Posts Tagged ‘Eduardo Cunha’

POSTNosso atual ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, voltou a manipular os seus comparsas, digo, colegas do Legislativo. E foi criativo! A ameaça foi apresentada como uma propaganda dos anos 80.
A propaganda em questão, da vodka Orloff, mostrava os personagens num futuro próximo, após decisões equivocadas e as advertia sobre a melhor decisão.

Será que ele nunca vai parar?
Não bastasse atrasar ao máximo o seu processo de cassação, a relatoria do mesmo, as reuniões da Comissão de Constituição e Justiça, colocar a trupe (ou gangue) de apoiadores em diversos comitês e reuniões pedindo a palavra…
Agora a ameaça foi direta! Ele falou diretamente que: “se me cassarem, também serão cassados. Nenhum sobreviverá nessa casa!”

A matéria do UOL, que também contém vídeos confessando a ameaça do Cunha (aqui), coloca nas palavras dele próprio um número de 117 deputados investigados.
117 parlamentares! Mais que 20% do total!

E me veio uma conversa na mente, papo daqueles contado num “pós almoço”, que tive logo após a delação que citou Michel Temer.
Entre argumentos de que todos os citados deveriam ser afastados, independentemente do cargo, poder, referências políticas ou dependência… o colega disse que não deveríamos sequer investigar o presidente interino; sob a pena de sobrarmos “só nós dois” como os únicos não-corruptos.

Fui enfático ao insistir nas punições.
Da mesma forma que defendo novamente agora: se são 117 os deputados sob processos judiciais, que sejam 117 os deputados afastados enquanto os processos são julgados. A casa seria mantida pelo restante, mais que suficientes para tramitar projetos de lei e realizar votações.
Apareceu em delações, é afastado automaticamente. (em meu sonho utópico o próprio investigado renuncia, ou pede o afastamento e oferece o seu sigilo fiscal e bancário, colaborando com as investigações)

O Miguelito observou sabiamente que essa minha opinião radical poderia trazer mais confusão. Uma vez que sabemos que o “meio político” é sujo por natureza, parlamentares poderiam usar deste subterfúgio e delatar inimigos políticos, que levaria a uma condenação injusta de “bons”.
Delação pura e simples talvez não resolva. Mas algo que viesse acompanhado de conversas telefônicas gravadas, certamente seria irrefutável para o afastamento do acusado, mesmo antes de se instaurar um processo.

É como a Cúpula do Trovão do clássico filme Mad Max.
Mas ao invés de “dois homens entram, um homem sai”, poderia ser “580 deputados entram, somente os honestos saem” (leia-se permanecem e cumprem todo o mandato)

Quantos teríamos ao final de quatro anos?

por Celsão correto

figura: montagem daqui e daqui com imagens buscadas no google.

P.S.: me veio uma dúvida enquanto escrevia essa publicação… um deputado afastado ou cassado tem direito a aposentadoria parlamentar? Mais uma medida para entrar nas listadas no post anterior (aqui), visando reduzir custos em locais realmente importantes.

 

Como nos últimos tempos todos nós brasileiros nos concentramos em demasia na questão do Impeachment da Presidente Dilma, acabamos dando pouca atenção a outras questões que correm em paralelo.

Resolvi dar minha contribuição para que o leitor possa se atualizar, tomando conhecimento de algumas notícias e fatos bizarros ocorridos nas semanas que antecederam ao Impeachment; ações de nosso Vice-Presidente (Michel Temer – hoje Presidente), do Presidente da Câmara (Eduardo Cunha – recentemente “temporariamente” afastado de seu mandato como deputado por decisão do STF), e do nosso Congresso Nacional (a voz do “povo”).
Vejam as últimas manchetes sobre estes, que buscam derrubar a Presidente Dilma Rousseff com a promessa de fazerem uma “limpeza ética” na política brasileira, e realizarem um Governo para o “povo”.

Obs: ressalto que essas notícias ocorreram antes da votação do impeachment pelo Senado. Pretendo fazer um post na mesma linha, ressaltando as notícias do pós-impeachment no Senado.

