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Dia dos pais

Posted: August 14, 2017 in Comportamento, Outros
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Pai é quem cria. Pai é quem sustenta. Pai é quem educa. Pai é quem decide.

Independente da carga de responsabilidade dos verbos acima, não há como negar, após uma análise rápida, que os mesmos carregam certo machismo, ou paternalismo, de décadas atrás. De uma época e sociedade conservadoras. (ou mais conservadoras, para os que negam que o conservadorismo seja exclusividade de outro período)

Convido a todos, após a comemoração do dia dos pais, a assistir ao vídeo abaixo. Aos que não conseguirem acompanhar diretamente por aqui, o mesmo está disponível no link.

O conceito de família mudou. E não dá pra afirmar mais que não há amor, não há carinho ou não há proteção na “nova família”, no “novo conceito” de “pai e mãe”.
A classificação da primeira frase do post já não servia há um bom tempo. Soa tão absurdo hoje em dia, por exemplo, pais que não trocam fraldas e que não ajudam nos cuidados diários, quanto soará (espero), num futuro próximo, o “dia dos pais”.

Por que comemorar especificamente dias para pais e mães e não dia da família? (ouvi a ideia recentemente e achei perfeita!)
Afinal, se as crianças são criadas por avós, por somente um dos pais biológicos, por um casal homossexual, ou por amigos que decidem adotar menores carentes… Pode-se afirmar que não mereçam um dia especial, mesmo que extremamente comercial?
Essas pessoas não seriam exemplos para os seus filhos? Não os educariam de forma satisfatória? Não ensinariam, sustentariam, criariam e decidiriam com “sim’s e não’s”?

A resposta é sim para todas as perguntas. O resto é preconceito!

por Celsão correto

figura de arquivo pessoal. Eu na (linda) interpretação do meu filho.

P.S.: como alternativa, insiro também o vídeo em formato MOV, aqui abaixo…

Compartilho o vídeo acima, por achar (primeiramente) a propaganda criativa.
Conseguiram explorar um sonho de criança/adolescente fugindo do padrão “normativo-social” que temos atualmente. Mostraram a busca pelo sonho, a perseverança em atingir aquele objetivo, o apoio da família…

E me perguntei, assistindo o vídeo, se acreditamos que todo sonho é aceitável?
Se realmente apoiaríamos nossos filhos em qualquer desejo deles, em todas as “maluquices” que pensassem em fazer, em qualquer profissão que escolhessem.
Um “filho de pobre”, expressão que meu pai sempre usava, sofre mais intensamente dessa pressão em “ser alguém” e desistir de um sonho em prol de evolução econômica e social. Se escolher uma carreira artística, como o teatro, por exemplo, será persuadido na melhor das hipóteses a buscar essa realização profissional depois de conseguir uma “profissão”; e aqui uso aspas na palavra profissão, pois ela é específica, “profissão” para pobres se resume a advogado, médico e engenheiro, grosso modo.
Se o tal “filho de pobre” for gay então… o “ser alguém” engloba não só a profissão, mas um comportamento exemplar, desprovido de sexualidade, que esconda sua atração por pessoas do mesmo sexo, suas perguntas e negue, quase sempre, as estórias aventadas pela vizinhança.

Por que tudo isso?
Somos treinados, ou doutrinados socialmente, para o sucesso. Desde muito cedo, o bombardeio televisivo e midiático nos mostra que nosso brinquedo recém adquirido não é tão bom quanto aquele outro, que nossas roupas não ostentam os animais corretos no símbolo, que a TV da loja tem mais botões, que o carro do vizinho é mais confortável, espaçoso e tem motor maior…
Se a pessoa nasce fora deste estereótipo de “sucesso”, não é branco, homem, hétero, por exemplo; o atingimento deste “sucesso social” passa também por essas questões imutáveis de raça, credo e sexualidade. É como se o sucesso fosse preconceituoso.

Voltando ao vídeo, e sugiro que o vejam pela segunda vez, prestando atenção nos detalhes só percebidos após o conhecimento do seu desfecho, a sucessão de fatos entre a decisão de seguir o sonho e a realização do mesmo, sugere uma sociedade perfeita e utópica. Uma academia para o treino específico de “ring girl“, a viagem para Las Vegas, a chance real numa luta de boxe… seriam eventos praticamente impossíveis separadamente.
Qualquer paralelo com a realidade mostra o mesmo. Um menino pobre, se homossexual, terá barreiras ainda maiores para transpor se tiver o sonho de se tornar apresentador de TV. A família o desencorajaria prontamente, mesmo aceitando a sua sexualidade, e estereótipos “comuns” até o levariam para a TV, mas em funções secundárias como maquiador ou cabeleireiro, não desmerecendo-as, o intuito é falar sobre o nosso preconceito.

