Posts Tagged ‘empresas’

1*_fWLZw19yrctwBOY5HyvWAO ambiente corporativo é ironicamente engraçado. Num conto que publiquei aqui, usei uma figura do “Mundo Dilbert”, pois sempre me lembro das máximas publicadas nas tirinhas. Nas estórias, a pessoa que menos conhece, que mais atrapalha, é colocada na posição de chefia; pois um chefe é exatamente quem menos atrapalha no dia-a-dia braçal e rotineiro de uma empresa ou departamento.
E são inúmeros os exemplos de chefes que possuem empáfia sem empatia, muita pose e pouco conteúdo, não estimulam nem exercem liderança, e ainda demonstram, a quem notar de verdade, que não conhecem o negócio que gerenciam.

Um colega tem uma teoria interessante, que chamarei de “dois anos”. Ele diz que um funcionário que anseia por carreira ou evolução no mundo corporativo deve ficar no máximo dois anos no mesmo departamento ou posição.
Nesse tempo é preciso começar um projeto de médio ou longo prazo. Explicar bem os objetivos em Power-Points coloridos, mesmo que os “meios” para se chegar aos fins propostos não estejam claros.
Enfatiza-se seguidamente a importância do projeto para todos os problemas existentes.
Daí inicia-se o processo de buscar uma nova posição ou mudança e, quando essa aparece, reúne-se a equipe, novamente exagerando a importância do projeto.
Pronto!
Se o projeto der certo após a saída do “criador”, ele será lembrado pelos resultados.
Se não der certo, atribuirão a falha à saída do tal carreirista; e este terá sempre um lugar “maior” garantido nesse departamento.

Parece ridículo. E é! Mas muito do que aparece de “moda” no comportamento corporativo é igualmente ridículo.
Os anglicanismos, o discurso igualitário do RH, os cortes que ocorrem sempre em setores produtivos, como vendas… Tudo isso é ridículo e forçado!

Houve um tempo que a moda estava nos MBA’s. Muitos surgiram e se tornaram mais e mais caros. Os cursos que possuíam estágio no exterior e networking com empresários famosos tornaram-se uma passagem direta para a diretoria de corporações.

Hoje a moda são livros e palestras sobre empreendedorismo.
E não é só o Steve Jobs que lucra no post-mortem com livros. Empresários brasileiros como Abílio Diniz, Eike Batista e os donos da ambev “surfam” ou “surfaram essa onda”. O que era auto-ajuda contra problemas emocionais na década passada, mudou para o mantra “sucesso e dinheiro agora” nas livrarias.
Esses “empreendedores de palco”, como classificou com maestria o redator publicitário Ícaro de Carvalho (texto dele aqui) não só deturpam o mundo corporativo, mas também ignoram os esforços dos que lutaram e venceram.

É o que esperam os preguiçosos da chamada geração Y: um atalho rápido e eficiente para a fama! (notem que não estou falando de todos os “Y”)

Você está a um único centímetro da vitória. Não pare! Se desistir agora, será para sempre. Tome, leia a estratégia do oceano azul. Faça mais uma mentoria, participe de mais uma sessão de coaching. O problema é que o seu mindset não está ajustado. Você precisa ser mais proativo. Vamos fazer mais um mastermind? Eu consigo um precinho bacana para você…

A citação do texto do Ícaro é repetida intensamente na literatura vazia e se transforma em verdade. Como se só vontade, orientação divina e ter conhecidos entre famosos empreendedores resolvesse tudo. Se o melhor dos três pontos apontados: o “ter conhecidos” ou networking (chamado de mastermind hoje em dia) é feita somente com pessoas na mesma situação, pessoas de discurso vazio, ainda pior. Quero dizer que, juntando empreendedores de palco com vontade, ternos e inglês impecáveis, mas sem experiência prática, sem capacidade para tornar real os Power-Points, nada acontece. É só geração de entropia.

O asco que sinto por estes materiais vazios, por essa filosofia de “chefes prontos” não cabe em palavras e não creio que consegui explicar nesse post. O mal que causam à uma sociedade acrítica, em lenta formação, que pouco ou nada lê, é incalculável!
Creio que só saberemos os reais impactos quando tivermos os mal-sucedidos da geração Y em tratamento anti-depressivo pelo SUS!

