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Bate bola, jogo rápido: Aulinha de história, bem simples.

Tancredo_NevesTodo brasileiro sabe que Aécio é neto, por parte de mãe, de Tancredo Neves. Tancredo foi deputado, senador, ministro de Getúlio Vargas, primeiro ministro de Jango e governador de Minas Gerais no período militar; presidente eleito indiretamente após grande pressão popular do “Diretas Já”! Faleceu na véspera de sua posse, e virou um símbolo de luta contra a ditadura militar. (Leia mais AQUI).

Mas, a história de Tancredo, apesar de ter sido ele realmente um político talentosíssimo e super importante para o Brasil, sempre omite alguns detalhes. Faz-se parecer que Tancredo foi um guerreiro contra a Ditadura Militar, um líder da luta pela democracia. Ora bolas, sabemos que no período militar, qualquer pessoa, artista, intelectual ou político que se opusesse deliberadamente ao regime, era exilado ou preso, torturado e muitas vezes morto pelos militares. Mas, antagonicamente a isso, Tancredo continuou a construir sua carreira política neste período. Isso só foi possível devido ao seu comportamento pacífico e obediente ao sistema (aos militares).

Além disso, Tancredo participou da primeira tentativa de golpe em Jango. (Clique AQUI para ler mais sobre o episódio).

Lembremos também que ele foi eleito indiretamente, ou seja, por votação parlamentar, e não por votação da sociedade. Tancredo foi escolhido por um colégio eleitoral do Congresso vigente na época, Congresso esse, majoritariamente “simpático” ao regime militar, uma vez que os não simpáticos não permaneciam no Congresso e sofriam as penalizações mencionadas acima.

Assim sendo, podemos falar que Tancredo foi tudo, menos herói da luta pela democracia.


Bom, este é um lado da família de Aécio. Mas também há o outro lado, o qual parece que Aécio gosta de tentar omitir em suas biografias.

Aécio_CunhaAécio da Cunha, pai de Aécio, foi deputado Federal pelo ARENA, e pelo PDS. (Leia mais AQUI).

Mas, o que isso significa?

Alguém se lembra do partido ARENA?
Aliança Renovadora Nacional (ARENA) foi um partido político brasileiro criado em 1965 com a finalidade de dar SUSTENTAÇÃO política ao governo militar instituído a partir do Golpe de Estado no Brasil em 1964.

Á partir de 1979, a ARENA foi rebatizada de Partido Democrático Social (PDS). Mais tarde, um grupo de políticos do PDS abandonou o partido e formou a “Frente Liberal”, a qual, depois, tornou-se o Partido da Frente Liberal (PFL), atual DEM. (Clique AQUI e leia mais sobre a história da ARENA).

ARENA, PDS, PFL, DEM = nomes diferentes para o mesmo partido, mesmas ideologias, partido de ultradireita, fascista e sustentáculo do período militar, hoje saudosos desse período. E, onde o pai do Aécio fez sua carreira política, e onde Aécio começou sua carreira, trabalhando como secretário.

Além de ter sido criado e ter trabalhado nesse cenário de vínculos com a ditadura militar e todas as ideologias que ela carrega, ainda lembremo-nos do fato de que o DEM já há décadas é o fiel escudeiro do PSDB, ajudando claramente na guinada do PSDB para a direita reacionária.

O outro avô de Aécio Neves, agora por parte de pai, foi Tristão Ferreira da Cunha, político conservador, que assinou o Manifesto dos Mineiros contra Getúlio Vargas. Tanto Tristão da Cunha quanto Aécio da Cunha (seu filho), participaram do golpe militar em 1964 e receberam dinheiro dos EUA para organizar o mesmo.

Bolsonaro, um dos deputados mais votados do Brasil, é o principal representante no Congresso do saudosismo ao período militar e de ideais ultra conservadores, racistas, homofóbicos, machistas, de extrema direita. Bolsonaro apoia, coerentemente, Aécio nessas eleições.

Caso você não tenha conseguido captar o que estou querendo passar, vou ser mais claro: há uma conexão direta entre os militares do período militar e o projeto de governo do candidato Aécio. A conexão é a ideologia ultradireita, anti-povo, a favor da elite empresarial e completamente voltado para os interesses estrangeiros no Brasil, em detrimento dos interesses de nosso próprio povo. Há outras características parecidas também, como a tendência à censura da mídia e de cidadãos.

Para ler mais sobre esta parte da história de Aécio, omissa em suas biografias, clique AQUI.

por Miguelito Formador

figuras retiradas daqui e daqui

Fome_01Vivemos tempos em que verdades se misturam e se esvaem no meio de tantas mentiras. Tempos em que acusações se confundem com condenações judiciais. Tempos em que, com uma boa estratégia de marketing, boatos se espalham como vírus, e uma vez espalhados, não há antídoto que os possa conter, a epidemia já se instalou.

Assim, falar em direito de resposta, soa como piada de mau gosto aos ouvidos dos sensatos. O que é o direito de resposta comparado ao estrago feito por uma mentira jogada ao vento e já entranhada no pulmão do senso comum?

O TSE concedeu, por 7×0 votos, direito de resposta ao PT na revista Veja, devido a uma calúnia feita pela revista. Antes assim, pelo menos mostra-se um mínimo de justiça. Mas qual o impacto de “reparo” que um direito de resposta tem frente ao impacto de “destruição” que a calúnia causou? Neste caso foi ainda pior, pois o direito de resposta foi suspenso por uma liminar concedida pelo Ministro Gilmar Mendes(*).

Tempos em que a sociedade não questiona porque depoimentos judicialmente sigilosos sobre possíveis esquemas de corrupção vazam na imprensa, em pleno segundo turno da corrida eleitoral, com o intuito único de manipular a opinião pública em reta final de eleições.

No caso da Petrobrás, primeiro vazaram depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa, que indicavam envolvimento de petistas em esquemas de pagamento de propina, o que gerou muita repercussão. Nesta semana, novos vazamentos do mesmo ex-diretor, dizem que em 2009 o falecido ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, recebeu 10 milhões de propina para engavetar uma CPI da Petrobrás no Congresso. Quando do primeiro vazamento, os anti-petistas voltaram a levantar a bandeira da ética e do “Fora-PT”. Quando do segundo vazamento, os anti-petistas fizeram vista grossa, pois envolve o PSDB.

Nestes tempos, um vídeo amador que denuncia que os correios estariam trabalhando ilegalmente pelo PT, distribuindo panfletos, alcança assustadoramente milhões de pessoas, o que indica que de amador, só tinha o tipo de filmagem, mas que na verdade era muito profissional, com uma força de marketing enorme por trás. Então sai uma nota dos correios comprovando que o serviço é legal, e também foi usado nesta mesma campanha por diversos outros partidos, incluindo o PSB de Marina e o PSDB de Aécio. Também o TSE emitiu nota dizendo que não havia nada de irregular no serviço prestado pelos correios. Mas já era tarde, o boato já havia contaminado aquela parcela da sociedade cega pelo ódio… Para estes, continua “claro” que o PT usou de forma corrupta e ilegal sua força de influência sobre os Correios.