Senado_Composicao

  • GLOBO

O Globo, 19.04.2016
Cunha diz que não votará qualquer projeto enviado pelo Governo Dilma, a não ser que seja para “derrubar”
AQUI

O Globo, 26.04.2016
Temer promete aos ruralistas (Agronegócio) revisar desapropriações e demarcações
AQUI

O Globo, 26.04.2016
Eduardo Cunha foi derrotado na discussão sobre criação da Comissão da Mulher, que deveria ser adiada. Mas forçando nova votação, aprovou a criação do Colegiado
AQUI

Globo, 26.04.2016
Fernando Collor vai a Temer propor programa contra Crise
AQUI

Globo, 27.04.2016
Dilma vetou no passado, mas Câmara acelera votação do reajuste do judiciário
AQUI

O Globo, 29.04.2016
Após reprovar filha de Eduardo Cunha em exame de condução (Exame Nacional de Trânsito), em 2008, funcionário do Detran é acusado de extorsão e é suspenso. O mesmo tenta anular até hoje a punição dada em 2009
AQUI

O Globo, 29.04.2016
Documento de Temer prevê privatização de “tudo o que for possível”
AQUI

  • FOLHA

Folha, 08.04.2016
Cunha quer colocar parentes de Deputados no plenário durante votação do Impeachment, e ainda pretende evitar a presença de manifestantes
AQUI

Folha, 27.04.2016
Temer abre espaço na agenda para receber benção de Silas Malafaia
AQUI

Folha, 02.05.2016
Temer sonda Bispo da Igreja Universal para ser Ministro da Ciência e Tecnologia. (Nada melhor que alguém com a agenda mais retrógrada, conservadora e anti-científica, que trabalha com a mistificação, o obscurantismo e o charlatanismo para administrar toda a pesquisa científica do país)
AQUI

Folha de São Paulo, 02.05.2016
Bispo licenciado da Igreja Universal é cotado para o Ministério da Ciência e Tecnologia
AQUI

Folha, 02.05.2016
Em vídeo com Marco Feliciano, Michel Temer pede orações e prega “pacificação”
AQUI

Folha, 12.05.2016
Ministério de Temer deve ser o primeiro sem mulheres desde Geisel
AQUI

  • ESTADÃO

Estadão, 15.04.2016
Delator aponta propina de 56 milhões a Eduardo Cunha
AQUI

Estadão, 28.04.2016
Sem alarde, comissão do Senado aprovou PEC que derruba a legislação ambiental para licenciamento de obras públicas
AQUI

  • BRASIL 247

Brasil247, 12.04.2016
Roberto Jefferson pede a Temer linha dura com movimentos sociais
AQUI

Brasil247, 27.04.2016
Ministério Público do Maranhão pede prisão de até 29 para Roseana Sarney. Temer quer Roseana como Ministra da Educação
AQUI

Brasil247, 29.04.2016
Globo defende “reformas e ajustes” anunciados por Temer
AQUI

Brasil247, 01.05.2016
Base aliada de Temer é a mais Ficha Suja da história
AQUI

  • UOL

Uol, 25.04.2016
Bancada da Bala (armamentistas), Bíblia (evangélicos) e Boi (ruralista), que foram essenciais na votação do Impeachment, já começam a pressionar Temer
AQUI

Uol, 30.04.2016
Juíza proíbe estudantes da UFMG de discutir Impeachment de Dilma
AQUI

Uol, 03.05.2016
Câmara aprova caráter de urgência no reajuste salarial dos Ministros do STF e servidores do MPU
AQUI

  • OUTROS

O povo, 25.04.2016
Serra deve assumir Ministério da Educação em governo Temer
AQUI
(@ acabou assumindo o Ministério das Relações Exteriores, ainda mais apropriado, para um cidadão de lema: PRIVATIZAÇÃO)

Exame, 26.04.2016
Grupo de Temer quer cortes na saúde e educação
AQUI

Infomoney, 26.04.2016
Moro é eleito uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time
AQUI

Infomoney, 27.04.2016
Ruralista, deputado Marcos Montes, vai propor a Temer mudar a Constituição para que Exército possa atuar com MST
AQUI

Pátria Latina, 27.04.2016
Temer diz que pedido de eleições diretas no caso de afastamento de Dilma é tentativa de Golpe
AQUI

Exame, 27.04.2016
Proposta de Emenda Constitucional, já apelidada de PEC anti-Lula, prevê proibição de candidatura a quem não tiver curso superior
AQUI

