Posts Tagged ‘Copa do Mundo’

Eu gosto de Copa do Mundo de futebol.
Gosto de ver a Bandeira e o verde e amarelo enfeitando ruas, praças, sacadas e bares.
Mesmo que a pintura da rua não seja unânime e que a vizinha não tenha contribuído para os enfeites coloridos.

Gosto do corre-corre, do trânsito pré-jogo, dos encontros furtivos, dos churrascos improvisados.
Mesmo quando perdemos o hino, parte da partida, ou mesmo toda ela, cuidando da carne e dos convidados.

Gosto da imprevisibilidade dos resultados e do arranjo apressado das empresas, que sabem ser improdutiva a manutenção dos funcionários na companhia na hora dos jogos.
Mesmo quando alguns patrões pregam uma falsa amizade e promovem integrações na empresa visando minimizar o impacto da Copa.

Gosto dos preparativos, da escolha da roupa, maquiagem, de adereços como perucas, chapéus e gorros.
Mesmo dos exagerados, que pintam a pele e se esquecem que o suor e o tumulto no ônibus espalham e sujam, acabando com a alegria de muitos, de empolgados a moderados.

Gosto das superstições, dos lugares marcados em cada casa, dos trajes corretos a usar, dos rituais.
Mesmo sabendo que pouco influenciam no resultado de um jogo de futebol (aqui eu deveria dizer “nada influenciam”, mas não consegui 😉 )

Gosto dos que enfeitam carros, sobretudo com a bandeira, mostrando seu patriotismo e sua torcida.
Mesmo que seja um brinde recebido em posto de combustível ou uma insistência do filho mais novo, ainda embevecido de nacionalismo. Mesmo que seja uma bandeira puída e maltratada pelo tempo.

Ah… A nossa Bandeira.
Símbolo máximo de reconhecimento internacional, de “pertencimento”, de orgulho… É ostentada não somente pelos filhos da Pátria, como por estrangeiros, que vêm e viram o algo “a mais” dessa terra varonil.

Gosto do hino. Que mesmo com palavras complexas e versos de pouco sentido cotidiano, causa o arrepio difícil de explicar e segue a multiplicar-se de boca em boca, ano após ano (ou Copa após Copa).
Mesmo quando não cantado, mesmo quando erroneamente entoado… Pouco importa. O recado é claro e retumbante: somos brasileiros e amamos do nosso país!

Gosto de ver os torcedores no Estádio. O choro e a alegria estampados em rostos que não conseguiriam fingir naquele momento.
Mesmo sabendo que representam desigualdades latentes da nossa Nação. Pois os negros, por exemplo, aparecem somente no campo.

Sou daqueles que curte o excesso de nacionalismo e patriotismo desse período.
Sem esquecer dos problemas e mazelas, do dantesco jogo político e da crítica situação social atual… A torcida pelo Brasil na Copa é o oásis de Nação que poderíamos ter o ano todo, e ano após ano.
A seriedade com que discutimos a escalação dos jogadores, as decisões do técnico Tite, do juiz no campo (atualmente dos juízes, uma vez que temos o novíssimo VAR) e até a seriedade com que comentamos os comentários que ouvimos na TV, poderia ser a seriedade de discutir política, citando um único exemplo.

A Copa acabou. Principalmente para nós, que saímos da competição sem o título e adoramos criar heróis e principalmente vilões.
É assim desde 1950, onde atribuímos o fracasso no Maracanã ao goleiro Barbosa.
Na Copa passada, novamente aqui no Brasil, e após a derrota acachapante para a Alemanha, vimos cenas lamentáveis, incluindo a queima da, aqui no texto exaltada, Bandeira Nacional (post nosso, já com quatro anos de “idade”, aqui).

O triste pra mim não é perder a Copa.
O que torna o futebol apaixonante é a “certa” imprevisibilidade do resultado. Fazendo com que o “melhor”, nem sempre vença.
E perder… perder é parte do jogo, da vida!

O triste é falharmos como Nação!
Triste foram os comentários racistas sobre o Mbappé, os vídeos sexistas repetindo palavrões em Português por mulheres russas, perseguições eletrônicas a jogadores…
Enquanto seguirmos apregoando e exaltando essas práticas, seremos apenas uma Nação que desempoeira camisetas amarelas e bandeiras a cada quatro anos.
Não há derrota maior que perdermos a noção de humanidade e a capacidade de acreditar.

por Celsão correto

figura retirada daqui

rede-globo-e-do-demonioPois é, amigo!
A Globo fez de novo… Usou o poder que detém no Brasil para mudar o “rumo da prosa”, ajeitar as coisas e deixá-las num ponto de maior estardalhaço e, seguramente, lucrar com isso.

Fizeram isso na Copa das Confederações; exageraram os atrasos dos estádios ainda em construção, as manifestações, as (falsas) desordens na compra de ingresso. Enalteceram a seleção e a conquista, enalteceram técnico, comissão e jogadores e escolheram um herói!

Veio a Copa e a receita seguiu: exageros e demonstrações de poder, transmissões ao vivo da concentração, Jornal Nacional com Granja Comary ao fundo, entrevistas com jogadores em quase todos os programas da emissora.

Mas… como nem só de flores vive a TV brasileira, talvez em busca de um culpado (post nosso sobre isso aqui), a Globo decidiu “fritar” o Felipão, praticamente pedindo sua cabeça ao vivo. Dizem, inclusive, que o técnico soube pela notícia dada na emissora, sobre sua demissão. Nenhuma ligação prévia, nenhum aviso anterior…

Pois bem, a Globo falou bem do Neymar, garoto de ouro do canal e de quem se espera lucrar bastante (pois seguirá aparecendo na programação em entrevistas exclusivas); mas criticou a forma de trabalhar e a tática da seleção, relacionando a derrota diretamente ao comandante e à sua comissão.
E aí, as entrevistas em que o técnico e comissão se explicavam, mas não diziam que deixavam (ou deixariam) os cargos após o torneio ficaram sem sentido, cômicas até. Certamente foram surpreendidos por uma decisão inesperada da “opinião pública” chamada Rede Globo.

Já não bastasse FIFA com seus escândalos e CBF com seus desmandos… aguentar a Globo se intrometendo no futebol e definindo as diretrizes do esporte no país é demais! Se foi por vingança em relação a 2002, quando o apresentador não teve as “brechas” ou sofreu com a “linha dura” do treinador, difícil saber. O fato é que, sem o apoio da emissora e, num ambiente como a CBF, o pré-requisito é ser político e não bom em futebol.

Aproveito pra lembrar que é um ano de eleição. E que manipulação da mídia não combina com democracia.
Sem contar que a Olimpíada no Rio vem aí… Haja coração! – como diria Galvão.

por Celsão correto.

figura – daqui.

P.S.: 1) pra quem quiser ler o que saiu no blog do Juca, com o tal vídeo-crítica do Galvão Bueno, segue link do Conversa Afiada – aqui
2)
deixo também como sugestão de leitura um conto-entrevista engraçadíssimo sobre a manipulação da Globo na Copa, com o Roberto Marinho – aqui

Dança_AlemãDurante a Copa do Mundo de 2014, a postura dos alemães, dentro e fora do campo, foi admirável. Os jogadores apresentaram, num geral, um jogo limpo, inteligente e eficiente, e por isso, foram merecedores do título conquistado. Fora do jogo, esses mesmos jogadores sempre deram declarações educadas e humildes, foram simpáticos com os fãs, brincaram com crianças, distribuíram sorrisos. Depois do massacre de 7×1 contra o Brasil, alguns jogadores alemães mencionaram que esse episódio foi uma eventualidade e que o Brasil continua sendo a inspiração para eles no futebol.
Também a torcida alemã que esteve no Brasil mostrou muita civilidade. Poucas ou nenhuma reclamação existe contra eles, que souberam se comportar de forma bem respeitosa após as vitórias consecutivas.

Na Alemanha, país onde vivo neste momento de minha vida, também foi bem parecido. Claro que brincadeiras acontecem, é normal e saudável. Mas os alemães têm uma boa noção de espaço e liberdade, e por isso, a maior parte das brincadeiras foram leves, quando houveram. Muitos alemães que me encontraram nos dias que se sucederam ao jogo, nem lembraram de mencionar o episódio. Na maior parte das vezes o que eu ouvi foi: “E aí Miguel, o que aconteceu com o Brasil?”, seguido de um sorriso leve de deboche. Ou seja, brincadeira saudável, muito longe de exceder quaisquer limites.

