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foto_miguel_apresentacao_01Ocorreu em Erlangen na Alemanha, de 12 a 15 de outubro de 2016, o IV Encontro Mundial de Escritores Brasileiros no Exterior, coordenado pela Drª Else R. P. Vieira, professora na Queen Mary University de Londres.

O evento reuni há 4 anos escritores brasileiros residentes no exterior. Neste ano tive a honra de ser convidado e participar, expondo o meu trabalho como articulista.

Para minha apresentação, refleti sobre possíveis temas e assuntos que melhor representassem minha linha de abordagem escrita. Escolhi assim como tema: filosofia, sociedade e senso crítico. Como gênero escolhi: texto expositivo e resenha crítica.
O título escolhido foi: A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal.

O amigo Celsão, coincidentemente de passagem por Erlangen, pôde estar presente no último dia do evento, sábado 15 de outubro, dia de minha apresentação. Para quem ainda não leu, clique AQUI para acessar o inspirador artigo dele, que contém uma perfeita dosagem lírica, expondo suas impressões sobre o evento.

Para preparar minha apresentação, redigi um texto base, com o conteúdo que eu desejava expor. Segue abaixo o texto.

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O conteúdo, assim como a mensagem a ser transmitida, estão resumidos no título da apresentação.

O título “A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal”, une algumas ideias, conceitos e compreensões que penso serem de enorme importância para a formação de pessoas mais humanas e cidadãs.
Na medida em que eu for desenvolvendo o raciocínio, explicarei o significado de cada parte do título, e como elas se encontram formando uma proposta mais ampla.

“A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal”

No livro O Mundo de Sofia, a garota Sofia começa a receber cartas de um misterioso “professor”, onde lhes vão sendo apresentadas gradativamente reflexões, perguntas críticas, e um resumo básico da história da filosofia, as principais correntes filosóficas que já existiram e os principais filósofos na perspectiva do professor. O Mundo de Sofia visa despertar o pensamento crítico no leitor, além de fornecer a oportunidade de entrar em contato com as belezas da filosofia. Penso que O Mundo de Sofia deveria ser material obrigatório na formação do caráter de qualquer cidadão. (Leia também AQUI outro artigo onde menciono O Mundo de Sofia e traço comparações entre passagens filosóficas e a situação política do Brasil no começo de 2016)

A palavra “filosofia” (philos = aquele que ama e sophia = sabedoria), tem origem no grego. A junção das duas expressões philos + sophia gera a palavra filosofia, que significa “aquele que ama a sabedoria”.

Portanto, a influência da filosofia nesta apresentação está principalmente, mas não somente, presente no nome Sofia em meu título.

“A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal”

Bruma é o mesmo que nevoeiro, ou cortina de neblina. Como na fábula do Rei Arthur e as sacerdotisas da Ilha de Avalon, as brumas de Avalon, são uma cortina de fumaça que não permitem as pessoas enxergar a ilha de Avalon, escondida atrás das brumas do lago.

As Brumas indicam no título, portanto, a cortina de fumaça, o nevoeiro, que impede que as pessoas enxerguem a realidade. São os fatores que obstruem nossa melhor compreensão do mundo ao nosso redor, e causam uma cegueira interior, uma cegueira para com nosso autoconhecimento. É a alienação, que nos impede de alcançar Sofia, a sabedoria.
Além dos fatores pessoais, como o ego, nossos medos, traumas, inveja, etc, a nossa alienação é fruto de sistemas educacionais degradados e abandonados; fruto da manipulação feita pela grande mídia deteriorada, bandida, antidemocrática e a serviço de uma minoria absoluta da sociedade, mas detentora de todo o Poder, a elite; e fruto da histórica e eterna manipulação da forma de pensar das sociedades através das igrejas, que inserem seus dogmas em detrimento da ciência.
Estes três fatores são os principais responsáveis por uma sociedade alienada e praticamente desprovida de senso crítico. Uma sociedade imersa nas Brumas, e incapaz de alcançar Sofia.

A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal”

Baseado num artigo postado neste blog em junho de 2014, A Era das Opiniões reflete uma sociedade pouco crítica, pouco intelectualizada, e muito alienada, que de repente se depara com um amontoado de informações caóticas de fácil e rápido acesso. Esta sociedade então, tendo disponível muita oferta de informações, valoriza pouco as mesmas, seguindo a lei econômica da Oferta X Demanda. Esta mesma sociedade também é incapaz, devido ao seu baixo senso crítico e baixa carga de conhecimento, de distinguir em meio a tantas informações, quais são valiosas e quais não; quais lhes agregam valor e conhecimento, e quais só lhes confundem e alienam.

Para entender melhor este termo que envolve algumas reflexões, sugiro a leitura do artigo de junho de 2014, “A Era das opiniões: direitos e deveres”, clicando AQUI.

“A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal

Há um documentário que me marcou muito, feito pelo filósofo Roger Scruton, chamado “Why Beauty Matters?” (por que a beleza importa?). Em uma das brilhantes passagens neste documentário, Scruton afirma o seguinte: “…Em nossa cultura democrática, as pessoas frequentemente pensam ser desrespeitoso julgar o gosto ou a opinião de outros. Alguns se sentem até ofendidos com a sugestão de que existe “gosto bom” e “gosto ruim”…”
Clique AQUI para acessar minha resenha sobre este documentário, postado também neste blog.

Tomando a liberdade de abrir o leque do que foi proposto por Scruton, da mesma maneira que é sim possível e prudente definir certas coisas como “bom” ou “ruim”, é também prudente diferenciarmos em muitas situações ou temas, o “certo” do “errado”, o “feio” do “bonito”, o “bem do “mal”.

É claro que nem sempre existe certo e errado, ou feio e bonito, e há muitas questões que são subjetivas, ou até mesmo tão complexas que é possível haver diversos caminhos de pensamento possíveis. Mas temos que analisar cada situação, cada tema, individualmente, para sabermos onde é, ou não, possível definir verdades e certezas.
Usar o argumento clichê de que “não existem verdades, tudo na vida é relativo”, é um sinal de pobreza intelectual e argumentativa, onde busca-se generalizar tudo, negando o conhecimento e valores ético-morais. Isso é ruim para o debate, atrasando o avanço intelectual das sociedades. Com essas generalizações vem a negação à ciência.

Nesta mesma linha, sabendo-se da desvalorização que as opiniões sofreram nos dias de hoje, estando inclusas aqui informações de cunho metodológico e com propriedade; e sabendo-se que existe um senso comum que afirma não existir “certo ou errado”, chegamos a algumas máximas dos tempos atuais: “Respeite minha opinião, pois não existe opinião certa ou errada”. Ou, “todo mundo tem direito de emitir opinião”.

“Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo”. Essa frase foi escrita por Evelyn Hall em seu livro biográfico sobre o filósofo francês Voltaire.
Portanto, a proposta não é a censura das opiniões alheias, muito pelo contrário, a liberdade de expressão é um dos bens mais preciosos que uma sociedade pode alcançar.

A proposta é alertar a sociedade sobre a importância de um pensamento coletivo crítico no sentido de que, liberdade vem atrelada a responsabilidades. Se a sociedade, o governo, as leis lhe dão liberdade para agir ou falar como bem entender, isso significa que você, à partir deste momento, tem que conhecer os seus limites, os limites do próximo, e ter noção de cidadania e convivialidade. Senão, alguém vai precisar intervir contra você para garantir a liberdade e os direitos dos outros. Afinal, você tem liberdade sim, mas o que acontece quando ela invade a liberdade de outra pessoa? Quem tem mais direito à liberdade, você ou o outro?