Não é disso que precisamos. Não é isso que queremos.
Só um desabafo…

por Celsão revoltado

figura retirada do texto do Ícaro Carvalho citado acima (aqui). Texto que recomendo a leitura

P.S.: outras implicâncias com a geração Y aqui; e com (contra) o mundo corporativo aqui, além do conto citado no texto

AAEAAQAAAAAAAAKEAAAAJGQ5Njk0MzViLTYzZWUtNGNhNC1iNTQyLWNlYTZjMDdmYjA0ZACheguei em casa com vontade de filosofar.
Na realidade, todo o caminho trabalho-casa foi de perguntas a mim mesmo. As principais circundavam o “por que mesmo?”, mas também tinha o “vale a pena?”, o “até quando?”, dentre outras.

Quem trabalha, muitas vezes se faz essas perguntas complicadas.
As tarefas executadas, o ambiente de trabalho, o pagamento aquém do que se julga merecido, são alguns exemplos de insatisfações que surgem diariamente e também suscitam auto-avaliações e “filosofias de final de tarde”.

Não só Karl Marx com o seu “mais valia”, mas também Adam Smith (que representava uma corrente de pensamento oposta), concluíram que o custo das horas empregadas em uma tarefa, um bem, um produto é inferior ao valor em si do bem. A diferença básica é que Marx por ser de esquerda “condena” o burguês, dono dos meios de produção; e Smith explica a discrepância como o lucro necessário, afirmando que este lucro é natural e não impelido pelo empresário, porque vem das leis de mercado (oferta e procura).
O fato trocando em miúdos é que uma empresa para ter lucro precisa ter custos de produção menores que os valores de venda dos produtos, projetos ou serviços. E, espero que isso não surpreenda pessoa alguma, o salário dos funcionários é um dos principais custos otimizáveis (ou minimizáveis nesse caso).

Uma boa empresa, “capitalisticamente” falando, é aquela que paga pouco e tem produtos desejados pelo mercado, que vendem independente da época do ano ou local geográfico, de valores absolutos elevados. Caso essa empresa mantenha os empregados de alguma maneira empolgados, seduzidos pelo que quer que seja, terá lucros por muito tempo. Uma empresa-grife pode atrair bons colaboradores, uma empresa de renome em determinado setor também.
Sob a mesma ótica, um bom chefe é aquele que mantém seus funcionários seduzidos por promessas daquilo que mais desejam (melhores salários, promoções, oportunidades de carreira, cursos), pelo máximo de tempo possível. Se um funcionário não reclama do salário ou não pede aumento, por exemplo, nunca fará parte de uma lista de “verba” para aumentos… E, assim que este reclamar, sua reclamação será avaliada e ele entrará na lista na posição que o chefe julgar inevitável, ou seja, dependendo do quão importante for para a organização e do tamanho da ameaça que a saída deste funcionário representar para o departamento ou para a empresa.
De novo trazendo para o português mais simples, um chefe bem visto pela empresa vai “cozinhar” todos os funcionários com o menor salário possível pelo maior tempo possível. E tentará não perder aqueles que trabalham bem, ou seja, muito e de forma assertiva.

E é essa mágica do capitalismo que as vezes me revolta.
É esse empenho que muitos bons funcionários “abraçam” a corporação onde trabalham, sem receber por isso, que me entristece.
As horas extras não remuneradas poderiam ser aproveitadas com a família, com amigos, um hobby, esporte, leituras, auto-conhecimento…
Quantas vezes reclamamos que “não temos tempo para nada”? Quantas vezes (não) pedimos desculpas àqueles que amamos por dedicar mais tempo do que o necessário ao trabalho? E aquele projeto de voltar a estudar, de praticar um esporte?

Espero que essa análise curta ajude os empregados-escravos a pesar seu tempo a mais na companhia, a pensar suas horas extras.
Parabenizo os que conseguem “burlar um pouco” o mais-valia, trabalhando somente o tempo estipulado no contrato de trabalho.

Eu (ainda) não consigo.

por Celsão correto (ou seria um novo Celsão filosófico?)

figura retirada daqui

Post_30_empresas_01Listas são coisas mágicas, que nos chamam a atenção.
Se alguém publica “dez coisas a fazer para conquistá-la” ou “oito medidas importantes para conseguir uma rápida recolocação” ou ainda “quinze apps que todos devem instalar no celular”, conseguirá certamente mais acessos que “como conquistar uma garota”, “dicas simples para arrumar emprego rapidamente” ou ainda “apps imprescindíveis para seu smart phone“.
Talvez seja a falta de tempo, ou a noção de praticidade ao nos depararmos com itens, ou argumentos enumerados. Não sei. Assumo aqui que muitas vezes “caio” nessa armadilha das listas.

