Ontem foi 13 de Maio.
Não me lembro qual foi a última vez que “comemorei” a data.
Para nós negros, Zumbi dos Palmares e o 20 de Novembro suplantaram a única data onde éramos lembrados na escola; onde o professor nos apontava e afirmava que a escravidão era um “problema do passado”.
Enfim… o post não visa falar da discriminação racial, racismo ou cotas.
Visa discutir a infeliz desistência da candidatura à presidência, de Joaquim Barbosa.
Passados cinco anos (!) de um post nosso a respeito do então Ministro (aqui), ainda não sabemos o que ele quer, pretende ou anseia.
À luz da época, durante e logo após o julgamento do Mensalão, Joaquim era endeusado e mitificado pela mídia e por partidos “de oposição”: PSDB e DEM.
A popularidade do Ministro era tremenda. E ele a usava de forma pouco ortodoxa, pois criticava outros partidos, além do acusado PT, o sistema eleitoral, juízes, a Polícia Federal, entre outros.
Palco recebido, popularidade gozada, Joaquim se retirou. Aposentou-se em 31/07/2014 (data da publicação no Diário Oficial).
Passou silenciosos e resignados anos em seu apartamento em Miami.
Poucas eram as interações e intervenções políticas do ex-Ministro. Tudo dava a entender que aquele bravo Joaquim se havia ido e rendido ao poder do Capitalismo e ao deleite que anos de avantajados salários proporcionam.
Nada contra o apartamento em Miami ou ao deleite dos benefícios do Capitalismo.
Também os desfruto e, por conhecer a mais-valia, sei que trabalhamos efetivamente mais que ganhamos, via de regra.
Mas, permitam-me criar uma expressão, “apolitizar-se” em tal período: com impeachment, Lava Jato, culpa da chapa com absolvição de Temer no TSE, inúmeras denúncias, algumas envolvendo até o STF… foi demasiado covarde.
Estar na política (ou desejar entrar nela) e se esconder, se omitir, é irritante e inquietante. Ao meu ver é uma das principais falhas da novamente candidata Marina Silva.
Esse é o meu problema com o que Joaquim Barbosa fez: o ingresso na política.
Por que da filiação ao PSB (agora) se o objetivo não era alçar voo tão singular?
Por que oferecer-se como opção em tão complexo cenário e, mesmo obtendo boa intenção inicial, abdicar-se como postulante?
Joaquim tinha muito potencial.
É negro daqueles que não se pode negar a negritude.
Alguns podem dizer que tivemos “Marronzinho” na eleição de 1988 (aqui). Mas os míseros 17 segundos de propaganda eleitoral e a alcunha não o fizeram conhecido ou representante dos negros.
Joaquim, letrado e culto, não só poderia “carregar a bandeira” esplendidamente, como mostraria um negro além do estereótipo padrão.
Joaquim teria nas mãos armas que ainda não experimentamos na política. Ou que timidamente temos experimentado em câmaras a nível municipal e estadual.
Joaquim, talvez, se tornaria o nosso Obama! 🙂
Voltando à realidade…
Não dá pra afirmar que votaríamos nele. Não sei ainda em quem votarei.
A oposição (do PSB) afirmou, ao saber da candidatura de Barbosa, que ele é instável e arrogante. Teria pouca paciência e se complicaria sozinho.
O fato é que Joaquim Barbosa teria ainda mais palco.
Entrevistas. Tempo na TV. Mídia gratuita. Citações em redes sociais.
Que trariam, claro, explícita e inescrupulosa devassa em seu passado e em sua vida particular.
Preço alto, talvez, para quem é realmente sério. O que não sabemos se é o caso do senhor Ministro…
por Celsão irônico
figura retirada daqui