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post_invasao-camaraLi uma frase excelente recebida via whatsapp hoje: a extrema direita e a extrema esquerda se encontram nas costas da democracia.
Não conheço a fonte, e o Google não ajudou… Mas a discussão tratava da invasão à Câmara dos Deputados em Brasília e ao vídeo estranho (pra dizer pouco) que confunde a bandeira do Japão com um símbolo comunista.

Pois bem… Compartilho primeiro o link do Youtube da invasão dos “intervencionistas” à Câmara Federal em Brasília (aqui).
Minha opinião pirata é que o grupo é formado por retardados e desocupados. Dizer que lutam por democracia e contra a corrupção, pedindo uma intervenção militar é incompatível, trágico, descortês para ser polido… e tosco para ser direto!
A história da ditadura militar no Brasil não mostrou democracia ou igualdade, mas sim cerceamento de direitos, tortura, covardia e opressão. (aliás, tudo aquilo que a direita “joga” para a esquerda, usando Coréia do Norte, Venezuela e Cuba como exemplos)

Invadir o Congresso solicitando a presença de um general para a desocupação é um despropósito.
Por mais que existam verdadeiros bandidos entre nossos deputados, temas drasticamente polêmicos em pauta (como a absolvição do caixa dois), por mais que se reclame da falta de representatividade, quer seja pelo modelo eleitoral do legislativo ou pelo pequeno interesse político geral; não consigo admitir um protesto que irrompe uma pretensa visita agredindo seguranças, sobe no palco do plenário interrompendo uma seção corrente e usa como “desculpa” o golpe que a esquerda deu no poder.
Nem pra perceber que a esquerda não se considera situação atualmente! 🙂
É tão absurdo quanto a Marcha da Família ocorrida no Brasil, concomitante ao evento dos cinquenta anos do golpe militar ocorrido aqui, em março de 2014 (post nosso aqui).

Igualmente tosco foi o vídeo divulgado e amplamente comentado ontem, quinta (link aqui, já citado no primeiro parágrafo), em que a manifestante chama a bandeira japonesa de símbolo comunista. Até a explicação posterior da própria autora é confusa e incompreensível (aqui).

O que pensar sobre o fato?
Seria, já, um efeito Trump?
Uma facilidade de ser aceito, uma vez que o governante mais poderoso do mundo partilharia (talvez) o mesmo pensamento?
Aliás, se a xenofobia realmente “virar moda”, me questiono sobre os limites desse extremismo. Haverá ainda turismo em países de outro credo? Ou de distinta forma de governo? Eu seria “aceito” para entrar nos Estados Unidos sem falar inglês?

Defendo o direito do protesto. Igualmente assegurado e defendido pela Constituição. Mas os excessos são perigosos.
A liberdade de um termina, sempre, onde começa a liberdade do outro.
Em Junho/Julho de 2013, na época das manifestações seguidas na Avenida Paulista em São Paulo, eu e outros colegas nos questionávamos sobre a situação de pessoas doentes e mulheres grávidas prestes a dar à luz… Como a Paulista é uma região de hospitais e maternidades, qual seria a opinião de um manifestante “impedido” de chegar à maternidade no momento necessário, ou mesmo no horário programado?
Outro abuso é o uso de máscaras, escondendo a identidade, com o intuito sabido de depredar impunemente. Ou queimar uma bandeira brasileira, símbolo nacional, em praça pública.
É bem diferente de marchar e gritar levando cartazes contra Dilma, Temer, Cunha, ou Trump.

No caso ocorrido nessa semana, certamente uma marcha a pé pela esplanada dos ministérios finalizando de frente ao Congresso com cartazes e megafone teria menor impacto midiático que a invasão realizada.
Aliás, analisando bem, é bem estranho o número de câmeras, microfones e repórteres presentes na casa durante e logo após a invasão. Teriam sido eles avisados pelo grupo?

Concluindo, tenho medo do individualismo do brasileiro, que tolera a corrupção quando ele também participa e que aceita a democracia quando é o candidato dele que está no poder.
Tal comportamento não aceita as diferenças inerentes de uma sociedade e não condiz com uma sociedade evoluída.
E é daí, dessa cegueira manipulável, que pode surgir (ou fortalecer) o extremismo nocivo. O mesmo que volta à cena, infelizmente, na Europa e Estados Unidos.

por Celsão revoltado

figura retirada do vídeo do youtube, aqui 

P.S.: já falamos sobre a onda nacionalista da Europa, quando em 2014 houve uma votação espantosa e cadeiras obtidas pelos ultranacionalistas (aqui)
P.S.2: páginas com informações sobre os intervencionistas (aqui e aqui no Facebook)
P.S.3: interpretações divertidas sobre outras bandeiras vermelhas – aqui

Armas químicas na Síria

Armas químicas na Síria

O projetor é ligado. No telão do cinema, os espectadores comem, inertes, sua pipoca e tomam sua coca-cola gelada, de preferência, sem rato. A expectativa é grande, espera-se muita emoção, afinal, todo o filme de guerra proporciona emoções em demasia, e o choque, em alguns mais sensíveis.