Enquanto isso, a ONU divulga o Mapa da Fome do Mundo, onde pela primeira vez na história, o Brasil encontra-se “fora” dos países que sofrem com a fome crônica. Até 2002, o país possuía aproximadamente 40 milhões de pessoas passando fome, e não sabiam quando seria sua próxima refeição. Hoje, esse número se reduziu para, aproximadamente, 3,5 milhões de pessoas, representando 1,7% da população. Isso exclui o Brasil, portanto, do grupo de países que sofrem com problema crônico de fome. (Clique AQUI e acesse nosso artigo sobre o Mapa da Fome do Mundo, com detalhes do estudo sobre o Brasil, e com trechos da série de reportagens da Globo, realizadas em 2001, sobre a fome no Brasil naquela época).

Em tempos de completa insanidade, e de ódio cognitivo, boatos distorcidos sobre utilização de serviços dos correios, ou vazamentos de depoimentos de ex-diretor de uma empresa, ainda em processo de investigação e sem conclusão judicial, ganham mais popularidade que o fato de acabar com a fome de dezenas de milhões de pessoas.

Detalhe: Se você está cansado da agressividade na campanha eleitoral, lembre-se da lei da Oferta X Procura. Só se oferta, aquilo que se é procurado. Portanto, se os partidos e a mídia estão ofertando violência e chumbo trocado, é porque há uma procura por parte do eleitor/cidadão. Reveja, assim, seus valores, repense quais informações e notícias mais lhe chamam a atenção (fim da fome ou denúncias de corrupção?), e caso reconheça um erro na sua “procura”, reflita e tente se modificar. Depois disso feito, tente influenciar o meio ao seu redor. Quem sabe assim, teremos no futuro a chance de fazermos eleições mais limpas, onde o partido que mais apresenta propostas e se comporta de forma pacífica, conquistará a confiança da maioria.

(*) O Ministro Gilmar Mendes é aquele ministro que concedeu, em 2010, Habeas Corpus para o médico estuprador, Roger Abdelmassih, que violentou pelo menos 37 mulheres (pacientes). Também foi ele que soltou, mais de uma vez, o banqueiro Daniel Dantas, envolvido em escândalos de corrupção e operações ilícitas. E foi o único ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que votou contra a cassação da candidatura de José Roberto Arruda ao Governo do DF, cassado pelo Ficha Limpa. (clique AQUI e acesse nosso artigo detalhado sobre Gilmar Mendes)

por Miguelito Formador

Reproduzo abaixo um texto que escrevi em meu perfil de Facebook, dedicado a alguns amigos específicos.
Aproveito a replicação aqui no blog para dedicar este texto também a todos vocês leitores que se sentirem identificados no que aqui será exposto.


AmorXódioQueridos amigos. Vocês são muito especiais, e compartilham comigo de uma mesma sensação recente, todos vocês.

A sensação de desilusão.

Sim, aprofundar nos estudos políticos e sociológicos, aprofundar nas observações sobre o comportamento da sociedade, gera uma frustração muito grande. Ao percebermos como o ser humano pode ser desonesto intelectualmente, hipócrita, arrogante, teimoso, agressivo, tudo em prol de defender seu ego, gera em nós um desgosto, um lamento. Como podem ser capazes de alimentar tanto ódio, sem nem mesmo terem motivos reais para o mesmo? Nos perguntamos.

Nós que nos esforçamos em demasia para obtermos o máximo possível de conhecimento e informação, para sabermos daquilo que falamos. Nós que refletimos todos os dias ao deitarmos em nossas camas, e pensamos profundamente sobre tudo, e tentamos ver se há equívocos em nossa maneira de pensar ou agir. Nós que sempre pisamos com os dois pés atrás, antes de acreditarmos em algo. Nós que temos sensibilidade dolorida, e qualquer suspiro de maldade do mundo nos corta a alma. Nós que buscamos desenvolver nosso senso crítico ao extremo, e percebemos assim as mentiras e maldade nos pequenos gestos. E principalmente, a nós que foi dado o dom de conseguirmos pensar nos outros, no coletivo, antes de pensarmos em nós mesmos. Nós que travamos nossa luta pelo próximo, pela melhoria de vida do outro, principalmente daquele que menos tem. Travamos essa luta com muita fidelidade, honestidade, ética, responsabilidade e amor, sem ganhar NADA em troca, simplesmente a consciência limpa de que estamos desempenhando nosso trabalho de formiguinha para construirmos um mundo melhor (mesmo que seja uma utopia, mas como disse Mia Couto, “a utopia nada mais é que a força que nos faz caminhar sempre em frente”).

Nós sofremos muito mais que qualquer outra pessoa. Nós absorvermos toda essa maldade, como um filtro. Um filtro humano, que absorve a sujeira, para que ideias mais puras cheguem ao próximo.
Não pessoal, não é gostoso ser filtro, e estar sempre carregado de sujeira. Mas o que fazer? Fechar os olhos e nos isolarmos em nosso mundinho? Sim… é possível, mas acho que eu não seria capaz. Plagiando Einstein “uma mente que se expande não mais se apequena”.

Ninguém disse que seria fácil. Muito pelo contrário. Eu por exemplo, a todos do meu arredor que me procuraram para que pudéssemos nos ajudar mutuamente e crescer juntos, eu sempre avisei: “Você tem que estar certo de sua decisão, pois é um caminho sem volta, e será cada vez mais doloroso”.
Eu sei que mesmo vocês não entenderam 100% o que eu queria dizer. Mas quem entende o outro 100%? Não há! Pois cada um de nós é um único universo.

Mas percebo que à medida que vocês se aprofundam, e assumem com maior intensidade a luta pelo bem para dentro de vocês, nós (você e eu) nos tornamos mais síncronos e nos entendemos/alcançamos ainda melhor.

Nessas eleições, máscaras caíram, e a hipocrisia, que é um problema crônico da sociedade brasileira, principalmente da maior parte da classe média, foi se desfazendo e se tornando algo claro. Preconceitos, arrogância, elitismo, individualismo, indiferença para com as dores do mundo, egoísmo, foram deixando de estar debaixo da máscara da hipocrisia, e foram se tornando parte de um discurso mais aberto e transparente, por parte de muita gente. E dentro destas “muita gente”, estão colegas, conhecidos, amigos de infância, parentes, família, pessoas que “admirávamos”. E pessoal, é ÓBVIO que isso dói demais em nossa alma! Tira-nos o sono. Causa-nos pesadelo. E muitas vezes, até mesmo nós que também somos seres humanos, sentimos coisas ruins, como preguiça, nojo, raiva!
Ora, só porque buscamos evoluir não quer dizer que sejamos perfeitos. Mas não nos coloquemos JAMAIS no mesmo balaio dos tolos, JAMAIS!
Estamos diante neste momento de compreender com maior plenitude a celebre frase de Che Guevara: “Há de endurecer-te, mas perder a ternura jamais!”

