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Começo explicando o título, que vem do poema-figura desse post. O poema é de Ruy Proença, e o encontrei aqui

Os fatos da atualidade me causam estranheza e perplexidade.
Nenhum fato divulgado, por qualquer veículo de imprensa, tem a capacidade de chocar, de fazer pensar, de provocar cisma ou medo, de incitar arrependimento ou reconsideração.
Minto. Nenhum fato que seja contrário ao idealismo atual, ao conceito de verdade, ao que acreditamos.

É como se tivéssemos bloqueado nossos ouvidos para as opiniões contrárias.
Como se o ódio substituísse a razão.
Como se soubéssemos tudo sobre tudo. E sequer respeitássemos opiniões diferentes.

(…)

Por um lado, considero compreensível.
Nos encontramos em um “novo período do conhecimento humano”.
A tal da “pós-verdade” recriou uma nova maneira de entender as coisas, baseado no que se quer acreditar e em truques apelativos para enfatizar, ou fazer valer o pseudo-fato.
O termo, inclusive, existe há alguns anos e foi “turbinado” recentemente, graças às mídias sociais. (Nos links a seguir, a definição na Wikipedia e no Dicionário Informal)

Na pós-verdade, tem-se um desmedido apelo emocional aliado à hermenêutica (interpretação de fatos) que cria versões distorcidas e transfere aos fatos, ou verdades, uma importância secundária.
Vê-se isso em vídeos de propaganda espalhados via WhatsApp.
Vimos isso, recentemente, na distorção proposital das declarações de Cid Gomes e Mano Brown; distorções (ou pós-verdades) criadas por apoiadores de Bolsonaro.

Explicando…
Mesmo que ambos tenham criticado a campanha de Haddad e o próprio PT com razão, veemência e com fatos… não são eleitores de Bolsonaro!
E recriar ou reproduzir os discursos com subtítulos categóricos e emocionais de: “chega de esquerda”, ou “fora PT”, distorce a mensagem que os interlocutores desejavam passar.

No artigo que destaco aqui, assinado por Paolo Demuru no Nexo, o autor destaca correlaciona quatro estratégias dos apoiadores do candidato Jair Bolsonaro à semiótica, atribuída a Umberto Eco por ele como “a disciplina que estuda tudo aquilo que pode ser usado para mentir“.
Abaixo destaco as quatro estratégias:
Objetividade aparente: simplificação de um fato à uma parte que atenda aos objetivos.
Edita-se um trecho de vídeo, declaração ou texto, focando em algo contundente, mas com significado reduzido ou também, diluído do contexto de onde estava inserido.
É o caso da declaração em vídeo de Mano Brown: se os apoiadores de Bolsonaro tomassem, por exemplo, a frase dele “Eu tinha jurado pra mim mesmo nunca mais subir em palanque de ninguém” a rigor, saberiam que a interpretação implícita é: “mas estou aqui, no palanque do Haddad, pois acredito ser a melhor opção contra Bolsonaro“…

A “minha verdade” ou as auto-verdades: vídeos autorais, de pessoas que se identificam, mostram a cara, trazem veracidade e cumplicidade ao discurso, há uma identificação própria e, com isso, um “aumento da realidade”. Mesmo que o discurso não seja factual.
Um pastor evangélico que afirma uma taxação das igrejas, um militar que tem informações privilegiadas do diretório do PT e “sabe” que verbas serão reduzidas, um empresário que afirma que a crise é advinda do governo Lula, um representante das minorias ignorando discursos prévios e ratificando seu apoio ao Bolsonaro…

O êxtase passional: onde maiúsculas, alterações de voz em vídeos e áudios, exclamações dão o tom dramático e transferem ao emocional decisões que são absolutamente racionais.
Esse é a principal estratégia dos grupos de WhatsApp, juntamente com a estratégia temporal a seguir.

A urgência: aqui o tempo é agora! O compartilhamento deve ser feito o quanto antes, e para todos os grupos, para todos os contatos, para que “o PT não volte”.

(…)

Não importa se é uma verdade construída, se há dissonância em relação à verdade. O que importa é mostrar, e difundir, o meu ódio e o meu desacordo.

Aliás, uso os apoiadores de Bolsonaro como os maiores utilizadores das mídias sociais para as pós-verdades e a difamação e os de Fernando Haddad como as maiores vítimas, pois são diversos os relatos na própria mídia dessa supremacia. Aqui e aqui estão exemplos do grupo Exame e do jornal El País, correlacionando o compartilhamento de Fake News em sua maioria por apoiadores do PSL. Sem citar o recente escândalo da campanha patrocinada por empresários…
Sei que o “outro lado” também o faz, o PT e seus apoiadores também espalham boatos tentando se beneficiar por isso. É lamentável.
Mas não creio que eu precise contrabalancear o exemplo, já que tomo a maioria.

Também do lado derrotado (já me dou por vencido), observamos paredes nos ouvidos.

Mas compartilho uma máxima que ouvi recentemente…

Entendo os que votam em Bolsonaro por serem contra o PT. Entendo os que votam no PT por serem contra o Bolsonaro.
Tenho dificuldades de entender os que votam neles por gostarem deles e se identificarem…

Como escrevi recentemente, aqui, julgo ser essa a pior eleição em termos de escolha, que enfrentamos.
Certamente, pra mim, são os piores candidatos possíveis dentre as opções que tínhamos no primeiro turno.

Finalizo com um pequeno texto, recebido via WhatsApp, que faz analogia entre o período que vivemos hoje e o mito da caverna, de Platão…

Imaginem várias pessoas presas num grupo de WhatsApp. Se alguma delas [acordasse to transe] conseguisse fugir e trouxesse verdades do mundo exterior, traria luz e razão aos prisioneiros, mas seria tida como mentirosa e, certamente, duramente agredida.


por
Celsão correto.

figura retirada daqui.

 

Após a eleição, muito se comentava e especulava sobre as primeiras medidas do eleito.
Assim como Collor em 1990, bloqueando investimentos visando reduzir a moeda em circulação e frear a inflação, esperava-se algo igualmente radical de Jair Bolsonaro.
O mesmo se divertiu nos quase sessenta dias entre o resultado do segundo turno e a posse.
Ironizava os repórteres com os trocadilhos de sempre; dizendo que o “seu emprego”, referindo-se ao repórter, estava garantido. E invariavelmente chamava as mulheres que o abordavam com microfone de “querida”.