Isso se aplica não só às afirmações que nós fazemos na forma falada, mas também naquilo que escrevemos. Também devemos nos atentar às correntes de e-mail e whatsapp que reenviamos a nossos conhecidos, assim como os posts que curtimos e compartilhamos no facebook, twiter, instagram, pois ao reenviar, curtir ou compartilhar algo, estamos dando nosso atestado de concordância, ou ao menos dando fortes indícios de que achamos aquilo importante, interessante, engraçado, etc.

Lembremos que meu foco é no bombardeio de informações que diluem o conhecimento epistemológico no meio do mar de opiniões; também da incapacidade da sociedade de separar o joio do trigo.
Claro que é importante analisar a importância do ego na sociedade atual, a superficialidade não só das informações, mas também das relações como bem trata o pensador polonês Zygmunt Bauman (nossas vidas são líquidas), o fortalecimento da elite e sua capacidade de manutenção do status quo, a intensificação do sistema capitalista selvagem que suga todo o tempo do ser humano em seus afazeres diários, sobrando pouco tempo para assuntos infelizmente secundários, como a cultura, intelectualidade, a reflexão e crítica do mundo ao seu redor; e tantas outras questões deveriam ser levadas em conta para entendermos melhor a proposta aqui apresentada.

Conclusão:

Resumindo tudo que foi apresentado, pode-se dizer que:

  • Há uma oferta demasiada de informações, e utilizando a lei da procura, oferta alta gera desvalorização do produto, ou seja, as informações perdem valor.
  • A grande quantidade de informações disponíveis, faz com que aquelas estruturadas numa metodologia científica, sejam diluídas no mar de opiniões e pontos de vista subjetivos.
  • A falta de senso crítico presente na sociedade, devido ao péssimo sistema educacional, uma mídia e igrejas manipuladoras, geram não somente mais cidadãos falando “pelos cotovelos” e emitindo suas opiniões aos quatro cantos do mundo, mas também geram uma incapacidade destes cidadãos de separarem o joio do trigo (separar o que é opinião daquilo que é fato/ciência).
  • Clichês se tornam máxima na sociedade: “respeite minha opinião”, “não existe certo e errado”, “isso é questão de opinião”, “isso é questão de gosto”, “tudo depende”. Esses clichês empobrecem o debate e atrasam o avanço e desenvolvimento intelectual das sociedades, pois ignoram e desrespeitam as ciências, o conhecimento epistemológico, a intelectualidade.
  • Não devemos censurar opiniões ou reduzir o direito das pessoas de emitir julgamento e se expressarem. Mas entender a Era das Opiniões, compreendendo e reconhecendo os problemas seríssimos que esta traz para a sociedade atual, é importante para que possamos debater sobre tais questões e adquiramos consciência da importância de um aumento de nosso senso crítico, e para que entendamos os perigos e prejuízos que as nossas opiniões (e as opiniões daqueles ao nosso redor) emitidas sem consciência, podem causar à sociedade e ao próximo.

Portanto, a proposta do trabalho “A Era das Opiniões: As Brumas de Sofia entre o bem e o mal” foi trazer a ideia de que vivemos na “Era das Opiniões”, onde a liberdade de expressão e os meios de comunicação modernos (internet, redes sociais) permitem a qualquer pessoa emitir opinião sobre tudo, tendo ele conhecimento ou não sobre o assunto, o que banaliza a informação, e esta perde seu valor, seguindo a lei da oferta x procura.
Este bombardeio de informações chega a uma sociedade alienada e manipulada, incapaz de enxergar as verdades devido a sua cegueira (as brumas), e por isso impedida de atingir o verdadeiro conhecimento, ou a sabedoria (Sofia). Por consequência, esta sociedade tem uma profunda dificuldade de fazer julgamentos críticos e racionais, e não consegue diferenciar o bom do ruim, a verdade da mentira, a crença da ciência, e “o bem do mal”.

Na Era das Opiniões, a sabedoria fica encoberta por um nevoeiro, dificultando a distinção entre o bem e o mal.

por Miguelito filosófico

figura: foto da própria apresentação

Post_Cuidar_Filhos_02Sem dúvida é inglória, complicada e extremamente imprevisível a tarefa.
Livros são escritos, exemplos bons e maus são compartilhados, e ainda assim sobra o tal sentimento de culpa, de que daria pra fazer diferente, e melhor!

Minha intenção aqui não é mandar uma receita de bolo. Até por ter um “teto de vidro” nesse caso, representado num pimpolho cheio de energia de dois anos.
A intenção também é mostrar exemplos: um bom e um mau. Opinando de forma pirata, só pra variar um pouco…

Começando de forma otimista, destaco o exemplo do vídeo do youtube mencionado no meu post-conto anterior (post aqui e vídeo aqui).
O escritor e radialista Marcos Piangers conta experiências de pai numa palestra do canal TED, relacionando o carinho impagável enquanto mostra a culpa sempre presente, mesmo quando as preocupações infinitas (com alimentação saudável, por exemplo) são focadas incessantemente. Destaco o trecho final, que é o título da palestra dele: do que as filhas precisam. As filhas (e filhos) não precisam de dinheiro, não precisam de coisas, de presentes, de bens materiais. Elas precisam de harmonia, de um mundo melhor, de menor desigualdade social, da extinção do machismo e do racismo, de uma igualdade plena entre cidadãos, entre homens e mulheres…
Precisam também de pais presentes (e mães, obviamente). De pais que queiram ser pais, que escolham ser pais; de momentos juntos, de qualidade de relacionamento. Me dói ver babás de branco em escolas e shoppings. Dói pelas babás, que trocam muitas vezes o carinho dos seus próprios filhos, para cuidar e educar outros, quase sempre por necessidade. E também dói pelos pais e mães que não estão vivendo o momento mágico da infância dos seus filhos, não estão acompanhando sorrisos e abraços.

Post_Como educar um filhoE, para exemplificar esse lado “ausente” dos pais, compartilho um comunicado fotografado em meu condomínio há um ano. Comunicado da pequena S. que perdeu brincando um IPhone 5S ganho no aniversário de 10 anos…
Destaquei a palavra brincando, pois é exatamente o que penso que crianças de dez anos devam fazer: brincar. Um celular de última geração é algo falso e forçado na inocência juvenil; traz a tônica do “ter algo para ser melhor” a uma idade que nem deveria se preocupar com isso. Se a marca do tênis, o estojo e as viagens de férias já mostram as diferenças sociais entre os alunos de uma escola, um IPhone aos dez anos inicia a competição gananciosa e escancara a desigualdade muito cedo!

Se eu pudesse falar com a menina, avisaria logo que a ameaça do pai é infundada.
Aquele IPhone é mais dele do que dela. É a ostentação do pai que planejou o presente (talvez numa viagem internacional), para dizer aos amigos do trabalho, do futebol, do clube que comprou um “IPhone último modelo” para dar de presente para a filha pré-adolescente.
É já que representa um sonho de consumo dele aos dez anos, transferido para a filha… ele seguirá realizando este sonho sempre que puder, já que conseguiu realizar tal sonho uma vez, independente das travessuras e do valor que a filha der aos presentes caros. Será assim com a viagem aos treze, a festa cara aos quinze e com o carro aos dezoito anos dela!

É um efeito compensatório, que troca o tempo com os filhos por mimos e IPhones caros. E essa busca da compensação não tem fim, uma vez que as crianças se acostumarão ao mecanismo e os adultos acreditarão ser a única maneira de curar as falhas como adultos cuidadores e responsáveis.
Se extrapolarmos o exemplo da jovem S. para outros adolescentes de classe média, há um enorme risco de toda a geração atingir a vida adulta sem conhecer a palavra “não”, sem ter passado por restrições, punições, castigos.