Foi numa dessas armadilhas que recentemente entrei em duas listas curiosas. Ambas anunciando “30 empresas”, mas com relação oposta: a primeira mostrando empresas que muito se desvalorizaram no período do governo Dilma (aqui) e a segunda com empresas que muito se valorizaram no mesmo período (aqui). Aproveitei inclusive o antagonismo do tema e das figuras que estão nos dois links para ilustrar esse artigo.

Não quero eximir de culpa o governo nem a presidente Dilma dos atuais acontecimentos.
Porém, mesmo tendo os meus problemas com o modo da política atualmente praticada por ela e pelo seu partido, tenho consciência que nem tudo o que temos passado é culpa dela. E também que a oposição enfrentaria problemas bem semelhantes, muito provavelmente.
Meu intuito é “cutucar”, mostrando que se de um lado aparece um Bradesco, valorizado durante os quase cinco anos da presidente, do outro aparece outro banco, o Santander. E, notavelmente, uma coisa que o Estado não fez (e não faz) é incomodar bancos e banqueiros.

Empresas como Petrobrás, Vale e Eletrobrás, que tiveram seu valor diminuído neste período, sofreram com o efeito direto das investigações que acontecem via Ministério Público e Polícia Federal. Afinal, mesmo não acreditando que o “valor”, propriamente dito, da empresa Petrobrás não tenha se reduzido com a investigação Lava Jato, é claro que muitos acionistas foram afugentados.
(aqui vale um parêntese: muitos investidores internacionais compraram ações da Petrobrás após a queda do valor das mesmas – aqui o exemplo de George Soros – agindo contra o esperado em nosso país)

Post_30_empresas_02Mas a OGX, a MMX e a OSX do Eike Batista, investigado por crimes contra o mercado financeiro, também estão na lista das “perdedoras”. E não dá pra culpar o Governo pelas “manipulações” do ex-bilionário. Pelo contrário; o Governo e seus órgãos fomentadores colaboraram e muito com a ascenção e queda das empresas “X”.
Outras empresas que aparecem na lista, como Gerdau e Usiminas tiveram redução de vendas, produção e de número de funcionários ligadas aos baixos preços mundiais de commodities como o aço. E isso aconteceu no mundo inteiro. Não é exclusividade daqui!

Sem entrar no mérito de quem coloca valor nas empresas e como o faz, algo passível de infindáveis discussões, empresas de distribuição de energia como a Equatorial e a Tractebel estão entre as valorizadas, mesmo com CEMIG e CPFL Energia, responsáveis pela distribuição, entre as desvalorizadas. Na mesma linha temos a TIM valorizada e a OI desvalorizada; que mesmo com alguma variação de serviços ofertados: TV por assinatura, internet com fibra óptica, pacotes empresariais… poderiam estar “surfando do mesmo lado da onda”.

Frigoríficos, como BRF, JBS e Minerva em alta. Outras empresas do ramo de Alimentos e Bebidas seguem a valorização, como M. Dias Branco e ambev. Aqui eu arrisco concluir que a ascenção social da população ajudou, logicamente com estilos de gestão diferenciados e, quem diria, também a alta do dólar, uma vez que estas empresas exportam parte de sua produção.
Sem esquecer a WEG, empresa tecnológica catarinense, também presente na lista das empresas que aumentaram seu valor de mercado nos últimos anos. Juntamente com a Embraer e outras nacionais menores, contrariaram com louvor o estigma de país agrário e exportador exclusivo de matéria-prima.
Muito aqui se deve provavelmente a “encarar a crise de outra forma”, buscar alternativas, mercados, diferenciais e também inovação.

Não sei se já buscaram na internet dicas e macetes para vender… São inúmeros os vídeos, as palestras, os “lapidadores de talentos”, usando um termo que li num destes sites; e os cursos mágicos.
Mas uma coisa que todos concordam é que atitude é um fator decisivo.

Quem já me leu e me conhece sabe que positivismo e, por que não, romantismo são minhas bandeiras!

por Celsão correto.

figuras retiradas dos links já indicados aqui e aqui

P.S.: já escrevemos bastante sobre Petrobrás e Lava Jato. Confira aqui e aqui.