Também teve uma grande parcela que ao invés de “zoar”, foram solidários. Muitos alemães me contaram que após o terceiro gol começaram a torcer para a Alemanha não fazer mais, pois o Brasil não merecia essa humilhação. Disseram que foi uma grande infelicidade o jogo.
No dia seguinte após a derrota brasileira, ao abrir a porta de casa, deparei-me com um pratinho cheio de chocolates no chão, e com um bilhetinho com os dizeres: “curativo de alegria”. Eram meus vizinhos, que imaginando como eu deveria estar triste, me presentearam com chocolates, que diz-se trazer alegria devido a reações que provoca em nosso organismo.

Bem, dito isso, chegamos ao dia de hoje, 16.07.2014, quando durante as comemorações da seleção alemã em Berlin, 6 jogadores (Mario Götze, Miroslav Klose, Toni Kroos, André Schürrle, Shkodran Mustafi e Roman Weidenfeller) fizeram uma dança bem polêmica. De corpo ereto e cabeça erguida, eles andavam e cantavam em alemão: “assim andam os alemães, os alemães andam assim”. E na sequência, inclinavam o corpo para baixo e baixavam a cabeça cantando “assim andam os gaúchos, os gaúchos andam assim”. O termo gaúcho se refere aos argentinos.

Esse episódio gerou todos os tipos de reações.
Os que são contra chegaram até a falar que os alemães estavam imitando macacos ou homens primitivos ao andarem corcundas, num ato de profundo racismo e nazismo.
Pelo lado dos que são a favor, dizem que foi uma brincadeira saudável e inocente, sem qualquer tipo de conotação pejorativa.
Já eu, penso que a resposta esteja no meio do caminho entre estes dois extremos.

O fato é que essa música/dança é uma brincadeira de crianças na Alemanha, e que acabou sendo “absorvida” pelos esportes, principalmente o futebol, já há bastante tempo. É normal uma torcida alemã tirar sarro com outra torcida alemã durante um jogo usando essa mesma música e dança. Portanto, definitivamente, não é algo nazista, nem racista, nem tem qualquer conexão com macaco.

Porém, devemos lembrar que uma coisa é uma torcida tirar sarro de outra. Outra coisa são jogadores, colegas de profissão, que deveriam se respeitar em todos os sentidos, tirarem sarro de outros jogadores, com brincadeiras que sugerem abatimento ou até mesmo, inferioridade. Ao se tratar então de jogadores da seleção de um país, que além de atletas, são representantes da nação naquele momento, a situação se agrava ainda mais, pois esse atleta passa a ter automaticamente responsabilidades, desvinculadas do esporte, para com a sociedade e a Nação como um todo. Debochar ou fazer agressões a outros jogadores é uma postura anti-ética.

Além disso tudo, a Europa tem dívidas infindáveis históricas com a América Latina, assim como com a África e algumas regiões da Ásia. Portanto, quando alguém que está representando uma nação européia, e neste caso, a maior potência da Europa e palco no passado da Primeira e Segunda Guerra Mundial, deveria se policiar e refletir mais antes de fazer brincadeiras polêmicas em frente a câmeras de TV do mundo inteiro, com risco de ser muito mal interpretado, dando abertura para reforçar velhos estereótipos, como os de: Nazistas, preconceituosos, prepotentes.
Pois não estamos a tratar de futebol somente, mas de esportes, de sociedades, de história, de patriotismo, de antropologia, de oprimidos e opressores, de ricos e pobres, e muito mais.
Perceba que existe uma linha tênue que conecta todos estes temas.

“Não façamos drama, de repente foi só uma brincadeira ingênua!”.
Bom, com relação a agir de forma ingênua, desatenciosa, imatura, sem maldade, sem medir as consequências de seus atos, indico novamente uma leitura já indicada algumas vezes aqui no nosso blog. Clique AQUI.
Penso que o maior mal do mundo esteja justamente aí, na falta de atenção com que agimos em nossa rotina diária.

“Ah, é só piada, humor, vamos levar na esportiva!”.
Até mesmo para o humor há limites. Se o humor agride direta- ou indiretamente grupos de minorias, esse humor está a reforçar as injustiças do mundo, e portanto, deveria ser repudiado. Clique AQUI e veja nosso post sobre isso, com a dica de um excelente documentário.

Resumindo: mesmo que na inocência, ou imaturidade, ou impulso, esses jogadores foram bastante inconsequentes e infelizes com a escolha da comemoração. Não é grave, mas é lamentável, pois a Alemanha poderia ter saído invicta, não somente nos jogos, mas também no “fair play”.

ps: Para ler uma crítica sobre o “drama” feito devido à comemoração alemã, clique AQUI. E para ler uma visão mais crítica quanto à dança, clique AQUI.

por Miguelito Formador

bandeira-600x400É complicado e chato.
Mas temos, sei lá o porquê, que encontrar culpados sempre que falhamos. E com o futebol e as Copas do Mundo isso é ainda mais importante que os jogos em si.
Talvez pela paixão pelo esporte, por possuirmos cinco títulos, por cada brasileiro ter sua própria convocação e escalação… A verdade é que, nas derrotas, ao menos um personagem acaba punido com a “desonra” da culpa.
Nesse campeonato seria o técnico ou o ataque do Brasil se não passássemos da primeira fase, os batedores de pênaltis se houvéssemos parado no Chile, o colombiano que machucou o Neymar ou o juiz, no jogo seguinte. Mas a derrota foi tão esmagadora que a culpa caiu sob os jogadores, técnico, auxiliares, FIFA e até sob a presidente Dilma!

Meu ponto é um só. É um jogo e só um jogo!
Fascinante, no meu ponto de vista, por permitir que nem sempre o melhor vença. Não raras são as partidas que terminam com “zebras”, mas ainda sim um jogo; com um vencedor e um perdedor.
Sob essa ótica foram ridículas as cenas vistas e disseminadas na noite da derrota: quebra-quebra em locais de exibição, arrastões, violência e bárbaros crimes contra a Nação, como a queima de bandeiras.

– Como é possível cantar o hino à capela em todos os jogos, abraçar pessoas desconhecidas, festejar as vitórias, enaltecer o nacionalismo e os símbolos no início de tarde e depredá-los na mesma noite?

– Como é possível desprezar a mesma bandeira que ocupou varandas, carros e serviu como veste por mais de um mês?

– E… Por que não imbuir esse espírito nacionalista o ano todo, o tempo todo? Ainda mais num ano eleitoral?

Uma correlação entre Alemanha e Brasil

Um amigo me pediu pra escrever aqui um paralelo entre as sociedades dos times envolvidos depois da vitória acachapante da Alemanha sobre o Brasil. Acho que isso complementa o assunto já exposto acima…

Pensando em sociedade, o que mais me veio a mente foi a “vergonha” dos alemães. Percebido não somente após o jogo, no depoimento dos jogadores, mas também em relatos na internet, em jornais, mídia televisiva e pessoas que tiveram contato com alemães durante ou no pós-jogo… Todos “pedindo desculpas” por terem ganho do Brasil de modo tão efetivo, por terem feito tantos gols, por terem jogado futebol! E aquela “tiração de sarro”, tão comum após um resultado como esse não aconteceu como poderia, não veio… As pessoas que vieram ao Brasil ficaram, em muitos aspectos, sem graça de comemorar, assustadas com o ocorrido, e não quiseram “estragar a nossa festa”. Só nos jornais argentinos, portugueses, espanhóis e brasileiros trataram do tema de modo mais direto e até cruel, posso dizer, que os jornais alemães. Lá, ao invés de se vangloriarem e tripudiarem sobre os pentacampeões e “reis” do futebol, publicaram palavras como “milagre” e enalteceram o objetivo alcançado de participar da final do torneio.
Se esta vitória tivesse ocorrido “do lado daqui”, a reação certamente seria outra. Do próprio povo. E não falo da alegria de ir a uma final numa Copa em casa, mas sim de menosprezar, ridicularizar os adversários vencidos.

