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São 11h do dia 06 de Abril de 2018 e eu me pergunto o que acontecerá agora.

Lula teve prisão decretada por Sérgio Moro e tem de se apresentar à Polícia Federal de Curitiba até as 17h de hoje.
Será que ele se apresenta espontaneamente?
Será que os simpatizantes deixarão a polícia entrar no sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo, caso ele decida ficar por lá?
E se ele não sair? Teremos um status de foragido e agravamento de pena imputado ou teremos um confronto polícia vs simpatizantes de Lula?

Sou de esquerda, como sabem, e acabei de publicar um post onde escrevo que a esquerda é maior que o Lula (aqui). O erro é primário, mas insistem em dizer e extrapolar que Esquerdista é Petista, que é “Lulista”…

Como escreveu o amigo Caio Silvestre, numa acalorada discussão via WhatsApp hoje, sobre a polarização dos últimos acontecimentos, processo célere da prisão de Lula e outros temas políticos:

A comoção, de ambos os lados, movida por paixão/ódio, iguala a todos. Uns exageram por amar demais (e se cegam diante dos roubos), enquanto outros se dedicam somente contra o odiado (e são tolerantes com todos os outros).
Sempre com a razão deixada um tanto de lado. Fica incoerente para todo mundo

E completou:

Se há um limite para a questão [corrupção], o limite muda, porque trata-se de movimentação política e não republicana, como querem fazer parecer.
Se havia razão para movimentação quando o nome do Lula surgiu na delação do Delcídio, deveria ter havido razão, também, quando surgiu o nome do Temer.
Se houve razão para indignação quando da nomeação de Lula ministro, deveria ter havido quando se nomeou o Moreira Franco, por exemplo.

 

Retomando o título…
Será que agora veremos celeridade em outros casos, como o de Aécio Neves?
Será que viveremos para ver Eduardo Azeredo, psdbista condenado em segunda instância no chamado “Mensalão Tucano” após quase oito meses do julgamento e reafirmação de condenação (ocorrida em Agosto de 2017), preso?
Detalhes de Azeredo que valem a lembrança: a denúncia foi feita há mais de 11 anos, no longínquo 2007 (aqui) e em Setembro há prescrição, uma vez que Azeredo completará 70 anos… 
Quando será que o STF colocará em pauta, “furando fila”, o tema da prisão em segunda instância, estancando a Lava Jato como previu e pediu há algum tempo Romero Jucá? (post sobre a gravação do peemedebista e estancamento da sangria aqui)

Se Rosa Weber falou a verdade durante a votação e se Gilmar Mendes realmente “mudou de lado” para defender seus interesses e de suas “aves”, teremos muito em breve o retrocesso à impunidade, a justiça para pobres, pretos e “ladrões de galinha” que não podem pagar advogados caros, o cenário de até pouco tempo atrás.

Será que teremos revolta popular, passeatas e protestos em Brasília?
Ou somente aquele sentimento de indignação tupiniquim, que vem acompanhado de regozijo pela desgraça do outro?
Será que a procuradora Raquel Dodge terá pulso firme para exercer seus deveres ou seguirá apenas ajudando os “amigos de Temer”, como fez ao interceder na operação Skala? (aqui)
Será que o Supremo Tribunal Federal seguirá gozando da popularidade e palco para aparecer mais que para julgar?

A corrupção é danosa, nociva à Nação e ao povo, sem se importar com ideologia político-partidária.
Ela deve acabar. Sem dúvida!

Mas… e agora? O que virá a seguir? Mais do mesmo ou realmente uma evolução?
Hoje estou mais realista. Fico com a primeira opção…

por Celsão irônico

figura retirada daqui. O objetivo simples é lembrarmos do rosto de Eduardo Azeredo

 

Sabe quando uma seleção de futebol tem um craque?
Como a seleção de Portugal, com Cristiano Ronaldo, ou mesmo a seleção brasileira atual, com Neymar.
Cria-se uma certa dependência. Atrelada a um sempre certo e iminente “perigo”: no dia em que o craque não joga bem, se machuca ou decide se aposentar, aquela seleção se vê “acabada”, sem referência…

Peço perdão pelo trocadilho futebolístico, mas eu vejo da mesma forma a esquerda com o Lula.