Conto corporativo

Posted: April 25, 2015 in Comportamento, Outros
Tags: ,

dilbert-meetingChegada com risos, manobristas atarefados, apertos de mão afetuosos e frases capciosas como “Você engordou” ou “Tá careca, meu velho!”
Apressadas recepcionistas tentar rebanhar o grande grupo à sala principal sob ameaças de “Já vai começar e depois do início, ninguém entra…”
“Equipamento no mercado é um filho” sentencia o primeiro palestrante, enquanto aposto que muitas cabeças se voltaram aos verdadeiros filhos, distantes ao menos no decorrer dos dias daquela reunião geral. Que modo de começar!
Figuras mudam sem apresentação ou detalhamento, somente assuntos macro são comentados. Talvez para entreter, talvez para hipnotizar.
Duas mãos se levantam no centro e sinalizam que faltam seis minutos. Ou seriam quinze, nesta simbologia de palma aberta e indicador estendido? Prefiro pensar positivamente. Não que o assunto seja de menor importância ou o apresentador enfadonho, mas são tantos rostos para rever e assuntos a tratar…
Em seguida vem profit, management, infrastructure, life cycle, smart grid, service, assets, uptime, supply chain, headquarters, stakeholders, timing; no melhor estilo bingo que jogávamos na faculdade quando um professor se valia de estrangeirismos. Pra mim só falta synergy, bradava um. Estou por co-working, sussurrava outro. Sei que as vezes é inevitável, principalmente para empresas multinacionais e seus programas globais; mas muitos pensam que abrilhanta a apresentação. Creio o contrário. Principalmente se o termo é confuso na língua local… Aposto que muitos na sala entendem por exemplo, profit, como lucro, alguns como margem e outros como resultado.
Na fileira da frente percebo a primeira piada com texto longo circulando via WhatsApp. Os risos denunciam o grupo.
“O mercado dos EUA é sempre um mercado regulado”
“O que eu faço na frente do cliente?”
“Tudo o que puder explicar em termos de retorno de investimento ou retorno de caixa pro cara…”
As apresentações são curtas, mas se acotovelam.
“Você vai monitorar o processo dele”
“Tem que visitar os market places
“Quem tem pressão alta é só quem mede” – me lembra um chefe arrependido por ter feito check-up.
Analogias com futebol despertam e divertem: “bola dividida” e “deixar o campo cedo demais” couberam perfeitamente e soaram melhor que o Inglês anterior.
Obviamente alguns tropeços técnicos também divertem. Não menos que os celulares e o WhatsApp.

A pausa para o almoço é rápida demais para os papos e ligações pendentes. Comer? O que tinha pra comer mesmo?
Agora é esperar o próximo intervalo.
“Amparado por uma política comercial séria”
“Reconhecimento da marca tem peso”
“Nosso desafio não é empurrar produtos para as prateleiras dos clientes, mas ajudá-lo a esvaziar estas prateleiras”
Certas frases e conceitos são realmente bons e ficam.
O complicado é lutar contra o sono neste momento, uns tomam nota, independente do assunto, outros buscam algo no teto e se ajeitam nas cadeiras, os mais despojados tiram foto dos que estão dormindo…

Paradigma, propósito, complexidade, desafio, vanguarda, difusão de conhecimento e luta contra o sono pós-almoço.
Organização Monolítica e Bill the Trust (ou seria Build the Trust?) são as próximas temáticas. Se sai melhor quem consegue entender o futuro do futuro, fonte primária de relacionamento, fazer bons financiamentos.
Acho que se sai melhor aquele que não me tem como chefe e segue pendurado no celular. Haja falta de respeito!
“Otimização é curto prazo. Temos de olhar a longo prazo”. Não dá pra concordar com tudo mesmo.
Parceria assimétrica, critérios, business plan, player, advisory, coaching. Os termos são intermináveis. A poesia também.

por Celsão irônico

figura retirada daqui, somente pela semelhança dos “Mundo Dilbert” com o mundo corporativo

juiz_marlon_reis_livro_direito_eleitoral Me deparei na semana passada com o programa Provocações do canal Cultura e a presença do juiz de direito Márlon Reis. Já o conhecia, sabia que ele era um dos idealizadores do “Ficha Limpa”, mas me surpreendi positivamente com duas “novas notícias”:
– Ele também é um dos arquitetadores do projeto “Eleições Limpas”
– Ele exerce a profissão na comarca de João Lisboa, no Estado do Maranhão

Iniciando pela segunda constatação, fiquei feliz em saber que, mesmo num dos estados mais coibidores e oligárquicos do país, é possível “fazer a nossa parte”; no caso dele, lutar por eleições mais justas e transparentes. O próprio Abujamra em uma das perguntas sentencia: “Como é que você ainda está vivo?” – a entrevista completa pode ser acessada aqui

Mas o ponto mais interessante da entrevista e da luta do juiz é o projeto “Eleições Limpas” proposto pela OAB e já citado nesse blog (logo após o discurso de Dilma em Junho, sobre diferentes reformas propostas por ela – post aqui).
A ideia não é ter somente candidatos de ficha incólume, mas apoiadores sem interesse direto. Ou seja, busca-se eliminar o favorecimento por parte das grandes empresas e corporações a candidatos e partidos em troca de vantagens futuras. O que ocorre hoje em dia e corrompe drasticamente o resultado das eleições são doações de construtoras, bancos, frigoríficos e indústrias de mineração a partidos e candidatos; sem limite estabelecido e com abatimento de imposto (um popular ganha-ganha).