Outra diferença, julgando por conta própria, ocorreria no pós-Copa, com a comissão técnica e confederação de futebol.
Enquanto a nossa comissão dá entrevistas se defendendo e elogiando os dirigentes-dinossauros da confederação, a deles certamente “se fecharia” para avaliar seriamente o ocorrido e propor próximos passos, visando retornar à elite do esporte. Foi o que eles fizeram após perder a semi-final em casa na Copa de 2006 e, independente do resultado de domingo, deu resultado.
O técnico Joachim Löw é apenas o décimo técnico da seleção alemã em cem anos de história! Triste se pensarmos quantos técnicos já vimos passar pela nossa…

Enfim… compartilhando uma analogia feita por outro amigo, que vive hoje na Alemanha, a derrota imposta pela seleção alemã foi como ver um tombo de outrem na rua. Você ri se não foi grave e ajuda a pessoa a levantar; se for algo grave, você (normalmente) se choca e corre para ajudar a pessoa. Como nosso tombo foi feio demais, nenhum alemão riu; mas se fosse um tombo deles, nós riríamos e postaríamos as fotos nas redes sociais.

Não quero dizer que a Alemanha é melhor que o Brasil. Em muitos aspectos é, sem dúvida, mais evoluída e séria, não há como negar. O que busquei nesse post foi (talvez) opinar sobre nossos “complexos”, de tentar culpar alguém e de tirar vantagem de tudo, desrespeitando muitas vezes o outro lado.
O meu lado utópico e romântico ainda espera ver a profissionalização do futebol e uma maior “nacionalidade” por parte dos brasileiros.

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

Reproduzo abaixo o excelente texto de meu amigo Philippe Araújo. Ele trata da isenção fiscal (impostos) para a FIFA durante a realização das Copas do Mundo (tanto no Brasil como em outros países). Com uma abordagem bem argumentada, objetiva, com lógica racional, e com adicional de bons links contendo informações de fundamental importância, essa leitura vem para complementar o meu texto anterior (clique AQUI) sobre verdades e mentiras sobre a Copa do mundo e sobre a revolta de algumas pessoas contra a mesma.

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fifa-corruptionRecentemente tenho visto muita gente criticando as leis tributárias criadas para o período da copa isentando a FIFA de pagar impostos no Brasil. Acho bonito tanta gente se preocupar com as arrecadações de um megaevento, ainda mais num país com uma taxa de sonegação como a nossa. É um costume que deveria dissipar-se por toda a população.

O que acho feio é reproduzir mentiras e usar argumentos vazios. Muito dos argumentos que leio/escuto são do tipo “o Brasil foi a única sede a dar isenção total de impostos” ou “nunca a FIFA lucrou tanto com uma copa do mundo”. Esses dois exemplos são perfeitos para demonstrar como o brasileiro comum* reproduz mentiras e/ou usa argumentos vazios. Vamos lá:

O Brasil não foi o primeiro, nem o segundo nem será o ultimo a dar isenção de impostos à FIFA, simplesmente porque isso é uma EXIGÊNCIA da entidade máxima do futebol. E não é pouco o que eles pedem: todas as subsidiárias da FIFA, toda empresa contratada, todo material comprado, todo serviço prestado referente à organização do evento será livre de taxas. E assim foi na Alemanha em 2006, África do Sul em 2010, agora no Brasil e assim será nas já confirmadas sedes de 2018 e 2022, Rússia e Catar, respectivamente.

Isso não é uma característica isolada dos eventos da FIFA. A organização das olimpíadas também envolve isenções fiscais e inclusive gerou, em 2012 nas olimpíadas de Londres, uma manifestação da população exigindo que os patrocinadores do evento pagassem os impostos. Assim, sem quebrar nada, os ingleses conseguiram garantir uma parte de sua arrecadação tributária.

Quanto aos lucros da FIFA, eu não sei se foram recorde (e duvido que Blatter nos conte. Não é à toa que a conta bancária dele é suíça), mas se foram recorde, isso só mostra a força da economia brasileira e o quão bom é fazer negócios em nossa terra. Eu não estou nem aí para os lucros da FIFA, que se diz uma organização sem fins lucrativos (risos). Eu me importo com o retorno financeiro da copa para o país, que injetará 142 bilhões de reais na economia, criará mais de 3 milhões de empregos e acrescentar 63 bilhões de reais à renda da população.

É impossível dizer que sediar a copa do mundo é um mal negócio. É, aliás, uma tremenda desonestidade intelectual. Fora ruim, Bélgica e Holanda não estariam também oferecendo 5 anos de isenções à FIFA para sediar uma copa do mundo. A FIFA sabe o quanto de retorno financeiro o seu evento traz consigo e se utiliza disso para maximizar os seus próprios lucros, através de algo do tipo “não vai me isentar? Ok, próximo da fila!” e sempre haverá um próximo na fila.

É mais ou menos por isso que eu acredito que a realização da copa do mundo é a prostituição mais bem-paga do mundo.

Mais sobre…

… as isenções fiscais concedidas pelo governo brasileiro: http://www.jogoslimpos.org.br/destaques/governo-federal-regulamenta-isencao-para-empresas-ligadas-copa-mundo/

… as isenções dos países-sede anteriores (em inglês): http://www.bbc.co.uk/news/10091277

…os protestos na Inglaterra: http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/07/16/ingleses-protestam-contra-isencao-de-impostos-para-patrocinadores-e-militarizacao-em-londres/

…e o resultado dos protestos londrinos:
http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2012/07/19/sob-pressao-multinacionais-desistem-de-isencao-de-impostos-em-londres/

…o retorno econômico da copa: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT149593-16357,00.html

…e mais aqui: http://www.ecofinancas.com/noticias/estudos-fgv-ernst-young-diz-copa-2014-vai-gerar-r-142-bi-adicionais-para-brasil

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Ainda como adicional, sugiro a seguinte leitura/vídeo sobre a corporação FIFA. (Clique AQUI)
Abaixo um trecho da mesma:
Blatter: “Somos uma organização sem fins lucrativos”
Jornalista: “Mas com mil milhões de dólares no banco”
Blatter: “Isso é o nosso fundo de maneio”
“Quando tens um fundo de maneio tão grande, é melhor ver se o Tio Patinhas não anda a nadar lá no meio. Já não és uma organização sem fins lucrativos!”, comenta Oliver.

por Miguelito Formador

figura daqui

skyshoe1Estava eu, buscando num desses portais na internet alguma notícia “nova” da Copa e me deparo com a notícia: “Em clima de Copa, pianista toca nua os hinos de Brasil, EUA e França”.
Pra quem não a conhece, a “pianista nua” ou “Suzy pianista” surgiu no ano passado, postando inicialmente vídeos de música clássica tocados sem mostrar o rosto e de lingerie na internet. Houve sucesso e ela “ousou” mais, passando a tocar só de calcinha e nua em algumas ocasiões.

Deu entrevistas, foi tema de documentário na emissora alemã Ruptly TV, participou de programas no Brasil, como o programa Silvio Santos e o Pânico, tocando nua no quadro do “Poderoso Castiga”…

Os argumentos que usava, como: “Protesto em nome das musicistas que sofrem num ambiente puramente masculino” e “Tiro a roupa por uma causa”, se comparando ao grupo Femen, ou mesmo, “Diferente de simplesmente mostrar meu corpo e agregar a isso coisas vulgares, estou mostrando música clássica”, não surtiram muito o efeito desejado e ela própria sucumbiu à música popular.
(no programa Silvio Santos tocou um dos temas do apresentador e no Pânico tocou Gustavo Lima)

E digo mais, num universo masculino e machista e, num país ainda mais machista, o intento deve ter gerado muito mais “dor de cabeça” que “chamadas para audições” como ela desejava. Ela própria, analisando seus progressos, poucos meses após aparecer na mídia, disse que havia interrompido as aulas de piano que dava, principalmente para homens e adolescentes, dado os pedidos para ensinar de lingerie; além disso, recebeu ligações e propostas não-relacionadas com a música…

Bem… E o que pretendo eu com esse título e essa introdução?
Perguntar a essa moça: “Precisa disso?”
Não bastava ter sentido na pele o machismo e a discriminação ao tocar nua, precisava querer aparecer na Copa e rivalizar com as chamadas “musas”? Precisava ter mais uma bunda brasileira à mostra para gringo ver?