Não há como negar os avanços sociais do Brasil em seus governos. Sobretudo das camadas mais baixas.
A elevação do poder de compra, da escolaridade, do acesso a crédito, foram notáveis e levaram o país a outro patamar social, falando em índices como Coeficiente GINI (aqui evolução de 1976 a 2009 – Wikipedia) e IDH (site do G1 mostrando aumento durante governo Lula/Dilma e a estagnação em 2014-2015, aqui).
Até os céticos têm de admitir isso. E não ligo para os argumentos como: “época boa”, “terreno preparado por FHC”, etc.
Lula estava no planalto e fez!

Porém se ampliamos a definição de “esquerda” além da justiça social: com distribuição de renda e pensamento no coletivo; para a mudança, o combate aos abusos do status-quo e a igualdade na sociedade (aqui entendo como igualdade total de condições, por exemplo, para concorrer a um emprego: mulheres, negros, pobres, gays e outras minorias com a mesmas chances reais da elite), o PT não representou, em seu período de Governo, de situação, os ideais da esquerda.
Meus colegas e leitores que me perdoem, mas as alianças em prol da “governabilidade”, com o PMDB de Sarney e Temer e com o PP/PPS de Paulo Maluf, afastaram (e muito) o que eu esperava de governos do PT.
Entendo que sou demasiadamente romântico para insistir num governo possível sem o PMDB, sem conchavos e sem troca de votos por Ministérios e cargos.

Peço vênia para lembrar que, nas últimas eleições, mesmo desencantado com o PT e a “nova esquerda” de Lula e companhia, apoiei a reeleição de Dilma, usando argumentos e entrevista do deputado Jean Wyllys (aqui).
Toda escolha é uma renúncia, parodiando o próprio deputado Jean; e renunciei algumas vezes à “minha esquerda” para votar no PT.

Parêntese feito e voltando ao tema, o ponto é que a “esquerda” é maior que o PT. E maior, consequentemente, que Lula.
Entendo os que defendem o “indefensável” e acreditam que a votação do STF que pode acabar com a condenação em segunda instância, ou habeas corpus preventivo de Lula, deixará que o mesmo dispute as eleições e gerará (?) uma justiça tardia ou troco ao golpe impetrado à democracia com o impeachment de Dilma.
Entendo, mas não estou no mesmo barco.
O benefício de ter Lula nas eleições de 2018 é menor que o veneno de termos Eduardo Cunha, por exemplo, em seu jogo politico nocivo.

Discuti bastante com o Miguelito, logo no início da Operação Lava Jato, sobre a (então) provável extinção dos partidos políticos citados nas delações, e consequentemente envolvidos com corrupção.
Se naquele momento o PT tivesse acabado e o seu quadro se recolocado, ou refundado um novo partido, talvez já tivéssemos melhores opções nessas eleições. Não no tocante às opções em si, mas à força dos nomes…
Miguel sempre me dizia à época que leva-se tempo para construir um PT, nos termos da representatividade Nacional alcançada pelo mesmo, ou transformar um PSOL em PT. E que o país não tinha esse tempo; a esquerda, fatalmente, ficaria de fora novamente.

O doloroso fato, pra mim, é que nessa luta da candidatura de Lula, estamos apenas “empurrando” o problema, postergando a inevitável inelegibilidade do ex-presidente.
Mesmo o Lula representando os anseios de boa parte dos brasileiros (suposição construída pela intenção de voto divulgada até aqui), sofro antecipadamente ao não ver esses anseios transformados em votos para Ciro Gomes do PDT, ou Manuela D’Avila, do PCdoB, por exemplo.
Como seria bom se Lula se afastasse do cenário político, fizesse sua defesa, cumprisse (se condenado) a pena imposta e voltasse ao panorama “zerado”…
Como seria bom se o “pobre” se visse na esquerda…
Como seria bom também, se imprensa e Facebook permitissem uma eleição justa…

Rogo à esquerda brasileira que esqueça Lula.
Que tente jogar futebol sem Neymar, sem CR7. Que busque alternativas…
Que entenda que a bandeira vermelha, o ideal igualitário, a renda mínima, os programas sociais, podem existir sem Lula.
Afinal, como disse José Mujica, ex-presidente do Uruguai, recentemente (aqui), nós não o teremos para sempre!

por Celsão correto

figura retirada daqui. Post de Alberto Cantalice que vai no sentido oposto ao que escrevi. Vale a leitura para exercitar o espírito crítico e o contra-argumento. 😉