O dia chegou e, após receber a faixa de Michel Temer, com um largo sorriso no rosto, declarou a extinção do PSOL.
A justificativa é que o partido cria “ignorantes” e os treina para o “mal”.
Foi do PSOL o autor da facada que tomei durante a campanha. Foi do PSOL o atentado moral da cusparada de Jean Wyllys. E se alguém se der ao trabalho de procurar, verá que tudo o que há de errado nesse país tem a presença do PSOL – declarou o presidente.

A reação foi de júbilo dos apoiadores e risos nos círculos de conversas pelo Brasil.
Apesar de absurda, a medida era leve e inofensiva, na opinião da maioria.
A imprensa questionava a efetividade, consultando juristas e cientistas políticos. Uns poucos protestavam nas redes sociais.

Mas os dias se seguiram ao melhor estilo Donald Trump, do qual Jair declarava-se agora, abertamente, fã: uma surpresa diferente a cada dia. E muitas delas estapafúrdias.
“Imponho ao TSE e ao STF que renomeie o PT para ‘Partido dos Trambiqueiros’ no lugar de ‘Partido dos Trabalhadores’. Não existem mais trabalhadores naquele partido; são todos trambiqueiros“. Sentenciou certa vez.
Aplausos e novo júbilo e aquele sentimento de “troco” por parte dos críticos de Lula e Dilma.

O que é respaldo, querida?“, perguntou a uma repórter que o questionava sobre a atribuição e jurisdição das medidas impostas e promulgadas, “Eu faço a lei pois conheço os desejos da população e o que é melhor para o Brasil! Se depois de falado, escrito e encaminhado não houver ação do órgão competente, temos que mudar esse órgão!” – concluiu em ameaça.

Quando pressionado a cumprir o prometido de redução da máquina pública logo no primeiro mês de mandato, foi a público em rede Nacional.
– Declaro extinta a Defensoria Pública da União e dos Estados da Federação. E também vou diminuir drasticamente o Ministério Público!
– A Defensoria Pública no Brasil tem mais de 8000 cargos existentes, com altos salários! Como estes advogados visam orientar juridicamente bandidos e ouvir as reclamações incabíveis do pessoal dos Direitos Humanos, não precisamos deles. Basta andar na linha e pronto! Se um cidadão se sentir injustiçado, procure os seus direitos com os advogados. Mas não com defensores pagos pelos impostos de quem cumpre as leis… (!)
– O segundo está muito inchado e tem muitos funcionários inativos. Só em São Paulo são mais de 600 servidores inativos para 5000 ativos. Colocarei como meta uma redução de 20% no quadro, começando com os inativos. tem muito vagabundo! Por que o carinha está inativo? O que ele faz no Ministério Público? Hoje em dia, as contas públicas estão declaradas na internet… não precisa de Ministério Público pra isso…
– Como o meu governo não tem corrupto, o trabalho do Ministério Público, de todos os órgãos criados para a corrupção pelo PT, vai diminuir!

No fim do primeiro mês, o presidente Jair Bolsonaro resolve reformar a educação…
– Onde houver professores e membros da diretoria da escola filiados ou simpatizantes de partidos políticos de esquerda, em escolas públicas das esferas federal, estadual e municipal, teremos exoneração! E, se houver falta de professores, num primeiro momento oficiais da reserva das forças armadas e das polícias militares e civis serão convocados para substituí-los. Antes uma educação com base na moral, que uma educação com viés político…

E a vida segue no país dos bananas…


Será que meu cenário fictício é muito descolado de uma provável realidade?
Não há dúvida que o discurso de ódio gera, apenas, mais ódio.

Uma amiga disse, sabiamente, que sequer temos maturidade para usar setas ao realizarmos conversões ou mudarmos de faixa de rolagem no trânsito; estaríamos mesmo aptos a portar armas de fogo?
Há muita correlação entre trânsito e armas para os que defendem o armamentismo.
Mas pra mim a estória que “carro também mata” é rebatida facilmente com “arma só serve para matar”. Não se pode explicar uma decisão ruim com opções contrárias igualmente ruins. É um círculo vicioso e perigoso de irracionalidade.

A mesma amiga, em tom sarcástico, vaticinou que somos como dinossauros votando no meteoro, ao votarmos em Jair Bolsonaro. :))
Não há expectativa de melhora real, em campo algum.
Pior pra mim é quando vejo mulheres e outras minorias defendendo o candidato.
Será mesmo que tudo o que ele disse no passado foi efeito de ações mal pensadas e/ou reflexo de uma personagem?

Talvez a Sociedade Brasileira precise mesmo passar por um governo mais a direita, para vislumbrar a realidade da desigualdade social que vive. E descobrir, a duras penas, que meritocracia sem igualdade de condições de partida é utopia.
Não falo em Social Democracia, bandeira do PSDB e de outros que, na realidade, estão mais ao centro. Falo em Novo e no discurso de renovação real.
No entanto, migrar para uma ditadura conservadora, ou mesmo religiosa, dependendo dos apoios conseguidos da grande “bancada da Biblia” no Congresso, é algo que definitivamente não precisamos, nem merecemos.

por Celsão irônico

figura retirada daqui

 

Piada pronta.
Um dos eventos, ou uma das pessoas que nos faz ter vergonha do país.
A provável futura Ministra do Trabalho segue sendo o Donald Trump brasileiro: divulgações vexaminosas e bombásticas diárias, por vezes nas redes sociais, por vezes em “descobertas” feitas pela emprensa que insiste em dar-lhe palco.

A última (ou mais recente) é um video que apresento abaixo:

Já não bastasse ter os processos trabalhistas que maculam o cargo que foi pateticamente nomeada a ocupar, Cristiane grava o vídeo numa lancha, cercada por ditos empresários.

