O seguinte texto foi postado por Rene Guedes em seu perfil do Facebook. Nós da administração do blog fizemos algumas mínimas alterações para permanecermos ainda mais focados no contexto político das atuais revoltas. O texto original de Rene Guedes pode ser acessado em seu facebook clicando AQUI.
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O Resultado e os impactos Políticos dessa semana, ouso dizer histórica, para os principais agentes políticos no xadrez político brasileiro são:
Alckmin: Reforça sua imagem de durão que tanta agrada as classes médias assustadas. Para essa gente ele vai obviamente lucrar. Para o restante da sociedade, que sabe dos métodos e programas czaristas do governador, fica a certeza de quem é certamente o grande inimigo das causas populares e dos movimentos sociais
Haddad: Manobrou MUITO mal a crise. Deu ouvidos ao governador e embarcou, num primeiro momento, na criminalização do movimento. Foi a grande decepção e ao meu ver o grande perdedor político dessa semana. De esperança de um PT mais arejado e longe do pragmatismo que tomou de assalto o partido nos últimos anos, o prefeito se converteu na grande decepção de uma legião de progressistas que viam nele uma liderança ascendente e um contraponto ao terror medieval do Governador. E, de quebra, uma possível liderança do partido para vôos mais altos (presidência em 2022???). Percebeu somente agora o equívoco de sua posição inicial, mas ainda tem seu discurso cercado de termos tão caros à plutocracia (orçamento, investimentos, equilíbrio das finanças públicas) que pouco ou nada sensibilizam os movimentos sociais
o PT: O partido vive hoje uma crise de identidade sem precedentes. Afastou-se de suas bandeiras históricas, ou quase todas elas. Cedeu aos evangélicos, aos ruralistas e a mídia corporativista (que sobe, dia a dia, o discurso virulento contra o próprio partido). O estilo “gerente” executivo da Dilma aprofundou esta distância com os movimentos populares, gênese da fundação do partido. A legenda hoje apanha como nunca à esquerda e à direita e não consegue encontrar um discurso propositivo e atual que possa sustentar politicamente sua posição atual que preza pela “governabilidade”… Essa “responsabilidade republicana” que o PT abraçou contaminou a alma do partido, e muitos petistas acreditam que só uma derrota fragorosa do partido possa salvá-lo de si mesmo…
Dilma: ao mostrar cada vez mais uma política desenvolvimentista aguda, sem diálogo e nenhuma aproximação com os movimentos sociais, ela, Dilma, desenvolveu um estilo duro, centralizador, de empurrar com a barriga questões “menores” e cedendo ao pragmatismo mais horroroso da “governabilidade”, esse mantra estúpido que só ganha terreno em países como o Brasil, que ainda não se separou de fato de suas amarras físicas e psicológicas da ditadura… Acredito sinceramente que ela, dentro dos contornos de sua estratégia, É BASTANTE bem intencionada, mas o seu desprezo pela política criou um modelo de gestão que não é sustentável. As políticas econômicas e sociais continuam, porém a falta de interlocução com o povo faz aos poucos com que o povo não a identifique como um símbolo de união e luta por uma sociedade mais justa, igualitária e democrática. Resumindo, ela se encontra num beco sem saída: se apoiar o movimento perde o apoio do empresariado e da mídia, caso se oponha ao movimento, perde popularidade e será taxada somente como mais uma governante que pouco se importa com direitos humanos, com a integridade de seu povo e com a constituição. Então o que ela faz? Mantém-se em silêncio! Mas isso não pode ser para sempre, ninguém gosta de silêncio eterno!
Oposição: Tenta faturar politicamente com a crise, sem entender direito que posição tomar, contanto que ela promova mais e mais constrangimento ao governo federal. Conta com o apoio da mídia para este fim. Uma parcela grande dos manifestantes, por ignorância política, faz este jogo e entregam sortidas declarações e ações que possam ser faturadas por Aécios e Questais . Não vejo, contudo, pelo vácuo de lideranças nos setores políticos conservadores, ninguém carismático e inteligente para arregimentar este estado de torpor cívico. Para este fim, teremos os verdugos midiáticos de sempre: Os Jabores, Mervais, Catanhedes… esses promoverão em seus artigos e aparições televisivas todo o torpor escandaloso e radical que cai tão bem aos ouvidos da classe média…essa, tal qual sua eterna musa, Regina Duarte, sempre assustada…