P.S.: aproveito o período pós-Páscoa para pedir também (por que não?) um renascimento da esquerda. A Deus, Oxalá, Alá ou quem estiver disposto a me ouvir…

temer-aeroporto-russia

Como se já não bastasse a corrupção já conhecida há décadas, e agora cada vez mais oficializada e comprovada; o trabalho como espião da CIA dentro do Brasil, revelado por documentos do Wikileaks; o desmanche do Governo, da política, da sociedade, das leis, do Estado de Direito; o desrespeito e as barbaridades feitas contra os interesses do povo brasileiro, e em prol da elite brasileira e internacional; o nosso atual tomador do Poder Executivo brasileiro mostra que diplomacia também não é sua área de domínio.

Temer inventou para a imprensa um almoço com Putin – Presidente Russo – almoço este que jamais existiu, durante o encontro dos BRICS.
Antes de viajar a Rússia, o Governo brasileiro lançou que iriam viajar à República Socialista Federativa Soviética da Rússia. Uma mistura da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a atual Federação Russa (mais conhecida como Rússia), e criaram um Frankenstein. Uma lambança, inacreditável ao se pensar no departamento de mídia e comunicação de um Governo Federal.

Chegando à Rússia, Temer foi recebido pelo VICE-ministro de Relações Exteriores. Ou seja, não foi por ninguém de importância relativa do Governo Russo, muito menos por Putin. O “mínimo” a se esperar seria que o próprio Ministro das Relações Exteriores russo o recebesse, mas nem isso. Sinal mais claro de insignificância não há, e um grande vexame para nossa Pátria.

Em seus trajetos na Rússia, Temer foi acompanhado principalmente por grupos de pessoas em protesto e vaiando.
Na Embaixada brasileira na Rússia, somente metade dos convidados compareceram na cerimonia com o Presidente, e mesmo assim, poucos quiseram conversar com ele. Ele é quem se aproximava das pessoas.

Temer ainda disse a Putin que a cultura Russa está muito presente na sociedade brasileira!!!! (pausa para respirar). Algum de vocês conhecem algo russo que não seja Vodka e estrogonofe, quer dizer, stroganoff em russo? Inclusive, o stroganoff russo é bastante diferente do nosso.

Por fim, Temer saiu da Rússia sem qualquer acordo bilateral ou diplomático. Só gastou dinheiro e passou vergonha.

Em seguida foi para Noruega. O Governo norueguês é o maior financiador internacional da luta contra o desmatamento da Amazônia. E já estava flertando um corte neste financiamento, pois percebeu que este Governo não está nem aí para este assunto, pelo contrário, parece apoiar políticas pró-desmatamento.

Temer foi recebido pelo chefe interino do aeroporto, ninguém do Governo!
No encontro Temer ignorou o conflito diplomático na questão do desmatamento da Amazônia, e tentou encher a bola de seu Governo sobre os avanços econômicos e sobre seu apoio dentro do Congresso, e falou da “luta contra a corrupção” (nova pausa).

Quando chegou no assunto Amazônia, Temer deixou a responsabilidade para o Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, o qual disse aos noruegueses “o problema é dos governos passados”. Sarney ignora que houve um aumento de 58% no ritmo do desmatamento da Amazônia nos últimos 2 anos, e que se o problema realmente estivesse nos Governos passados, ele também é responsável, pois foi também Ministro do Meio Ambiente no Governo de FHC entre 1999 e 2002, época onde Amazônia sofreu um dos maiores desmatamentos da história.

No fim, quando perguntado quando o desmatamento acabará, Sarney disse: “Só Deus pode garantir isso”.
Esta frase de Sarneyzinho nos diz muita coisa. Ela mostra a falta de responsabilidade pessoal do Ministro, a molecagem e pilantragem com a qual ele trata de um assunto de tamanha importância para o Mundo e para a humanidade, e também mostra a ortodoxia religiosa dentro da política brasileira; também percebemos a falta completa de conhecimento de Sarney quanto ao país visitado, pois a Noruega está entre os 5 países menos religiosos do Mundo, tem mais da metade de sua população não praticante de qualquer religião ou ateia, mais de 70% dos noruegueses dizem não acreditar em um Deus nos parâmetros cristãos, e menos de 20% dos noruegueses dizem que a religião tem um papel importante em suas vidas.
Jogar responsabilidades político-humanas para Deus, num país Europeu, ainda mais na Noruega, é a melhor demonstração de atraso civilizatório e intelectual que se pode dar.