A declaração, igualmente patética (quero crer que conscientemente jocosa), ataca o brio de trabalhadores que sofrem nas mãos de patrões como ela. Ataca aos dois motoristas não registrados.
Dizer que as pessoas pedem na justiça coisas “abstratas”, quando o motivo da ação é o registro em carteira professional… Desdenhar o pleito manobrando a frase “o que pode passar na cabeça das pessoas  que entram contra a gente em ações trabalhistas?” é, bem dizer, no mínimo, anti-ético para a postulante ao ministério que defende esse direito dos trabalhadores.
Direito esse muitas vezes abnegado por medo de represálias, de “sujar a carteira” e não mais conseguir emprego. (Para quem não sabe, há meios de pesquisar junto ao órgãos públicos se um trabalhador já moveu ação trabalhista, “filtrando-o”).

Voltando ao vídeo, dizer que foi divulgação fora de contexto é ridículo!
Duvido até que tenha sido algo espontâneo do amigo… Arrisco-me a dizer que foi planejado, para criar talvez “comoção”.
O problema é que a ética da deputada é quase tão flexível quanto a noção de honra, de bem e mal, de honestidade da elite. Se todos os empresários do vídeo possuem mesmo ações trabalhistas contra suas empresas… quem será o errado ou incongruente dessa estória? Patrão ou empregado?

Mesmo que instantânea e focada na comicidade, a reação da imprensa e da população foi positiva, mostrando à deputada e à equipe de governo o disparate dessa indicação para o Ministério do Trabalho.
Porém, como nada de positivo pode-se esperar de Michel Temer e seu governo chafurdado em conchavos, e como a nossa memória tem sido curta e seletiva, creio lamentavelmente que veremos Cristiane tomar posse.

Que a vergonha transforme-se um dia em revolta!

por Celsão correto.

figura retirada daqui de um dos “escândalos midiáticos” em que se envolveu Cristiane nos últimos dias

P.S.: busquei um link para pesquisa de ações trabalhistas movidas por trabalhadores. E ei-lo para São Paulo (aqui). Descobri que não possuo qualquer ação no momento… 🙂

Tentemos imaginar um filho (ou filha) problemático.
Que se envolveu com drogas ou com gastos excessivos em cartão de crédito e agiotas.
Esse filho nos convence que vai de alguma maneira parar e nos faz gastar o dinheiro que temos guardado. Nos faz também vender a casa, vender pertences como computadores, etc.
Mas, sem ajuda, muitas vezes já sem emprego, não consegue se reerguer. E vendemos também os carros da casa. Carros que eram essenciais para a manutenção da economia doméstica. Pois auxiliavam na obtenção dos recursos básicos da família.

Não é um conto.
Tentei fazer uma analogia com o que está acontecendo com o nosso Estado nesse momento.
Acuado e com um gasto deficitário em 159 bilhões de reais, o governo federal desistiu de cortar custos relevantes e agora está mirando na privatização; com foco inicial na Eletrobrás.

Quando um governo tem déficit, significa que a arrecadação de impostos e os bens produzidos pelas empresas estatais não são suficientes para suprir os gastos que o mesmo governo tem com sua estrutura, sua “máquina”.
Significa, por exemplo, que regalias devem ser cortadas, aumentos de salários minimizados, postergados ou, melhor ainda, suspensos. Nada de renovação da frota de veículos parlamentares, compra de mobiliário, emissão de passagens aéreas… extinção de cartões de crédito corporativo (bloqueado no site da transparência, nota no fim do post), entre outras medidas que a família descrita no primeiro parágrafo precisou fazer ainda antes de se desfazer da poupança.

Mas não é o que ocorreu.
Os gastos com cartão de crédito seguem subindo desde que Temer chegou ao poder (aqui e aqui). Totalmente contra ao que prega a austeridade, ão defendida pelo governo e Ministério da Fazenda.
A jornalista Juliana Cipriani, em reportagem no Estado de Minas, levantou gastos abusivos do poder público nesse período de crise (link aqui). Na reportagem existem absurdos de todo tipo, de licitação para jatinho para viagens do governador Luiz Fernando Pezão, ao custo de R$2,5 milhões por ano, a R$1 milhão em sofás e colchões para o Congresso Nacional.
É como se a família estivesse devendo enquanto planeja viagens de avião e compra móveis!

Quando a economia de um país está em crise, não se viaja para Noruega ou Rússia sem agenda oficial e sem assertividade (post nosso aqui). Sequer se usa o avião oficial, dado o custo operacional do mesmo. Não se utilizam aviões da FAB sem um propósito concreto e inadiável, pelo mesmo motivo.

Falar em vender a Eletrobrás, empresa estratégica, num ramo estratégico. É o mesmo que vender a Petrobrás, privatizar a Polícia Federal.
O que o Chile pensaria se propusessem comprar a empresa CODELCO (Corporación Nacional del Cobre de Chile), estatal que explora o cobre, principal recurso do país?
Que tal propor aos Estados Unidos a privatização da CIA ou da NASA?
Aliás, ocorreu-me uma ótima pergunta: por que será que esses órgãos precisam ser públicos, geridos pelo Estado?

Não posso dizer que sou contra qualquer movimento nesse sentido.
Não sou daqueles que nega os avanços da telefonia do Brasil após a “rifa” que foi feita das “Teles”. Mas questiono se precisava ser daquela maneira, naquela velocidade e naquele preço.
Uma empresa de capital misto, bem gerida, talvez chegasse a resultados melhores… e ainda deteria a tecnologia e os profissionais capacitados.
Se avançamos em conectividade e redes móveis, retrocedemos em satisfação quanto aos serviços prestados e no custo desses serviços. Afinal, todas as empresas que exploram telefonia e transmissão de dados no Brasil estão entre as mais problemáticas em reclamações e processos.

Me questiono se seria da mesma forma, caso a ANEEL participasse da diretoria de todas elas e soubesse das artimanhas e subterfúgios para burlar leis ou se adaptar a imposições. Por exemplo, por que é obrigatório somente 10% da velocidade das conexões de internet? Se há uma limitação técnica, a empresa poderia investir mais, satisfazendo os clientes. Se o problema é infraestrutura, a contrapartida poderia vir do governo, após decisão de investimento conjunta: governo e empresa privada.