Sempre achamos essa frase bonita. Até mesmo os tais tolos acham essa frase bonita. Mas compreendê-la em plenitude é algo bem mais raro, pois exige uma caminhada individual, uma caminha árdua, mas que expande nossas mentes, e nos livra de correntes culturais do senso comum.
Para entender melhor essa referida caminhada, acesse AQUI meu texto “A escalada da Sabedoria”.

Com todos vocês aqui marcados, tenho conversado inbox no facebook, ou por e-mail, ou por telefone, ou pessoalmente, nos últimos tempos. Temos conversado muito, e sempre o mesmo assunto. Estamos todos cansados, desiludidos, desesperançosos. Queremos ajudar o mundo, mas o mundo parece não querer ser ajudado. Queremos dormir. Queremos fechar a porta para os problemas dos outros, e cuidarmos de nós, pois estamos enlouquecendo no meio de tanta insanidade. Queremos ter paz em nossas vidas! Queremos desfazer o Facebook. Queremos ignorar os e-mails daquele tio com ar de oráculo, mas totalmente alienado. Queremos bloquear dezenas de pessoas no Whatsapp, que ficam mandando fotos e vídeos mentirosos e maliciosos. Queremos evitar embates e debates. Não aguentamos mais!!!
Acreditem, as conversas com cada um de vocês individualmente, foram uma repetição de exclamações e desgostos. Portanto, entendam, compartilhamos exatamente dos mesmos sentimentos.

Assim sendo, eu quero dizer-lhes que, respeitarei em plenitude aqueles de vocês que se isolarem, ou evitarem futuros debates. Se está demais, então deves fazer isso mesmo. Eu te apoiarei, pois entendo sua complexidade, sua profundidade, e sei da dor que sentes.
E se você quiser continuar lutando, se ainda tiver alguma energia aí, conte comigo, como sempre pôde contar. Você não está sozinho, não mesmo. E sabe que minha companhia não é rasa, estou com você por maior que seja o seu inferno astral. Estou com você, antes de estar comigo mesmo.

Aproveito para lembrar que aqui não se trata de política somente pessoal. E sei que mesmo alguns de vocês não entendem quando digo isso, e me criticam. A política, em momentos de tanta tensão como esse, serve para revelar a face mais profunda do caráter das pessoas. Não se trata de apoiar Aécio ou Dilma, Marina ou Levy, Luciana ou Eduardo. Trata-se sim de apoiar a vida, apoiar um mundo mais justo ou não. Apoiar aqueles que já têm uma vida melhor, ou apoiar aqueles que mais sofrem. Trata-se de ser CAPAZ de abrir mão de seus benefícios pessoais, identificando que você já é um ser humano com muitos privilégios, e então lutar por mais direitos ao próximo, que tem menos direitos que você.

Portanto, não estamos lidando só com política, estamos conflitando com a dura realidade do caráter do ser humano, e é justamente isso que nos dói.
Portanto, nossa luta não é só política, mas é uma luta por um mundo melhor, por sociedades mais justas, mais críticas, mais coletivas.

Lembremos que todo ser humano é uma complexidade. Todos temos coisas boas e coisas ruins. No fim, nós somos o resultado de onde alimentamos mais. Se nos alimentamos de coisas boas, nos tornamos melhores. Se ingerimos coisas ruins, piores.

No Brasil, temos uma educação rudimentar, que não prepara o cidadão moral- e eticamente, não nos dá referencia de ética-social, não nos ensina a pensar criticamente, questionar, não nos ensina a aprender com humildade, não nos ensina a respeitar as diversidades e pluriculturas. Temos famílias que herdam uma cultura elitista e preconceituosa de seus antepassados escravagistas e aristocratas, e repassam isso para nós, em maior ou menor grau. Temos a forte presença de igrejas fundamentalistas, radicais e bandidas, com único interesse de manipular seus fiéis para obter grana. E temos uma mídia sem qualquer regulamentação, uma mídia bandida que defende única- e exclusivamente o interesse de seus patrocinadores, grandes empresas, em detrimento do interesse da sociedade.

Portanto, somos alimentados quase o tempo todo por tudo o que há de pior! Não tem segredo. Isso origina essa nossa sociedade, que elege Bolsonaros, Felicianos, etc… que elege o Congresso mais conservador desde 1964. Que protesta por mudança na política em 2013, e em 2014 elege uma política ainda mais podre que a anterior, e pior…. acham que fizeram bem seu papel de cidadãos.
Essas eleições são muito importantes, mas ganhando Dilma ou Aécio, a maior derrota já tivemos, que foi a vitória do conservadorismo no Congresso, e a revelação de quão contaminada está a sociedade brasileira.

Mas nossa luta tem que ir muito além da eleição. Nossa luta tem que continuar no dia a dia. Como fazemos para mudar os 4 pontos descritos acima por mim? Educação, Igrejas, Cultura familiar, Mídia? Pois somente mudando estes pontos, trabalhando aí, podemos ter uma sociedade que fomente o que há de melhor em cada um de nós, e nos faça enfim, nos tornamos um país mais honesto, mais justo, mais igualitário, mais inteligente, mais civilizado, mais coletivo.

Eu quero trabalhar, e buscar soluções para estes problemas. Eu continuo sonhando com um Brasil mais bonito, mesmo tendo a impressão de que o próprio Brasil não queira isso. Na verdade, eu sei que o Brasil quer, o problema, é que o Brasil não sabe que quer. Como disse Gilberto Gil “o povo sabe o que quer, mas também quer o que não sabe”.

Então, meu trabalho continuará sendo feito, mesmo que eu não seja compreendido. Pois esse é justamente um dos principais objetivos do meu trabalho, “fazer com que cada vez mais pessoas compreendam e alcancem o que eu, e outros militantes do povo, fazemos”. Eu luto para abrir os olhos da sociedade, para eles “quererem”. Quererem e aceitarem serem ajudados.

Amo vocês, e contem comigo para o que vier. Ao menos chegaremos ao fim de nossas vidas, olharemos para trás e diremos “nós tentamos”, que orgulho e alegria.

Com muito carinho.

* Para ler nosso artigo sobre o ódio e o amor na política, clique AQUI

por Miguelito Filosófico

Figura de edição própria. Figura original daqui

petrobras_paulo_roberto06Gostaria aqui de relatar minha indignação e revolta com as denúncias que vazaram recentemente, sobre o escândalo de propinas envolvendo a Petrobrás e o atual governo.

A revolta não se refere ao escândalo em si, nem às prováveis punições aos envolvidos. Condeno a corrupção, sobretudo essa na esfera política envolvendo favorecimentos, e creio sim que deva ser punida exemplarmente.

