reduzida de 25 para 21 anos de idade, o direito de carregar armas nas ruas em contracenso à atualidade, onde o porte é permitido em casa; e outros absurdos.

Deputados e Senadores, por exemplo, ganham status de super-heróis, pois terão direito “automático” ao porte de armas!
Ou seja, salve-se quem puder! Ameaçar deputado pode matar, pois eles poderão matar.
Não bastasse imunidade parlamentar e foro privilegiado, agora teremos políticos alvejando gratuitamente e alegando provavelmente “legítima defesa contra populares”…

Mais um “ou seja”: não é mais necessário reduzir a maioridade penal; basta matar qualquer pessoa com cara de suspeita, ou qualquer um que se oponha aos ilustríssimos deputados e senadores!

Voltando ao texto absurdo recém aprovado, em breve até as pessoas respondendo a inquérito policial e processo criminal, poderão comprar e portar armas, o que hoje é proibido; e… o porte máximo de munições também aumentou: de 120 para 600! Estamos prontos para a Guerra Civil. Azar daquele que não se armar…

Mais uma vez estamos na contramão do Mundo civilizado (e até do “não-tão” civilizado). Os maiores fabricantes e “consumidores” do planeta, os Estados Unidos, avaliam mudanças na lei armamentista, caminhando para um controle mais rígido e o cerceamento de alguns direitos mesmo nos estados onde há legalidade de porte e posse. Isso para não citar Austrália, Canadá, Finlândia que insistem, corretamente a meu ver, no desarmamento da população civil.

Fiquei tão revoltado quando soube da notícia hoje cedo, que acompanhei comentários em jornais televisivos, programas de rádio e portais na internet.
Enquanto uns criticam sem medo a decisão, como o Boechat na Rádio Bandeirantes, outros se mostram esperançosos da não-aprovação do texto no Congresso. Não acredito nisso! Pode ser que existam pequenas alterações no que foi proposto, mas não acredito no veto a esse absurdo (vale lembrar o que fizeram com a proposta do fim do financiamento privado a partidos e campanhas).
E existem aqueles que apoiam o novo estatuto (e não são poucos). As vezes disfarçando esse apoio no que já citei, como direito constitucional de escolha ou autodefesa contra o crime; as vezes aplaudindo, independentemente do preparo do cidadão comum para o uso da arma de fogo. Pasmem, cheguei a ler que o crime será reduzido pois o bandido ficará em dúvida e não assaltará mais!
Em algum dos textos, citaram “bancada da bala”, apelidando a parcela do Congresso que é a favor deste “endurecimento” contra a violência. Será mesmo que isso é endurecer? Fazendo outras perguntas: quem seriam os deputados dessa parcela? Seriam eles de direita ou esquerda? Seriam os Bolsonaro’s, apoiadores da ditadura, da volta dos militares e os preconceituosos?

Um último dado: o jornalista Ricardo Boechat citou em seu programa um dado interessante proveniente de um estudo de 2007 sobre o tema; Em 80% dos casos onde o assaltado reage, o mesmo é baleado. Ou seja, até as estatísticas apontam para a piora no quadro de violência e criminalidade, caso partamos para esse ridículo processo de armar a população.

Decepção com os que nos representam!

por Celsão revoltado.

figura retirada daqui

P.S.: para quem quiser ver o vídeo onde o Boechat no programa Café com Jornal fala sobre o tema, está aqui. Nem sempre concordo com ele, mas nessa eu assino embaixo!

P.S.2: aqui alguns detalhes do texto e a foto do político peemedebista Laudivio Carvalho, autor desse verdadeiro crime

Reem_refugiada_PalestinaNa semana passada, um vídeo onde a chanceler alemã, Angela Merkel, dá uma resposta a uma menina, refugiada da Palestina, em um programa de debate com diversos jovens e adolescentes, ficou famoso no mundo inteiro.
clique AQUI

Eu escrevi sobre isso, algumas horas depois do ocorrido, em meu Facebook. Horas mais tarde, o fato já era notícia na maioria dos meios de comunicação do Brasil e do mundo.

A menina, de 13 anos, refugiada palestina na Alemanha, já carregando no rosto um ar de maturidade, mas com um brilho puro nos olhos, cheia de esperança e fé exteriorizadas na expressão facial cativante, diz, em alemão fluente, que sonha com um futuro menos amargo para sua vida, que quer frequentar a universidade e completa dizendo que é muito duro ver tantas pessoas “curtindo” a vida, e não poder curtir junto.