De volta ao tema da Eletrobrás.
De acordo com a BBC (link aqui), são 233 usinas de geração de energia, incluindo Furnas – que opera 12 hidrelétricas e duas termelétricas – e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), além de seis distribuidoras e 61 mil quilômetros de linhas de transmissão, metade do total do país e o suficiente para dar uma volta e meia no planeta.
A Eletrobrás também controla 10 termelétricas, 70 parques eólicos… Mais de 70% de toda a transmissão e 30% de todo o potencial de geração de energia elétrica do país. Possui toda a tecnologia de interligação do grid.
Será que o comprador não se tornaria um “manipulador de preço”? O que o impediria?

Pergunta retórica ao governo? Por que se desfazer dos carros e computadores antes de mudar os hábitos de consumo?
Por que não passar a cozinhar em casa ao invés de levar toda a família em restaurantes? Por que não trocar o shopping center por um passeio no parque?

São tantas medidas que poderiam ser tomadas antes, como uma mudança do nosso ilustríssimo Presidente Temer para o Palácio oficial, deixando o Jaburu… que é até difícil lembrar de todas para enumerá-las.

Anunciar uma privatização rápida e “tosca”, através da venda dos títulos no mercado aberto (emissão de ações), compondo com outras cinquenta empresas um “pacote atrativo” é um sinal de fracasso anunciado.
Que tal identificar “pedaços” menos estratégicos e mais deficitários para começar?
Não que eu seja a favor. Sou contra! Mas seria possível diminuir o déficit da empresa Eletrobrás isoladamente (caso acredite-se que ela seja realmente um problema).
Repetindo… Empresas de controle misto podem ser bem administradas e não devem sofrer no jogo político de nomeações nepotistas.

No final, um valor de R$20 bilhões, nas estimativas atuais, entrando nas contas do governo uma única vez, não resolve o problema.
É como se o filho problemático pegasse os tênis mais novos da casa e as bolsas de grife e os vendesse por R$20 cada…

por Celsão revoltado

figura retirada do WhatsApp – numa piada sobre os chineses da State Grid assumirem o controle majoritário da Eletrobrás.

P.S.: Quando se consulta no Portal da Transparência (por exemplo, aqui) os gastos com cartão de crédito feitos por Michel Temer, o resultado da última linha chama a atenção. “Informações protegidas por sigilo, nos termos da legislação, para garantia da segurança da sociedade e do Estado. => R$14.162.667,38

Nepotismo (do latim nepos, neto ou descendente) é o termo utilizado para designar o favorecimento de parentes em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.

Originalmente a palavra aplicava-se exclusivamente ao âmbito das relações do papa com seus parentes, mas atualmente é utilizado como sinônimo da concessão de privilégios ou cargos a parentes no funcionalismo público. Distingue-se do favoritismo simples, que não implica relações familiares com o favorecido.

Nepotismo, ou “favorecimento simples”, é algo errado e condenável.
Mas é impossível não admitir que acontece a “torto e a direito” em nossa rotina. Especialmente na política.
Se tomarmos os interiores do país e o Coronelismo, ainda presente e latente, são inúmeros os exemplos. E o nosso jeito de fazer política, com conchavos, alianças escusas e troca de favores por votos; ou ainda, nomeações de conhecidos e aliados em cargos públicos trocadas por votos, é um favorecimento ainda pior que o nepotismo.

Mas… o que poderia ser ainda pior que o pior nepotismo ou favorecimento?

Nosso Presidente, Michel Temer, vindo do “Partido dos Coronéis”, vulgo PMDB, construiu uma nova “base aliada”. Abandonando a parceria com o PT e os partidos de centro-esquerda e guinando para a direita e centro-direita.
Então, seguindo a “rotina” já consagrada de contar os votos vencedores de um pleito antes do mesmo; “fez as contas” para o texto-base da Reforma Trabalhista, manipulou a Comissão especial e acelerou a colocação em votação no Congresso…
Achou que “já estava ganho”, mas teve algumas surpresas, sobretudo no próprio partido.
Resultado: pediu para ver a lista de votantes, por partido, a fim de analisá-la. E decidiu, sem meias-palavras ou meias-verdades, exonerar do cargo, indicados por deputados que votaram contra o governo.
A notícia pode ser lida aqui e aqui.

Será que aprovar reformas, não discutidas na intensidade e profundidade necessárias, é tão importante assim?
Não alarmo a importância das reformas. Sou a favor dessas e de outras, como a política e a midiática.
Destaco e alarmo a ausência de discussão plural, ouvindo prós e contras, e apresentando as possibilidades aos principais afetados: a população.
Discuto o “medo” desnecessariamente difundido pelo Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que alarde a piora do quadro econômico caso essas reformas (Trabalhista e Previdência) não sejam aprovadas AGORA.
Acho um absurdo a interferência governamental no Legislativo, no voto, que é a principal expressão de um Deputado e é direito do mesmo.

Se a indicação de parentes e amigos a cargos públicos de confiança, se o favorecimento feito pelos políticos é moralmente ilícito e condenável… ameaçar essas pessoas favorecidas e exonerar os que não declararem abertamente o apoio à próxima votação é um estupro à Democracia!
Sanções deveriam ser aplicadas aos corruptos, aos políticos citados na Lava Jato, aos réus investigados, aos “fichas-suja”.
Mas esses viram Ministro no Governo Temer!

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

 

aroeiramoraes2Agora está feito.
Alexandre Moraes foi nomeado, sabatinado e aprovado em votação do Senado. É o novo Ministro do STF e tomará posse em Março.
É aquela água que misturamos ao vinho. Indissociável. Estará lá por longos 26 anos…

A sabatina na Comissão de Constituição e Justiça foi um “teatro de bonecos”, como escreveu curto e bem, Josias de Souza (aqui).
A começar pelo presidente, Senador Edison Lobão, investigado na Operação Lava Jato, passando por nove outros investigados fazendo parte da mesma sabatina e terminando com outros senadores “da base” elogiando Moraes, sua conduta, suas respostas, seu penteado…

As revistas Veja e Época, notoriamente de direita, portanto extremamente críticas aos governos petistas anteriores e esperançosos (quero crer que somente a princípio) em relação a Temer, divulgaram e divulgam abertamente nos últimos exemplares a verdadeira perseguição à Operação Lava Jato, o provável “estancamento” proposto há algum tempo por Jucá…
A capa da Veja que ilustra esse post é da edição 2517, de 15 de fevereiro.
Dentre as reportagens da Época, destaco essa, “O governo e o Congresso contra a Lava Jato“. São inúmeros os exemplos de medidas lícitas, porém imorais, que as entidades máximas da Nação estão tomando para se protegerem e para “afundar” o inédito combate à corrupção.