Mas, como disse no início, é um assunto “sem receita”, não há uma lista do “o quê fazer”.
Agradeço em nome dos filhos aos que deram o seu melhor; e desejo sorte aos que estão ou pretendem iniciar esse árduo intento.

por Celsão correto

P.S.: primeira figura retirada do vídeo do youtube citado acima (aqui). segunda figura de arquivo pessoal

Há poucas semanas tive o privilégio de assistir a um show antológico: Caetano Veloso e Gilberto Gil, juntos, dividindo o palco. Isso aconteceu durante a turnê destes na Europa. Fui até Bruxelas para vê-los.

Bom, o que dizer desses dois ícones da música brasileira? Por mais que eu elogie, não passará de pura redundância. São maravilhosos! Suas vozes, um pouco desgastadas após longos 73 anos (ambos), porém com excesso de experiência, maturidade e doçura.
Caetano suave e elegante, Gil maroto e marcante, nada de incomum, muito de fascinante.
Ahhh, e como toca violão o Gil! Quanta ginga, quanta técnica, quanto domínio. Dá aquela “inveja boa” a qualquer mineiro que tem o violão como Hobby. Ali, na sexta fileira, a 10 metros deles, eu já estava no meu terceiro babador.

Levantaram-se, despediram-se, muitos aplausos. Gritos de “mais um”! Eles voltaram, tocaram mais quatro canções. Levantaram-se, despediram-se, aplausos e gritos de “mais um”. Era um pedacinho do Brasil em Bruxelas. O público não ia embora, e continuava gritando “mais um”.

E eles voltaram. Dava para ler os lábios de Caetano, ainda caminhando em direção ao seu banquinho, reclamando com o Gil e dizendo: “vamos tocar o quê? Não ensaiamos mais nada!” E então li Gil dizendo: “toque qualquer coisa sua e pronto!”… Caetano emburrado, Gil rindo à beça. Tocaram cada um mais uma, e aí sim, fim.

Bom, essa foi a parte bonita do show. Mas também teve uma parte feia, para meu desgosto, mas não para minha surpresa: o público.
Ao chegar ao local do evento, percebi um público bem mesclado, mais ou menos metade brasileiro e metade belga ou europeu. Cheguei com 30 minutos de antecedência. O show estava marcado para as 20:00. Às 19:45 sentei-me em meu lugar e esperei.

Já eram 19:55 e notei que muitos lugares estavam vazios. Às 20:00 a maioria dos lugares já estavam preenchidos, mas uns 15% ainda estavam vazios, e muitos deles nas fileiras de frente.

O show atrasou, e assim alguns ainda conseguiram chegar a tempo. Alguns espertões começaram a vir de trás e pegar os lugares mais à frente, que na cabeça deles estariam desocupados. Pensei com meus botões: pronto, isso não vai prestar…..
Quando Caetano e Gil apareceram no palco às 20:35 ainda haviam muitos lugares vazios, o que já começou a me incomodar, pois eu sabia que aquelas pessoas, principalmente as das primeiras fileiras (as mais caras), já já chegariam.

Bingo! Foi o show começar, as luzes se apagarem, e os atrasadinhos começaram a chegar. Uns às 20:45, outros às 21:00, normalmente em grupos maiores que 4 pessoas, o que sempre gerava um alvoroço, pois os seguranças tinham que acompanhá-los até seus lugares, com lanternas que quebravam o clima do show. Chegando aos lugares, precisavam convencer os espertalhões que pularam para a frente a voltarem para seus lugares, para então poderem acomodar os atrasadinhos. Cada grupo que chegava, eram 3 a 8 minutos de barulho, luz de lanterna, e cabeças na frente. Notava-se que o idioma entre eles era, em sua maioria, o português.

Os campeões chegaram às 21:35, 1 hora e 35 minutos após o horário marcado para começar o show!!! Fala a verdade, tem que ser muito cara de pau, não?

Em paralelo, a cada 5 minutos passava alguém agachado, ia lá para debaixo do palco com o pretexto de tirar aquela foto especial, e aí, “como já estava ali mesmo”, sentava-se no chão, pertinho do palco. Aí vinha o segurança com a lanterna, e pedia para a pessoa voltar ao seu lugar. E assim foi durante todo show, até que os seguranças perderam o controle.

Quando Caetano e Gil despediram-se pela primeira vez, o público levantou-se para aplaudi-los. Ali na frente havia dezenas de pessoas agora, em pé, tirando suas fotos e fazendo seus filmes, e tampando a vista de todos os que estavam sentados em suas cadeiras. Os dois voltaram, e essa galera não mais se sentou ao chão, ficaram de pé, na frente do palco, enquanto todas as outras cerca de duas mil pessoas estavam sentadinhas em seus lugares. Então começaram os gritos de “senta aí”, “abaixa”, “senta por favor, não estou vendo nada”…

Caetano_Gil_Civilidade
A senhora ao meu lado, de uns 70 anos, sozinha, belga, estava apavorada com aquele comportamento. Obesa, levantou-se e pediu com toda sutileza que se sentassem. Foi ignorada.
Então foi minha vez, não tão sutil assim, somente mantendo a voz baixa para não atrapalhar o espetáculo. Com muito custo eles se sentaram. E assim, aqueles que pagaram pelo direito de estar mais perto dos artistas puderam assistir as últimas 2 canções sem maiores aborrecimentos.

Isso se chama “civilidade”, ou a falta dela. Mas eu, como incansável sonhador, acredito que nossa sociedade brasileira chegará lá, num futuro próximo.

por Miguelito nervoltado

figura retirada daqui

bandeiraVocê mora em São Paulo?
Acha que estamos no melhor do Brasil, na nata da nata (ou crème dela crème, como diriam os mais “chic“), que temos os melhores restaurantes, melhores serviços, melhor vida noturna e, sobretudo, melhor “extrato” da população brasileira?

Eu não concordo!

Vivo em São Paulo desde que nasci e gosto da cidade (aqui uns podem dizer que sou estranho, pois gosto do Brasil); mas não acho que somos assim tão bons e tão moralmente inexpugnáveis ou perfeitos se comparados a outros brasileiros.
Motor do Brasil? Talvez. Mas as condições dado o ápice da exploração do café, conseguinte força política no cenário nacional e domínio regional (sobre Minas Gerais), trouxeram o dinheiro pra cá. Com ele vieram as indústrias, os bancos, os trabalhadores em busca de oportunidade…

O fato é que somos egoístas, hipócritas e críticos em demasia.
– Não damos lugar a aposentados e grávidas em coletivos. E mais, brigamos se alguém nos cobra isso. Existem inúmeros vídeos amadores com cenas lamentáveis;
– Somos os mais “espertos” no trânsito e também no transporte público: furamos fila, andamos na contramão, estacionamos em vagas demarcadas à prioridades;
– Moramos em ótimos empreendimentos, com opções ilimitadas de lazer; e temos os mais belos carrões, pela simples necessidade de “ostentar”;
– Criticamos com veemência se algum “desclassificado” tenta frequentar o mesmo espaço, mesmo este sendo público. Tal como parques e shoppings, para citar somente dois exemplos;
– Há preconceito aqui contra negros, mulheres, nordestinos, gays, pobres… Mesmo com massivas campanhas na mídia e movimentos e leis contra todos estes preconceitos;
– O carioca é folgado, o mineiro é caipira, inculto, o baiano é preguiçoso, aliás, todos os nordestinos são baianos (o que mais há por lá?), o sul também é uma “mega-região” que tem praias, mulheres bonitas e vinhos. Rótulos…
Mas, se alguém perguntar sobre o nosso rótulo… seremos trabalhadores, esforçados, perfeccionistas, incansáveis.