Mas uma coisa eu preciso salientar: Sarney mostrou ao governo norueguês um retrato bastante real do nível de informação e preparo intelectual da sociedade brasileira.

Assim o governo brasileiro se despediu da Noruega, com um corte de 200 milhões de Reais na ajuda contra o desmatamento amazônico, mais da metade do dinheiro que era investido pela Noruega anualmente.
Parabéns!

E quando leio estas, e notícias locais aqui na Alemanha, e quando vejo o comentário dos alemães e estrangeiros (colegas de trabalho, amigos, conhecidos) sobre o Brasil atualmente, sempre num sentido pejorativo, negativo, pessimista, humorístico, desrespeitoso, preconceituoso; lembro-me de quando cheguei aqui em 2010, notícias, documentários, e o boca-a-boca do povo conhecido, todos impressionados com o papel de liderança que o Brasil havia assumido na América Latina e no Mundo durante o Governo Lula.

Todos diziam dos avanços econômicos, que o Brasil era super interessante para se investir, passar férias… era claro o respeito adquirido pelo Brasil frente aos governos Europeus e mundiais. Além dos dados e avanços claros que as sociedades internacionais notaram, ainda teve o importante trabalho feito por Lula e Celso Amorim na diplomacia brasileira, trazendo prestígio e respeito.

Naquela época, até as piadas sobre samba, bunda, carnaval e futebol haviam diminuído. Hoje todas elas voltaram, com uma diferença, depois dos 7×1, não somos mais o país do futebol; ufa, menos um estereótipo.
Os estereótipos brotam como peste, e eu digo, corrói ter que viver isso aqui fora, ouvir tantas falácias, e tentar ainda de alguma forma defender nosso moral, é difícil, pois muito do que é dito se justifica na prática política e da sociedade brasileira hoje em dia.

Voltando ao Temeroso; tem gente que ainda defende esse ser inescrupuloso!

Fico admirado, e acho que ficarei até o fim da minha vida, em ver a incapacidade e/ou falta de vontade da grande maioria da sociedade brasileira, de perceber que, este Ser, somado a Eduardo Cunha, e o limpinho e cheiroso Aécim das Neves, juntamente com outros do mesmo naipe, foram os chefiadores do Impeachment de Dilma.

Boicotaram e bloquearam seu segundo governo na Câmara até falir o mesmo, pagaram a imprensa para destruírem a sua imagem, financiaram grupos especializados em rebeliões para agitaram os protestos contra Dilma e PT, usaram de seu Poder no judiciário (como o capataz da direita brasileira, Gilmar Mendes, amigo íntimo de Aécim e de Temeroso), tramaram e organizaram tudo o possível para retirarem Dilma do Governo, e colocarem Temer como Presidente, trazendo com ele toda a base mais radical da oposição ao Governo Dilma para o seu des-Governo, e ainda se aliando ao PSDB no Congresso, sabidamente arque-rival do PT.

Um Impeachment que vestiu uma fantasia de luta contra corrupção do PT e de Dilma (mulher íntegra, contra a qual sequer existem acusações formais, quanto menos condenações), com um pouquinho de perfume de insatisfação para com os rumos econômicos do Governo Dilma; mas que na verdade, nada mais foi que um Golpe de Estado organizado e dirigido durante todo o tempo pelo o que há de mais sujo, bárbaro e vergonhoso na história brasileira, uma elite podre e antinacional que se arrasta desde nossa colonização até hoje, antigos escravagistas e herdeiros das capitanias hereditárias, hoje, corruptos, mafiosos, gangsters, com domínio sobre quase todos os meios de comunicação e com tentáculos em todas áreas do grande Capital, inclusive no tráfico de drogas.

Este grupo de vermes, derrubou a Presidente eleita democraticamente, e provavelmente a/o presidente mais ético e correto que o Brasil já viu em sua história, devido aos interesses daqueles em frear a Lava-Jato (para não serem pegos juntos com seus comparsas), e devido aos seus interesses econômicos, que nada têm a ver com proteção ambiental, avanços sociais, ou direitos humanos ao povo sofrido brasileiro, muito menos interessados no fortalecimento da Nação Brasileira, mas sim um desespero pelo resgate de políticas que privilegiem as elites, o sistema financeiro, o interesse internacional, seus próprios bolsos e coisas do tipo…

Para quem apostava que os dias de Temer estavam contados, e que ele não chegaria até 2018. Eu continuo esperando….. Quase acreditei em sua queda depois dos grampos e denúncias dos donos da Friboi, mas meus instintos funcionaram novamente.
Também continuo esperando sentado a prisão de Aécim; Gilmar Mendes diria: “só por cima do meu cadáver”.