post_pizzaO colunista da também conservadora Folha de São Paulo, Jânio de Freitas, chega a propor aqui que as escolas de Direito devam parar de ensinar as leis e o modo correto de empregá-las, passando a ensinar truques jurídicos.
É isso que estamos vivenciando atualmente: “truques” em todas as esferas: Executivo, medidas e indicações do presidente Temer, Legislativo, com votações rápidas em pontos de interesse próprio, arquivamento de processos de interesses contrários, protelação em alguns casos, sabatinas “teatrais” e até do próprio Judiciário, que arquiteta quando lhe convém suspensões de processos e procrastinações, como o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE e a atual “novela” da verificação das assinaturas do projeto popular de medidas anti-corrupção.
O “povo” propôs, com mais de 2 milhões de assinaturas. O Congresso alterou bastante, colocando punições a juízes por abuso de autoridade, o judiciário bloqueia o processo, cria liminar, assinaturas devem ser conferidas, TSE não consegue conferir… pizza a vista! (aqui)

Voltando ao nosso ilustríssimo mais novo Ministro do Supremo, Moraes…
Ele terá o papel de defender Eunício, Maia, Temer. “Defender” não seria a palavra judicialmente perfeita, seria o “truque jurídico”. Enfim… ele vai defender os principais artífices do Executivo e Legislativo atual e blindá-los certamente.
Talvez estenda sua benevolência também a Renan Calheiros e aos tucanos ex-colegas de partido, como Aécio, também citado nas delações da Odebrecht.
Quem tem dúvidas de que Alexandre de Moraes está mesmo “atado” ao PMDB e ao governo Temer, pesquise a primeira visita dele após a votação do Senado (aqui). Ele foi direto para a “casa do padrinho”, pedir a bênção e buscar as primeiras instruções. E essas, aposto, começaram com a sugestão de visita subsequente: Carmen Lúcia.

Tirando a já óbvia pizza da Lava Jato a caminho (está obvia até pra Veja e Época), me espantam os problemas de Ministério que nosso atual presidente enfrenta.
Já havíamos levantado alguns prováveis problemas quando os mesmos foram nomeados (aqui).
Mas os números seguem aumentando e surpreendendo. É difícil até de controlar a contagem: a maioria é de réus, enrolados em inquéritos e escândalos.
Moreira Franco, recém nomeado e Bruno Araújo (Cidades) são os ministros atuais citados pela Odebrecht. Que também conta com os já afastados Romero Jucá e Geddel Vieira. Isso no âmbito da Lava Jato.
Temos José Serra, recém saído do quadro, que responde por improbidade administrativa. A ele juntam-se Eliseu Padilha, Hélder Barbalho e nosso querido Kassab.
Mas tem também crimes “raros”, como fraude de licitação (Ricardo Barros – Saúde), desvio de merenda (Maurício Quintella – Transportes), falsidade ideológica (Marx Beltrão – Turismo), peculato (Raul Jungmann)…

É repetido aqui nesse espaço, mas repetirei.
Triste constatar que todo o movimento do “gigante” durante a pressão pró-impeachment era realmente contra Dilma e contra o PT. E não algo contra a corrupção, como muitos diziam.

E… obviamente… meu lado utópico espera estar errado!

por Celsão correto.

figuras retiradas daqui (por Aroeira) e da lista de capas da Veja, aqui

 

Neste último sábado, 02 de julho de 2016, o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, deu uma entrevista ao vivo para o jornal televisionado Upfront, da Al Jazeera.
Para assistir à entrevista com legenda em português, clique Aqui
Ou sem legenda, no próprio site da Al Jazeera (Aqui)

É inegável que FHC é um dos políticos mais importantes da história do Brasil, bastando para isso o fato de ter sido presidente por 8 anos. A partir do Plano Real, Fernando Henrique começou a fazer jogadas políticas, no mínimo, de cunho desleal, para chegar até o poder: a começar com o próprio Plano Real, onde FHC se auto-intitulou de “pai do Real”, como forma de chegar à Presidência.

Um homem que em meio a alguns acertos políticos e econômicos importantíssimos durante seu governo, carregará o legado das privatizações criminosas e da entrega de nossos recursos para o capital estrangeiro. Carregará o peso do trabalho tímido feito nas áreas humanas e sociais. Carregará o aumento da dívida pública, da dívida externa e da dívida com o FMI. Carregará escândalos, documentos revelados por Snowden e Wikileaks, que mostram que seu governo tinha um “pacto de sangue” com os EUA, e os interesses yankees eram priorizados, muitas vezes inclusive em detrimento dos interesses da própria Nação Brasileira e de seu povo. Portanto, ele carregará a mancha de ter feito um governo anti-soberano e anti-nacionalista.

FHC_AlJazeera

Entrevista

Dos méritos de FHC:
Ele apresenta um bom inglês, com bom vocabulário e bastante fluência (nada novo para mim, que já assisti a outras entrevistas dele em inglês).
O que mais me admira é a coragem de colocar a cara a tapa em um programa da Al Jazeera, mídia extremamente competente e profissional, de orientação de esquerda, e principalmente, anti-imperialismo ocidental (EUA/Europa), ou seja, uma empresa de mídia com ideologias bastante contrárias às de FHC.

Dos pecados de FHC:
Com mais de 80 anos, ao invés de caminhar para um final de vida maduro, brando, pacífico, transmitindo sabedoria e formando opiniões harmoniosas como um sábio idoso formador de opinião, prefere ele intensificar a hipocrisia e o cinismo, defendendo seus próprios interesses pessoais ao invés de pensar no futuro da sociedade brasileira. É incapaz de responder a algumas perguntas, e as evita, por vezes, por mais de 5 vezes, mesmo com a insistência do moderador. Uma máscara de falsidade, cara-de-pau, que eu, do fundo do meu coração, preferiria não assistir sendo vestida por um senhor como ele, que acumula anos de intensa história política e de experiências pessoais, certamente, riquíssimas.
Eu lamento termos que presenciar tais cenas.