Em site próprio, o juiz Márlon aponta estudos que provam a eficácia desta política, contabilizando para cada real gasto um retorno de R$8,5 em contratos e favorecimentos!
Ou seja, um grande frigorífico por exemplo, sabe que não terá dificuldades em desmatar áreas de floresta para criar gado, ou que certamente gozará de abrandamento da pena ou multa, caso infrinja uma lei. Empreiteiras, bancos e grandes indústrias de exploração da mesma forma…
É algo imensurável, se pensarmos bem. E muito maior que o execrável Mensalão, segundo Antônio Martins (aqui), que cita como engano político o encerramento do processo sem o debate do dinheiro oferecido pelas empresas aos partidos.

E o pior: sabe-se sobre valores e retornos!
O site Política Aberta junta informações do Portal Transparência e do TSE e entrega “mastigado” a quem queira. Na página inicial são vistas as empresas que mais doaram para campanhas em 2012 e os maiores contratos no mesmo ano. Só aí é possível notar que duas construtoras (Odebrecht e Queiroz Galvão) estão no TOP10 das duas colunas.
Aliás dentro do TOP10 dos doadores estão cinco empreiteiras!
É interessante navegar nos detalhes, como partidos e candidatos que receberam ajuda e órgãos que tiveram contrato com essas empresas.

É uma luta árdua, mas importante de ser travada.
É muito importante que não só o “Ficha Limpa” faça parte do cotidiano brasileiro, mas que a luta pela moralização das eleições seja permanente.
Afinal, por que existir financiamento eleitoral se existe o fundo partidário?

por Celsão Revoltado

figura retirada daqui
P.S.: não gosto muito do Provocações. Acho que o entrevistador foge muito do assunto e não deixa o entrevistado expor seu ponto de vista; sempre uma pergunta atropela a anterior. E é demasiado curto.

Quando publicou o livro “Animal Farm” em 1945 (“A Revolução dos Bichos” – título em Português), o Inglês George Orwell foi aclamado como cronista, teve seu livro incluído numa lista dos melhores da língua Inglesa e de quebra denunciou a descarada diferença entre o socialismo utópico e o “real”, praticado na extinta União Soviética.

Durante a Guerra Fria, o livro serviu de propaganda anti-comunista. O “Animalismo” pregado pelos bichos na Granja do Solar e suas sete regras são deturpadas no decorrer da estória de modo que o sonho de um porco: ter uma fazenda livre dos humanos e igualitária, muda de acordo com a vontade dos líderes da Granja.

No livro, os porcos, mais inteligentes que os outros bichos, surgem como líderes que dominam os demais bichos, sobressaindo-se ora pela retórica, ora pela utilização da força (representada no livro por cães treinados). No final, os porcos convertem-se em humanos, ocupando a casa do humano, andand em duas patas e usando suas roupas.

Há algum tempo venho notando destacada semelhança entre as grandes empresas no Brasil e o livro. O discurso igualitário de “colaboradores” e “parceiros” é válido até que surja uma crise, qualquer que seja ela.

Daí nomeiam-se líderes / porcos: as vezes consultorias externas, as vezes grupos internos, as vezes subgrupos dentro da própria empresa, que mudam as regras arbitrariamente e demitem sem critério nem justificativa, criando um círculo vicioso de crise = demissões equivocadas = diminuição da produtividade ou qualidade = piores resultados = crise pior.

Ainda mais grave, esses líderes são empoderados ou pelo receio da direção em piorar as coisas sem eles, ou pelo seu discurso de eficiência, sinergia, otimização, etc. e seguem na empresa… Daí, mesmo quando vem a bonança, os “porcos”, controlando toda a “Granja”, evitarão qualquer ascensão ou questionamento à sua liderança. O clima na empresa torna-se funesto, semelhante ao observado no livro após a morte de um dos animais.

por Celsão Irônico

P.S.: obviamente mudanças são positivas (quase sempre) e as empresas são independentes para tomarem suas decisões. O que mais incomoda não são os resultados das mudanças, mas o “rastro de sangue” que fica durante o processo.

P.S.2: pra quem quiser ler o livro, encontrei uma versão ebook gratuita em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/animaisf.pdf