Enquanto isso, outra aposta minha vem se concretizando. Bolsomico crescendo nas pesquisas de intenção de voto para 2018, e se encontra na segunda posição, somente atrás de Lula.
Mas este é outro assunto na república da Banana, Bunda, Samba e Futebol.

por Miguelito Nervoltado

figura daqui 
Links inspiradores:

moroÉ incrível como em duas semanas tivemos muita coisa acontecendo, muita história, muita mesmo!
Nesse momento até aqueles que não gostam de política, que são alheios a telejornais e notícias em rádios e internet, se “chocaram” com os vazamentos, as manipulações e as manifestações dos últimos dias…

Começou com indicações arbitrárias e fracas da justiça.
Mandar o ex-presidente Lula para o aeroporto de Congonhas sem provas suficientes para enviá-lo a Curitiba foi criticado inclusive por ícones da direita, como o jornalista Reinaldo Azevedo.
Também o Ministro do STF, Marco Aurélio Mello, comentou abertamente no programa Canal Livre da TV Bandeirantes (aqui) as arbitrariedades do movimento de Sérgio Moro.
A Globo só faltou cancelar as novelas. Estava trabalhando de casa nesse dia e toda a manhã foi de cobertura ao assunto; ignoraram a programação matutina para filmar o aeroporto de Congonhas, a casa do petista em São Bernardo e repetir a mesma estória, infinitamente.
Foi ruim para a democracia e extremamente arbitrário. O processo de investigações da operação Lava Jato corria (a meu ver) de acordo com a Justiça e seus meandros. Focar numa pessoa simplesmente visando incitar revolta “popular” (ou encher uma manifestação) não era necessário, nem justo.

A mídia seguia sendo tendenciosa (pra variar), pois não mencionava os tucanos do discurso vazado “espontaneamente” do senador (ou ex-senador) Delcídio do Amaral.
Aliás, era de extrema estranheza (pra dizer o mínimo) o vazamento de uma delação de quatrocentas páginas, ainda inválida, às vésperas de uma manifestação em prol do impeachment da presidente. Nem é preciso desconfiar que foi proposital. Principalmente se pensarmos na revista que a publicou.
Alguns juristas inclusive afirmaram que tal depoimento poderia ser invalidado com sua divulgação prévia, dado o sigilo judicial necessário.

Porém, até a condução coercitiva de Lula, só haviam desvantagens legais por parte da oposição e do juiz Moro. Nenhuma acusação “real” ou mandato de prisão contra Lula ou Dilma. A mobilização do dia treze estava garantida, de modo pouco honrado, mas garantida.

Daí veio o mandato de prisão ainda “mais fraco” da justiça paulista e com ela a primeira menção ou boato sobre a nomeação do ex-presidente para Ministro de Estado.
Parecia pura especulação, como fazem as pessoas do mercado financeiro (plantando boatos) para ganhar dinheiro no curto prazo, com quedas da bolsa e aumentos de valores de moedas estrangeiras, como o dólar.
Novamente tendencioso e sem muita razão lógica. Coisa típica de golpistas mesmo, de pessoas que querem confundir e “anarquizar”.

Mas não parou por aí…
A Globo seguia com destaque desproporcional àqueles trechos de delações que a interessavam, forçando artificialmente o processo de impeachment.
A manifestação de domingo ocorreu. Foi pacífica e foi um “sucesso” maior aos que pediam impeachment do que aos que clamavam contra a corrupção, de um modo mais amplo.
Interessantes vaias surgiram em São Paulo para os políticos da pseudo-direita que tentaram “pegar carona” na manifestação. Enquanto que no Rio, Bolsonaro foi ovacionado e carregado pelos manifestantes…
Coisas da democracia e do Congresso Dantesco que temos atualmente.