Angela Merkel, num estilo bem estereotipado do alemão, desprovida de sentimentos e de forma incrivelmente racional e direta diz: você é muito simpática, e nós queremos ajudar, mas a Alemanha não suporta milhares de refugiados palestinos e da África. Alguns terão que voltar!

A reação da garota?
Começa a chorar…

O choro dela, não é pela resposta dura. Não é por ela ter sido contrariada. Não é nada disso. O choro dela é por ver todos seus sonhos de futuro desmoronando. Chora por ver as únicas utopias que lhe fazem ainda ter algum tipo de fé na vida, sendo-lhe roubadas. Chora por ser confrontada com o fato de que o mundo dos adultos é muito mais severo e cruel que o mundo das crianças. Chora, por pensar no seu passado, de onde veio, no seu povo, e pensar na ideia de ter, tanto ela quanto outros, que voltar para o inferno de onde saíram.

Refugiada_Angela_01A Sra. Merkel ainda faz um carinho “bem doce” na menina. E diz: sua pergunta foi muito boa, não precisa chorar. WHAAAAT??????

Ainda bem que o moderador no fundo diz: Ela não está chorando por isso, mas pela resposta dura que recebeu e pelo confronto com a realidade.

No que Merkel responde: eu sei disso, mas mesmo assim eu quero fazer um carinho nela.

O que eu penso?
É claro que nem Alemanha, nem França, nem Brasil, nem EUA suportam dezenas de milhares de imigrantes e refugiados chegando em um pequeno intervalo de tempo. Nenhuma economia, nem território, nem infraestrutura, nem sistema de saúde e de educação, sustentam isso. É claro que é preciso ser racional e realista, e tentar delimitar até que ponto o país sustenta abrigar refugiados sem começar a entrar ele mesmo em um caos.

Mas, porém, contudo, todavia, há um caminho muito mais honesto, justo, ético e eficiente. É o caminho do prevenir, para não precisar remediar.

Um bom começo seria se esses países desenvolvidos, como Alemanha, Inglaterra, França, EUA, reparassem danos causados a países mais pobres e em desenvolvimento, devido a cartéis e pagamento de propina a empresários e políticos, feitos por suas grandes empresas e estimulados pelos seus Governos. Tais práticas fizeram/fazem parte de um conjunto de estratégias de desenvolvimento econômico em muitos países desenvolvidos, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, e que foi fortemente utilizada até um passado recente, mas ainda é recorrente nos dias de hoje. Essas ações causam rombos nos cofres públicos de países já pobres, e geram mais dinheiro para a economia de países já ricos.

Outro bom começo seria tentar reduzir a política de venda de armas para países em guerra. A Alemanha está entre os 5 maiores exportadores de armas do mundo, numa lista que é liderada por EUA em 1°, Rússia em 2°, seguidos por Alemanha, França, Inglaterra e China, que se alteram, ano a ano, entre a 3° e a 6° posições. Os maiores mercados de armas da Alemanha são África e Ásia, Sra Merkel! Continentes de onde veem a maior parte dos refugiados na Alemanha. Que coincidência, não? (Clique AQUI e AQUI para ler mais)
Além disso, dados oficiais apontam que cerca de 2/3 das exportações de armas da Alemanha vão para países fora da OTAN, muitas vezes governados por ditadores em regimes bárbaros, como Argélia, Catar e Arábia Saudita. (Leia mais AQUI)

Resumindo, o que ocorre é o seguinte: para a indústria bélica, não é interessante que as guerras acabem. Assim sendo, estas empresas criam estratégias para que a guerra continue, patrocinando políticas e ideologias, muitas vezes através das mídias e igrejas locais, que gerem mais desavenças e mais ódio, e que evitem movimentos e soluções que visem a paz.

Os Governos destes países ricos, que abrigam as empresas armamentistas, ajudam-nas, ou no mínimo, fazem vista grossa, afinal, quanto mais essas empresas lucrarem, mais impostos o Governo arrecada, mais dinheiro nos cofres do país, ajudando a garantir a boa qualidade de vida.

Enquanto isso, os povos de lá (dos países em guerra), desesperados, fogem e tentam se refugiar em países com a tal “boa qualidade de vida”. Mas estes países, que adquiriram parte desta qualidade de vida com a venda de armas, dizem: nós não podemos lhes abrigar, voltem para a guerra e para seus campos de refugiados.

Que amarga ironia, esta tal de ação e reação, não!?!

por Miguelito Formador