Revista Fórum, 28.04.2016
Em discurso contra a criação da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara, deputado afirma que mulheres “de verdade” não querem ser empoderadas, mas sim cuidadas. Ele ainda afirmou que feministas são mal amadas
AQUI

Expressão Sergipana, 28.04.2016
Projeto do deputado Laércio Oliveira proíbe que tempo no banheiro seja computado como horário de trabalho
AQUI

  • O que parece PIADA, mas não é

Globo, 09.05.2016
Waldir Maranhão, presidente em exercício da Câmara dos deputados federais, anula a votação do impeachment.
AQUI

Folha, 10.05.2016
Eis que misteriosamente, poucas horas mais tarde:
Waldir Maranhão revoga a anulação da sessão do impeachment
AQUI

  • Bônus: Quem tem CUNHA, tem medo – Old but gold

Temer-e-Cunha
Folha, 20.08.2015
Cunha recebeu propina por meio da Assembleia de Deus, acusa a Procuradoria Geral da República
AQUI

Pragmatismo Político, 09.10.2015
Jarbas Vasconcelos, fundador do PMDB, chama Cunha de “doente” e “psicopata”.
AQUI

Último Segundo,  04.11.2015
Bancada evangélica aprova PEC que dá à Igreja poder de questionar Supremo
AQUI

Estadão, 30.11.2015
Justiça Suíça multa Cunha por tentar criar obstáculos a investigação sobre contas
AQUI

por Miguelito Nervoltado

Imagens retiradas do Facebook e daqui, respectivamente

O seguinte texto foi postado no Facebook de Philippe Araújo, autor do mesmo.

Philippe faz uma investigação aprofundada sobre as questões jurídicas, morais, lógicas e éticas do processo de impedimento (impeachment) da Presidente Dilma, passando por diversos atores, cenários e motivações dessa resenha, como o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha, Dilma Rousseff, ministros do STF, a sociedade brasileira, interesses políticos, entre outros.

Para quem busca entender melhor este processo, o texto a seguir é uma excelente oportunidade, pois apesar de sucinto, traz um aglomerado de informações técnicas, fruto das intensas pesquisas do autor, e expostas de forma didática, acessível e bastante imparcial.

por Miguelito Formador

figura daqui


fachin_cunha_dilma
Sobre questões jurídicas e morais no processo de impeachment:

Eu não fazia a menor ideia de como rolava um processo de impedimento (impeachment pros americanizados). Não estudo direito nem era consciente (tinha 1 ano) quando Collor foi o único presidente impedido na historia da democracia moderna mundial (Nixon também quase foi, mas renunciou ao cargo antes das vias de fato). Com as noticias recentes, fiquei confuso com as leis, regras e tal, cada um falando uma coisa na TV… Fato é que, pelo visto, nem mesmo o poder legislativo está muito unânime em relação as regras do jogo. Mas vamos lá, pesquisei e vou tentar explicar brevemente como é que funciona para depois desenvolver no tema. Se você anda lendo muitas noticias sobre isso recentemente e já sabe como é o esquema e sabe tudo que rolou em Brasilia até ontem de noite, pule para o penúltimo parágrafo, antes do post-scriptum.

Começa assim: alguém escreve um pedido de impeachment (no caso foi o quase já senil ex-promotor Helio Bicudo, a professora de direito penal Janaína Paschoal e o jurista Miguel Reale Jr, mas qualquer cidadão poderia ter feito o mesmo) e entrega ao presidente da câmara dos deputados (nosso querido Eduardo Cunha). Cabe ao presidente da câmara aceitar o pedido e começa a brincadeira. Elege-se uma comissão especial que analisará o pedido e formulará um parecer favorável ou contra a abertura do processo de impeachment. Esse parecer é formulado a partir do pedido original aceito por Cunha e pela defesa de Dilma, realizada ao longo de 10 sessões. Ao final deste processo eles leem esse parecer na câmara e aí todos os deputados votam, sim ou não, pela abertura do processo de impeachment. Caso 2/3 (342 dos 513 deputados) vote a favor, o processo é aberto e encaminhado ao senado, onde aí sim rola o julgamento e a decisão final.