O que vejo é que poderíamos:
– Tornar o transporte público, melhor ainda, a vida mais humana. Quem teve a oportunidade de dirigir por cidades como Brasília, Blumenau ou Florianópolis, passou pela experiência de ser chamado de “Paulista!” ao cruzar uma faixa de pedestres sem frear para que os pedestres atravessassem. Nestas e em outras cidades brasileiras, é comum termos faixas sem semáforo, onde o motorista dá a preferência para o pedestre (por incrível que possa parecer);
– Passar a conhecer nossos vizinhos, colegas de trabalho e pessoas “invisíveis” do entorno. Não quero aqui pregar a bondade eterna, mas quem sabe o nome da faxineira da empresa ou do prédio? A mesma que passa pela sua mesa todo dia?
– Entender que uma pessoa que te serviu sem um sorriso ou derrubou seu café pode estar com problemas em casa, ou pode ter enfrentado um dia difícil. Como você, ela é humana! E também entender que as frases: “por que trabalha com público se está com essa cara?” e “foi ela que escolheu esse emprego”, podem não servir;
– Aceitar o trânsito, ou buscar alternativas para minimizar seus efeitos sobre nós, como música, tarefas próximas ao trabalho que modem o deslocamento para um horário alternativo, como aulas de Inglês, academia, prática de esportes. No trânsito, lembrar da maxima do “dia ruim” da outra pessoa;
– E, principalmente, reconhecer que somos imperfeitos, que muito do que foi listado é verdade, que o Carioca e o Baiano têm o mar e preferem, corretamente, balancear a vida privada com o trabalho, não se cobrar tanto. Enxergar que, atualmente, boa parte da “nova” indústria automotiva se instalou no Nordeste e Centro-Oeste. Ou seja, lá também haverá mão-de-obra especializada, lá também serão tomadas decisões, lá também há (e haverá mais) desenvolvimento.

Talvez o título seja exagerado, principalmente por comparar São Paulo e sua sociedade à pequenas cidades, de vida pacata e certo “atraso” cultural. Muitas delas seriam a meu ver, perfeitas para se viver.
Obviamente faço um mea culpa, por errar incontáveis vezes e “seguir a cartilha” que pichei.
E, sem dúvida, muitos outros cidadãos de outras cidades brasileiras (grandes e pequenas) ver-se-ão representados como “paulistas”. Não é um problema de onde se nasce, mas sim da maneira de encarar a vida.

por Celsão irônico

figura – montagem com base em figuras daqui e daqui

P.S.: esse post surgiu de uma agradável e construtiva conversa de bar
P.S.2: A Folha publicou uma pesquisa sobre o assunto: São Paulo x resto do Brasil. Para quem quiser ler sobre uma análise não-convencional feita no site Tijolaço (aqui)

5ad1f989-1515-4d1c-ac3a-536a6191e526Era mais do que sabido.
Seca prolongada, ausência de planejamento, de reformas e de novos investimentos, base de geração hídrica, pressão para aumento de consumo interno…

Deu no que deu. Apagão em onze estados, ocorrido através de corte de fornecimento feito pelas geradoras por ordem do operador nacional do sistema (chamado ONS).
Pouco interessa agora se as falhas ocorreram na geração, devido aos baixos níveis das represas; na transmissão para as residências, graças a falhas técnicas; ou se foi uma ação “para evitar o pior”, como foi divulgado pela diretoria do ONS (aqui)
Negar o apagão, chamar de corte seletivo de carga no fornecimento, tampouco me parecem estratégias interessantes; já que teremos um ano de baixo crescimento econômico. Se não investimos para fazer ajustes ou reformas necessárias e nos prepararmos para estiagens prolongadas, por exemplo, não acho aceitável culpar São Pedro, o verão ou estagiários pelas falhas que tendem a se multiplicar.

O que falta é cultura, é o “clic” num povo acostumado a ter água e energia elétrica baratas e em abundância.
Em nosso país, a energia elétrica é algo “mágico”. Basta haver uma nova requisição, por exemplo, através do acionamento de um interruptor e, pronto! A luz acende instantaneamente; não importando se aqueles 16 ou 20W a mais vêm da Usina de Paulo Afonso na Bahia, de Angra dos Reis ou de Jirau em Rondônia.
Para a água é a mesma coisa. Nos acostumamos a banhos demorados em casa e a lavar carros, calçadas ou regar plantas com a mangueira ligada o tempo todo. É trágico e comum, mesmo hoje, encontrar pessoas na região metropolitana de São Paulo, com a mangueira a desperdiçar água dentro da própria garagem, enquanto atende ao telefone, busca uma vassoura…
E já que o tal “clic” não acontece quando alguém reprime o desperdício avisando da escassez atual, vai ocorrer, infelizmente, quando essa pessoa não tiver mais água limpa para o banho ou tiver de usar água dessalinizada para lavar roupas.

É um quadro real e está mais próximo do que imaginamos, lamentavelmente.

Para exemplificar parte dos problemas, recomendo a leitura de um excelente artigo, que recebi pela primeira vez em abril passado e tive a feliz sorte de reencontrar (aqui). É uma aula sobre a crise da água, sobretudo se tomarmos os links indicados pelo Leandro.
O autor/repórter enumera diversos problemas, além da estiagem atacada por todos. Para mim, o principal e crucial é a falta de planejamento das nossas cidades.
Defendo que as cidades precisam ter um limite, crescer até determinado ponto para não esgotar os recursos naturais do entorno e não complicar toda a estrutura logística de manutenção da própria cidade. Logicamente é muito mais factível coordenar transporte, segurança, iluminação, saúde pública, educação numa cidade de 500 mil habitantes do que numa cidade de dois milhões. São Paulo e sua ainda crescente e desordenada expansão é inviável para o poder público em todos os aspectos listados acima.

Outro ponto interessante levantado na leitura do site Cosmopista (aqui e aqui) é a mudança de gestão da Sabesp, empresa de águas do estado de São Paulo, que passou a ter ações na Bolsa e focar no lucro puro e simples, priorizando seus acionistas, ao invés de cumprir o papel a que foi criada (tratamento e distribuição de água).
Maximizar lucros sem investimentos de expansão, manutenção ou redução do desperdício é adiar um problema, ou acender uma bomba com um pavio bem longo. O problema pode até “pular” algumas gestões, mas indubitavelmente, vai aparecer. Apesar de não concordar com todos os argumentos ou “mitos” levantados pelo site, tornar uma empresa essencial privada, é de extremo mau gosto (pra dizer o mínimo).

Mas não sou do tipo “matuto” que culpa o desenvolvimento social e a “nova classe média com seus aparelhos de ar condicionado” pelo pico de consumo.
Creio ser natural e inevitável no ser humano o desejo “por mais” ou o desejo de conforto, após sanadas as necessidades básicas como alimentação e moradia. Privar uma mulher de comprar um secador de cabelos, uma família de ter uma nova TV ou toda a sorte de aparelhos na cozinha, é impedir paralelamente o desenvolvimento do próprio mercado interno.
O que poderíamos fazer é avançar nos programas de eficiência energética, tornando o consumo mais inteligente e eficiente ao invés de limitá-lo.
Usando um exemplo, toda geladeira hoje possui o selo “A” do Procel. Por que não “rebaixar” todas para “D” e passar a exigir uma melhor eficiência por kilowatt consumido?
Outro exemplo, este mais utópico, por que não separarmos a água utilizada no banho ou pia para a descarga, ou mesmo para lavagens externas em prédios? Estudos de dez anos atrás já mostravam a viabilidade de caixas d’água intermediárias para este fim.
Sem falar no potencial das energias alternativas, que, apesar do alto valor inicial a investir, tem menor impacto ambiental e menor custo de megawatt gerado que as termelétricas emergenciais a óleo que temos utilizado.