Post_Copa_Machismo_01No mesmo tom, outras “candidatas a musa”, também aproveitam o momento e mostram o corpo em qualquer oportunidade que surge. Minha vontade é pegar as moças da foto ao lado (uma delas é a tal da Andressa Urach) e “ensinar bons modos”, como nossas avós fariam. Na base da vara de marmelo, se fosse preciso!

A Copa está acontecendo sem maiores problemas, torcedores estrangeiros vieram e estão elogiando a organização e a hospitalidade (coisa que muito brasileiro duvidava que ocorreria). Estamos fazendo a nossa parte. Mas… não deveríamos perder essa excelente chance de mudar a imagem de turismo sexual e de “república da bunda”? É uma pena que, mais uma vez o machismo seja estimulado pelas mulheres…

Enfim… pode ser que me julguem machista ao tolher uma mulher da oportunidade de mostrar seu corpo.
Pode também ser visto como machismo a frase escrita acima: “ensinar bons modos”, ensinuando uma agressão.
Assumo que não “curto” quando a pianista Rita Tibes (nome verdadeiro de Suzy) expõe o Brasil nua; preferia que fosse vestida. Mas assumo também não saber o quê ela precisava fazer pra aparecer de outra forma…

Minha revolta está no fato dela (e das outras) serem brasileiras e, mesmo não representando todas as outras, passarem a imagem que a muito custo, alguns tentam mudar. Me revolta também o fato dessas coisas acontecerem nesse período, propiciando comentários maldosos e, infelizmente, com base em fatos.

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e montagem feita daqui.
P.S.: pra quem quer ler uma notícia da Suzy pianista (com alguns vídeos na matéria), clique aqui

VaiTerCopaSimEm tempo: Enquanto eu escrevia esse post, já estando bem no final, saiu o pronunciamento da presidente Dilma sobre a Copa. Este pronunciamento converge com muito do que eu escrevi aqui, e veio até em boa hora para embasar ainda mais alguns de meus dados e argumentos. Clique AQUI para assisti-lo na íntegra.

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Amanhã, dia 12.06.2014, uma quinta-feira, começa a Copa do Mundo de futebol. O maior evento esportivo do mundo, já há décadas. Futebol  está entre as maiores paixões de várias sociedades espalhadas pelo planeta, mas em nenhum lugar ele é tão idolatrado como no Brasil.

Em 2007 o povo brasileiro torceu para que o Brasil  ganhasse como sede deste torneio, e vibrou ao ver esse sonho se tornar realidade quando fomos escolhidos. Lembro-me que a euforia era geral. Mas, o tempo passou, chegou 2013, onde uma onda de manifestações espalhou-se pelo Brasil. Tudo começou com os 20 centavos, que era um movimento extremamente legítimo, embasado e com um propósito bem claro. Aos poucos foi se abrindo o leque, e de repente, protestava-se contra tudo. Protestos legítimos se misturavam com protestos oportunistas. A mídia, que inicialmente criticou duramente os primeiros protestos que ainda lutavam por melhoria nos transportes públicos, passou a apoiar muitos dos novos protestos, “coincidentemente”, aqueles com predominância de críticas ao Governo Federal, muitas vezes direcionados à Presidente da República.

Até mesmo o MPL (Movimento Passe Livre) que havia iniciado os protestos dos 20 centavos, declarou estar se retirando oficialmente das manifestações, pois essas haviam tomado rumos contrários às causas pelas quais eles lutavam. As manifestações haviam sido “sequestrados” por grupos oportunistas, defendendo causas conservadoras e com intuito principal de desestabilizar o Governo. Clique AQUI ou AQUI para ler sobre a nota do MPL na ocasião.

No embalo do caos das manifestações, entre os grupos conservadores e/ou oportunistas, começaram a surgir as pautas criticando a Copa do Mundo, os atrasos das obras, os preços elevados das mesmas, e coisas do tipo. E eis que de repente surge o slogan: “Não vai ter Copa”. Pronto, aí começou um movimento que nunca mais parou. Um movimento conservador, sem muita lógica inicialmente, e que foi tomando corpo, criando novas argumentações e conquistando adeptos, principalmente entre os conservadores e entre a Classe Média, mas também entre alguns progressistas e entre as camadas mais pobres.

Acho que posso parar minha introdução histórica, pois penso que daqui para frente todos saibam o desfecho deste movimento, pois ele está aí até hoje a todos vapor. Posso, portanto, começar a fazer meus simples questionamentos e análises objetivas sobre o assunto.

Bom, até 2013 ninguém protestava ou reclamava contra a Copa. A Copa não era um assunto que incomodava o brasileiro, que gerava revolta, indignação, como é o caso da educação, saúde, corrupção, transporte público, etc. Estes problemas já estão no “pacote” de reclamação dos brasileiros há décadas, para não dizer séculos, e com total razão. Mas a Copa, nunca foi. Todos continuavam felizes e vibrantes esperando a Copa nos trazer alegria. Como que, de repente, a Copa vira uma das principais causas de revolta? O brasileiro do nada acordou para este tema? O povo percebeu repentinamente que a Copa era um mal negócio e estava levando a nação para o buraco?

Bom…. eu não sou tao inocente assim. Para mim está claro que a pauta “Não vai ter Copa” foi uma questão de oportunismo, e como sempre, o povo brasileiro foi, num geral, manipulado. Pelo Governo? Lógico que não, pois protestos contra a Copa é algo ruim para o Governo/Executivo/PT. Manipulado por quem então? Ora bolas, por aqueles que sempre nos manipularam durante 500 anos, a elite conservadora, os partidos de direita e simpatizantes, e os porta-vozes destes dois grupos, a Grande Mídia.

Alguns dirão: Ora, mas para a mídia é ruim se a Copa for um fiasco, afinal, a mídia lucrará bastante neste período. Hei de concordar com essa lógica. Porém, aqui não se trata de uma equação com uma única variável, mas sim com uma complexidade de variáveis.
Precisamos primeiro lembrar que para uma boa parcela da elite, e para quase toda a classe média (estou a  falar da classe média tradicional, em seu sentido amplo sociológico, o que vai muito além de poder aquisitivo), o PT representa um mau governo.
Para uma pequena parcela da elite (principalmente o sistema financeiro e o agronegócio), para uma ainda menor parcela da classe média, e para a maioria dos pobres e da “nova classe média” o PT representa um governo histórico, além de Jango, o único governo realmente com bandeiras sociais e de esquerda que tivemos na história.
Tá certo que, enquanto Governo, o PT é muito mais centro-esquerda que esquerda, mas já é um grande avanço se comparado aos 500 anos de direita elitista em nossa história.

Assim, voltemos à elite, mídia e Copa do Mundo. Num geral, para a elite e para a classe média tradicional, o PT tem que sair urgentemente do poder. A Grande Mídia brasileira está  concentrada na mão de 6 famílias. Essas 6 famílias possuem quase 80% do escopo midiático do Brasil. Dessas 6 famílias, 2 delas estão entre as 15 famílias mais ricas do Brasil. A família Marinho lidera o topo das famílias mais ricas do Brasil, segundo o ranking da Forbes. Clique AQUI
A mídia vive de patrocínio. No caso da Grande Mídia, eles são patrocinados, principalmente por grandes empresas, ou seja, a elite. Desta forma, aquela possuirá obrigatoriamente editoriais que não prejudiquem os interesses desta elite patrocinadora. Isso é  bem óbvio. Imaginem se um jornal X vai escrever algo bombástico que prejudique a imagem de seu principal patrocinador, correndo o risco do patrocinador retirar a publicidade.

Não é teoria da conspiração, é algo 100% lógico e assumido por qualquer especialista que estuda o mercado da mídia. A mídia tenderá a proteger quem lhes garante a sobrevivência, os patrocinadores. A elite empresarial representa no mínimo 80% de todo o patrocínio da Grande Mídia. Esta mesma elite está, num geral, contra o Governo, por este ser de centro-esquerda, e eles (a elite) gostarem de centro-direita ou direita. Assim, a Mídia, para ser coerente com quem lhes banca, bate no PT mais do que fazia com outros governos. E as provas sobre isso temos aos montes.