Mas… Não é muito estranho que depoimentos secretos, numa investigação que corre em sigilo de justiça, de testemunhas beneficiadas por delação premiada, vazem justamente agora há poucas semanas do segundo turno?

Mudando de assunto, não é estranho também que as pesquisas tenham mostrado resultados tão diferentes do esperado por todo o país?
Como podem os institutos “respeitados” afirmar que 3000 entrevistados representem 120 milhões de eleitores com confiabilidade de 95% e margem de erro de 2%?

Tenho uma boa explicação pra isso: as pesquisas são solicitadas por grandes empresas e especuladores e visam gerar no mercado reações que os beneficiem. (indicação de leitura aqui)

Como disse, condeno a corrupção por questão de princípios. Tampouco gosto da utilização de subterfúgios e da “máquina pública” para campanhas, como fizeram alguns ministros do governo, que tiraram férias e licenças para participar da campanha presidencial (aqui). Não foram ações “fora da lei”, mas não achei ético por parte deles.

Mas… creio que o uso da imprensa e de meios ilícitos no jogo eleitoral seja igualmente danoso para a democracia.
Ou melhor explicado: quando a imprensa escolhe um lado e trabalha por ele, o pleito pode passar a ser enviesado, influenciado por esse poder!

As vezes é mais sutil, como as entrevistas feitas com os presidenciáveis pela Globo (posts nossos aqui e aqui), onde uma postura aparentemente ríspida foi tomada pelos repórteres.
Mas as vezes, nem tanto; pra quem viu o último debate feito pelo mesmo canal, com ataques a Dilma e Marina, e as interpretações tendenciosas das pesquisas posteriores, com frases como: “Aécio é o único candidato que segue crescendo” ou “A tendência do número de Aécio é de subida”, sabe do que estou falando…

Pra finalizar, volto ao tema inicial. Pareceu-me manipulação das mais sujas e vis o tal vazamento, onde os depoentes falam em repasse de porcentagem de contratos ao PT.
E quem será que “armaria” esse jogo de denúncias, vazamentos e julgamentos a beira da eleição senão o próprio PSDB?

É como se houvesse surgido o “argumento que faltava” para que o PT caísse. Fazer o quê? É assim que fazemos política, infelizmente…

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

Jean_Wyllys_02Replico abaixo uma fabulosa declaração do deputado Federal reeleito pelo Rio de Janeiro, Jean Wyllys, na revista Carta Capital.

Jean se posiciona, como sempre, com muita clareza e sinceridade, sempre em prol daquelas lutas que julga mais importantes, as quais sempre tangem os direitos humanos e direitos civis sendo validados a todo e qualquer cidadão, independentemente de classe social, sexo, cor de pele, origem étnica e sexualidade.

Jean, integrante do partido PSOL, partido de esquerda e oposição ao atual governo, deixa claro que, discordar de duas pessoas, ou duas ideologias, ou dois projetos, não significa colocar ambas no mesmo balaio. Mesmo nenhuma lhe representando integralmente, há sempre diferenças fundamentais entre elas, e assim sempre se faz possível escolher aquele que mais se aproxima de você e daquilo que você pensa ser o correto.

Parabéns Jean pela bela e corajosa nota, típica de suas posturas.

Clique AQUI para acessar o texto, ou role abaixo para ler o mesmo.

por Miguelito Formador

figura retirada do próprio artigo


Deputado federal reeleito pelo PSOL do Rio de Janeiro destaca que a presidenta e Aécio têm diferenças e que o tucano representa um retrocesso. Leia abaixo carta divulgada por Wyllys em seu Facebook:

Carta para além do muro (ou por que Dilma agora)

O muro não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas abertas, reais ou imaginárias. Estas representam a comunicação e, logo, o entendimento. Mas quando, infelizmente, no lugar delas se ergue um muro, não posso tentar me equilibrar sobre ele. O certo é avaliar com discernimento e escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. O correto é tomar posição; posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a ideal, mas a mais próxima disso. Jamais lavar as mãos como Pilatos — o que custou a execução de Jesus — nem sugerir dividir o bebê disputado por duas mães ao meio.

Sei que cada escolha é uma renúncia. E, por isso, estou preparado para os insultos e ataques dos que gostariam que eu fizesse escolha semelhante às suas.

Por respeito à democracia interna do meu partido, aguardei a deliberação da direção nacional para dividir, com vocês, minha posição sobre o segundo turno. E agora que o PSOL já se expressou, eu também o faço.

Antes de mais nada, quero dizer que estou muito feliz e orgulhoso pelo papel cumprido ao longo de toda a campanha por Luciana Genro. Jamais um/a candidato/a presidencial tinha assumido em todos os debates, entrevistas e discursos — e, sobretudo, no programa de governo apresentado — um compromisso tão claro com a defesa dos direitos humanos de todos e todas. Luciana foi a primeira candidata a falar as palavras “transfobia” e “homofobia” num debate presidencial, além de defender abertamente o casamento civil igualitário, a lei de identidade de gênero e a criminalização da homofobia nos termos em que eu mesmo a defendo; mas também foi a primeira a defender, sem eufemismos, as legalizações do aborto e da maconha como meios eficazes de reduzir a mortalidade da população pobre e negra, a taxação das grandes fortunas, a desmilitarização da polícia e outras pautas que considero fundamentais. O PSOL saiu da eleição fortalecido.

Agora, no segundo turno, a eleição é entre os dois candidatos que a população escolheu: Dilma Rousseff e Aécio Neves. E eu não vou fugir dessa escolha porque, embora tenha fortes críticas a ambos, acredito que existam diferenças importantes entre eles.

A candidatura de Aécio Neves – com o provável apoio de Marina Silva (e o já declarado apoio dos fundamentalistas MAL-AFAIA e pastor Everaldo; do ultra-reacionário Levy Fidélix; da quadrilha de difamadores fascistas que tem por sobrenome Bolsonaro e do PSB dos pastores obscurantistas Eurico e Isidoro) – representa um retrocesso: conservadorismo moral, política econômica ultra-liberal, menos políticas sociais e de inclusão, mais criminalização dos movimentos sociais, mais corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da imprensa, o PT é um partido menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB) e mais repressão à dissidência política e menos direitos civis.

Mesmo com todos as críticas que eu fiz, faço e continuarei fazendo aos governos do PT, a memória da época do tucanato me lembra o quanto tudo pode piorar. Por outro lado, Aécio representa uma coligação de partidos de ultra-direita, com uma base ainda mais conservadora que a do governo Dilma no parlamento. Esse alinhamento político-ideológico à direita entre Executivo e Legislativo é um perigo para a democracia!