Então, o Congresso começou a aprontar das suas.
A bancada de oposição, aqui já reforçada pelos ratos do PMDB que pulavam do navio do governo, informou que monopolizaria as votações a temas relativos ao impeachment; que fariam “greve” se esse tema não surgisse e que trabalhariam de segunda a sexta (que coisa) até que esse tema avançasse.
Começou um papo de semi-parlamentarismo (!?!) que assustou pela cara de manipulação do próprio poder.

E eis que ocorreu a nomeação do ex-presidente Lula para Ministro da Casa Civil!
Por quê?
Por que compactuar com os desejos íntimos da Globo (que chegou a errar ao vivo, anunciando a nomeação no dia anterior)?
Por que municiar a direita? Por que entregar “tão entregue” esse mar de argumentos?
A nomeação teria mesmo que ser feita nessa semana?
Não há explicação plausível para mim.
Aceito que o Lula seja um excelente articulista e ajudaria bastante ao compor o governo Dilma. Mas não agora!
Aceito também o argumento que as investigações contra ele não serão interrompidas. Mas mudar o foro, passando para a esfera máxima, é “dar munição ao bandido”, é quase assumir a culpa!
É rasgar a coerência, a distinção, a ética e a noção ao mesmo tempo!

O outro lado do embate, representado pelo juiz Sérgio Moro errou novamente de forma grotesca ao divulgar as gravações realizadas em grampos nos telefones de Lula e da presidente Dilma.
Ele o fez por ter a certeza de apoio popular irrestrito. Mas correndo imensos riscos. Mesmo desconsiderando a posição atual de Lula como Ministro da Casa Civil, há conversas vazadas de uma Presidente da República! Ente máximo do Poder Executivo da Nação!

Ah… como eu queria que os políticos tivessem a hombridade de Japoneses, se afastando ao verem vinculados seus nomes a corrupção e outros escândalos…
Será que é pedir muito?
Eduardo Cunha com as contas estrangeiras não declaradas, Fernando Capez e o escândalo da merenda escolar, Aécio Neves… Todos poderiam de espontânea vontade se afastar dos cargos que ocupam enquanto investigações fossem conduzidas contra eles; e regressar caso nada seja provado.

Enfim… Por quê?
As manifestações repentinas de ontem mostram o começo de um fim.
E agora creio que as manifestações serão mais fortes, a pressão será maior. A Grande Mídia e a classe média que perdeu os privilégios de comprar SUVs financiadas a perder de vista e as viagens ostentativas para Miami se fortaleceu com as ações de ontem…

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

P.S.: coloco uma análise “pirata” sobre os abusos do juiz Sérgio Moro, extraída do Diário do Centro do Mundo (aqui).

P.S.2: copio também (pós-divulgação) um trecho de um texto do Facebook do advogado Geraldo Prado (texto completo aqui) analisando o vazamento das conversas telefônicas…
Se pensas, jurista, que é o teu sentimento cívico, patriótico, que te faz ignorar os deveres da Constituição, saibas que por trás de todo gesto violador há o prazer. Te encontras com este teu prazer, essa “súbita impressão de incesto”, mas não invoque o Direito e a Justiça. Eles não estão contigo.

Lula: Pobres & Ricos = Justiça & Governabilidade

Lula: Pobres & Ricos = Justiça & Governabilidade

Desde que o PT, partido originário da interseção entre sindicatos, movimentos de base da igreja e intelectuais de esquerda, assumiu o Governo Federal, a economia brasileira cresceu fortemente (duas vezes mais rápido que durante governos de FHC). No total, 45 milhões de pessoas que pertenciam às classes D e E, ascenderam à classe C; 15 milhões da classe C ascenderam às classes B e A. O salário mínimo aumentou em 70% em seu valor REAL. Durante os 10 anos de governo, vimos ano após ano, uma redução do desemprego, e hoje temos uma das menores taxas de desemprego do Mundo, que oscila entre 5,5% a 6%.

Foram criadas mais de 20 Universidades Federais, e institutos de ensino e educação foram abertos às centenas! O índice de frequência escolar cresceu absurdamente, e hoje, comparado com que se tinha há 15 anos, praticamente não temos crianças fora das escolas. O Bolsa Família auxiliou mais de 15 milhões de famílias, complementando suas rendas, possibilitando as crianças a irem à escola, e permitindo aos pais colocarem comida na mesa. A miséria reduziu de forma considerável.
Muitas das estradas federais foram reformadas (não que sejam exemplo hoje, mas antes eram sucata, e hoje voltam a ser transitáveis). Podemos enumerar diversos programas federais, como Minha Casa Minha Vida, Ciências sem Fronteira, regulamentação da profissão “empregado doméstico”, entre outras ações positivas.