Com relação à Copa, a Grande Mídia parece ter adotado uma estratégia interessante. Apoiar as manifestações contra a mesma, elaborar editoriais negativos, mostrar pessimismo, e estimular a ideia de que o brasileiro não quer mais o evento. No caso, eles estão fazendo sangrar. Sangram a Copa, sangram o Governo, sangram a presidente Dilma, sangram o PT. Mas não matam….. pois matar seria péssimo! A Copa tem que ocorrer, e bem. Mas antes disso ocorrer, eles fazem sangrar para enfraquecer o Governo, gerar o caos, o ódio na sociedade. Mas na hora H, vão mudar um pouco o rumo do editorial, fazê-lo mais positivo quanto à Copa, fazer fortunas em cima do evento.
Ou seja, o resultado final para eles é: muito lucro na Copa, e um Governo enfraquecido. Mesmo que eles corram o risco da Copa não correr tao bem assim…. mas ela irá ocorrer, e eles terão mesmo assim muito lucro. Mas o Governo sairia extramente enfraquecido. Portanto, eles sacrificariam seus cavalos, para conquistar a rainha.

Agora que você já sabe da postura da mídia, e já se perguntou quando e porque os protestos contra a Copa surgiram, talvez esteja percebendo que seu ódio contra a Copa e contra o Governo, pode sim ter algum embasamento, mas ele é também resultado de um senso comum, de um objeto de manipulação de massas, feitos por muitos daqueles que oprimem as sociedades. Se você já está fazendo essas reflexões, ótimo, pois vou continuar.

Vou atacar agora as críticas mais ouvidas com relação à Copa, pontualmente:

  1. O Brasil não precisa de Copa, mas de educação e saúde
    O que uma coisa tem a ver com outra? Os investimentos com saúde e educação não foram alterados devido à Copa. O dinheiro da Copa saiu uma parte de capital privado, e a parte de investimento público saiu principalmente da verba destinada a infraestrutura e de empréstimos do BNDES. Investimentos com infraestrutura existiriam, com Copa ou sem Copa. O que o evento fez foi canalizar uma parte destes recursos de infraestrutura e acelerar vários projetos que já estavam em andamento, e criar outros novos, o que é muito bom, no ponto de vista urbano.
  2. Muitas obras não ficarão prontas, e muitas outras com atraso
    Verdade. Mas, só porque ficarão prontas  com atraso, significa que não são mais válidas? Quer dizer que, se for para fazer algo com atraso, é melhor sequer fazer? Não entendo essa lógica…. Ex.: Imaginem que queremos investir 500 milhões em educação até 2016. Agora, se só formos atingir os 500 milhões em 2017, então nem precisa investir, melhor não investir nada em educação! É por aí?
    A maioria das obras ficarão prontas. Algumas sem atraso, algumas com atraso, mais a maioria será feita. E se ficará pronta em 2014 ou 2015 ou 2016, o resultado será sempre o mesmo: obras prontas para melhoria na mobilidade pública. Esse é o raciocínio final que deve ser feito. Vejam AQUI o vídeo com o comentário do jornalista Bob Fernandes
  3. Os gastos da Copa são muito elevados
    Bom, os gastos públicos com o evento estão estimados em R$ 26 bilhões. Destes, somente 8 bilhões são para estádios. Os outros R$19 são para infraestrutura, turismo, segurança pública, entre outros, ou seja, excelente. Já os 8 bi gastos com estádios, bem, não dá para fazer Copa sem estádio, convenhamos. No mais, a maioria das reformas e construções foram exigência da FIFA. E além disso, sabemos que ao menos 10, destes 12 estádios, serão sim muito bem utilizados após a Copa. Afinal, futebol além de um amor, é grande negócio no Brasil.
    O PIB do Brasil é de R$ 5 trilhões de reais. Portanto, 8 bilhões de reais representam aproximadamente 0,16% do PIB de 1 ano no Brasil. Mas estes R$ 8 bi foram investidos no decorrer de 4 anos. Portanto, podemos dizer que, no período, o Brasil gastou algo em torno de 0,04% do seu PIB em estádios. Só de 2010 a 2013 o Governo investiu R$1,7 trilhões em saúde e educação, ou seja, 212 vezes o valor dos estádios, ou mais de 65 vezes mais que a soma de todos investimentos diretos com a Copa. Mais sobre essas comparações de valores AQUI e AQUI (e no pronunciamento da Presidente, que possui os valores ainda mais confiáveis)
  4. Precisávamos de 12 sedes?
    Concordo que não. E a FIFA sugeriu 8 sedes. Porém, 18 estados brasileiros pediram para sediar a Copa. Com muita negociação e diplomacia com governadores e prefeitos, o Governo Federal teve que ceder a 12 destes estados.
    Portanto, se você acha um absurdo 12 sedes, ou se acha absurdo alguns estádios em cidades que nem têm tradição de futebol, pois reclame com os governadores, parlamentares, prefeitos, vereadores daquelas cidades. Concentrar as reclamações no Governo Federal, é errado, pois foge do cerne do problema.
  5. A FIFA manda e desmanda nas regiões dos estádios e cidades sede
    Sim, e isso é um absurdo. Mas essa é a FIFA, uma grande corporação e cheia de poder de fogo. Tampouco é culpa do Governo ou da presidente o fato de a FIFA ser assim. Eles foram assim na África do Sul, na Alemanha, nos EUA, no Japão e Coreia do Sul, e em todos os lugares. Se quer reclamar da FIFA, então deixe claro no seu cartaz e na sua fala, que você está protestando contra a empresa FIFA. Não misture as coisas, aproveitando para atacar o Governo hipocritamente por coisas que eles mal podem interferir. Inclusive, indico este vídeo (AQUI), num programa de TV inglês, que mostra de uma forma divertida, a triste realidade de como funciona a FIFA e algumas de suas atrocidades mundo a fora.
  6. Temos os estádios mais caros da história
    Balela. Nas últimas copas do mundo, tivemos 2 estádios mais caros que o nosso estádio mais caro, que é o Mané Garrincha. Obviamente, para avaliar o valor do custo de um estádio, temos que considerar o custo financeiro X tamanho/capacidade do mesmo, pois não dá para se comparar um estádio de capacidade para 10 mil torcedores, com um de capacidade para 80 mil.
    Portanto, ao analisarmos custo do estádio/número de assentos, vemos que não há nada de anormal nos custos de nossos estádios, em comparação com os custos de estádios em Copas em outros países. Cliquem AQUI e vejam a lista dos 25 estádios mais caros da história das Copas. 
  7. A Copa está trazendo prejuízo, devido à ineficiência das obras e da corrupção
    Uma afirmativa abismal! Segundos estudos da FGV e da Ernst & Young, além dos investimentos de R$ 19 bi em infraestrutura, que retornam diretamente para a sociedade como qualidade de vida, a Copa e seu legado futuro ocasionarão um giro de aproximadamente R$ 112 bilhões para nossa economia. Ou seja, mesmo com ineficiência e desvios de corrupção, o retorno de investimento é de 5 vezes o valor do capital investido. Não há como discutir que a Copa é um investimento excelente para a economia. Leia mais clicando AQUI e AQUI
  8. Não sou contra a Copa do Mundo, sou contra a Copa no Brasil
    Esse é o campeão dos argumentos sem sentido e hipócritas. É tão insano que parece até um diálogo com Homer Simpson. Todos os protestos sempre foram a Copa no Brasil, e não contra a Copa em si, isso é óbvio! É tipo falar assim: Eu não torço para que a Dilma, ou Aécio, ou Eduardo Campos não se elejam presidente, eu torço para que eles não se elejam presidente no Brasil…..   Oi?
    Óbvio que estamos discutindo sobre a Copa no Brasil, usar esse argumento é mostrar que você ou é muito desonesto ou você tá mais perdido que goiaba na bananeira.
  9. Muitas comunidades estão sendo removidas sem o devido ressarcimento dos danos
    Aqui concordo em gênero, número e grau. É um absurdo o tratamento que está sendo dado a algumas comunidades indígenas e a comunidades carentes nas redondezas dos estádios. Para estas causas específicas, onde também se incluem os protestos dos Sem Teto, eu sou a favor de protestos sim, contra FIFA, contra a presidente, contra o Congresso, contra o Judiciário, contra governadores, contra prefeitos. Os protestos são válidos e legítimos.
    Mas aqui também há exageros e sensacionalismo por parte da mídia e de outros oportunistas. Dizem por aí que 150 mil famílias foram desalojadas. Segundo dados do Governo, o número oficial é de 6.652 famílias. Outra informação distorcida seria que as famílias estariam sendo deslocadas para construção de estádios. Segundo o Governo, essas famílias foram removidas para a realização de obras de mobilidade urbana, como por exemplo, transporte público coletivo. E todas elas receberam moradias do programa Minha Casa, Minha vida. Clique AQUI para ler a nota de 10 verdades sobre a Copa emitida pelo PT.
    Agora, novamente repito, concentrar críticas infundadas quanto aos desalojamentos na presidente, é novamente um erro.