Como seria aliviador, ver o Sr. Cardoso sendo sincero, e falando de forma serena, firme, ética, sem interesses pessoais, transmitindo uma sabedoria pura, e servindo de inspiração intelectual e moral para nosso povo.

Já sem expectativas políticas, devido a sua idade já avançada para tal, poderia praticar nos anos que lhe restam, atos e discursos valiosos para elucidar e desobscurecer a mente desta sociedade tomada pela alienação, fanatismo e ódio.

Eu lamento vê-lo gaguejando para defender monstros como Michel Temer, Eduardo Cunha, entre outros, e se manter firme na acusação retórica, cínica e hipócrita contra uma mulher de ética inabalável, que é a Dilma.
Do fundo do meu coração, é tanto desalento, que a vontade é de chorar.

* Para interessados, eu aconselha acompanhar o trabalho da mídia Al Jazeera. Extremamente profissionais, com corpo de colaboradores competente e com foco na informação e na criação de um pensamento crítico dos ouvintes/espectadores, numa batalha contra o senso comum. Possuem um posicionamento corajoso e rígido contra as atrocidades que as potências ocidentais praticam mundo afora, atrocidades essas omitidas ou amortecidas por todas as grandes mídias do mundo.

por Miguelito Nervoltado

figura retirada do próprio vídeo

ministros-temer-642x263Perdão pelo trocadilho.
Mas é quase inevitável usar o sobrenome de nosso presidente interino e o verbo sinônimo desse sobrenome.

Por que deveríamos temer os Ministros de Temer?
Talvez só o fato de não considerar mulheres e negros na formação desse primeiro escalão, já seja um sinal ruim. Visto que a maioria da população é de negros e de mulheres. Explicações e coincidências existem; mas, ao analisar a “ficha” desses Ministros, percebe-se que não foi um mero acaso…

Como “esquerdopata” assumido, temo pela corrente de Estado Mínimo, pelas privatizações e por todo o jogo de interesses que tende a ser danoso para a maioria.
Compartilhamos abaixo a ficha corrida dos ministros escolhidos. Temos de tudo “o que não presta”, como diriam os mais velhos: investigados na Lava Jato, desmatadores profissionais, conselheiros de grandes empresas e criminosos (ops…), melhor dizendo, outros que são investigados por crimes como fraude em licitações e improbidade administrativa.
Para que cada qual tire as suas conclusões…

por Celsão irônico e Miguelito Nervoltado

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Michel Temer começou seu governo dando posse aos seus ministros. Ele conta com pessoas vindas de 11 diferentes partidos.

Dos 23 primeiros indicados, sete são investigados pela Lava Jato. Na internet, esse fato aliado ao de que não há uma única mulher ou negro como parte do primeiro escalão surgiu a piada: “não havia negros ou mulheres precisando de foro privilegiado”. O que acusaram Dilma de tentar fazer com Lula, Temer fez com sete novos ministros.

Entre os golpistas tem general das Forças Armadas, latifundiário, acusado de envolvimento com o crime organizado, acusados dos mais diversos crimes, desde improbidade administrativa, lavagem de dinheiro  até fraude em licitações etc.

Veja aqui a lista:

– Justiça e Direitos Humanos: Alexandre de Morais; secretário de segurança do governo de São Paulo de Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo denúncias é ex-advogado do PCC e sofre diversos processos em SP. Foi o responsável pela dura repressão contra manifestações em São Paulo, desde as grandes mobilizações contra o aumento da passagem, de secundaristas, professores e outros. Para ele, “movimentos de esquerda devem ser combatidos”.

– Agricultura: Blairo Maggi (PR/MT); hoje do PP-MT, deixou o PR para poder assumir a pasta. É investigado por lavagem de dinheiro na Operação Ararath; é o maior produtor de soja no país e conhecido como sendo um dos maiores desmatadores de terra do País.

Cidades: Bruno Araújo (PSDB/PE); recebeu dinheiro de empresas investigadas na Lava Jato. Teve o nome citado na lista de pagamentos feitos pela Odebrecht, referente às campanhas eleitorais de 2010 e 2012.

Trabalho: Ronaldo Nogueira de Oliveira (PTB-RS); indicado de Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, que negociou o cargo com Temer.

Casa Civil: Eliseu Padilha (PMDB/RS); indiciado por crime em licitações e formação de quadrilha.

– Secretaria de governo – Articulação: Geddel Vieira Lima (PMDB/BA); acusado de receber dinheiro de empreiteiras. Citado na operação Lava Jato, é suspeito usar sua influência para atender a interesses da construtora OAS na Caixa Econômica Federal, banco do qual foi vice-presidente de Pessoa Jurídica.

– Fazenda: Henrique Meirelles (PMDB, ex-PSDB/GO); acusado por sonegação de impostos filiou-se antes da indicação. Foi presidente do BankBoston e esteve à frente do banco Original, do grupo JBS. Presidiu o Conselho da J&F Investimentos e era membro do Conselho do Lloyd’s de Londres e do Conselho de Administração da Azul Linhas Aéreas.

– Relações exteriores: José Serra (PSDB/SP); não é necessário maiores apresentações. O tucano foi prefeito da cidade de São Paulo e governador do estado. Tem 17 processos na justiça eleitoral, 3 processos por improbidade administrativa etc. Virou motivo de piada quando deu entrevista ao jornalista Boris Casoy e se referiu ao Brasil como Estados Unidos do Brasil, e não República Federativa do Brasil.

– Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações: Gilberto Kassab (ex-Maluf, ex-Serra e ex-Dilma), fundador do PSDpara combater o PMDB. Ex-prefeito de São Paulo, denunciado por improbidade administrativa quando, como secretário de Planejamento do ex-prefeito Celso Pitta seu patrimônio aumentou 316% acima da inflação; seu mandato de prefeito foi cassado em 2010 por suspeita de recebimento de doações ilegais na campanha de 2008; também foi denunciado por contratar, como prefeito de São Paulo, uma empresa para inspeção de veículos poluidores, a Controlar. Inexplicavelmente, reverteu todas as acusações na Justiça paulista.

