Posts Tagged ‘comodismo’

voto-nulo1Eleições se avizinhando… E, mesmo com a Copa “no meio”, aquele discurso de voto nulo que tanto me incomoda, volta à tona.
Porém, infelizmente, noto esta manifestação pior agora que antes… Seres esclarecidos e instruídos pregam não haver diferença entre políticos e partidos; e assumem a posição de não participar da democracia.

Não serei demagogo em pregar a importância do ato relembrando ditaduras, crimes hediondos e contagens confusas mundo afora. Mas gostaria de lembrar um texto que paira em minha mente desde a infância. É a descrição do analfabeto político de Bertold Brecht.

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
(Brecht foi um pensador e dramaturgo alemão da primeira metade do século passado – wikipedia).

Ou seja, é simples…
Se as pessoas que são capazes (ou se julgam capazes) de operar mudanças não votam, os outros votam e o círculo vicioso se perpetua.
Como escreveu um amigo numa discussão solitária com outros tantos que pregavam a ineficiência do voto no Brasil: “dizer que não há diferença entre as pessoas que elegemos é a forma mais simples de sair pela tangente e deixar que os outros decidam por você”.

Outro ponto a discutir e refletir, o chamado “voto de protesto” em artistas e celebridades…
É triste, mas o sistema brasileiro privilegia o partido que consegue um grande número de votos e transforma o quociente eleitoral recebido pelo partido em inúmeras vagas nas Câmaras e Congresso. Ou seja, um deputado eleito com votação recorde, certamente levará consigo outros que sequer receberam votos dos familiares.

Aconteceu com o Enéas Carneiro (lembram-se dele?); fundador do PRONA, que depois de concorrer a algumas eleições para presidente, lançou-se candidato à Câmara dos Deputados. Votação gigantesca. Com mais de 1,5 milhão de votos, Enéas “carregou” outros sete deputados do PRONA consigo. Que, logo após, mudaram de partido e abnegaram o próprio tutor e as próprias convicções do partido que os elegeu…

Assumo que “caí neste golpe”. Porém não como forma de protesto. Julguei que o Dr. Enéas se cercaria de pessoas com os mesmos ideais e objetivos, e que a mini-bancada seria uma opção barulhenta e incorruptível no mar das falcatruas e conchavos.
Me enganei! Creio inclusive que o próprio Enéas também foi ludibriado pelos que o cercavam; mas havia ali uma boa intenção.

Minha proposta aos leitores instruídos e capazes é simples: votem!
Analisem, critiquem, citem nomes aos amigos; perguntem aos políticos sobre temas que vos interessa, ou simplesmente sobre temas complicados a eles, como fidelização partidária, política de coalizão entre o governo e partidos de maioria no Congresso, gasto inapropriado de verbas públicas ou de gabinete, redução destas verbas.

Uma pergunta que fiz certa vez, foi: “o senhor aceitaria o cargo de deputado caso seguisse com o mesmo salário que recebe hoje?”

Só essa pergunta pode render frutos interessantes…

por Celsão correto

figura retirada daqui, onde há um post bem parecido com esse, de 2012

P.S.: em tempo, recebi um texto de um blog, criticando a posição do cantor Ney Matogrosso sobre o tema. A posição foi tomada numa entrevista à Folha (aqui), participaram também Zélia Duncan e João Bosco. Pra quem quiser ler a crítica do blog, segue.

P.S.2: além de defender o voto, e o voto útil, defendo também, como muitos, uma reforma política de base e o chamado voto distrital, que impediria um candidato da região “x” de ser eleito com votos de outras regiões. Mas não acho que estamos preparados para voto não-obrigatório, por mais que soe bem pregar isso ultimamente.

size_590_2013-12-11T232703Z_1614087320_GM1E9CC0KJV01_RTRMADP_3_UKRAINE-EUGostaria de ressaltar nesse post algumas notícias curiosas e interessantes que li sobre acontecimentos recentes pelo mundo.

O protesto na Ucrânia, onde manifestantes permaneceram por mais de quinze dias acampados na Praça da Independência de Kiev sob temperaturas negativas, deu resultado. Uma representante da União Européia revelou que o país voltou a discutir a assinatura do acordo de livre comércio, contrariando os desejos da Rússia.