Se é para protestarmos, por que não aproveitamos a Copa para protestarmos contra a riqueza das 15 famílias mais ricas do Brasil, que juntas acumulam uma fortuna de R$ 270 bilhões de reais, 10 vezes mais que os gastos com a Copa. Somente a família Marinho possui R$ 64 bi, mais que o dobro dos gastos com a Copa, e quase 3 vezes do que é gasto anualmente com o Bolsa Família. Protestemos pela implementação do Imposto sobre Grandes Fortunas, portanto!
Ou então, por que não protestamos contra a sonegação de impostos feita pela sociedade civil brasileira. Só em 2013 já foram sonegados 222 bilhões em impostos. Daria para fazermos 10 Copas com o dinheiro que o povo deixa de pagar ao Governo, o que é de direito deste, por lei, para poder investir na melhoria do país. Se quiser acompanhar diariamente quanto o povo brasileiro sonega de impostos, acesse o Sonegômetro.

E sabe o que dói? Além dos protestos descabeçados contra a Copa, é ver essa mesma galera protestando contra o Bolsa Família, como se fosse uma dinheirama, e pior, mal aplicada. Enquanto os ricos brasileiros deitam e rolam em fortunas muito maiores que o valor total gasto com o Bolsa Família, e o brasileiro sonega até 20 vezes mais que o valor gasto no Programa.

No mais, deveríamos estar celebrando a oportunidade de sediarmos a Copa, que celebra o futebol, nossa paixão. Se há críticas a serem feitas no processo, que sejam feitas, mas da forma devida e com consciência, sabendo cobrar dos responsáveis.
A Copa já está e continuará girando nossa economia, aquecendo nosso comércio, elevando nosso PIB. Mais dinheiro para os cofres públicos, mais dinheiro para ser investido em infraestrutura, saúde, educação, segurança, e todo o resto. Além disso, a Copa é uma grande oportunidade para quebrarmos certos estereótipos que os estrangeiros têm quando ao Brasil, como sendo um país de florestas, praias onde as mulheres andam nuas, mulheres bundudas, carnaval, samba, criminalidade e futebol. Podemos mostrar que alguns destes estereótipos são falsos, e que também temos muito mais que isso.

É uma oportunidade de exibirmos nossas belezas para o mundo, o que despertará ainda mais o interesse pelo turismo no Brasil, além de alavancar negócios e investimentos estrangeiros no nosso território.

Boicotar a Copa, destruir a mesma através de caos, não fará com que nossos problemas sejam reparados. Pelo contrário, só aumentarão os mesmos. Frustrará os turistas, e espantará o interesse estrangeiro. Perderemos investimentos, o que pode dar uma porrada na economia, que pode parar de crescer, ou desacelerar, gerando regressos sociais, desemprego, redução de direitos trabalhistas e muito mais.
Os estrangeiros tampouco irão nos ajudar por verem que estamos protestando contra nosso Governo. Eles não se importam com nossos problemas. Não adianta achar que a Copa é uma oportunidade de mostrar para o mundo nossas mazelas, afinal, você acha que eles farão o que? Nos ajudar, enviando uma tropa do exército vermelho? Gerar o caos com o Brasil cheio de turistas, é como ter discussão familiar com a casa cheia de visitas. Você e sua família passam vergonha, perdem a confiança da visita, e por fim, não resolveram o problema que estava sendo discutido. Inteligente, né? Não, não é! É de uma imbecilidade sem fim!

Quebrar a Copa, antes de mais nada, não é ser contra o Governo, nem é lutar contra os problemas, ser contra a Copa é ser contra o Brasil !

* Leia também um ARTIGO bem interessante que mostra que outros países que sediaram a Copa também tinham motivos de sobra para protestarem, mas não o fizeram. E mostra também que nós brasileiros achamos que somos os únicos que temos problemas, no nosso velho complexo de vira-latas, e quando resolvemos protestar, protestamos de forma errada, protegendo os opressores e atacando os oprimidos.

** AQUI algumas suspeitas de suborno e negociações ilícitas da Rede Globo com a FIFA pelos direitos de transmissão da Copa.

*** E AQUI a entrevista do empresário Abílio Diniz, presidente BRF, maior empresa de alimentos do Brasil, fala do pessimismo empresarial para com o país, da oposição e ataques à Dilma, e sua opinião sobre o legado da Copa.

por Miguelito Formador

figura daqui

placa-seja-bem-vindo-copa-do-mundo-fulecoCopa do Mundo de futebol no Brasil batendo à porta. Em menos de uma semana se inicia o evento mais importante para os amantes deste esporte.

Mas isso não me deixa tranquilo…
E nem digo pelos estádios super-faturados; Tampouco pelas declarações recentes de Ronaldo Fenômeno sobre “decepção” ou sua suposta filiação e apoio ao candidato da oposição;
Sequer são as prováveis manifestações, futuras e passadas, que me incomodam.

A opinião que quero compartilhar aqui suplica para que olhemos também na direção de outros “campos”… Um resquício de inveja que tenho de países como Argentina, Chile, México e Colômbia pela presença de Prêmios Nobel nestes lugares; inveja que voltou a tona após a perda do colombiano Gabriel García Marquez.

Recebi há algum tempo um PPT atribuído ao senador Cristovam Buarque. E, embora não tenha encontrado no site do senador qualquer nota sobre a autoria do texto, compartilho o mesmo, pela valiosa reflexão

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Craques Brasileiros

Em cada dez dos melhores jogadores de futebol do mundo, pelo menos cinco são brasileiros. Entre todos os prêmios Nobel do mundo, nenhum é brasileiro.

Entre os grandes jogadores brasileiros, quase todos têm origem pobre, enquanto quase todos os profissionais de nível superior vêm das camadas ricas e médias.

Nestes tempos de Copa do Mundo, a TV e o rádio mostram, todos os dias, pequenas biografias dos nossos grandes jogadores. Em comum, todos têm o fato de terem começado a jogar futebol aos quatro anos de idade, em algum campo de pelada perto de casa, às vezes no quintal de um amigo. Todos continuaram, com persistência, o desenvolvimento de seus talentos. Transformaram-se em grandes craques, graças à oportunidade, ao talento e à persistência.

No Brasil de hoje, 20 milhões de meninos jogam futebol. Se apenas um em cada dez mil tiver talento e persistência, nas próximas Copas teremos dois mil ótimos jogadores; se for um em cada um milhão, ainda assim teremos dois times completos, formados por grandes craques.

O mesmo não vai acontecer com a ciência, a tecnologia e a literatura no Brasil. Não teremos 20 prêmios Nobel, nem mesmo juntando, a esses meninos, os outros 20 milhões de meninas. Porque poucos entrarão na escola aos quatro anos. Não terão acesso a verdadeiras escolas, não poderão persistir no desenvolvimento de talento, não terão livros ou computadores, como têm bolas.

O Brasil tem grandes craques graças ao gosto pelo futebol, ao tamanho da nossa população e ao fato de que todos têm acesso à bola e ao campo de pelada. Nosso país não tem, até hoje, nenhum Prêmio Nobel de Literatura ou Física, porque poucos têm acesso a ensino de qualidade desde a primeira infância, com professores bem remunerados, preparados e dedicados, dispondo de livros e computadores na quantidade e qualidade necessárias.

Os campos e as bolas surgem espontaneamente, ou pelo esforço da comunidade e dos próprios meninos. A escola e os computadores só estarão à disposição se houver um esforço deliberado do país inteiro.