– Assessor especial da Presidência: Sandro Mabel (PMDB/GO); investigado por fraude no pagamento de auxílio-creche e vale transporte. É autor do famigerado Projeto de Lei 4330 de 2004, que prevê acaba com a legislação trabalhista e nome de uma suposta regulamentação da terceirização.

– Educação: Mendonça Filho (DEM/PE); é um dos líderes do movimento pró-impeachment. É acusado de receber 100 milhões da Camargo Correia de acordo com a operação Castelo de Areia. Seu partido o DEM é o autor de ação que questionou na justiça as cotas raciais nas universidades públicas do País.

Defesa: Newton Cardozo Jr. (PMDB/MG); teve seus bens e de seu pai bloqueados pela PF por emissão de notas fiscais falsas.

Desenvolvimento Social: Osmar Terra (PMDB/RS); cometeu irregularidades nas gestões de Terra na Secretaria de Saúde em uma prefeitura e o condenou a pagamento de multa

Esportes: Leonardo Picciani (PMDB/RJ); investigado por crime eleitoral, era considerado aliado de Dilma, pois não seguiu a orientação do partido e votou contra o impeachment na Câmara dos Deputados.

– Planejamento Desenvolvimento e Gestão: Romero Jucá (PMDB/RR); investigado por receber propina e desvios de dinheiro na Lava Jato.  é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). A suspeita é de recebimento de propina de contratos do setor elétrico disfarçada de doação eleitoral a seu filho, que disputou o cargo de vice-governador de Roraima em 2014. Jucá também é investigado no principal inquérito da Lava Jato no STF, que apura formação de quadrilha no esquema de desvios da Petrobras. Esteve à frente da saída do partido do governo Dilma.

– Defesa: Raul Jungmann (PPS-PE); deputado federal e ex- ministro de FHC, foi investigado por fraude em licitação, peculato e corrupção em contratos de publicidade entre 1998 e 2001, período em que era ministro.

– Casa Civil: Eliseu Padilha (PMDB-RS); em 2015 livrou-se de um inquérito por peculato (desvio de recurso por funcionário público) graças a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Era investigado pela contratação de uma funcionária fantasma em seu gabinete na Câmara.

Fiscalização, Transparência e Controle (antiga Controladoria Geral da União-CGU): Fabiano Augusto Martins Silveira; foi conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no biênio 2011-2013.

Advocacia Geral da União-AGU: Fábio Osório Medina; ex-promotor de Justiça do Rio Grande do Sul. Chegou a ser convidado, por senadores da oposição ao governo Dilma, a falar na comissão especial do impeachment no Senado.

Minas e Energia: Fernando Coelho Filho (PSB-PE): votou a favor do impeachment na Câmara e é filho do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que votou a favor abertura do processo de impeachment no Senado.

Integração Nacional: Helder Barbalho (PMDB-PA); ex-prefeito de Ananindeua (PA), é acusado de improbidade administrativa por envolvimento em esquema de desvio de cerca de R$ 2,78 milhões do Sistema Único de Saúde (SUS) utilizando contratos irregulares com empresas “fantasmas” entre 2005 e 2012.

Meio Ambiente: Sarney Filho (PV-MA); volta à pasta que ocupou entre 1999 e 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Foi um dos investigados pelo Ministério Público por usar sua cota de passagens áreas para voar ao exterior com a mulher e o filho.

Turismo: Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN); citado na Lava Jato, passa a ter foro privilegiado com o cargo.

Transportes, Portos e Aviação civil: Maurício Quintella (PR-AL); foi investigado e condenado em 2014 por envolvimento em um esquema de desvio de dinheiro da merenda escolar no seu Estado quando era secretário da Educação entre 2003 e 2005. Ele recorre da decisão.

– Indústria e Comércio: Marcos Pereira (PRB); bispo licenciado da Igreja Universal chegou a ser cotado para o ministério da Ciência e Tecnologia o que gerou péssima repercussão para Temer. Ele já foi vice-presidente da TV Record, que pertence à Universal.

Desenvolvimento Social e Agrário: Osmar Terra (PMDB-RS); para se ter uma ideia da sua posição a favor da repressão contra drogas e tráfico, é radicalmente contra a proposta de descriminalização da maconha e a favor da internação compulsória de dependentes químicos em determinadas circunstâncias.

Saúde: Ricardo Barros (PP-PR); relator do Orçamento 2016, o deputado Ricardo Barros defendeu corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família. Um inquérito no STF investiga orientação para direcionar licitação de publicidade da prefeitura de Maringá, no valor de R$ 7,5 milhões.

– Gabinete de Segurança Institucional: General Sérgio Etchegoyen; pasta que Temer decidiu recriar o GSI, como o antigo SNI da ditaruda militar, pretende “reestruturar o sistema de inteligência do país”. “É filho do general Leo Guedes Etchegoyen, morto em 2003, um dos 377 agentes do Estado listados pela Comissão da Verdade como responsáveis por crimes na ditadura. Sérgio Etchegoyen foi um dos primeiros integrantes do Alto Comando do Exército a criticar o trabalho da Comissão após a divulgação do relatório, chamando-a de ‘leviana’”.

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P.S.: texto e figura retirados deste link.

hhPor que o PMDB decidiu abandonar a coalisão com o governo?
Esta pode ser a pergunta que muitos se fizeram na semana passada. E a ela responderam com aquelas acusações já alardeadas por toda a mídia brasileira: por conta da corrupção, das investigações da Lava Jato, pedaladas, impeachment…

A pergunta que faço é outra:
Por que o PMDB ainda não abandonou o governo?
E dela seguem várias outras:
Por que não devolveu os seis ministérios que detém? Por que não deixou a vice-presidência? Por que segue na presidência das casas do Legislativo? Por que continuam “negociando” simultaneamente com partidos do governo e da oposição?

Diz-se que a política é a arte de convencer a outros, a arte de manipular o poder.
E, infelizmente, na minha opinião, o PMDB é o partido mais político dentre os partidos políticos: sempre está no poder, “compondo” a base ou “dando forças” para o governo. Não importa o lado, a ideologia partidária ou outras alianças.