Vocês que acompanham meus posicionamentos no Congresso, na imprensa e aqui sabem o quanto eu fui crítico, durante estes quatro anos, das claudicações e recuos do governo Dilma e do tipo de governabilidade que o PT construiu. Mas sabem também que eu tenho horror a esse anti-petismo de leitor da revista marrom, por seu conteúdo udenista, fundamentalista religioso, classista e ultra-liberal em matéria econômico-social. Considero-o uma ameaça às conquistas já feitas, que não são todas as que eu desejo, mas existem e são importantes, principalmente para os mais pobres. As manifestações de racismo e classismo que eu vi nos últimos dias nas redes sociais contra o povo nordestino, do qual faço parte como baiano radicado no Rio, mais ainda me horrorizam!

Por isso, avançando um pouco em relação à posição da direção nacional do PSOL, que declarou “Nenhum voto em Aécio”, eu declaro que, nesse segundo turno das eleições, eu voto em Dilma e a apóio, mesmo assegurando a vocês, desde já, que farei oposição à esquerda ao seu governo (logo, uma oposição pautada na justiça, na ética, nas minhas convicções e no republicanismo), apoiando aquilo que é coerente com as bandeiras que defendo e me opondo ao que considero contrário aos interesses da população em geral e daqueles que eu represento no Congresso, como sempre fiz.

Hoje, antes de dividir estas palavras com vocês, entrei em contato com a coordenação de campanha da presidenta Dilma para antecipar minha posição e cobrar, dela, um compromisso claro com agendas mínimas que são muito caras a mim e a tod@s @s que me confiaram seu voto.

E a presidenta Dilma, após argumentar que pouco avançou na garantia de direitos humanos de minorias porque, no primeiro mandato, teve de levar em conta o equilíbrio de forças em sua base e priorizar as políticas sociais mais urgentes, garantiu que, dessa vez, vai:

1. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para convencer sua base a criminalizar a homofobia em consonância com a defesa de um estado penal mínimo;

2. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para mobilizar sua base no Legislativo para legalizar algo que já é uma realidade jurídica: o casamento CIVIL igualitário. (Ela ressaltou, contudo, que vai tranquilizar os religiosos de que jamais fará qualquer ação no sentido de constranger igrejas a realizarem cerimônias de casamento; a presidenta deixou claro que seu compromisso é com a legalização do CASAMENTO CIVIL – aquele que pode ser dissolvido pelo divórcio – entre pessoas do mesmo sexo);

3. fazer maior investimento de recursos nas políticas de prevenção e tratamento das DSTs/AIDS, levando em conta as populações mais vulneráveis à doença;

4. dar maior atenção às reivindicações dos povos indígenas, conciliando o atendimento a essas reivindicações com o desenvolvimento sustentável;

5. e implementar o PNE – Plano Nacional de Educação – de modo a assegurar a todos e todas uma educação inclusiva de qualidade, sem discriminações às pessoas com deficiências físicas e cognitivas, LGBTs e adeptos de religiões minoritárias, como as religiões de matriz africana.

Por tudo isso, sobretudo por causa desse compromisso, eu voto em Dilma e apoio sua reeleição. Se ela não cumprir, serei o primeiro a cobrar junto a vocês!

cbwff0ngfamc09tqru63a9yg1E não é que nosso querido ex-Prefeito foi condenado de novo e taxado de “Ficha Suja” pelo TSE?

O Maluf é um daqueles políticos que me dá vergonha. Pertenceu ao Arena na época do regime militar, quando foi nomeado governador “biônico” de São Paulo e concorreu a presidência; depois ajudou a fundar o PFL, e foi presidente de “honra” do PDS e PP (se é que dá pra usar a imagem do político com a palavra honra).

O bordão atribuído a ele, talvez pelo próprio, do “rouba, mas faz”, me enoja. É como se os fins justificassem os meios, como se fosse deliberadamente aprovável executar obras superfaturadas pelo simples fato de executá-las.

Outra frase do político: “Essa assinatura é minha, mas não fui eu que assinei” denota o total descrédito a instituições públicas, a jornalistas, policiais e, sobretudo, ao judiciário. Negar o inegável tornou-se normal para ele; tanto que se dizia inocente pelo simples fato de não (naquele período) ter sido condenado.

Ele declarava a inocência com desdém, vangloriando-se desta ao invés de fazer saber da morosidade da justiça e do sem-fim de recursos que seus advogados “bons” conseguiam nas muitas instâncias e tribunais do país: “Processos em meu nome são muitos, mas nunca fui condenado”

Pois bem, exatamente por conta de uma dessas obras “rouba mas faz” é que o ex-prefeito foi condenado: um túnel que passa por baixo do parque do Ibirapuera que custou mais que o Eurotúnel, que liga a Inglaterra à França (aqui) e cerca de R$100 milhões mais caro por kilômetro que nosso já caro e contestado metrô (aqui e aqui os valores dos kilômetros).
Já condenado pelo TRE de São Paulo, Maluf recorreu. E agora foi condenado pelo tribunal superior eleitoral, a última instância nesta seara. Mas teve votos a favor da manutenção de sua candidatura. Foram três juízes que ficaram ao lado do político, entre estes juízes, ninguém menos que Gilmar Mendes (lembram-se dele? O mesmo que liberou Daniel Dantas, Abdelmassih, etc – post sobre ele aqui). Mas nem com a “ajuda” de magistrados dispostos a usar a lei de modo distorcido Maluf se safou…

Tudo estaria bem se… o julgamento acabasse aí, a candidatura fosse retirada e o partido penalizado(*) por haver inscrito um candidato Ficha Suja. Mas não acabou!

Nosso sistema judiciário permite que haja um novo recurso e que o caso seja transferido ao STF! A situação não é fácil, já que os votos a Maluf só serão computados se ele conseguir fazer valer seu registro no STF ou no próprio TSE.
Mas, com base nos advogados “bem pagos” e juízes sem escrúpulos, é certo pra mim que mais uma eleição está garantida ao engenheiro; que, além de si próprio, conseguirá uma pequena bancada para o seu partido graças às leis eleitorais em vigor no país. (pra quem não sabe, quando um deputado recebe muitos votos, usa os remanescentes num tal de quociente eleitoral e pode “trazer” outros consigo – fonte TSE)
É nocivo para a democracia e inaceitável do ponto de vista ético que, mesmo após a aprovação da lei da Ficha Limpa, políticos como Maluf continuem por aí, registrando-se e recorrendo em tribunais diferentes a cada quatro anos.
Não dá mais!
A Lei da Ficha Limpa custou bastante pra ser votada e pra entrar em vigor, foi alterada pelos parlamentares para que somente processos finalizados (transitado em julgado) fossem considerados, livrando infelizmente, boa parte dos safados habituados com a morosidade dos tribunais. Mas foi aprovada e entrou em vigor! É hora de torna-la clara e aplicável: político condenado em qualquer instância ou tribunal, não pode ter o registro aceito para concorrer a eleições.
Está errado! É revoltante!