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post_sonhoNorberto decidiu passar a festa de Réveillon em casa.
Havia muito tempo que não voltava àquele bairro periférico de São Paulo e as razões eram muitas.

A infância e adolescência foram períodos difíceis. Havia a presença constante e inesquecível da família e dos vizinhos. A primeira em sua resistência em aceitar sua sexualidade e o medo constante de agressões verbais e físicas do segundo grupo.

Mas agora, acreditava Norberto, algo estava diferente. A sociedade havia evoluído de certa forma, tanto a TV quanto as redes sociais “aceitavam melhor” os gays e, legalmente, já era permitido até casar (quem diria?) com pessoas do mesmo sexo.
E lá foi Norberto com seu companheiro e sua saudade para o Jardim Santa Cruz.

Tantos sonhos reprimidos. Tantas oportunidades coibidas.
Não gostava de futebol, nem de pipas, nem de carrinhos de rolimã.
E era a capoeira, naquela lista de diversões acessíveis na periferia da sua época que o atraía. Mas não podia praticar capoeira, ou melhor, acreditava que lhe seria vedado, visto que muitos dos que lhe ofendiam verbalmente frequentavam aquele círculo.

Em casa, vieram olhares desconfiados para Alexandre, seu namorado, conforme esperado. Para os mais velhos, mesmo entendendo e aceitando a condição de Norberto, receber um namorado não era realmente uma tarefa fácil. Compreensivo, Norberto fingiu não notar os olhares e nem as discussões e pequenas brigas sem sentido que presenciou. É algo corriqueiro numa família grande e desestruturada, pensou, e sempre aconteceu aqui.
Seu objetivo era também apresentar sua família a Alexandre, que já lhe houvera apresentado a dele. E, rusgas a parte, havia sido uma boa experiência.

Aproveitou a noite quente e sem nuvens para sair. Uma certa coragem lhe aflorava, naquela rua de muitos medos e bullyings, palavra que na época nem existia.
Decidiu ir até àquela casa onde melhor lhe acolhiam, onde a alegria sobrepujava o sofrimento daqueles que ali viviam com poucos recursos.

Só que, lá chegando, percebeu que a nova geração que ali se encontrava, com seus modernos celulares, selfies e publicações instantâneas, comentava ostensivamente a sua presença e a de seu namorado. Chegava até a ridicularizar o anel que ambos usavam.
Eles mal se olhavam, mas sentiam o aperto desconfortável da situação, dos comentários direcionadamente perniciosos.
Não é possível que não haja evolução, pensou pra si, as cabeças são outras… muitos anos passaram!

Quando estavam prestes a sair, em busca de ar, ou refúgio, ou paz, ou carinho… receberam a esperança num copo de caipirinha. Um dos presentes da festa pareceu perceber o preconceito e os ofereceu o que podia naquele momento, numa aproximação tímida.
Após o primeiro gole, veio a dúvida se aquilo havia sido oferecido realmente em busca de integração, ou se era um ato inocente de alguém bem intencionado.
O estranho tentou puxar papo e perguntou se eles desejavam algo mais. O “eles” mostrou certo respeito, e aparente anuência com a presença deles, com o fato de serem um casal, de estarem juntos naquela festa.
“Vocês moram por aqui?”, perguntou ele.
Realmente ele percebeu o quê somos. E pareceu não se importar.

O álcool e a esperança na humanidade aliviaram a noite. E trouxeram, para o começo de 2017, uma confiança e uma fé renovadoras.

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por Celsão correto

vídeo recebido por whatsapp. Mas também disponível no Youtube aqui

figura retirada daqui

P.S.: o conto provém de uma estória real. 