Tanto que, no mês passado, recomeçou o seu “jogo” de busca pelo poder assim que se achou em risco já que compunha (e ainda compõe) o governo do PT; para quem não viu, líderes do PMDB se encontraram com lideranças do PSDB, franco opositor ao atual governo federal, em reunião ocorrida apenas horas após um encontro com o ex-presidente Lula (aqui e aqui notícias relacionando os dois encontros).
Me enoja isso. Não o jogo político, que faz parte de um regime presidencialista baseado em três poderes; mas a hipocrisia, a falta de posicionamento e caráter do partido e de seus líderes. Eduardo Cunha e Renan Calheiros, citando dois dos proeminentes peemedebistas, flertam com o PSDB simplesmente para permanecer no poder!
Michel Temer, o vice-presidente, finge-se de morto esperando que o cargo-mor do Poder Executivo Brasileiro caia em seu colo. Não aparece nem para apoiar o governo em meio a crise política, nem para criticá-lo, opondo-se a ele.

Depois das reuniões e de saber que estaria “coberto”, que teria a nova “consorte” PSDB ao deixar a esposa PT, o PMDB ainda fez joguinho em sua convenção nacional; esperando decerto a reação da imprensa e da opinião pública. E… já que a maioria está mesmo na onda da crucificação… decidiu em ato simbólico e repleto de cobertura midiática deixar o governo, abandoná-lo, romper, desembarcar!
Mas… que raio de rompimento é esse em que não se deixa a casa da ex-esposa? Continua-se a usar o mesmo banheiro, a mesma cozinha, o mesmo barco! Não se desembarca mantendo-se no barco!

Sinto que estamos em maus lençóis.
Qualquer ser sensato já percebeu que o PMDB não tem cara e não é opção política viável.
Para ilustrar, destaco uma declaração do ministro do STF, Luis Roberto Barroso, que sem saber que estava sendo gravado, disparou um “Meu Deusdo do céu! Essa é a nossa alternative de poder.” (aqui)

Bem…
Eu diria que as cenas dos próximos capítulos serão de causar arrepios. Os hipócritas do PMDB (também qualificáveis como urubus) seguirão no poder, oscilando entre os dois lados, como numa balança.
O processo de cassação do Eduardo Cunha será postergado indefinidamente. O do Renan sequer será lembrado.
E, se acaso houver o impeachment, todo o “clamor popular” contra a corrupção será devidamente abafado pelos que já estão no controle de CPIs e Comissões de Ética. Teremos uma enorme pizza para dividir, e ainda um novo político, ex-juiz, concorrendo ao cargo de deputado federal por Curitiba.

Mas, sendo sincero, espero estar errado!

por Celsão revoltado

P.S.: figura retirada daqui

Eu queria não falar de política, não falar de Cunha, não falar de STF, nem do Congresso.
Queria não falar de desmandos, picuinhas, manipulações, desrespeitos e “jeitinhos”.

Por isso, decidi começar falando de futebol…
Mesmo após os recentes escândalos envolvendo a entidade máxima do esporte e demais entidades locais e regionais, resultando em prisões (como a de José Maria Marin, presidente da CBF) e investigações pesadas (por exemplo, da Alemanha, que supostamente comprou votos para ser país sede em 2006), nosso esporte preferido segue na mesma toada: recente veiculação na mídia denuncia que todos os clubes paulistas com direito a voto, votarão em conjunto no candidato “apadrinhado” da situação, ou seja, de Marco Polo del Nero e Marin: Coronel Nunes (notícia aqui)
Não diferente da situação política da Nação, os clubes de São Paulo optam por prováveis regalias na escolha de árbitros, calendário, horários de jogos, transmissão de TV. Optam pela manutenção do status quo, pela hipocrisia, pela mesmice, pela corrupção!
É triste, mas, infelizmente, é o retrato de um ponto em que nada mais assusta. Sequer está assustando os poucos que se revoltavam antes.

Discutindo com o Miguelito hoje, chegamos à triste conclusão de serem inclassificáveis as aberrações que temos visto e vivido no Brasil.
Os bombardeios da mídia, a busca por culpados, o fascismo que desponta como solução indesconfiável…
É como se lêssemos uma estória em quadrinhos da Turma da Mônica contendo uma cena de estupro! E houvesse indiferença por parte de uns e aplausos por parte de outros. Os primeiros diziam apenas: no meu tempo as estórias para crianças não eram assim; os demais mandariam os poucos reclamantes se adaptarem e os acusariam de golpe ao direito de expressão.
Não! Não é normal o que temos visto!

Se durante a campanha eleitoral havia um “salvo conduto” para atacar de formas sujas e ilícitas adversários e companheiros de coligações… Situação deplorável e infelizmente vivida nas últimas décadas, sobretudo para a sucessão presidencial; agora há um “toma lá, dá cá” sem disfarces, sem escrúpulos. Cada qual querendo levar o seu quinhão e apelando a tudo para isso, de cartas “vazadas” a arranjadas delações premiadas (com perdão pela poesia acidental)
Processos são procrastinados indefinidamente por ferirem a interesses; outros são acelerados sem se importar com “os meios” e muitas vezes ignorando a Constituição. E a mídia deforma acusando todos de tudo: os políticos atrapalham, os ministros atrapalham, a polícia atrapalha, procuradores atrapalham! Morte aos corruptos, mas não mexam no meu dinheiro!

O que fazer?
Indignar-se é um bom começo. Filtrar as informações é outro.
Ir às ruas, sabendo o que pedir e contra o quê protestar é igualmente válido!
Rogo para que as teorias conspiratórias de tomada de poder a força, golpe e retorno triunfante da extrema direita (com ou sem militares) estejam erradas. Rogo também para que não hajam mortes, como vimos no passado.

por Celsão revoltado

figura retirada daqui. Pois estou farto de olhar na cara do Sr. Eduardo Cunha

P.S.: para quem quiser ler notícias diferentes veiculadas nesses dias, aqui a presidente pede para que o Congresso suspenda o recesso e acelere o processo de impeachment (sim, ela mesma!) e aqui e aqui notícias em que o ex-ministro Ciro Gomes (provável candidato à presidência em 2018) acusa Michel Temer de ser o “capitão do golpe” antes mesmo de “vazar” a carta (veja a data das notícias!)