Ter dinheiro e bons advogados não deve privar um condenado a cumprir a pena imposta, nem postergar indefinidamente essa condenação. Muito menos se for um político, que na minha opinião, deveria servir de exemplo aos outros cidadãos. Foro privilegiado, renunciar para não ser cassado e perder os direitos, dentre outros benefícios, não devem existir como instrumento de “endeusar” uma casta que abusa destas vantagens em prol de si.
Reforma política e do judiciário já!

por Celsão revoltado.

(*) Um parêntese rápido sobre a pena a ser imputada ao partido… Pra mim, seria justo que devolvessem ao menos metade do dinheiro do fundo partidário, já que é o Maluf o principal “porta voz” e “puxa votos” do partido, é ele que aparece quase que o tempo todo na TV falando de seus feitos.

P.S.: o pior é saber que outros candidatos “puxa-voto” lideram a pesquisa de intenções. Segundo o UOL, além de Maluf, Tiririca, Russomano e Feliciano também estão na lista dos preferidos (aqui)

P.S.2: pra quem quiser ler a notícia sobre o julgamento de Maluf , segue link aqui

figura retirada daqui

manifestação_2013_02Tem uma teoria que repito há alguns anos, não sei se li de algum filósofo/intelectual, ou se aprendi com algum sábio amigo, ou se fui eu mesmo que cheguei até ela a partir de minhas observações. Ela consiste no trato do amor e do ódio.

O amor e o ódio são tratados pela maioria das pessoas como o oposto um do outro. Isso é uma falácia enorme. O amor e ódio são irmãos, são dois lados da mesma moeda. Uma pessoa, num momento de ciúmes, decepção, sentimento de ingratidão, acaba facilmente confundindo o amor com o ódio.

Não é à toa que as brigas entre parentes próximos são tão intensas e constantes. Marido e mulher que se amavam tanto, da noite para o dia, passam a se odiar, muitas vezes gerando até agressões verbais e físicas, e algumas vezes originando até mesmo a morte de um dos dois, ou de ambos. É o amor imaturo, doentio, se transformando em ódio.

E podemos nos lembrar do contrário, quando crianças que eram iguais a cão e gato na escola, futuramente acabam se relacionando, e até se casando, o que deixa então claro que toda aquela repulsa de um pelo outro, era na verdade um amor, paixão, atração mal compreendido(a) devido à imaturidade.

Portanto, o oposto tanto do amor, quanto do ódio, na verdade, é a indiferença. Sentir indiferença é sentir nada. Não há espaço para amor, nem ódio. É a ausência de sentimento. Já o amor e o ódio indicam a presença dos mais intensos dos sentimentos.

Na política, a história é bem parecida.

Vivenciamos em 2013 uma sequência de manifestações de cunho político. E interessantemente muitos dos manifestantes levantavam bandeiras “anti-políticas”, de ódio e negação à política.

Ora, existe algo mais político que ir às ruas protestar contra a política? A negação à política é por si só, um ato extremamente político. Mas muitos dos manifestantes, em sua maioria jovens de 16 a 25 anos, não se deram conta disso, talvez por falta de conhecimento, talvez por ingenuidade, talvez por falta de reflexão, ou uma combinação disso tudo.

O ódio à política está muito próximo do amor à mesma. O que os separa é uma linha tênue.

Exemplificando:
Imagine um jovem, que pintou a cara, foi à rua com cartazes dizendo “Impeachment da Dilma”, “Impeachment de Alckmin”, “Cassação de Renan Calheiros”, “Dissolução do Congresso”, “Político é tudo pilantra”(sic), “vamos tirar essa corja de bandidos do poder”. Todas essas frases carregam uma mensagem de ódio à política. 

Então, imagine que cheguemos a este jovem e lhes mostremos que estamos querendo fundar um novo partido: O “Jovens Contra a Política Suja” (JCPS). Explicamos a este jovem que somos contra “esses partidos”, essa “roubalheira”, essa “safadeza”. Queremos limpar nossa política, lutar por mais ética, mais compromisso com o povo, por um Brasil mais justo. 

Provavelmente esse discurso lhe agradaria, e ao ser convidado, esse jovem provavelmente aceitaria participar do projeto, integrando então o novo partido político.

Pronto, de ódio à política, aquele jovem passou “a ser a própria política”. Foi tanto “amor” que acabou trazendo a política para sua própria vida

Já uma pessoa indiferente à política, não tem qualquer sentimento, não sente raiva de políticos, nem de partidos, muito menos amor ou empatia. Conversas, artigos, livros, debates políticos lhe causam somente um sentimento, o tédio.  Essa pessoa, dificilmente aceitaria participar de um projeto político, jamais irá às ruas protestar, provavelmente continuará justificando sua ausência nas eleições, ou no máximo, votando nulo. Portanto, a indiferença e o ódio à política são muito distintos.

A negação à política, o ódio mostrado por uma parcela dos brasileiros, é algo muito forte, interessantíssimo, mas também perigoso. O envolvimento político é uma das consciências mais importantes para o desenvolvimento de uma sociedade enquanto democracia saudável e para o progresso da Nação. Porém, é preciso muito, mas muito cuidado. O envolvimento imaturo, carregado de emoções não refletidas, não digeridas, originando inclusive o pensamento de estar negando exatamente aquilo que se está fazendo, pode ser uma ferramenta perigosíssima nas mãos daqueles com maior compreensão, experiência e ambições.

Temos nessas eleições de 2014 um grupo político, composto por dinossauros/anciãos da política, pessoas que já participam do processo político em seu mais alto grau há muitas décadas. Políticos, marqueteiros, publicitários, empresários, economistas envolvidos até a cueca, há décadas, neste mesmo processo político atacado pelos manifestantes.

Esse grupo é exatamente igual aos outros grupos. Têm as mesmas intenções, mesmos objetivos, mesmas ambições, porém com uma diferença: O discurso é diferente.

Eles, de forma muito “astuta” e “sagaz”, adentraram numa campanha política, utilizando-se da negação da política, com o claro intuito de conquistar a confiança daqueles milhões de jovens que foram às ruas ano passado. Portanto, é o mais do mesmo, vestido com roupa nova.

Esse grupo é uma repetição do que já aconteceu algumas vezes na história do mundo. Eles representam a Terceira Via. E as experiências que o mundo já teve com tais discursos ludibriadores, não foi nada boa.

Portanto, é muito importante que desempenhos nosso papel em outubro com muita consciência. Não há heróis, não há milagres. Não nos ceguemos pelas emoções. Tragamos o racional á tona e saibamos identificar incoerências. Saibamos identificar mentiras, aplicando um simples toque de lógica. Não deixemos que as manifestações do ano passado tenham servido para colocarmos no poder pessoas que estão utilizando os mais sujos dos jogos psicológicos para com a sociedade. Colocar essas pessoas lá é jogar no lixo a legitimidade dos protestos de 2013 e colocar o Brasil em uma situação de enorme risco, com grandes chances de retrocessos, tanto econômico quanto social.