Ninguém vira craque por sorte, e sim por talento e persistência. Mas, no Brasil, o desenvolvimento intelectual depende, antes de tudo, da sorte de nascer em uma família rica, em uma cidade próspera, com um prefeito que dê prioridade à educação. O talento e a persistência vêm depois porque, antes, precisam de oportunidade: uma escola de qualidade. O desenvolvimento intelectual depende de condições criadas pelo Estado nacional: escolas, livros, computadores, professores.

Se tivéssemos feito isso há cinquenta anos, o Brasil seria o campeão do saber, e não o lanterninha, posição que ocupamos atualmente. Se o fizermos agora, daqui a 20 anos teremos recuperado terreno, e aí teremos a chance de vencer não só a Copa do Mundo, mas também a Copa do Saber, do conhecimento, da ciência, da tecnologia, da literatura. Ganharemos as medalhas do Nobel, além das taças da Copa.

Além do mais, teremos o capital e as bases para construirmos o Brasil do século XXI. O futebol deslumbra, mas só o saber constrói.

Tudo isso, porém, enfrenta um grave impedimento: os brasileiros têm paixão pelo futebol. As vitórias emocionam, as derrotas deixam todos abatidos. Mas não existe a mesma paixão pela educação.

Há semanas, os meios de comunicação informaram que estamos perdendo para o Haiti em termos de repetência escolar. Nada aconteceu, ninguém se incomodou. Se tivéssemos perdido para o Haiti no futebol, nossos jogadores teriam sido muito mal recebidos na sua volta ao Brasil.

Para que as medalhas intelectuais cheguem, é preciso ter pela escola a mesma paixão que o Brasil tem pelo futebol.

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por Celsão correto

figura retirada daqui

P.S.: Em tempo, gosto bastante de futebol, torcerei pelo Brasil e tentarei assistir a todos os jogos que puder. Não sou contra a realização da Copa aqui e sei que muitas das notícias vinculadas foram exageradas…
Por exemplo, contra o argumento de que o gasto com estádios foi maior que os gastos com educação: aqui.
E contra o argumento que a Fifa está isenta de todos os tributos no Brasil: aqui.

Mas… que os argumentos acima também poderiam ser pensados e levados em conta… certamente!

hoaxÉ lamentável, mas terei novamente que voltar ao tema farsas, ou mais especificamente, farsas de internet, também conhecidas como “hoax”.

É certo que invenções, mentiras, textos e vídeos maliciosos e desonestos estão aí aos montes. E se alguém for se incomodar com cada um das dezenas/centenas destes que surgem diariamente, estará fadado a enlouquecer. Portanto, já sabendo desta realidade, eu simplesmente ignoro a maioria daqueles com os quais me deparo, até porque de tanto já ter sido incomodado com tais hoax e, justamente por isso, já ter estudado bastante sobre o assunto, na maioria das vezes, basta eu bater o olho numa farsa e já a identifico como tal, e assim eu poupo meu tempo e energia.

Por e-mail venho recebendo bem menos hoax. Penso que isso tenha sido o resultado da minha luta travada durante muito tempo com alguns amigos que insistem em acreditar na maioria delas, pois lhes agrada ao ego e as suas convicções pessoais. Ou estes amigos aprenderam nestas discussões comigo a serem mais críticos e pararam de acreditar em tudo que viam na internet, ou então eles passaram a não me enviar mais tais e-mails, sabendo que “o chato do Miguel” certamente irá criticar com suas teorias da conspiração…. enfim, se for o segundo caso, nada posso fazer, pois tem gente que nao “pega” nem no “tranco”.

Pelo facebook a história não é muito diferente. Com o tempo eu fui “filtrando” muitos contatos. Entre os principais motivos de filtro está a falta de senso crítico, tendendo à imbecilidade crônica mesmo. Por exemplo: uma pessoa posta algo assumido pelo próprio autor como sátira/brincadeira. Mas aquele que o está a compartilhar está acreditando que aquilo seja verdade. Daí eu, com toda a educação e diplomacia que me foi “dada”, abordo a pessoa, muitas vezes por mensagem privada, às vezes no próprio post, e sugiro que ele olhe o perfil do próprio autor do texto, onde aquele diz que este se trata de uma piada, e que as informações são fictícias, e por isso, não deve ser levado a sério.
Após fazer essa sugestão, sou tratado como arrogante, metido, sabichão, ignorante, conspirador e até como “alienado”, pelo “amigo” que compartilhou o texto. Tento explicar mais uma vez que não é nada disso, e que só enviei o link onde o próprio autor diz que as pessoas não devem acreditar no texto, pois trata-se de uma história inventada, algo humorístico. Os insultos e grosserias continuam em minha direção, agora apoiados pelos amigos deste meu “amigo”, os quais estão ali dentro do post exaltando as “verdades” do texto em tom voraz.
Só me resta ativar o botão “filtro de imbecilidade”, para que eu nunca mais veja nada que essa pessoa escreva ou compartilhe. Afinal, essa não pega nem no tranco.

Mesmo já tendo filtrado algumas dezenas de pessoas por este motivo, ainda continuo a ver, aqui e acolá, besteiras insanas a serem compartilhadas e ovacionadas. Só não tenho mais a mesma energia de debater sobre coisas óbvias. Então, quando me manifesto, o faço de maneira lacônica, se colar colou, senão, azar, me dou por vencido e nado para longe para não me afogar na rasura destas pessoas médias.

Bom, mas quero aqui mencionar duas farsas/hoax que merecem minha preciosa atenção, pela popularidade que ganharam, e também por terem conquistado a simpatia e credibilidade de amigos e entes dos mais queridos.

Angela Merkel ataca Dilma Roussef e tece críticas ao seu Governo
merkeldilma620388Trata-se de um suposto depoimento de Angela Merkel, Chanceler alemã, onde ela haveria tecido duras críticas ao Governo brasileiro, mais diretamente à Presidente Dilma Roussef.
A tradução que circulou pela internet no Brasil, com aplausos e vibrações eufóricas de uma boa parcela de brasileiros (principalmente da classe média) segue abaixo:
Diante da arrogância da Dilma, a Chefe de Estado alemã, Angela Merkel, deu
entrevista à TV alemã ontem à noite na qual mandou um recadinho:
– Essa senhora vem à Alemanha nos dizer o que temos de fazer? Ora, a
Alemanha vai bem obrigada apesar de tudo. Mas vou aproveitar para dar um
conselho a ela… antes de vir aqui reclamar das nossas políticas
econômicas, por que ela não diminui os gastos do governo dela e também os
juros que são exorbitantes no Brasil? Se eu posso emprestar dinheiro a juros
baixos e o meu povo pode ganhar juros absurdos lá no país dela, não vou ser
eu que direi ao meu povo que não faça isso.
Ela que torne a especulação no país dela menos atraente.

Para acessar a reportagem original em alemão, onde se encontra o que realmente foi dito por Dilma e Merkel, clique aqui.

Tudo isto que está aí acima e que supostamente foi dito pela Chanceler alemã, é um conjunto de invenções, criações. E nem estou a falar de sentido adulterado, mas sim de invenções deliberadas. Merkel em nenhum momento fez críticas à presidente brasileira, nem falou de juros, muito menos disse que estes são absurdos no Brasil (até porque, se ela assim dissesse, mostraria uma profunda ignorância histórico-política, pois o Brasil tem no governo Dilma os juros mais baixos depois de décadas, chegando a ser tão baixos que foram atacados pela mídia e pela elite, principalmente os banqueiros – que são os donos não só do Brasil, mas do Mundo).
Resumidamente, Dilma teceu diplomaticamente críticas a algumas medidas da Alemanha e da Zona do Euro, e Merkel concordou com algumas destas críticas e observações feitas por Dilma, mas ressaltou que essas medidas são provisórias, de emergência, e que em breve outras posturas serão tomadas. Não há críticas ao Brasil, e não há atrito entre as duas presidentes. Tudo extremamente técnico, diplomático e respeitoso por ambos os lados.

Gente, mas não precisa saber falar alemão para saber que essa tradução cheira à mentira, certo? Será que a Chanceler (presidente) de uma das 3 nações mais importantes do Mundo, iria se referir à presidente de uma outra nação tão importante, chamando a mesma de “esta senhora”??? Será que ela falaria em público “vou dar um conselho a ela”??? Poxa, não precisa ter doutorado em política, nem ser um gênio da diplomacia, nem ter o senso crítico mais apurado do Universo, para perceber que esta tradução é uma picaretagem.

