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PostCorrelaçõesRecebi via WhatsApp (em tempos de hoje, também um bom meio de comunicação e diversão), uma interessante artigo sobre correlações estatísticas.
Os homens já se acostumaram a isso: em transmissões de futebol, quando há pouca ação por parte dos jogadores, comentaristas e repórteres entram para “entreter”, dizendo algo aleatório, quase sempre relacionado a correlações estatísticas. Quando há algo relevante e atrelado a causalidade, ótimo. Por exemplo: “O Flamengo não vence uma partida em Minas Gerais há oito anos” ou “O Atlético ainda não perdeu jogando em casa nesse campeonato”. Mas como falta assunto, as estatísticas espúrias aparecem… “O Figueirense tomou 80% dos seus gols a partir dos 30 minutos do primeiro tempo” ou até “A seleção brasileira nunca perdeu para equipes africanas jogando competições oficiais no continente europeu” (!).

As correlações ditas espúrias, mostram estatísticas que nos brindam com verdades mascaradas; quer seja para ludibriar diretamente ou para fazer parecer que alguma ação tomada surtiu efeito. Dentre as correlações apontadas na matéria (aqui), além da figura deste post, estão outras que “brilham” de tão absurdamente aleatórias!
“Quanto menos filme Nicolas Cage faz em um ano, mais gente morre em acidentes de helicóptero nos Estados Unidos” ou “Quanto menos se produz e vende mel nos mercados, mais jovens são apreendidos por porte de maconha nos Estados Unidos”.

O que nosso Brasil e principalmente nós temos a ver com isso?
Ora, dizer que a redução da velocidade das marginais reduziu em 25% ou 30% os acidentes, pode apresentar uma correlação dessas… Alguém se perguntou o que é definido como “acidente”? Existiram outras campanhas em paralelo de redução de vendedores ambulantes na marginal (que são as principais vítimas de atropelamentos)?

Outro exemplo é dizer que uma maioria de deputados e senadores estreantes traz renovação, novas ideias e novo fôlego para o Legislativo. Era de se esperar, pela lógica, que ao menos os “vícios” dos anteriores não fosse “carregado” pelos recém egressos. Mas sabemos que trocar por grupos específicos e bancadas já comprometidas com sua “turma” de ruralistas ou evangélicos pode ser ainda pior que manter as mesmas figurinhas.

Também gostaria de destacar a alta récorde do dólar. Obviamente a redução do poder do real como moeda, influencia bastante a nossa economia; principalmente após reduções consecutivas do poder da indústria nacional, que poderia exportar máquinas e equipamentos para contrabalancear o efeito. Mas daí a apontar a alta do momento como histórica sem considerar inflação e correções em ambas as moedas é forçar o povo a acreditar no fundo do poço… Aqui e aqui separei matérias (uma delas inclusive com vídeo) que descrevem o erro propositalmente alastrado.

Não menos importante é correlacionar diminuição da maioridade penal com diminuição direta de crimes. Certamente as estatísticas já estão prontas para apontar que esta foi a melhor solução para o problema da violência…

E não para por aí… Dizer que um governo de direita trará desenvolvimento e impulsionará a indústria nacional e que um governo de esquerda promoverá distribuição de renda e programas sociais é uma simplificação perigosa. O primeiro pode se focar em atrair investimentos puramente especulativos (bem como o segundo, infelizmente) e esquecer de fomentar as empresas locais; da mesma forma que um governo mais a esquerda pode cortar gastos com educação e programas sociais antes de cortar financiamentos a empresas e antes também de aumentar os impostos para banqueiros, por exemplo.

Meu recado direto é: desconfie! Buscar informações para entender se os números foram “forçados a dizer o que precisa ser dito” é importante; afinal, a estatística e a contabilidade podem ser usadas para o mal.

por Celsão correto.

figura retirada da matéria da Folha (aqui). Matéria original em inglês aqui.

maioridade-penalNeste artigo irei apontar alguns dados e estatísticas sobre a violência no Brasil e sobre a Maioridade Penal mundo afora.

Não pretendo aqui fazer grandes debates morais ou éticos sobre a possível redução da Maioridade Penal; tampouco quero especular sobre os mais diversos efeitos colaterais da mesma. Esse aqui não é um artigo filosófico, nem humanista, muito menos moralista. Esse é um artigo de exposição de dados e estatísticas.
Se quiserem saber um pouco sobre a forma como os integrantes deste blog (Celsão e Miguelito) pensam sobre a Maioridade Penal e sobre os diversos efeitos de uma possível redução da mesma, clique AQUI para ler o artigo do Celsão.

  • Como anda este tema pelo Mundo?

Para começar, eu gostaria de compartilhar o resultado de um estudo feito pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), órgão da ONU. A UNICEF levantou os dados de 54 países de grande relevância, e construiu uma tabela com a “Idade para responsabilidade penal juvenil”, e “responsabilidade penal adulta (maioridade penal)”, respectivamente, em vários países. Vejam alguns exemplos que eu selecionei, onde adicionei por contra própria a Nova Zelândia, que não está inclusa no estudo original:

Brasil: 12 & 18
Alemanha: 14 & 18
Argentina: 16 & 18
Áustria: 13 & 19
Chile: 14/16 & 18
China: 14/16 & 18
Espanha: 12 & 18/21
Eslováquia: 15 & 18
Eslovênia: 14 & 18
Finlândia: 15 & 18
Franca: 13 & 18
Grécia: 13 & 18/21
Holanda: 12 & 18
Hungria: 14 & 18
Irlanda: 12 & 18
Itália: 14 & 18/21
Japao: 14 & 21
México: 11 & 18
Noruega: 15 & 18
Uruguai: 13 & 18
Austrália: 10 & 19
Hong Kong: 14/16 & 18