Ok, entendemos como é o jogo. Em que etapa estamos agora? Estávamos na etapa de eleger a comissão especial que formula um parecer. Esta seria formada como qualquer outra comissão especial na câmara dos deputados, a partir de indicações dos lideres de cada partido, respeitando a proporcionalidade do numero de deputados de cada partido na câmara. Ou seja, PT, PMDB, PSDB que tem muitos deputados, poderiam indicar muitos para a comissão especial. PSOL, por exemplo, que tem poucos deputados por la, indicaria também poucos deputados para compor a comissão. Justo, proporcional e democrático, não é? Também acho. Mas aí uma galera começou a achar que tava rolando muito indicado “anti-impeachment”, aliados do governo. O que eles fizeram? Criaram uma nova chapa composta apenas por partidos pró-impeachment e disseram “oi, queremos brincar também, vamos votar qual é a melhor chapa”. Votaram todos (entre tapas e xingamentos), numa votação secreta e ganhou a chapinha dos “pró-impeachment”. Aí deu uma confusão danada.
O PCdoB fez um pedido ao supremo tribunal federal (STF) para anular tudo. Os argumentos eram, entre outros, a ilegalidade da votação secreta na eleição da chapa, a ilegalidade da própria existência de outra chapa alternativa, o fato do Cunha ter aceito o pedido inicialmente antes mesmo de uma possibilidade de defesa prévia da presidente e pedia também o direito ao senado de poder anular o pedido de impeachment caso a câmara vote e abra o processo com 2/3 dos votos. O PCdoB pedia também que O STF ditasse as regras, já que consideravam a lei do impeachment (do ano de 50) defasada em relação a nossa constituição atual. O ministro do STF Fachin acatou o pedido do PCdoB e ontem rolou (e hoje continua) a sessão no STF onde todos os 11 ministros discutem e votam sobre essas reclamações.

O STF é a instância máxima do poder judiciário, aquele que tem a função de interpretar e fazer cumprir leis e normas. Não cabe ao STF criar leis nem regras, afinal isso é função do legislativo (esse é o sentido de ter 3 poderes, afinal de contas). Dar novas regras a um jogo já iniciado constituiria o que se chama de tribunal de exceção, onde criam-se leis posteriormente a um fato antes não previsto em lei. Isso meio que fere alguns vários princípios democráticos, não é mesmo? Seria tipo fazer o gol e depois definir de quem é, ou atirar o dardo e só depois colocar o alvo. Dessa forma, derrubaram todas as reclamações do PCdoB. E com razão. Quer que eu enumere os principais pontos?

  1. sobre a votação ter sido secreta: assim como nossas eleições para presidente, governador, prefeito e tal, toda ELEIÇÃO na câmara e no senado deve ser feita por voto secreto, ta escrito assim no regimento interno la deles. Olha que o mesmo regimento considera a votação secreta uma exceção e todos os outros tipos de votação devem ser abertos, mas eleição não.
  2. sobre terem criado uma chapa alternativa: ora, uma eleição de fato permite e ate sugere a existência de 2 ou mais candidatos, não é mesmo? Nada mais democrático que quaisquer grupos tenham o direito de se candidatarem a formar uma comissão e vencerem democraticamente por maioria dos votos, como ocorreu.
  3. sobre o Cunha ter aceito antes de ouvir a Dilma: ela terá o momento para isso, nas 10 sessões, durante as quais a comissão especial a ouvirá e formulará o parecer.
  4. sobre o senado poder anular o processo votado na câmara: não pode. seria um gravíssimo crime contra a democracia. O processo de impeachment é um dos raros casos em que a aprovação da câmara requer 2/3 dos votos (ao contrario de praticamente todos os outros casos, onde se requer apenas a maioria). Alem disso, o fato de o processo ser aberto pela câmara e julgado pelo senado contribui para o caráter democrático e honesto deste processo. A decisão não é monopolizada justamente a fim de prevenir (mas não de evitar) processos golpistas. Outorgar o poder de veto ao senado seria dar-lhes o poder autoritário do qual nos livramos ha 30 anos e não faria sentido em termos o poder legislativo dividido em 2 casas.