Sejamos cidadãos responsáveis, eleição não se trata de protesto, de birra, de ódio irracional, sequer se trata de jogos de risco numa mesa de cassino, ou investimento em bolsa de valores. Eleição é o que há de mais sério em nosso papel de cidadania. Saibamos escolher o projeto mais coerente, mais sensato, mais praticável, e mais soberano para nosso país.

* Para ler mais um artigo nosso, que relaciona a opção política com o caráter do eleitor, clique AQUI

por Miguelito Formador

figura daqui + montagem minha

Ainda falando sobre eleições 2014, numa discussão sobre política via WhatsApp fui avisado por um camarada sobre o “Acordei”, aplicativo que prometia ajudar eleitores na escolha, indicando possíveis “roubadas”.
Gostei da ideia, principalmente porque para deputados e, muitas vezes, senadores, pouco é o tempo na TV e não há como saber quem é aquele vizinho do amigo de infância ou cunhado do filho de fulana, que agora é candidato.
E, basta perguntar pra colegas mais próximos que uma verdade cruel aparece: ninguém lembra em quem votou para vereador ou deputado nas últimas eleições. O que dificulta, em muito, cobrar atitude e comprometimento dos mesmos…

Pensando nisso, resolvi fazer um apanhado dos aplicativos mais baixados.

apps_acordei_31-icone-app-acordei-600x600Acordei
A primeira versão era simples demais, mas foi atualizado há algum tempo para se equiparar aos outros. Tem uma breve biografia da maioria dos candidatos, lista os principais processos enfrentados pelo mesmo (não havia na primeira versão), lista de bens, link para download de propostas e certidões negativas direto do TSE.

Na busca por candidatos a deputados, é possível filtrar por partido ou por nome, mas não por número.
Uma vez escolhido o Estado, fica gravado. O que é legal, economiza clics…

Ainda é possível favoritar candidatos e escrever a eles, caso estejam cadastrados no aplicativo.

Os links de processo levam direto ao site do tribunal em que o processo se encontra, seja o TSE, TCE, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, etc., mas as informações estão em Advoguês… É mais fácil buscar a informação no próprio resumo se o processo já foi julgado ou está em recurso do que acompanhar todo o blá-blá-blá.

app_votecerto_unnamedVote Certo
O Vote Certo já traz na primeira aba a mini-biografia, com cargos ocupados e processos daquele candidato, também com link para o tribunal em questão, TJ dos Estados, STF, TSE, etc.

Em outras abas, está a lista de bens, uma lista interessantíssima de doadores (normalmente de campanhas anteriores, o que não deixa de ser interessante), outras candidaturas com número de votos e recursos gastos e uma estatística simples daqueles que estão em exercício na Câmara ou Senado.

Essa estatística mostra faltas, emendas atendidas e evolução patrimonial. Infelizmente depende do ano em que os bens foram declarados ao TSE, ou seja, não reflete em 100% a realidade, principalmente durante o mandato (durante os 4 ou 8 anos dá pra mudar os bens de titularidade ou deixar de declará-los)
Como pontos ruins, dá pra dizer que não há soma de bens e que a base das eleições anteriores não é clara; pois para o senador Suplicy só aparece a eleição de 2006. É como se começasse a contar em 2002.
(Aqui valem aspas, o Suplicy tem falta zero em plenárias)

Mas dá pra saber, por exemplo, que o candidato Aprígio (da minha região) já concorreu e ganhou em dois pleitos para vereador e perdeu em 2012 para prefeito de Taboão da Serra.

Outro fator que poderia ser melhor é a busca: pode ser feita por nome e número, mas sempre com nomes ou números completos, ou seja, não dá pra buscar “apri” para achar o Aprígio, nem “malu” pra chegar ao Maluf; nem colocar os primeiros dígitos para obter uma lista… Tampouco é possível filtrar por partido, ou seja, nesse aspecto o “Acordei” é bem melhor.

Mas sabendo o nome ou número, a aba dos doadores e candidaturas mostra a linha do político, a quantas eleições insistem, quem são as pessoas ou empresas que os apóiam, etc.
Por exemplo, vi que a candidata a Deputada Estadual Analice Fernandes, também da minha região, que já foi eleita três vezes, recebeu cerca de R$36.000 em doações da candidata a Deputada Federal Bruna Furlan. Talvez para aparecerem juntas, “colando” um nome ao outro. Só que Bruna recorre a um processo de 2011 por improbidade administrativa em Barueri, sua cidade.
Outro problema: as doações feitas a Bruna em 2010 foram basicamente construtoras e empresas de Engenharia. Fato que sou bem contra.

app_politbook_proteste_ja_unnamedPolitbook e Proteste Eleições 2014
Ainda fiz mais dois downloads, pensando em programas que representassem um diferencial em relação aos anteriores, mais completos e interessantes.

O “Politbook” é fraco. Tem uma avaliação dos internautas logados no facebook, totalmente tendenciosa e pouco presente. Mostra as pessoas que votaram, como uma avaliação de aplicativo, o que  tolhe a coragem dos mais tímidos…

O mesmo vale para o “Proteste”, onde é possível “curtir” candidato a candidato. Ideia boa e válida, mas deturpada pelos usuários.

O primeiro também tem mini-biografia, histórico de cargos e processos, candidaturas anteriores e estatísticas, como o “Voto Certo”. Mas peca, na minha opinião, exatamente na interação, que poderia ser o diferencial.

Porém, pude ver, graças ao “Politbook” que o candidato Aprígio tinha pouco menos de dois milhões em bens declarados em 2008 e passou de seis milhões em 2014!

app_uol_mzl.ukdijmov.175x175-75App da UOL
O UOL também tem um app, chamado UOL Eleições.

Longe de conter as mesmas informações dos analisados anteriormente, congrega noticias, fotos, vídeos, pesquisas e posts em blogs ligados ao portal.

Na aba candidatos é possível filtrar por nome e número, separando ou não o cargo, estado ou partido. Porém, traz nenhuma informação relevante para a tomada de decisão por parte de eleitores.

O que também me decepcionou foi a inexistência de busca por notícias deste ou daquele candidato, o que não necessariamente seria bom, dado a parcialidade e superficialidade da mídia; mas é uma pena não integrar o serviço de informações dos candidatos com as notícias divulgadas.

app_excelencias-parlamentares1Site da Transparência Brasil
Já havíamos falado sobre esse site, num post do ano passado (aqui).

Não há como dizer que é menos importante que os aplicativos até aqui mostrados. No site há uma a página específica sobre o desempenho dos políticos em exercício, chamada “Excelências” (link aqui).

Nela, com número ou nome e estado é possível consultar rapidamente processos judiciais, histórico de eleições anteriores e verificar os principais doadores de 2014! (disponível também no site, na seção chamada “às claras”)

Medidores de fácil interpretação mostram os principais indicadores de um mandato, como faltas, matérias irrelevantes e emendas atendidas.