Nova Zelândia: 10/14 & 17
Portugal: 12 & 16/21
Suécia: 15 & 15/18
Suíca: 7/15 & 15/18
Escócia: 8/16 & 16/21
Dinamarca: 15 & 15/18
Bélgica: 16/18 & 16/18
Rússia: 14/16 & 14/16
Canadá: 12 & 14/18
EUA: 10 & 12/16

O que percebemos nesta lista?
Selecionada a grande maioria dos países mais “civilizados” e “evoluídos socialmente” no planeta, temos 21 com Maioridade Penal de no mínimo 18 anos, e em alguns casos chegando a 21 anos.
Há 6 países com critérios mistos (variando de 14 aos 21 anos), onde a criança será julgada como adulto somente em casos bem específicos, por exemplo, quando da ocorrência de crimes gravíssimos. Normalmente o processo é acompanhado de uma avaliação criteriosa da maturidade da criança/adolescente.
Há 1 país que fixou em 17 anos.
E temos 2 países (EUA e Rússia) que possuem Maioridade Penal fixada abaixo de 18 anos.

O que isso significa?
Se aprovado o projeto de lei no Brasil, estaremos nos distanciando, mais um pouquinho, dos padrões de cidadania, de evolução social, de direitos humanos, e do utópico sonho de sermos mais parecidos com os países “desenvolvidos”.

Dos 54 países estudados pela UNICEF, 74% aplicam Maioridade Penal de 18 anos. Algo em torno de 20% aplicam Maioridade Penal flexível/mista, e somente 6% aplicam Maioridade Penal fixa menor que 18 anos.
Clique AQUI e veja o estudo completo da UNICEF.

Há dados mundiais que nos alertam para um grande retrocesso, uma caminhada na contramão da evolução do ser humano enquanto sociedade. E que se a maioria dos países “desenvolvidos” tem maioridade penal de 18 anos, é por que há um motivo bem concreto para isso. Suas legislações chegaram a essas soluções devido há séculos de estudos, progresso, aprendizado, experiências e evolução. E nós, no Brasil, por pura subjetividade e impulsos instintivos, queremos impor aquilo que “achamos”, em detrimento da ciência, da intelectualidade, e da natural evolução das sociedades.

  • Quem é a favor, e quem é contra?

Do lado dos que apoiam estão:
O Congresso Nacional, tido pela maioria dos brasileiros como uma instituição falida, corrupta, apodrecida. Em especial este atual Congresso, que é o mais conservador desde o golpe de 1964 que implantou a “querida” ditadura no Brasil. Hoje, liderados pelos “admiráveis” Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
A Grande Mídia, composta por Rede Globo, Revista Veja, Jornal O Globo, Folha de São Paulo, entre outros, cada vez mais dignos de críticas e repulsa da sociedade brasileira, devido a sua parcialidade e falta de profissionalismo e ética. 

Já do outro lado,  são contra a Redução da Maioridade Penal os seguintes órgãos:
ONU, UNICEF, OEA (Organização dos Estados Americanos), CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), CFP (Conselho Federal de Psicologia), CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), e a OAB (ordem dos advogados do Brasil).

E você, está sincronizado com quais grupos? Já parou para pensar no porquê de cada um destes grupos se posicionarem como se posicionam? Já parou para pensar na história, na integridade, nas intenções de cada um desses grupos e como isso reflete na forma deles se posicionarem?

Eu, assim como você, chego a conclusões “próprias”, sem precisar seguir ninguém ou qualquer órgão. Mas, me alivia bastante saber que estou do mesmo lado que a ONU, AMB, OAB, CNBB, UNICEF, OEA, CFP, etc.
Se não te incomoda o fato de estarem ao seu lado a Globo e Congresso Nacional, bom, cada um com sua consciência.

  •  Qual a parcela de culpa dos adolescentes na violência do Brasil?

Segundo os dados da SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública), os jovens entre 16 e 18 anos são responsáveis por 0,9% do total de crimes praticados no Brasil. No caso de homicídios, somente 0,5% são de responsabilidade deste grupo.
Clique AQUI e leia mais.

Segundo o Anuário de Segurança Pública, entre todos os crimes cometidos por menores, cerca de 10% são crimes graves, como homicídio. Mais de 70% dos crimes são crimes contra o patrimônio: furto e roubo (quase 43,7%) e envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%). Clique AQUI.

O que concluímos com isso?
Ora, o argumento de que a redução da Maioridade Penal será eficiente para combater a criminalidade no Brasil, é um argumento furado, fruto de desinformação. Supondo uma eficiência de 100% da justiça e da polícia caso a redução seja aprovada, teríamos uma redução de 0,9% na criminalidade do país, e uma redução de 0,5% das taxas de homicídio. Isso significa que, ao invés de termos 200 assassinatos, teríamos 199. Nossa, que melhoria!!!

Reduziremos o número de assassinatos de 200 para 199, mas em contrapartida, estaremos colocando milhares de adolescentes na cadeia, por terem furtado ou por serem foguetinho do tráfico, e quando saírem da cadeia, terão se tornado reais criminosos, traficantes, assassinos, estupradores, com os mais diversos distúrbios mentais. Ou seja, ganha-se 0,9% aqui, perde-se 30% em alguns anos.

Agora, convido vocês a refletirem sobre estes dados. Pense em quanta informação falsa e manipulada você acreditou e que foi desmentida aqui. Reflita, e reposicione-se.
Vai ficar com as mentiras e achismos subjetivos, ou ficará com a realidade e a ciência?

por Miguelito Formador

Leia 18 motivos para dizer não á redução da Maioridade Penal. Clique AQUI (figura do link)