Pois bem. Vamos ao que penso agora. Juridicamente, tá tudo muito bonito, tá tudo muito bem, em termos da regra do jogo (não é o caso do embasamento jurídico para o pedido do impeachment, mas esse é outro assunto*). O STF cumpriu com sua função e protegeu o caráter legal de todos esses eventos até agora ocorridos. Mas não deixa de gerar revolta. Uma revolta muito pior que a que a gente sente ao ver alguém cometer um ato ilegal. É a revolta contra a imoralidade e a falta de ética. E olha que eu odeio moralismo (seja falso ou verdadeiro). Mas aproveitar-se da nossa constituição e leis democráticas, escritas a fim de proteger a nossa liberdade de expressão e participação política e social em favor de interesses pessoais, ignorando qualquer conceito de equilíbrio, de desejo de fazer o correto, de ética, é complicado.

Tanto se fala de crise econômica, crise política… Não vejo nada tão grave quanto a crise moral que se estabeleceu nesse país, onde em qualquer câmara de vereadores que você entre só se encontrem ladrões e lobistas, onde em qualquer licitação publica so se encontrem empresários fraudulentos e seus laranjas, onde o presidente da câmara dos deputados recebeu mais de 60 milhões de reais (é sério!) em propinas de empreiteiros e recebe 9 votos dos 20 (na comissão de ÉTICA) a seu favor para que nem seja investigado (!!!!!) e ainda dá entrevista todos os dias na TV na maior calmaria do mundo… Gente, ninguém percebe que ele é um psicopata?! Onde o governador da maior economia do pais desce o cacete em alunos que só querem dialogar. No país do aeroporto particular do Aécio Neves, que botava ate a Sandy, o Ronaldo e o Luciano Huck pra viajar em avião do estado, Bicudo, Reale e Paschoale não escreveram nenhum pedido de impeachment. Não por causa do Trensalão em SP, por causa do mensalão do PSDB em Minas, por causa da operação zelotes, conta secreta na Suíça, nada.
Nada acontece a ninguém, nenhum pedido de impeachment foi escrito contra estes. Ninguém vai pra rua, ninguém pede intervenção militar (deus me livre, não peçam mesmo não), nada nada nada. Mas contra uma presidente que sequer uma denuncia de corrupção tem, aí sim. Aí se atiram todas as pedras. Todas as etapas deste incipiente processo de impeachment estão envenenadas pela intolerância política, por ódio a tudo que represente esquerda, movimentos sociais, distribuição de renda, políticas públicas de inclusão social. Isso é golpismo, é falta de ética, é imoral e só se justifica assim. Não nos tornemos vitimas da nossa própria liberdade, diga não ao golpe.

*Ps.: sobre o embasamento jurídico do pedido de impeachment: Cunha não aceitou o pedido na sua integralidade, senão apenas o que se refere a prática de pedaladas fiscais no ano de 2015, um ano fiscal que sequer acabou e, com a aprovação da PLN 5, que revisou a meta fiscal de 2015, o déficit esperado para esse ano está dentro do permitido pela lei de responsabilidade fiscal. Ok, um rombo de 110 bilhões é um absurdo, mas não é ilegal, não configura crime, foi aprovado no senado por maioria e o choro é livre. Eu também não gosto da pessoa Dilma Rousseff, muito menos do governo dela, mas meu compromisso aqui é com a legitimidade do governo. Vou repetir: não há justificativa legal para impeachment.

Cunha_Repatriação_02Deus é amor.
Deus é compaixão, solidariedade, Deus é caridade, desprendimento, é fazer para os outros o melhor, é amar o teu próximo como a ti mesmo; Deus é abnegação, é deixar o seu em prol de um bem maior, é pensar na comunidade, no povo de Deus!

Mesmo para aqueles que não confessam uma religião, mesmo para os que não acreditam em Deus, mesmo aos que são avessos a crenças; imaginar um crente, um cristão com as características acima, não é difícil, idealmente falando. E seguir o exemplo D’Ele (de Deus) é o esperado pela assembléia que congrega a mesma fé.

Não sou contra religião alguma. E acho interessante a laicidade declarada do Estado Brasileiro, dando liberdade de religião a todo cidadão. Tampouco condeno, sob qualquer forma, o acúmulo de riquezas que foi uma das razões do surgimento do protestantismo; enfim, acho que todo aquele que produz algo e recebe pelo seu trabalho, deve escolher quando usufruir do seu dinheiro.