Bíblia_Homossexualidade
Os dogmas e valores das religiões estão cravadas no cerne de qualquer sociedade, e são determinantes na formação das crenças e ideologias de quase todo o ser humano, seja ele um beato, ou um religioso praticante, ou um religioso não praticante, ou até mesmo um ateu. A religião não tem somente influência direta sobre aquele que crê na mesma, mas ela também influencia todo o conjunto cultural de toda a sociedade, como os hábitos, folclores, alimentação, artes, relações pessoais e principalmente os “valores”.

Quando o assunto é homossexualidade, por exemplo, a maior resistência ideológica ao direito de ser homossexual, advém das religiões, no caso do Brasil, estamos a falar principalmente do Cristianismo.

Grande parte da argumentação dos preconceituosos e/ou conservadores contra a homossexualidade, se estrutura a partir de passagens e interpretações da Bíblia, ou na pregação de um pastor ou padre.

Desde que passei a me interessar a fundo pelas questões sociais e relações humanas, religião e preconceitos sempre estiveram no topo da minha lista de interesses. Por isso já tive contato com diversas abordagens que relacionam o tema homossexualidade e Bíblia. Porém, recentemente, tive contato com um vídeo do “esperançar” o qual me encantou, devido à forma didática e leve com a qual o assunto foi colocado.

Segue aqui o vídeo:

O vídeo é imperdível, e dispensa maiores comentários. Mesmo assim, copiarei algumas frases de impacto retiradas do mesmo:

“A Bíblia tem livros que foram escritos ao longo de quase 6000 anos, representando culturas, épocas e sociedades muito distintas. Será que a melhor maneira de interpretar a Bíblia é pegar os seus versos, ler literalmente, interpretar literalmente e aplicar literalmente?”

“…ora, naquele mesmo contexto de códigos de conduta, códigos ritualísticos, também é proibido comer carne de coelho, também é proibido plantar duas sementes distintas conjuntamente…”

“…e o texto que diz que a mulher flagrada em adultério deve ser apedrejada? E o texto que legitima e reproduz, por exemplo, a escravidão? E o texto que diz que a mulher deve ficar em silêncio na igreja, porque ali é o lugar de fala do homem?
Tomar a Bíblia de forma literal, desconsiderando os contextos culturais e históricos, faz com que a gente incorra em vários equívocos.”

“Lamentavelmente, vamos reconhecer e admitir, com tristeza no coração, a Bíblia já foi utilizada para legitimar a escravidão, o Apartheid, a colonização genocida das Américas, a subordinação das mulheres, e sempre em nome dessa ‘fidelidade’ ao que está escrito, e ponto final!”

“…talvez a melhor pergunta não seja: o que está escrito na Bíblia? Talvez a melhor pergunta seja: como eu leio a Bíblia?”

“…lendo a Bíblia a partir de uma narrativa geral que aponta o Deus revelado em Jesus, eu não encontro nenhuma verdade superior ao amor!”

* O vídeo também pode ser encontrado no youtube, por exemplo clicando AQUI

* Para aqueles que gostariam de aprofundar no assunto, indico o documentário “Bíblia e Homossexualidade: Exegese e Hermenêutica”. Pode ser acessado clicando AQUI

por Miguelito Filosófico

figura retirada do documentário

homofobiaEm minha última visita ao Brasil, em abril/maio de 2014, pude constatar o óbvio: alguns discursos e pensamentos não estão presentes somente na internet/redes-sociais, mas na sociedade em “pele e osso” também. Pessoas defendendo posições e pensamentos idênticos, ou muito parecidos, naquele esquema padrão “senso comum”, “desinformação”. Entre vários destes discursos, um dos que mais me chamou a atenção foi aquele sobre homossexuais e a sua “presença” no cotidiano das “outras pessoas”. Eu nunca puxei esse assunto, mas por saberem de minhas ideologias, acho que estas pessoas se sentem “tentadas” a falar comigo sobre o mesmo.

O discurso, entre vários argumentos preconceituosos como, “eu respeito, mas beijar-se em público é falta de respeito para comigo e minha família”, ou “tem que ficar sentado no restaurante lado a lado e de braços dados?”, ou “eles tem liberdade de ficarem juntos, mas precisam querer casar ainda?”, e por aí vai, ainda ressaltava a presença da homossexualidade na mídia. Acho que em unanimidade, todos que vieram falar comigo sobre o assunto, falaram das novelas. Diziam que as novelas estão fazendo propaganda intensa, lavagem cerebral, para a sociedade achar “comum” a existência de homossexuais (e não é?). Meu coração dispara, me esforçando para deixar a pessoa concluir, sem interrompê-la com um jab de direita no queixo.
E por fim vinha o argumento falando que “quase todas as novelas da Globo” têm homossexuais agora.