Bem… ao menos o governador Alckmin admitiu que a situação atual é de racionamento (ou de restrição de fornecimento, usando palavras dele), primeiro passo para evitar o pior desabastecimento da história.
Agora é trabalhar na viabilização das energias alternativas, nas novas usinas, novos contratos de transmissão, na redução dos desperdícios e na conscientização ou “clic” na população para voltarmos ao patamar de fornecimento anterior, sem os riscos de privação.

Só isso?!?
Não. Isso é só o começo.

por Celsão correto

figura retirada daqui

Reformas_Brasil_03As eleições passaram.
Para o Executivo, vitória de Dilma, o que me traz um pouco de esperança.
Para o Legislativo, o mal pior aconteceu (aumento de 40% da bancada conservadora). Agora, neste novo governo que se inicia, o debate simplista não levará a lugar algum, a não ser para trazer um mínimo de compreensão política para a cabeça da parcela da sociedade mais despolitizada.Mas se quisermos realmente trabalhar juntos com o Governo, fazer nosso papel civil de cidadão, participando do processo sociopolítico do país, entendendo os problemas, participando dos debates e propostas de soluções e exigindo decisões urgentes de nossos governantes; então o debate precisa ser aprofundado, e cada veia e artéria deve ser desobstruída, para evitar derrames.O cenário heróico e perfeito no qual foram desenhados, tanto Dilma quanto Aécio, pelos seus respectivos partidos durante a campanha, não condiz com a realidade destes, tampouco com o que eles podem/poderiam fazer dentro do sistema ao qual estão sujeitos.
Dilma é uma administradora eficiente, e uma mulher de integridade ética inquestionável. Mas se tornou, como outros presidentes, refém do nosso podre sistema político, das coligações prejudiciais com PMDB e outros partidos conservadores, e com alas bárbaras da elite. Com este novo Congresso eleito então, a situação tende a piorar. E Dilma não pode virar as costas para o Congresso. Por isso nós, o povo, precisamos surgir como um novo braço da política, para contrabalancear com o Congresso, que, em sua maioria, representa os interesses do Capital, e não da massa da sociedade.

Na economia, o mundo está sofrendo com a maior crise da história do planeta. Não adianta continuarmos esperando que o Brasil continue crescendo 5% ao ano, com taxa de desemprego de 4,5%, dívida pública caindo e salário mínimo aumentando da forma como aumentou com Lula, e ao mesmo tempo, continuarmos mantendo os banqueiros e multinacionais felizes com seus lucros.
É preciso tomar medidas duras, que desagradarão o povo, ou a elite, ou ambos. Eu espero que sejam medidas que desagradarão mais a elite, o capital especulativo, banqueiros, o capital estrangeiro, que as camadas mais necessitadas de nossa sociedade. Mas o certo é que algo deve ser feito.

É hora de bater de frente com a mídia golpista, é hora de bater de frente com as alas mais podres e conservadoras do capital, é hora de comunicar melhor com a sociedade e solicitar o apoio do povo, dos militantes e dos movimentos sociais. É hora de criar um projeto macro para nossa política-econômica, projeto esse que consiga unir o máximo possível de grupos e classes do Brasil num objetivo em comum.
Não dá para ficar mais 4 anos no banho Maria, negociando migalhas, e empurrando os nossos maiores problemas estruturais com a barriga.

Dilma sabe disso, mas ela governa com mais de 30 ministros, mais outras dezenas de secretários, mais de 500 deputados e mais de 80 senadores. Ela governa precisando representar o trabalhador braçal, o camponês, o latifundiário, o operário, o gerente, o dono da fábrica, o capital nacional e o capital internacional, o especulador, o banqueiro, o funcionário público, o professor, o médico… ela é a presidente de todos. É nosso dever participar e ajudá-la a vencer aqueles coronéis que não querem mudanças profundas no Brasil, com medo de perderem seus privilégios seculares.

Pessoal, tempos difíceis se aproximam, e faça o que fizer Dilma, e participemos nós ou não, efeitos colaterais duros nos esperam. Cabe a nós, ou ficarmos olhando, como sempre calados e conformados, e depois de tudo desandado sairmos reclamando que Dilma ferrou com tudo, que o Brasil é uma porcaria, isso e aquilo; ou então mexermos o nosso popozão, e participarmos, fazendo valer nossos direitos democráticos, e lutando por aquilo que realmente queremos.

Qual a postura que você vai tomar? Ficará passivo esperando a doença tomar conta de seu corpo, para depois entrar em depressão e tomar milhares de remédios para se curar? Ou vai fazer exames de rotina, e se comportando de forma preventiva, evitando que a doença se desenvolva?
Esses são os dois caminhos possíveis para você enquanto cidadão de uma sociedade democrática.

Participem, seja indo as ruas, seja lendo e se informando, seja perguntando ao amigo que entende mais que você, seja participando de conselhos populares, seja escrevendo no facebook e blogs e compartilhando informação. Vamos nos mobilizar.
Mas lembrem-se sempre, por favor: tudo isso tem que ser feito com muito juízo e sempre alerta, pois a elite escravagista e a mídia bandida estarão sempre caminhando ao nosso lado, tentando nos guiar para a contramão, corromper nossa ideologia e ideias, e nos fazer pensar que estamos lutando por algo que é bom para nós, mas que na verdade não é, é algo que só faz com que tudo se mantenha como está (mantendo o Status-Quo).
Disciplina, policiamento, humildade e perseverança nos nossos atos, só assim caminharemos na direção certa.

E pelo que precisamos lutar?
Pelas reformas mais urgentes que o Brasil precisa. São elas:

Reforma Política: fim do financiamento privado de campanhas, maior participação popular através de consultas, plebiscitos e referendos, revisão e limitação do número máximo de partidos políticos, discussão sobre voto aberto ou secreto no Congresso, valor de salários e benefícios de parlamentares, senadores, ministros do Executivo e do Judiciário, Presidente; Sistema Eleitoral: voto partidário, quociente eleitoral, voto majoritário, voto em lista, voto distrital ou não, entre outros. (Mais sobre a Reforma Política AQUI)

Reforma da mídia/Lei de Médios: a mídia brasileira é 95% privada. 75% da mídia de todo o país está concentrada nas mãos de 6 famílias. A mídia não é um mercado como outro qualquer, pois o produto que ela vende é “informação”. Portanto, não se trata de vestuário, ou imóvel, bens materiais, lazer; se trata do intelecto e forma de pensar de cada cidadão. Portanto, é inconcebível não haver, nesse mercado, regulamentação que vise garantir um serviço de excelente qualidade à sociedade.
Uma mídia democrática é uma mídia onde todas as camadas sociais são representadas em pé de igualdade. Por isso é preciso diminuir o poder da mídia privada, e ascender mídia governamental e mídia popular/pública. Assim, tanto o setor privado, quanto o Governo e a sociedade, teriam garantidas suas representações democráticas, e poderiam divulgar informações a partir de seus pontos de vista e seus interesses. O resultado: uma sociedade com acesso a informações diferentes e divergentes, podendo analisar sempre os dois ou os vários lados da moeda, e no fim, chegar a uma conclusão/opinião mais heterogênia, equilibrada e racional. Hoje, toda a informação é convergente/homogênea, pois toda a mídia é privada, e portanto, representam os interesses da elite, raramente os interesses da sociedade. Se a mídia só fornece uma versão dos fatos, obviamente, o cidadão só pode chegar a uma conclusão, aquela que a mídia passou, que foi a única com a qual ele teve contato. E nós sabemos que, ouvir somente uma versão de qualquer história, não é suficiente para chegarmos a conclusões, não é mesmo?.