Muito bem.
Me pergunto há algum tempo qual seria o Deus do Sr. Eduardo Cunha.
Ele mente, manipula, engana, inventa, transgride. Dá entrevistas afirmando, por exemplo, não possuir conta no exterior. Sua declaração de imposto de renda (aberta ao público por conta da candidatura) não atesta os valores encontrados na Suiça.
A estória muda e passa a usar o nome oblíquo de trust para a titularidade das contas encontradas! Pois é… ele possui mais de uma conta fora do Brasil! Mas mesmo assim ele segue dizendo na imprensa que aquilo não lhe pertence, ao melhor estilo Maluf, da clássica: “Essa assinatura é minha, mas não fui eu que assinei”. Cunha usou: “A conta possui o meu nome, mas não sou eu que a manipulo, não a movimento”.

Agora novamente essa mentira caiu. Uma procuração enviada por autoridades suiças mostra que o próprio Cunha possui plenos poderes de movimentação da conta. (link aqui)

E, como se não bastasse, Cunha a seu modo maniqueísta e manipulador; contando obviamente com seu apoio costumeiro na casa, conseguiu aprovar (pasmem!) uma absurda lei de repatriação de dinheiro ilegal no exterior!
Quer dizer que o dinheiro dele, surgido sem explicação plausível no início de Outubro (aqui), negado e disfarçado de trust após novas denúncias e, muito provavelmente, criminalmente condenável no futuro próximo poderá ser trazido de volta? SIM!
E o absurdo maior pra mim é que a lei vem com anistia a crimes como: lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, falsificação de identidade e documentos para manipulação de câmbio, etc.
Ou seja, se você, deputado pilantra, político corrupto ou empresário inescrupuloso sonegou impostos, pagou salários e propinas para um “laranja” com identidade falsa e usou os paraísos fiscais para mandar os seus dólares, euros ou francos suíços… basta pagar 15% de imposto e outros 15% de multa… aproveitando que a moeda aqui se desvalorizou na mesma proporção.
Cunha e toda a gentalha pode trazer a grana da aposentadoria de volta, sem que sejam considerados criminosos, numa boa taxa de câmbio e com a desculpa perfeita de ajudar o governo a aumentar a arrecadação de impostos! (aqui uma matéria com vídeo do resultado da votação, explicando a proposta absurda)

Não fosse só isso, retomando o ponto da religião, surgiu também nos últimos dias uma declaração de apoio a Cunha, vinda de partidos da chamada “bancada evangélica”, como o PSC (Partido Social Cristão), cujo líder na Câmara, deputado André Moura, foi o leitor da nota.
Pois bem… Aqui temos aqueles que só querem manter Cunha para que ele tire Dilma, como declarou o Solidariedade através do deputado Paulinho “da Força”; temos os que “seguem o fluxo”, como o PMDB; mas temos os que estão apoiando Cunha pelo simples fato dele ser “de bem”, “um homem de Deus”…
Mais uma vez pergunto: que Deus é o dele?

por Celsão revoltado

P.S.: figura retirada do vídeo citado acima, sobre a aprovação prévia da lei de repatriação

eduardo_cunha_em_house_of_cards_2Imagine um reino.
Imagine que nesse reino houvesse um conselho e que o chefe do tal conselho fosse popular, inteligente e apoiado por boa parte de seus colegas.
Agora imaginemos que o rei tenha perdido o apoio dos seus súditos, por diferentes motivos; dentre eles falta de apoio do seu próprio conselho para aprovar leis necessárias e urgentes.
A crise no reino aumenta pois o chefe do conselho contratou bobos da corte para espalhar mentiras e supervalorizar problemas existentes; minando ainda mais qualquer tratativa do rei perante seu povo, vassalos e conselheiros.
Com a situação difamatória supostamente sob controle, o conselheiro chefe passa ele próprio a criticar o monarca e a defender investigações mais duras aos problemas conhecidos, sugerindo também outros possíveis problemas a investigar.

Criemos também um cenário onde o chefe do conselho faça conchavos e aprove tudo o que quer; e, caso não consiga, possa desavergonhadamente, repetir a votação até que o resultado lhe agrade. Sem importar com o que pensam súditos e vassalos.
Com as inevitáveis críticas começando a criar corpo, o conselheiro chefe decide conversar com toda a população, uma vez que tem poder pra isso. Na mensagem, exalta os seus feitos maquiando-os; diz, por exemplo, que tem ajudado o rei nas reformas necessárias, cita que a independência do conselho corre perigo e chama pra si a responsabilidade de trabalhar duro para o bem dos súditos.