Bom, ao invés de atender aos meus impulsos que pediam-me para chamar a pessoa de homofóbica, ridícula, fútil, preconceituosa, conservadora do Status Quo, homem(mulher) das cavernas, atrasada, arcaica e coisas do tipo, eu me segurava e levantava algumas coisas óbvias, tipo:

1) Se uma novela tem um ou outro casal homossexual, será que isso é “forçar a barra”, ou é simplesmente a representação da realidade? Afinal, estima-se que mais de 5% da população brasileira seja homossexual ou bissexual assumida, e este número sobe para aproximadamente 10% se contabilizarmos as pessoas que “decidem” não assumir sua verdadeira sexualidade, pelos mais diversos motivos. Será que numa novela onde vemos 50, 100, 150 casais, a existência de 1 ou 2 casais homossexuais representa, ainda que aproximadamente, a vida como ela é, ou estaria na verdade muito abaixo da média? Se for este o caso, a novela não estaria fazendo propaganda da homossexualidade, pelo contrário, estaria ainda defasada e atrasada!
@ahhh, mas teve uma que o protagonista era homossexual… explica isso agora, Miguel!?!?!?
-> Pede para DEUS te explicar, antes de sua próxima encarnação, criatura amaldiçoada. Qual o problema de um gay ser protagonista de uma novela, filme, música, quadro ou poema???

2) E os travestis? Os transsexuais? E os bissexuais? E aqueles que vivem relacionamentos abertos? E as pessoas Poliamor, sejam elas heterossexuais, homossexuais ou bissexuais?
A representação destes “grupos”, a mim, parece ainda estar esquecida, apesar de estarem cada vez mais presentes na sociedade e representarem algo “muito mais que comum”.
Portanto, mesmo as novelas mostrando um pouco dessa sexualidade “menos convencional”, ainda continuam muito atrasadas. Se pensarmos então na opinião daqueles que estão achando as novelas “muito pra frente” neste sentido, aí nem se fala, é arcaica e retrógrada ao extremo.

3) Por fim, você respeita o homossexual, mas longe de você, né? Hipocrisia pura! Você acha que homossexual não pode beijar na boca em público, sequer fazer carinho. Não pode aparecer na novela nem na TV, nem em filmes, e usa como argumento sua “família”, seus “filhos”, como se, ao ver uma mulher beijando outra, ou um homem beijando outro, seu filho(a) fosse, de repente, “virar” gay!
Amigo(a), sinto muito lhe informar, mas se ele for gay, NADA que você fizer mudará isso. Não será a TV, não será o que ele vir em lugar algum. O único jeito de você “curá-lo”, é matando o mesmo, como no filme Orações para Bobby. (Clique AQUI para assistir a esse maravilhoso filme no youtube)

Cansado dessa sociedade que insiste em não evoluir. E tem gente que acha que a questão é política. Tem hora que cansa…..
Não, a questão é moral, ética social, senso crítico, se sentir parte integrante de um TODO, saber que o outro poderia ser você, e compartilhar das dores e anseios dele, como se fossem seus. TUDO, mas TUDO que eu defendo, tem a ver única- e exclusivamente com isso.
E realmente, não tenho mais paciência com gente babaca, pobre de espírito, maldosa, maquiavélica, hipócrita, individualista, dissimulada, desonesta intelectualmente. Recentemente tenho selecionado muito bem quem entra em meu círculo de amizade e de convívio, e pessoas que apresentam tal linha de pensamento estão definitivamente fora! O mundo é composto por 7 bilhões de pessoas, tem muita gente interessante por aí, para perder tempo com gente arrogante e preguiçosa, que desperdiça sua vida em posturas arcaicas.

-> Nossa Miguel, você tá nervoso né?
Querido(a), quem me conhece sabe que estou escrevendo isso tudo feliz da vida, morrendo de rir, e com uma paz interior sem precedentes. Pois não há nada melhor que ter paz na alma, se sentir em harmonia consigo mesmo, entender o movimento do universo e saber entrar em sincronia com ele.
Essas colocações não são emocionais, mas sim racionais e objetivas.

por Miguelito Nervoltado

figura daqui