 

Fica a dica: um dos apps acima, dando preferência a um dos dois primeiros para pesquisar candidatos e depois faça uma verificação no site do Transparência Brasil!

Lembrando que ainda temos mais de 15 dias para as eleições, muitos ataques e acusações, e muita água por correr “por debaixo da ponte”.

por Celsão correto

figuras retiradas da “loja virtual” da google (aqui) e do portal “Excelências” do Transparência Brasil (aqui).

Conservadorismo_Aborto_religiaoAnalisando a pesquisa Ibope da semana passada, podemos tirar algumas conclusões sobre a sociedade brasileira e sobre o perfil dos eleitores de Marina Silva e Dilma Rousseff.

 

 

Ibope delineia a sociedade brasileira: Assustadoramente conservadora!

Pena de morte: Os EUA é um dos únicos países desenvolvidos onde há pena de morte. Na Europa, não há. No Brasil, 46% da população defende a pena de morte. Um atraso mental e totalmente contra os ensinamentos de Jesus Cristo (mais de 80% da sociedade brasileira é Cristã), ou seja, contraditória.

Maioridade Penal: É quase unanimidade entre os países desenvolvidos, a maioridade penal acima de 18 anos, e para alguns efeitos, 21 anos. Mas o Brasil, na contramão da evolução mundial, quer retroceder e reduzir a maioridade penal para 16 anos, ou talvez, 14 anos, com 80% da população sendo a favor da redução.

Casamento Gay: Enquanto Alemanha, Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, Canadá, Bélgica, Holanda, Uruguai, Argentina, entre outros, já oficializaram o casamento homossexual, 53% da sociedade brasileira rejeita o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quanta barbaridade!

Descriminalização do aborto e da maconha: Tópicos importantíssimos também já debatidos e aprovados constitucionalmente em diversos dos países desenvolvidos, entre eles muitos dos já citados acima. No Brasil porém, ambos os temas possuem rejeição de 79% da população. Um número assustador.

Aí percebemos como é difícil levantar bandeiras progressistas, num país tão conservador. Imaginem se um político, presidente, senador, prefeito, governador tentar assumir esses temas como prioridade: acabará sendo rejeitado e odiado pela maior parte da população.
Nessa perspectiva, só há uma solução viável: Uma revolução no sistema de ensino do Brasil, inserindo temas de interesse da sociedade, trabalhando o senso crítico e o interesse pela política, fortalecendo a sociologia e antropologia, trabalhando e dando liberdade às diversas culturas e formas de pensar, trabalhando o respeito às individualidades, e dando ênfase na formação do perfil ético-social do cidadão.

O Ibope delineia o perfil dos eleitores: mais pobres com Dilma, mais ricos com Marina.

Marina: Classe média alta e ricos. Regiões Sul e Sudeste. Evangélicos (num geral, religiosos mais radicais e mais manipulados pelas Igrejas). Jovens de 16 a 24 anos (normalmente despolitizados, sem conhecimento, sem malícia e sem bagagem histórica).

Dilma: Classe média baixa e pobres. Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Católicos. Adultos de mais de 34 anos (normalmente mais politizados, mais cientes de suas responsabilidades civis, e menos ingênuos devido a experiências passadas).

Pense nesses perfis e reflita sobre quem você está apoiando: o povo que necessita de suporte, ou a velha oligarquia que luta para voltar a ter todas vantagens possíveis, em detrimento dos direitos do pobre e das minorias.

Para ler mais sobre o assunto, clique AQUI

por Miguelito Formador

figura daqui

Gilmar_MendesO ministro Gilmar Mendes foi o único ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que votou contra a cassação da candidatura de José Roberto Arruda ao Governo do DF.

Arruda se envolveu em diversos escândalos durante sua carreira, como a adulteração do painel de votação do Senado, em 2001, juntamente com Antônio Carlos Magalhães; o Mensalão do DEM no Distrito Federal, em 2010; foi preso em 2010 por 2 meses, configurando o primeiro Governador preso na história do Brasil; teve seu mandato cassado pelo TRE por infidelidade partidária; sofreu processo de impeachment enquanto governador do DF.

Arruda foi cassado pela Lei da Ficha Limpa, o que impede sua candidatura a Governador do DF. Dos 7 Ministros do TSE a votarem no processo, Gilmar Mendes foi o único a votar a favor de Arruda. Clique (AQUI).

Gilmar Mendes é ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) desde 2002, quando indicado pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Acumula também o cargo de Ministro do TSE onde é atualmente vice-presidente.
Mendes foi Procurador Geral da República (1985 – 1988 / José Sarney), consultor jurídico da Secretaria Geral da Presidência da República (1991-1992 / Fernando Collor), subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil (1996 – 2000 / Fernando Henrique Cardoso), e Advogado Geral da União (2000 – 2002 / Fernando Henrique Cardoso).

O Ministro Gilmar Mendes é aquele que concedeu, em 2010, Habeas Corpus para o médico estuprador, Roger Abdelmassih, que violentou pelo menos 37 mulheres (pacientes), soltando o mesmo e possibilitando sua fuga para o exterior. (AQUI)
O Médico foi preso em agosto deste ano. Estava vivendo luxuosamente numa mansão no Paraguai. (AQUI).

Também esse ministro soltou, mais de uma vez, o banqueiro Daniel Dantas, envolvido em escândalos de corrupção e operações ilícitas, entre elas a Operação Satiagraha (AQUI). Próximo de diversos políticos, de empresários poderosos e do poder público, além do setor financeiro, Dantas é tido como uma das pessoas mais influentes do Brasil.
Leia mais sobre o Habeas Corpus concedido por Gilmar Mendes a Daniel Dantas, clicando (AQUI)

Joaquim Barbosa uma vez proferiu em plenário as seguintes palavras a Gilmar Mendes: “Vossa Excelência, quando se dirige a mim, não está falando com seus capangas do Mato Grosso“.

Quando a Constituição/Lei está a favor de seus interesses, ele a usa, e é irredutível para com exceções. Porém, quando esta está contra seus interesses, ele a ignora, e abre exceções.

Vale também lembrar que ele foi rigoroso com os réus do Mensalão, ignorando provas a favor e acatando todas as provas contra os mesmos; ainda apoiou Joaquim Barbosa na inversão do ônus da prova para com os réus.

Agora, não vale ficar gritando que Mendes é um escroto por ter soltado o médico estuprador, o banqueiro sujo ou o político corrupto, mas é um herói por ter condenado os réus do mensalão. Sejamos coerentes, assim como ele o é.
Há uma linha clara de raciocínio a ser seguida aqui, onde podemos observar uma postura bem definida deste Ministro na maioria de suas ações. Se posiciona a favor de Arruda, Dantas e Abdelmassih, e contra José Genoíno e José Dirceu.

por Miguelito Formador

figura daqui