Aqui levantei somente alguns pontos positivos sobre os últimos 10 anos, mas poderia pontuar muitos outros. Obviamente, nem tudo são flores, e também poderia pontuar tantos outros negativos. Mas meu intuito aqui não é tecer elogios ou críticas, mas sim mostrar que, mesmo com muito esforço e muita má vontade, não é coerente, nem sensato dizer que, nos últimos anos o Brasil regrediu, retrocedeu, sucumbiu. Não é cabível dizer que a qualidade de vida do povo brasileiro piorou. Isso não pode ser dito de forma alguma, e somente o que mencionei acima já seria suficiente para dar embasamento a esse meu posicionamento. Quem afirma que o Brasil passou por um período de trevas, ou por um dos piores governos de sua história, precisa tomar um “chádética”, ou “chádesonestidadeintelectual”, ou então, um cafezinho mesmo já basta, para poder acordar e parar de ter pesadelos.

Contudo, as manifestações que aconteceram em julho deste ano (2013) e que ainda permanecem, porém menos intensamente, mostraram que havia/há uma insatisfação por parte de uma parcela da população brasileira. Como explicar essa insatisfação de milhões de cidadãos? Quais eram os objetivos dos manifestantes? Pelo quê lutavam?
Bom, sabemos que nas ruas havia todo o tipo de gente, lutando pelas mais diversas causas. Mas mesmo assim, é possível levantar estatísticas, e estas mostram que a maior parte dos que estavam nas ruas, pelo menos em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Sul do Brasil, eram estudantes universitários e a classe média num geral.
Neste ponto, vou resumir algo bem complexo, e por isso é essencial que o leitor leia o artigo que está em anexo no fim deste meu texto, para que possa entender melhor essa problemática, e para que não me interprete mal, ou de forma incompleta.

“Lula focou seu governo nos pobres, no proletariado. A maior parte dos programas federais se voltavam para essa população mais carente e necessitada de ajuda (vou ignorar aqui aqueles que acham que tudo não passa de assistencialismo, esmola, compra de votos. Se pensa assim, peço que leia meus primeiro e segundo parágrafos novamente, e depois tome um dos chás que aconselhei).

Mas seria um pouco de ingenuidade pensar que Lula governou o Brasil 8 anos, com tanto sucesso, popularidade e bons resultados, somente com o apoio das classes econômicas inferiores da sociedade. É fato que as eleições foram basicamente garantidas por esta classe. Porém, a governabilidade foi garantida pela elite. Sim, Lula, e principalmente a Dilma, se comprometeram com grandes grupos econômicos, como bancos, agronegócio, petróleo, entre outros. Assim, a base do governo estava garantida pelo proletariado (eleições e aprovação popular) e pela elite (estabilidade política no executivo e legislativo, além do suporte econômico).

Mas aqui está faltando uma fatia do bolo, não? Pois é, está faltando a classe média!
Esta foi a menos contemplada nos governos do PT. É fato que também tiveram seus ganhos, mas estes foram menores que aqueles obtidos pelo proletariado e pela elite. Além disso, as melhorias nos serviços  públicos pouco lhes trouxeram vantagens, afinal, os serviços públicos não melhoraram a ponto de se tornarem melhores que o serviço privado. Desta forma, a educação pública, o transporte público, a saúde pública, melhoraram a ponto dos pobres notarem diferença, mas não a ponto da classe média migrar do serviço privado para o público. E assim, de forma simplória, construímos um cenário onde as manifestações são mais facilmente compreendidas, pois essa mesma classe média, menos contemplada pelas melhorias dos governos Lula/Dilma, foi quem estava em peso nas ruas protestando”

Essas minhas palavras são um resumo do meu entendimento sobre o artigo que coloco em anexo logo abaixo. Este artigo, em minha singela opinião é, de todos artigos que já li sobre os governos Lula/Dilma, um dos que possui uma das análises mais imparciais e de mais alta qualidade técnica, além de explicar de forma muito didática e coerente as causas das manifestações de julho deste ano. Eu diria, imperdível!
Para lê-lo, clique AQUI

por Miguelito Formador

Figura: montagem minha. Base retirada daqui e daqui