Outra coisa que já resolveria o problema neste caso, seria, pegar o texto original em alemão, colocar em algum tradutor, tipo o Google, Babylon, etc, e ver o resultado que ele dá. Claro que a tradução fica uma porcaria, mas já consegue-se pegar uma ideia do que está contido no texto original.
Por fim, se você não quer jogar no Google, por preguiça, ou porque não confia na tradução do mesmo. Se você não tem nenhum amigo alemão ou que fale alemão, e possa te dizer o que está presente no texto original. Então só lhe resta uma posição coerente e sensata: ignorar o texto em português, pois você não faz a menor ideia se o mesmo está te fazendo de palhaço, mentindo na cara dura, inventando coisas! A não ser que ele venha em alguma fonte segura de informação, de algum jornalista respeitado, daí a história muda. Mas se o texto está sendo replicado no facebook, ou em blogs de procedência “x”, poxa, não dá para acreditar né?

O Governo, a sociedade, Lula e Dilma, e o Brasil como um todo são detonados pela Francefootball, uma revista francesa de futebol e esportes, ao que se diz, uma das revistas mais respeitadas do Mundo
revista_france_footballPara acessar o texto em português com o suposto resumo do que está contido nesta edição da revista francesa, clique aqui.

Primeiramente fui marcado neste texto por um amigo do facebook. Ao me marcar, ele já se adiantou: “Miguel, sei que você dirá que há sensacionalismo e alguns dados não são totalmente verdadeiros, mas gostei e concordo com a ideia geral do texto”.
E eu me pergunto: Tem tanta revista, tanto blog, tanto jornal, tantos intelectuais por aí escrevendo sobre tudo que se possa imaginar; será que é necessário compartilhar e disseminar um texto de procedência desconhecida, contendo informações sabidamente falsas e maliciosas, só porque a “ideia geral” nos agrada? Sei lá se eu sou um ET, ou se a cabeça da galera tá do avesso. Quem compartilha tais coisas, está disseminando mentiras e colaborando para a “idiotização” da sociedade! Será que essa é uma atitude ética, civilizada e cidadã, especialmente quando for feita com consciência?

Não aguentei ler tudo, pois estava me dando ânsia realizar aquela leitura sabendo que estava jogando meu tempo fora, tamanho o descaramento das mentiras ali contidas.
Porém, passados alguns dias, precisei dar maior atenção ao texto, pois isso me foi requisitado por mais duas pessoas da minha família. Enquanto isso, o texto bombava no facebook, por e-mail e em blogs imundos.

Gastei algo em torno de 2 horas vasculhando a internet. Procurei esta capa e esta reportagem em francês (original) no site da revista, mas não achei. E aqui já começa a PRIMEIRA coisa extremamente estranha, que já basta para vermos a falta de seriedade. O texto fornece um link (…A revista pode ser acessada no site: www.francefootball.com mas apenas…), mas não fala se é o site do Brasil, da França, ou sei lá de onde. Clicando no HIPER-LINK do site contido no texto, ele não nos direciona para o site da revista, mas sim para o link desta matéria no FACEBOOK. Ou seja, ao invés de colocarem no hiperlink o site da revista, colocaram o link do facebook de quem criou este texto. Percebem a falcatrua? E esse é só o começo.

Digitando www.francefootball.com no browser da internet, este te direciona para http://www.francefootball.FR, pois é de domínio francês.

Entrei no site francês da revista e procurei por esta capa. Procurei pelos títulos e pedaços do texto que estão contidos na capa, não achei nada. Procurei por Brésil (Brasil em francês) e aí achei várias reportagens… abri todas as últimas dos últimos 2 meses, e nenhuma parece ter qualquer relação com o texto acima. (aqui mais um problema. O texto diz “a capa desta semana da revista francefootball….” Qual semana? Cadê a data do texto? Por que não colocar: “a capa desta semana, ex.: 28.01.2014, da revista bla bla bla, traz uma reportagem….?” Percebem que as informações são omitidas propositalmente para ficar mais difícil o rastreamento?

Portanto, trata-se de um texto fake/falso, que foi criado não por um pé-rapado qualquer, mas sim por uma equipe que sabe o que faz, e escreve um texto que parece, aos olhos de  pessoas “médias”, um texto profissional e sério, cheio de links de referência, supostamente embasando os dados. Porém, eles sabem que essas pessoas médias, não irão abrir todos os links, nem checar as informações. Pois se o fizessem, e tivessem um pouquinho de senso crítico, já começariam a ver diversas coisas estranhas.
Quem criou este texto, o fez de forma criminosa, sabendo que cativaria o seu público alvo, que é raso e gosta de sensacionalismo, imediatismo, críticas e soluções simples para os mais complexos problemas.

Misturaram verdades com inverdades, realidades com distorções, e usando de sensacionalismo extremo, buscam apontar culpados (o governo atual e o descaso público) de forma bem simplória. Ou seja, cada acusação que eles fazem, ou está repleta de mentiras, ou é parcialmente verdadeira, porém omite todos os 500 anos de história do Brasil, omite diversas influências políticas/sociais/econômicas/geográficas, omite dados e estatísticas, omite curvas de evolução, e simplificam problemas seculares como um erro político de 1 ano atrás. A má fé predomina neste texto, e isso não é casualidade, isso é proposital, pois quem o fez tem um objetivo bem claro.

Como exemplo concreto, abordarei uma passagem do texto, a qual já ilustra tudo que estou querendo dizer. Segue:
Para os taxistas não há cursos de inglês financiados pelo governo, mas para as prostitutas sim. Parece piada, mas é verdade: (vide:www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/01/1211528-prostitutas-de-bh-tem-aulas-gratis-de-ingles-para-se-preparar-para-a-copa.shtml)

Esse boato surgiu há quase 2 anos. À princípio, uma revista holandesa teria vazado essa informação que o governo brasileiro estava pagando curso de inglês para prostitutas, preparando-nas para a Copa. Isso virou uma febre no Facebook e nas correntes de e-mail.
Naquela época postei um texto aqui no blog tratando exatamente deste tema. Clique AQUI.

Resumindo o que escrevi na época: a reportagem da Holanda falava da associação das prostitutas de Belo Horizonte, a qual estava pagando cursos de formação para as prostitutas, entre os quais, inglês era a prioridade. É a associação delas, que é organizada pelas próprias trabalhadoras, para representar os seus próprios interesses. Não tem governo Federal, nem estadual, nem prefeitura, nem vereador envolvido. Nem empresários, nem sociedade. São elas, tirando vontade e dinheiro de seu próprio caixa. E é só Belo Horizonte, não é Brasil…..
Pelo amor de Deus né?

Mas sabe o que é pior? Nem é necessário saber dessa história toda que contei, nem abrir meu blog, nem saber falar alemão/holandês. Basta abrir o link da Folha.uol, que está aí acima, o qual foi fornecido pelo próprio texto e ler o que ali está escrito. O texto ali presente não menciona governo, mas sim a associação das prostitutas. Ali está explicado direitinho, que elas buscam até voluntários para dar aulas. GOVERNO ou POLÍTICA, ou qualquer palavra que vincule este fato ao Governo, não estão presentes no texto. Ou seja, a versão em português da edição da Francefootball, diz que prostitutas estão recebendo cursos de inglês pagos pelo Governo, e para embasar isso, fornecem um link da Folha.uol cujo o texto não fala nada disso. Para quê continuar lendo um texto destes? Se o autor age com tanta má fé assim, e pior, de forma ridícula, chamando “nós” leitores de idiotas e analfabetos funcionais. Será que vale à pena continuar lendo o texto, com a esperança de que coisas boas estão por vir? Para mim está claro: Não!

Ao invés de dar mais exemplos de mentiras e canalhices contidas nesta tradução da Francefootball, deixo aqui um link do próprio site da UOL que desmascara o texto. Não deixem de lê-lo, pois eles apontam inúmeras mentiras e afirmações maliciosas contidas nesta hoax. Clique AQUI.

Para encerrar, deixo também a dica de mais dois outros textos meus postados neste blog.
1) Trato de farsas e da burrice da oposição brasileira. AQUI 
2) A farsa do Nióbio, tema que já circula há anos na internet. AQUI

por Miguelito Nervoltado

figura 1 daqui
figura 2 daqui