Reforma Tributária: no Brasil, quanto mais rico se é, menos imposto “total” se paga. Somente revendo nossa pirâmide tributária, poderemos aliviar a carga de impostos da produção, e aliviar a carga tributária daqueles que têm menos dinheiro, mas sem causar efeito negativo no orçamento do Governo. Na maioria dos países capitalistas ricos, as taxações a grandes salários chegam a ultrapassar os 40%. Na Alemanha, Suécia e outros exemplos, chegam até a 50% do salário. No Brasil, abatendo os gastos dedutíveis, não se paga mais de 30%. Nos EUA e na Alemanha, o imposto sobre grandes heranças chegam a 40% do valor total. No Brasil, apenas 4%. (Entenda mais sobre os impostos do Brasil e do mundo, acessando esse artigo AQUI)

Reforma Agrária: ainda é lamentável a situação de concentração latifundiária no Brasil. Precisamos de projetos que garantam a alocação de famílias, e uma democratização das terras. Isso é ótimo para a sociedade e para o meio ambiente. Não é justo que famílias passem de geração em geração fazendas do tamanho da cidade de Belo Horizonte, só porque o tatataravô era um coronel das capitanias hereditárias, principalmente se essas terras são mal aproveitadas.

Reforma do Sistema Educacional: é óbvio que precisamos aumentar os investimentos em educação. Mas só isso não basta. Precisamos de um reforma estrutural completa, que gerará resultados a longo prazo. Precisamos reformar a grade curricular do ensino primário, ensino médio e ensino superior, inserindo de forma radical disciplinas voltadas à ética-social, ao respeito às pluriculturas e diferenças, reforçar a filosofia, sociologia, antropologia, despadronizar o ensino da história e geografia e inserir o ensino das ciências-políticas com ênfase em nossos direitos e deveres democráticos. É preciso maior valorização dos professores e trabalhadores do ensino, assim como tornar mais rigoroso e completo o preparo e formação dos mesmos. Na Alemanha, por exemplo, o professor é um dos profissionais com melhor salário, mas ao mesmo tempo, tem um dos vestibulares mais concorridos, além de ter um curso superior muito duro, que exige muito do estudante.

Sem essas reformas, vamos continuar tomando Banho Maria.

Para acessar o artigo-inspiração de Ciro Gomes na Carta Capital, clique AQUI.

por Miguelito Formador

CriacionismoReproduzo aqui o artigo do Professor Doutor José de Sousa Miguel Lopes, e publicado no blog Navegações nas Fronteiras do Pensamento. Para acessar o artigo original, clique AQUI.

Também não deixem de clicar no link do Youtube indicado no fim do artigo. Trata-se de um vídeo didático e divertido, feito pelo vlogueiro Pirula.


Criacionismo – Modus Operandi

O objetivo da ciência é moldar as nossas crenças à realidade. Não é um processo infalível nem acabado, mas tende a melhorar gradualmente a sintonia entre aquilo que julgamos ser e aquilo que realmente é. Para esse fim, não se pode, por exemplo, abordar a geologia a partir da crença de que a Terra é plana ou a astronomia a partir da crença de que a Lua é feita de queijo. Seja qual for a crença ou problema, não é científico comprometer-se à partida com uma crença, de forma firme e persistente, porque o que se quer com a ciência é explorar as possibilidades e procurar as crenças que melhor correspondam aos dados que se vão acumulando. Para isso exige-se uma atitude cética no sentido de adotar ou rejeitar crenças sempre conforme o peso das evidências e nunca por vontade pessoal. O que é exatamente o contrário da crença religiosa, carente de fé e apregoada como resultando do exercício da vontade livre do crente.

Esta diferença é evidente em várias posições criacionistas. A idade do universo estimada atualmente está muito além do que um cientista criacionista típico aceitaria. Em resposta, muitas cosmologias criacionistas de universo jovem têm sido propostas para discutir a questão da idade. É consensual na cosmologia que o universo tem quase catorze mil milhões de anos. Este valor já foi revisto várias vezes, porque valores anteriores revelaram-se incompatíveis com a informação que se ia obtendo, mas a ciência progride precisamente por encontrar alternativas que se ajustam melhor aos dados. O “cientista” criacionista faz o contrário. Primeiro decide em que hipóteses acredita “a partir da crença de que o universo foi criado por Deus” e depois limita-se a escolher as evidências que forem mais favoráveis a essas crenças.

Noutro exemplo das posições criacionistas, a “criação biológica é basicamente o estudo dos sistemas biológicos, sob a suposição de que Deus criou vida na Terra. A disciplina é estabelecida sob a ideia de que Deus criou um número finito de espécies”. Quando se usa a ciência para estudar algo não se pode estabelecer disciplinas “sob ideias” pré-concebidas nem fixar qualquer suposição. Afinal, o objetivo é perceber o que se passa e não cultivar preconceitos. Por isso, o tal “criacionismo científico” não é ciência, mas apenas uma de muitas trapaças que abusam da ciência para fazer parecer que a sua doutrina tem fundamento.

Se bem que muitos crentes concordem com este juízo acerca do criacionismo, porque rejeitam a interpretação literal dos escritos religiosos, normalmente recusam-se a reconhecer que este conflito entre religião e ciência não depende dessa interpretação literal nem é evitável enquanto a religião professar a fé em alegações acerca da realidade. Quer leiam a Bíblia à letra, quer a leiam como metáfora, a fé firme na “crença de que o universo foi criado por Deus” torna-os todos criacionistas e põe-nos todos em contradição com a ciência. Nem é só pelos indícios, cada vez mais fortes, de que o universo não foi criado com inteligência nem há ninguém encarregue disto tudo que se preocupe minimamente com o que nos acontece ou com o que fazemos. É, principalmente, porque a ciência exige que se tratem todas as crenças como equivalentes à partida e se faça distinção entre elas apenas pelo que objetivamente revelam corresponder à realidade. Isto é incompatível com qualquer fé, dogmatismo ou crença pré-concebida da qual não se queira abdicar.

Como vimos, estas são algumas tentativas,  entre muitas outras, de dar ao criacionismo a aparência de ser científico. Para aprofundar um pouco mais a problemática do criacionismo veja a forma didática como ele é apresentado, clicando no vídeo aqui

Leia o texto “Por que é quase certo que deus não existe” de Richard Dawkins clicando aqui


por Miguelito Formador

Reproduzo abaixo um texto que escrevi em meu perfil de Facebook, dedicado a alguns amigos específicos.
Aproveito a replicação aqui no blog para dedicar este texto também a todos vocês leitores que se sentirem identificados no que aqui será exposto.


AmorXódioQueridos amigos. Vocês são muito especiais, e compartilham comigo de uma mesma sensação recente, todos vocês.

A sensação de desilusão.

Sim, aprofundar nos estudos políticos e sociológicos, aprofundar nas observações sobre o comportamento da sociedade, gera uma frustração muito grande. Ao percebermos como o ser humano pode ser desonesto intelectualmente, hipócrita, arrogante, teimoso, agressivo, tudo em prol de defender seu ego, gera em nós um desgosto, um lamento. Como podem ser capazes de alimentar tanto ódio, sem nem mesmo terem motivos reais para o mesmo? Nos perguntamos.