Ampliemos agora o universo deste reino inserindo um juri, que foi constituido e designado para apurar denúncias contra o rei e seus vassalos.
O juri cumpre bem o seu papel, investigando e acusando poderosos partidários, mas também opositores do rei. Há apoio de todos, até dos bobos da corte.
Daí surge o inesperado na trama: o juri descobre irregularidades do chefe do conselho e o acusa de receber posses e castelos ilegalmente.
De modo repentino o líder do juri é descredenciado, as testemunhas difamadas e o defensor delas ameaçado de morte. “Que absurdo! Alegar sem provas e num juri formado pelo conselho que o próprio chefe é um bandido!” – bradam os apoiadores. “Eu exijo uma retratação do juri, pois um chefe de conselho deveria ser tratado de uma forma real!” – conclama o pretenso ditador.
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1429885700charge-eduardo-cunha-capaVivemos a história todos os dias.
E infelizmente os conflitos políticos e picuinhas do Legislativo remam contra as urgências atuais da Nação.

O que Cunha vem fazendo parece ter saído de um roteiro de filme.
Independente dos casos de corrupção a investigar, das CPIs a abrir, é importante que os processos sejam concluídos lícita- e transparentemente.
Que venha uma nova investigação após a conclusão da primeira. E, caso não reste nenhum representante para defender o interesse popular, que novas eleições sejam convocadas, sem os candidatos cassados ou impugnados.
Intervir através de “pau mandado”, buscando alterar o curso de um trabalho sério feito por órgãos (ainda) sérios é um inegável absurdo. E não foi somente contra o doleiro delator, que agiu um deputado peemedebista nos últimos dias; o mesmo deputado chamou para depor a advogada de outros réus delatores… para fazê-la revelar segredos da profissão garantidos por lei? Falar sobre conteúdos que não podem ser revelados? Ou somente para desviar o foco da sequência das investigações? (leia notícias aqui e aqui)
Exigir retratação do juiz do caso ou acusar uma testemunha de mentir é leviandade. Não há poder no Legislativo para julgar; para isso existe o Judiciário. E sendo no STJ ou não, todas as denúncias são passíveis de esclarecimento.

O pronunciamento não foi uma preocupação pelo coletivo. Foi propaganda de quem quer ser primeiro ministro. De quem planeja se aproveitar do período de crise e incertezas para sobrepujar os demais ocupantes de uma casa que tem a mais conservadora bancada dos últimos anos.

Não adianta dizer que o Congresso tem trabalhado e produzido “muito mais” se a produtividade não reflete na sociedade.
De nada adiantou, na minha visão, discutir e aprovar a reforma política, se o financiamento de empresas segue possível. Todo o financiamento direcionado de empreiteiras (pra citar um exemplo) continuará ocorrendo.
E, pior ainda, de que vale colocar em pauta um assunto se o mesmo seguirá em “votação contínua” até que o resultado desejado apareça? (post nosso aqui)
Seria mais fácil (e mais barato para o país), nomear o Sr. Eduardo Cunha “Legislador Oficial do Estado” e pronto!

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e daqui.
quem quiser assistir o pronunciamento do deputado Eduardo Cunha – aqui com texto ou aqui no youtube.

Eduardo_Cunha_Votacao_MaioridadeRecentemente, pela primeira vez de forma tão escancarada na história do Congresso, houve duas votações consecutivas para um mesmo projeto.
Uma “democracia autocrata”, pelo visto.

Num dia, a redução da maioridade penal é rejeitada. No outro, o presidente da câmara resolve, por livre e espontâneo autoritarismo, mexer num detalhezinho do projeto e colocá-lo em votação de novo. Se perdesse, provavelmente teria outra votação no dia seguinte, e assim consecutivamente, até que fosse aprovado.
Essa manobra foi criticado por quase todos os órgãos e entidades da justiça, incluindo OAB, AMB, e ministros “conservadores” do STF, como Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello.