O filme começa. O cenário é o Oriente Médio; o país em foco é a Síria. Nas primeiras cenas do filme. Numa sequência de rápidas cenas, mostram-se as instabilidades políticas e sociais do país e da região nas últimas décadas. Vemos conflitos, o rodapé da tela mostra a frase “guerra pela unificação de Egito e Síria. Década de 50“. A união fracassa. Um grande opositor à união, Hafez al-Assad, é nomeado chefe das Forças Aéreas, e o rodapé volta a mostrar “anos 60”. Novos conflitos: “Guerra dos 6 dias”. A Síria é derrotada, perdendo parte de seu território.

“1970”, o Assad dá um golpe de Estado, e assume o poder. Alia-se ao Egito, e começam uma guerra contra Israel. Perdem a guerra. Em Israel, a bandeira americana aparece triunfante balançando ao vento. Vemos cenas do ditador sírio apertando as mãos do ditador soviético, o que remete os telespectadores à Guerra Fria. Outras guerras sucederam-se, como a ocupação do Líbano, ainda na década de 70.

2000″. O presidente sírio tem um ataque cardíaco e morre. Assume a presidência seu filho, Bashar al-Assad. Este aparece em várias cenas discursando e sendo louvado pelo povo. No passar das cenas, entendemos que a euforia do povo havia passado, e volta a instabilidade social.

“2010”. Vemos clima de tensão, dessa vez, no Irã. EUA e aliados ameaçam invadi-los, acusando-lhes de estarem a enriquecer urânio para produzirem bomba nuclear. A interferência diplomática de alguns países evita uma guerra que poderia ser catastrófica. Os anos avançam, no rodapé “2010/2011”. Vemos greves, rebeliões e conflitos militares entre povo e exército. As bandeiras aparecem: Tunísia, Egito, Líbia, entre outras. “Primavera Árabe”. De repente, voltamos à Síria, o presidente discursa dizendo que não será fraco como seus vizinhos, e resistirá com todas as forças à qualquer tentativa de golpe.

A tela escurece, 10 segundos de silêncio. O filme recomeça a rodar em velocidade normal.

“2011/2012”. Vemos intensos conflitos na Síria. Vemos grupos rebeldes de extremistas islâmicos, conspirando e realizando investidas, atentados. A comunidade internacional pede intervenção na Síria, a qual não ocorre. Os conflitos continuam, em ondas, hora mais intensas, hora menos.

“2013”, “arma química lançada contra civis em território sírio”. Vemos cenas fortes, centenas de pessoas mortas, entre elas muitas crianças. A mídia ocidental, mais que depressa, anuncia: Assad usa armas químicas contra civis. Em seguida mencionam que Obama discute a possibilidade de invadir a Síria. Começam pressões internacionais, inclusive da ONU, pedindo que antes de se decidir por uma invasão, seja ao menos investigado quem foi o responsável pela utilização das armas químicas.

Uma equipe da ONU vai até a Síria com o consentimento do governo deste país, e ao chegar ao local onde a arma foi utilizada, são recebidos por tiros. O governo americano acusa o governo sírio. As análises da equipe da ONU prosseguem mesmo assim. Eles confirmam que foi utilizada arma química, mas não conseguem concluir quem a utilizou. Além disso, sugerem que autoria poderia ser dos rebeldes, lembrando que estes já utilizaram armas químicas anteriormente.

O presidente Obama e sua chapa da OTAN ignoram a falta de provas, e buscam apoio em seus legislativos para invadir a Síria. O clima esquenta. Alguns países voltam a se manifestar, dizendo que um ataque à Síria sem provas seria um equívoco e demonstração clara de interesses imperialistas. O Irã diz que se a Síria for atacada, eles (Irã) atacarão Israel, que virará pó! A Rússia diz que auxiliará o Irã, além de atacar a Arábia Saudita (aliado americano). Os rebeldes iraquianos dizem entrar na briga para apoiar a Síria, e que farão ainda mais atentados contra os americanos no Iraque.

E assim, o filme termina.

Não, o filme não acaba, pois não é filme, mas sim, vida real. A história se repete, e a força deixa a história mal contada. Criam-se álibis, a verdade é distorcida, manipula-se a opinião pública, e uma nova guerra se inicia sem que a maior parte do mundo tome conhecimento dos reais motivos da mesma: Dinheiro! Foi assim no Iraque, no Afeganistão, no Irã, e em vários outros conflitos no decorrer da história. Agora, a bola da vez é a Síria.

O discurso da chapa ocidental, liderada pelos EUA, é sempre o mesmo, com ar de “polícia do mundo”, e que querem levar democracia para os outros países. Balela! Aqui estamos a tratar do domínio geográfico do Oriente Médio, maior fonte de petróleo do mundo. Só que desta vez, a guerra pode tomar proporções maiores. Estamos vivendo na iminência de uma Terceira Guerra Mundial.

EUA já controlam, ou têm o apoio da Turquia, Arábia Saudita, Israel, Egito, Jordânia, Qatar, entre outros. Para ter o controle praticamente total de região, resta-lhes controlar a Síria e o Irã, que são os governos mais fortes não aliados.

Enquanto isso, nós cidadãos estamos sentados comendo pipoca e tomando coca-cola, de preferência, com rato. Continuamos nos preocupando com coisas banais de nossas vidas, e damos pouca, ou nenhuma atenção ao fato de que uma Terceira Guerra Mundial pode estar prestes a acontecer, e todos nós, e nosso planeta como um todo, corremos enormes riscos.

por Miguelito Formador