Nós que nos esforçamos em demasia para obtermos o máximo possível de conhecimento e informação, para sabermos daquilo que falamos. Nós que refletimos todos os dias ao deitarmos em nossas camas, e pensamos profundamente sobre tudo, e tentamos ver se há equívocos em nossa maneira de pensar ou agir. Nós que sempre pisamos com os dois pés atrás, antes de acreditarmos em algo. Nós que temos sensibilidade dolorida, e qualquer suspiro de maldade do mundo nos corta a alma. Nós que buscamos desenvolver nosso senso crítico ao extremo, e percebemos assim as mentiras e maldade nos pequenos gestos. E principalmente, a nós que foi dado o dom de conseguirmos pensar nos outros, no coletivo, antes de pensarmos em nós mesmos. Nós que travamos nossa luta pelo próximo, pela melhoria de vida do outro, principalmente daquele que menos tem. Travamos essa luta com muita fidelidade, honestidade, ética, responsabilidade e amor, sem ganhar NADA em troca, simplesmente a consciência limpa de que estamos desempenhando nosso trabalho de formiguinha para construirmos um mundo melhor (mesmo que seja uma utopia, mas como disse Mia Couto, “a utopia nada mais é que a força que nos faz caminhar sempre em frente”).

Nós sofremos muito mais que qualquer outra pessoa. Nós absorvermos toda essa maldade, como um filtro. Um filtro humano, que absorve a sujeira, para que ideias mais puras cheguem ao próximo.
Não pessoal, não é gostoso ser filtro, e estar sempre carregado de sujeira. Mas o que fazer? Fechar os olhos e nos isolarmos em nosso mundinho? Sim… é possível, mas acho que eu não seria capaz. Plagiando Einstein “uma mente que se expande não mais se apequena”.

Ninguém disse que seria fácil. Muito pelo contrário. Eu por exemplo, a todos do meu arredor que me procuraram para que pudéssemos nos ajudar mutuamente e crescer juntos, eu sempre avisei: “Você tem que estar certo de sua decisão, pois é um caminho sem volta, e será cada vez mais doloroso”.
Eu sei que mesmo vocês não entenderam 100% o que eu queria dizer. Mas quem entende o outro 100%? Não há! Pois cada um de nós é um único universo.

Mas percebo que à medida que vocês se aprofundam, e assumem com maior intensidade a luta pelo bem para dentro de vocês, nós (você e eu) nos tornamos mais síncronos e nos entendemos/alcançamos ainda melhor.

Nessas eleições, máscaras caíram, e a hipocrisia, que é um problema crônico da sociedade brasileira, principalmente da maior parte da classe média, foi se desfazendo e se tornando algo claro. Preconceitos, arrogância, elitismo, individualismo, indiferença para com as dores do mundo, egoísmo, foram deixando de estar debaixo da máscara da hipocrisia, e foram se tornando parte de um discurso mais aberto e transparente, por parte de muita gente. E dentro destas “muita gente”, estão colegas, conhecidos, amigos de infância, parentes, família, pessoas que “admirávamos”. E pessoal, é ÓBVIO que isso dói demais em nossa alma! Tira-nos o sono. Causa-nos pesadelo. E muitas vezes, até mesmo nós que também somos seres humanos, sentimos coisas ruins, como preguiça, nojo, raiva!
Ora, só porque buscamos evoluir não quer dizer que sejamos perfeitos. Mas não nos coloquemos JAMAIS no mesmo balaio dos tolos, JAMAIS!
Estamos diante neste momento de compreender com maior plenitude a celebre frase de Che Guevara: “Há de endurecer-te, mas perder a ternura jamais!”

Sempre achamos essa frase bonita. Até mesmo os tais tolos acham essa frase bonita. Mas compreendê-la em plenitude é algo bem mais raro, pois exige uma caminhada individual, uma caminha árdua, mas que expande nossas mentes, e nos livra de correntes culturais do senso comum.
Para entender melhor essa referida caminhada, acesse AQUI meu texto “A escalada da Sabedoria”.

Com todos vocês aqui marcados, tenho conversado inbox no facebook, ou por e-mail, ou por telefone, ou pessoalmente, nos últimos tempos. Temos conversado muito, e sempre o mesmo assunto. Estamos todos cansados, desiludidos, desesperançosos. Queremos ajudar o mundo, mas o mundo parece não querer ser ajudado. Queremos dormir. Queremos fechar a porta para os problemas dos outros, e cuidarmos de nós, pois estamos enlouquecendo no meio de tanta insanidade. Queremos ter paz em nossas vidas! Queremos desfazer o Facebook. Queremos ignorar os e-mails daquele tio com ar de oráculo, mas totalmente alienado. Queremos bloquear dezenas de pessoas no Whatsapp, que ficam mandando fotos e vídeos mentirosos e maliciosos. Queremos evitar embates e debates. Não aguentamos mais!!!
Acreditem, as conversas com cada um de vocês individualmente, foram uma repetição de exclamações e desgostos. Portanto, entendam, compartilhamos exatamente dos mesmos sentimentos.

Assim sendo, eu quero dizer-lhes que, respeitarei em plenitude aqueles de vocês que se isolarem, ou evitarem futuros debates. Se está demais, então deves fazer isso mesmo. Eu te apoiarei, pois entendo sua complexidade, sua profundidade, e sei da dor que sentes.
E se você quiser continuar lutando, se ainda tiver alguma energia aí, conte comigo, como sempre pôde contar. Você não está sozinho, não mesmo. E sabe que minha companhia não é rasa, estou com você por maior que seja o seu inferno astral. Estou com você, antes de estar comigo mesmo.

Aproveito para lembrar que aqui não se trata de política somente pessoal. E sei que mesmo alguns de vocês não entendem quando digo isso, e me criticam. A política, em momentos de tanta tensão como esse, serve para revelar a face mais profunda do caráter das pessoas. Não se trata de apoiar Aécio ou Dilma, Marina ou Levy, Luciana ou Eduardo. Trata-se sim de apoiar a vida, apoiar um mundo mais justo ou não. Apoiar aqueles que já têm uma vida melhor, ou apoiar aqueles que mais sofrem. Trata-se de ser CAPAZ de abrir mão de seus benefícios pessoais, identificando que você já é um ser humano com muitos privilégios, e então lutar por mais direitos ao próximo, que tem menos direitos que você.

Portanto, não estamos lidando só com política, estamos conflitando com a dura realidade do caráter do ser humano, e é justamente isso que nos dói.
Portanto, nossa luta não é só política, mas é uma luta por um mundo melhor, por sociedades mais justas, mais críticas, mais coletivas.

Lembremos que todo ser humano é uma complexidade. Todos temos coisas boas e coisas ruins. No fim, nós somos o resultado de onde alimentamos mais. Se nos alimentamos de coisas boas, nos tornamos melhores. Se ingerimos coisas ruins, piores.

No Brasil, temos uma educação rudimentar, que não prepara o cidadão moral- e eticamente, não nos dá referencia de ética-social, não nos ensina a pensar criticamente, questionar, não nos ensina a aprender com humildade, não nos ensina a respeitar as diversidades e pluriculturas. Temos famílias que herdam uma cultura elitista e preconceituosa de seus antepassados escravagistas e aristocratas, e repassam isso para nós, em maior ou menor grau. Temos a forte presença de igrejas fundamentalistas, radicais e bandidas, com único interesse de manipular seus fiéis para obter grana. E temos uma mídia sem qualquer regulamentação, uma mídia bandida que defende única- e exclusivamente o interesse de seus patrocinadores, grandes empresas, em detrimento do interesse da sociedade.