Pra quem não acompanhou, o governo ucraniano abandonou conversas avançadas com a Comunidade Européia por pressão de Moscou; o que desagradou a população da ex-República Soviética que prefere atualmente acordos com o “ocidente” a acordos com a Rússia. (leia a matéria aqui e o novo caminho das negociações aqui)

protestotaliandiamonge1apNa Tailândia, protestos violentos ocorrem nas ruas desde Agosto deste ano. O motivo? Uma lei polêmica de anistia aprovada pela premiê, Sra. Yingluck Shinawatra (impronunciável). Mas, e qual o problema nisso? Esta lei representa manobras políticas arquitetadas pelo irmão da premiê, Sr. Thaksin Shinawatra, um bilionário que comandou o país com favorecimentos e compra de votos e hoje vive no exílio, depois que foi derrubado num golpe militar em 2006.

Agora a polícia convocou o líder dos manifestantes para conversar, visando minimizar o conflito; que não arrefeceu mesmo com a antecipação de eleições para Fevereiro próximo. A oposição acusa o irmão da premiê da compra de votos das zonas rurais e preferiria que o rei nomeasse outro governante (aqui a notícia de agosto e aqui+aqui os novos acontecimentos)

Alguns tailandeses acreditam que tais manobras são possíveis apenas porque o país vive uma monarquia, onde o rei, já com 86 anos, é muito querido, mas nada manda…

tn_620_600_cartaz_81213No Paraguai (isso mesmo, até no Paraguai!) em protesto contra a corrupção dos senadores, milhares de donos de estabelecimentos em diversas cidades penduraram placas de repúdio, negando-se a receber os senadores responsáveis em seus negócios, sendo eles, restaurantes, mercados, academias, farmácias, dentre outros.

A maioria dos senadores haviam mantido a imunidade parlamentar do Sr. Victor Bogado, que empregava parentes em cargos públicos e até a babá das filhas (que em Itaipu, recebia um salário de quase quatro mil reais).

As placas penduradas, mesmo sabendo que os políticos muito dificilmente entrariam nesses locais, geraram desconforto e, posteriormente, a revogação da lei e a cassação da imunidade do senador Bogado, que poderá ser julgado por má conduta administrativa e fraude. (caso deseje, as notícias podem ser lidas aqui e aqui)

Minhas conclusões para tudo isso:

1) Somos frouxos. Pois reclamamos demasiado e aceitamos corrupção, nepotismo, manobras políticas, manipulação da mídia, governador que usa helicóptero público para fins privados, drogas transportadas em veículos oficiais, dentre outras barbaridades.

2) É triste sentir inveja de países como a Ucrânia, a Tailândia e o Paraguai.

por Celsão irônico

figuras retiradas daqui dos próprios links apontados.

Mandela

Posted: May 2, 2013 in Comportamento, Sociedade
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Vi num link desses na internet que imagens de Nelson Mandela foram divulgadas após algum tempo e cliquei pra ver. Infelizmente o vídeo não rodou, talvez por estar de um dispositivo móvel.
Lembrei que a primeira vez que ouvi o nome “Mandela” foi numa música da banda Reflexus. Na época em que os Axés eram mais políticos e menos coreográficos. A letra pedia a libertação do líder sul africano e incitava a levantarmos as mãos, num gesto que imitava os “black panthers” americanos.

Com o tempo, me interessei pelo assunto e “trombei” com o excelente livro autobiográfico de Nelson, ou Madiba, seu nome africano.
Muito se pode discorrer sobre o livro, desde o tema racismo em si até falar sobre revoluções e organizações políticas, presentes na história da África do Sul e mostradas no livro.
Mas quero citar um “menos importante” e fazer um paralelo com um assunto que discuti recentemente: o egoísmo ou comodismo do ser humano.

Até onde um homem abandona seus planos e seu Eu em prol de algo maior ou mais amplo? A partir de quando um herói (permitam-me esse exagero) descobre que sua luta ou causa é maior que ele mesmo e mais importante que sua família?
Madiba fez isso contra o Apartheid e, depois de conquistar a liberdade e ser eleito presidente, lutou para unir brancos e negros e recriar uma nação.
Sou fã desse cara.

por Celsão Correto

P.S.: Recomendo fortemente o livro “Longo caminho para a liberdade”, aliás. Parece-me que existem duas versões em filme. Uma do ponto de vista do último “cuidador”, branco e outro raso quanto à história. Não os assisti ainda.