Nestas 24 horas, certamente, rolou um suborninho ali, outro aqui, dinheiro fácil na mão de um e de outro (corrupção), trocas de promessas, e coisa e tal, para fazer com que alguns deputados, em 24 horas, mudassem de opinião. Outro fator que contribuiu para a mudança repentina dos votos de alguns deputados foi a pressão, as ofensas e ameaças que sofreram vindas de seus eleitores, que se indignaram ao saber que o “deputado deles” votou contra a redução da maioridade penal, fazendo com que eles mudassem o voto no dia seguinte. (Mencionamos este episódio em outro post nosso AQUI)

Mas, você conservador e/ou mal informado que não conhece os dados da violência no Brasil (sobre a violência no Brasil, clique AQUI), muito menos se importa com a posição da ONU, UNICEF, OAB, AMB, Anistia Internacional, STF, e tantos outros órgãos sobre o assunto, tá dando a mínima para a corrupção nessas horas, pois o seu objetivo maior está mais perto de ser real: colocar o moleque na cadeia junto com os doutores do crime, para sofrer! O seu gosto por vingança está milhares de vezes acima na escala de prioridade, que o seu repúdio por corrupção. (Para entender melhor alguns dados e fatos sobre maioridade penal no Brasil e no mundo, leia nosso post AQUI)

Tomei conhecimento de uma votação feita numa TV de Ubá, perguntando se os ouvintes eram a favor da redução. Dos 64 votantes, TODOS eles disseram SIM. Ou seja, estão felizes com a vitória de Eduardo Cunha e devem até alimentar simpatia por ele, o homem que manda atualmente no Brasil.

Aí tem gente que se espanta com o Congresso. Se dizem espantados com tanta corrupção, e dizem hipocritamente que o problema não é com o PT, mas a corrupção num geral, sei… Se espantam em como um homem, envolvido em 11 de cada 10 grandes esquemas de corrupção, um fanático religioso, intolerante, que luta contra toda e qualquer causa progressista, só propõe projetos a favor de empresas e ricos e contra os pobres, gays, negros, mulheres, e minorias num geral; chega a ser Presidente da Câmara.

Não se espantem, pessoal. Eduardo Cunha, e os outros mais de 300 deputados conservadores e esdrúxulos que sentam na Câmara, foram sim, eleitos POR VOCÊS! Os mesmos que votam SIM em enquetes sobre a redução da maioridade penal. Os mesmos que votam NÃO em enquetes sobre o casamento igualitário/homoafetivo. Votam SIM pelo legalização do porte de armas. Votam NÃO para enviar nota de repúdio aos EUA devido à espionagem. Votam NÃO ao decidir se os recursos do pré-sal devem ir integralmente para a educação.

E parem de brandar por “eles não me representam”. Sim, eles representam sim, e estão sincronizados com mais da metade da população brasileira. Vocês votaram neles, pois eles representam suas ideias, seus anseios, seu egoísmo. A diferença destes deputados, e seus eleitores, é que os deputados têm o poder de influenciarem e “fod..” nossas vidas.

Em paralelo a isso, na surdina, o Senado votou reajuste dos salários de servidores do judiciário, no valor médio de 59,5% o que representará um impacto de 25,7 bilhões de reais em nossa economia. Sabem quem foi contra o reajuste, mas acabou perdendo? O PT….. As notícias dizem (vitória do Senado representa derrota para o Governo!). Para o Governo??? Ou para os cofres públicos e para o povo pobre e oprimido?
(obs.: não que eu seja explicitamente contra o aumento salarial dos servidores do judiciário. Mas o Governo está cortando gastos para reestruturar a economia, desemprego aumentando em consequência disso, salários congelados e uma série de outros efeitos colaterais. Daí, neste momento de “limpeza”, aprova-se aumento de R$ 26 bilhões nos gastos públicos, com aumento salarial para gente que já ganha, num geral, mais de 7 mil reais, incluindo aí juízes que já ganham salários altíssimos?)

Mas eu sei, já já vocês estão nas ruas de novo, pedindo o impeachment da Dilma e fora PT.

* Sobre a dupla votação da redução da maioridade penal, AQUI
* OAB diz que Cunha rasgou a Constituição. AQUI
* Veja como votou cada Deputado. AQUI

* Conheça os deputados que mudaram seus votos. AQUI
* Sobre o reajuste salarial do judiciário, aprovado pelo Senado, clique AQUI

por Miguelito Nervoltado

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