Portanto, somos alimentados quase o tempo todo por tudo o que há de pior! Não tem segredo. Isso origina essa nossa sociedade, que elege Bolsonaros, Felicianos, etc… que elege o Congresso mais conservador desde 1964. Que protesta por mudança na política em 2013, e em 2014 elege uma política ainda mais podre que a anterior, e pior…. acham que fizeram bem seu papel de cidadãos.
Essas eleições são muito importantes, mas ganhando Dilma ou Aécio, a maior derrota já tivemos, que foi a vitória do conservadorismo no Congresso, e a revelação de quão contaminada está a sociedade brasileira.

Mas nossa luta tem que ir muito além da eleição. Nossa luta tem que continuar no dia a dia. Como fazemos para mudar os 4 pontos descritos acima por mim? Educação, Igrejas, Cultura familiar, Mídia? Pois somente mudando estes pontos, trabalhando aí, podemos ter uma sociedade que fomente o que há de melhor em cada um de nós, e nos faça enfim, nos tornamos um país mais honesto, mais justo, mais igualitário, mais inteligente, mais civilizado, mais coletivo.

Eu quero trabalhar, e buscar soluções para estes problemas. Eu continuo sonhando com um Brasil mais bonito, mesmo tendo a impressão de que o próprio Brasil não queira isso. Na verdade, eu sei que o Brasil quer, o problema, é que o Brasil não sabe que quer. Como disse Gilberto Gil “o povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe”.

Então, meu trabalho continuará sendo feito, mesmo que eu não seja compreendido. Pois esse é justamente um dos principais objetivos do meu trabalho, “fazer com que cada vez mais pessoas compreendam e alcancem o que eu, e outros militantes do povo, fazemos”. Eu luto para abrir os olhos da sociedade, para eles “quererem”. Quererem e aceitarem serem ajudados.

Amo vocês, e contem comigo para o que vier. Ao menos chegaremos ao fim de nossas vidas, olharemos para trás e diremos “nós tentamos”, que orgulho e alegria.

Com muito carinho.

* Para ler nosso artigo sobre o ódio e o amor na política, clique AQUI

por Miguelito Filosófico

Figura de edição própria. Figura original daqui

2014-742976986-2014081799866.jpg_20140817Os posts não são antigos, mas tomados os fatos absurdos que presenciamos nos últimos dias, me senti obrigado a fazer esse adendo, essa atualização.

Parece que, inspirados pelos “puxões de orelha” do post sobre alienação digital (aqui) e da crítica feita à sociedade consumista (aqui) o povo resolveu me provocar.

Meu primeiro destaque negativo vai para o aumento de compartimentos de fotos e vídeos de acidentes e em hospitais.
E, infelizmente, não foram somente selfies feitos pelos próprios enfermos que “vazaram” expondo a fragilidade dos pacientes (famosos ou não) a outros seres humanos. Muitos médicos e plantonistas têm agido da mesma forma. (uma das notícias veiculadas na mídia pode ser lida aqui)

Nessa mesma toada, achei inacreditável como fazer um vídeo do tigre atacando o menino no zoológico ficou mais importante que salvar a vida do menino, quer seja alertando o pai sem noção, quer seja avisando a segurança. Vários dias após o acidente, ainda surgem outros ângulos do mesmo, tomados certamente por pessoas que julgavam ser mais bacana “registrar o momento” que agir!
E não é só isso, brigas de rua, Neymar sendo internado durante a Copa, vídeos caseiros pós acidente aéreo e outras fotos e vídeos absurdos, tornaram-se mais interessantes que cuidar da própria vida, da própria segurança!

Mas o pior mesmo foi ver selfies na internet de acéfalos, que passavam para dar o último adeus, ou prestar a última homenagem a Eduardo Campos (ao menos supunha-se que essa era a intenção).
Como pode uma pessoa entrar numa fila kilométrica para guardar um selfie como recordação? Será que uma foto dessas compartilhada nas redes sociais vale mais que humanidade e humildade?  Esse tipo de comportamento, pra mim, não é SER humano.

por Celsão revoltado

figura retirada do UOL

Video_01Este post apresenta dois vídeos com o intuito de alertar e exemplificar o modo atual de “socialização na solidão” na internet e redes sociais, além de mostrar a vida que se perde a cada tecla e tela…

O primeiro vídeo-tema chama a atenção para o modo como estamos nos desligando do mundo, olhando apenas para baixo em nossos i-phones, tablets, smartphones e outros gadgets interessantes.

É realmente notável, como as pessoas estão se desligando da realidade e se “re-ligando” à outra totalmente distinta, virtual. Basta observar as pessoas em shoppings, nos aeroportos, em consultórios médicos, nos intervalos das escolas e universidades.
Todos estão atualizando status no facebook, compartilhando vídeos via WhatsApp, conversando com amigos nos inúmeros aplicativos para esse fim…

Se por um lado existem os que acreditam ser um comportamento absurdo e um total desperdício de vida, tal “mudança” de abordagem dos contatos sociais, com milhares de interações e ao mesmo tempo nenhuma REAL (como Gary Turk, autor do vídeo); por outro existem pessoas contrárias a esta corrente, enaltecendo os benefícios de estar conectado, como as possibilidades de encontrar amigos que se distanciaram, de pedir taxi sem risco, de encontrar serviços nas cercanias sem risco, GPS, etc.

Na minha opinião, não creio ser o fim da sociedade o uso excessivo de interações na nuvem, mas me preocupa.

A preocupação vem com as novas gerações, que talvez nem curtam as boas e más experiências que os mais velhos tiveram; e nem falo de se sujar brincando na rua, dos carrinhos de rolimã, etc., falo de experiências no sentido de conhecer pessoas, descobrir as boas e más companhias, fazer amizades verdadeiras e separar as que possuem algum interesse, olhar com os próprios olhos e ouvir o som das coisas sem se preocupar em gravar e fotografar aquilo em imagens e vídeos que jamais serão revistos, vivenciar as diferenças e presenciar outras verdades, de outros lugares.

Temo por moldar os jovens cercando e lhes cerceando da possibilidade de descobrir por eles mesmos o certo e o errado, de interagir com as imperfeições de outras famílias, de observar pessoas na feira, no mercado, na padaria pela manhã. Se tudo for resolvido de modo digital e impessoal, perderemos tais interações.
(Os mais velhos ainda se reunirão, marcando via app, um jantar qualquer pra falar do passado e reclamar da modernidade que não entendem…)

Video_02bOutra preocupação, mas séria, vem da nossa insistência em fazer várias coisas ao mesmo tempo…
O segundo vídeo que, creio, todos devam assistir ao menos uma vez, é uma propaganda bem bolada, feita num cinema em Hong Kong. Aqui, de modo brilhante é exposto o risco de dirigir e ao mesmo tempo estar no “mundo virtual 100% conectado”.

Já escrevemos através de um conto (aqui) o que pode vir a ser a influência da interação virtual no ambiente de trabalho.
Minha dica é: aprenda a separar e a dedicar um tempo exclusivo a cada atividade!

Enfim… indico que vejam os dois filmes e repensem o modo em que estão interagindo virtualmente, independente da mudança, vale a reflexão!

por Celsão correto

figuras retiradas dos vídeos indicados

P.S.: os vídeos podem ser acessados nas figuras ou aqui abaixo:
– Look Up – Gary Turk (legendado em Português): http://youtu.be/j2pqn2oQIgU
– Propaganda contra uso de celular ao dirigir: http://youtu.be/SpNooPX7UoQ