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Após a eleição, muito se comentava e especulava sobre as primeiras medidas do eleito.
Assim como Collor em 1990, bloqueando investimentos visando reduzir a moeda em circulação e frear a inflação, esperava-se algo igualmente radical de Jair Bolsonaro.
O mesmo se divertiu nos quase sessenta dias entre o resultado do segundo turno e a posse.
Ironizava os repórteres com os trocadilhos de sempre; dizendo que o “seu emprego”, referindo-se ao repórter, estava garantido. E invariavelmente chamava as mulheres que o abordavam com microfone de “querida”.

O dia chegou e, após receber a faixa de Michel Temer, com um largo sorriso no rosto, declarou a extinção do PSOL.
A justificativa é que o partido cria “ignorantes” e os treina para o “mal”.
Foi do PSOL o autor da facada que tomei durante a campanha. Foi do PSOL o atentado moral da cusparada de Jean Wyllys. E se alguém se der ao trabalho de procurar, verá que tudo o que há de errado nesse país tem a presença do PSOL – declarou o presidente.

A reação foi de júbilo dos apoiadores e risos nos círculos de conversas pelo Brasil.
Apesar de absurda, a medida era leve e inofensiva, na opinião da maioria.
A imprensa questionava a efetividade, consultando juristas e cientistas políticos. Uns poucos protestavam nas redes sociais.

Mas os dias se seguiram ao melhor estilo Donald Trump, do qual Jair declarava-se agora, abertamente, fã: uma surpresa diferente a cada dia. E muitas delas estapafúrdias.
“Imponho ao TSE e ao STF que renomeie o PT para ‘Partido dos Trambiqueiros’ no lugar de ‘Partido dos Trabalhadores’. Não existem mais trabalhadores naquele partido; são todos trambiqueiros“. Sentenciou certa vez.
Aplausos e novo júbilo e aquele sentimento de “troco” por parte dos críticos de Lula e Dilma.

O que é respaldo, querida?“, perguntou a uma repórter que o questionava sobre a atribuição e jurisdição das medidas impostas e promulgadas, “Eu faço a lei pois conheço os desejos da população e o que é melhor para o Brasil! Se depois de falado, escrito e encaminhado não houver ação do órgão competente, temos que mudar esse órgão!” – concluiu em ameaça.

Quando pressionado a cumprir o prometido de redução da máquina pública logo no primeiro mês de mandato, foi a público em rede Nacional.
– Declaro extinta a Defensoria Pública da União e dos Estados da Federação. E também vou diminuir drasticamente o Ministério Público!
– A Defensoria Pública no Brasil tem mais de 8000 cargos existentes, com altos salários! Como estes advogados visam orientar juridicamente bandidos e ouvir as reclamações incabíveis do pessoal dos Direitos Humanos, não precisamos deles. Basta andar na linha e pronto! Se um cidadão se sentir injustiçado, procure os seus direitos com os advogados. Mas não com defensores pagos pelos impostos de quem cumpre as leis… (!)
– O segundo está muito inchado e tem muitos funcionários inativos. Só em São Paulo são mais de 600 servidores inativos para 5000 ativos. Colocarei como meta uma redução de 20% no quadro, começando com os inativos. tem muito vagabundo! Por que o carinha está inativo? O que ele faz no Ministério Público? Hoje em dia, as contas públicas estão declaradas na internet… não precisa de Ministério Público pra isso…
– Como o meu governo não tem corrupto, o trabalho do Ministério Público, de todos os órgãos criados para a corrupção pelo PT, vai diminuir!

No fim do primeiro mês, o presidente Jair Bolsonaro resolve reformar a educação…
– Onde houver professores e membros da diretoria da escola filiados ou simpatizantes de partidos políticos de esquerda, em escolas públicas das esferas federal, estadual e municipal, teremos exoneração! E, se houver falta de professores, num primeiro momento oficiais da reserva das forças armadas e das polícias militares e civis serão convocados para substituí-los. Antes uma educação com base na moral, que uma educação com viés político…

E a vida segue no país dos bananas…


Será que meu cenário fictício é muito descolado de uma provável realidade?
Não há dúvida que o discurso de ódio gera, apenas, mais ódio.

Uma amiga disse, sabiamente, que sequer temos maturidade para usar setas ao realizarmos conversões ou mudarmos de faixa de rolagem no trânsito; estaríamos mesmo aptos a portar armas de fogo?
Há muita correlação entre trânsito e armas para os que defendem o armamentismo.
Mas pra mim a estória que “carro também mata” é rebatida facilmente com “arma só serve para matar”. Não se pode explicar uma decisão ruim com opções contrárias igualmente ruins. É um círculo vicioso e perigoso de irracionalidade.

A mesma amiga, em tom sarcástico, vaticinou que somos como dinossauros votando no meteoro, ao votarmos em Jair Bolsonaro. :))
Não há expectativa de melhora real, em campo algum.
Pior pra mim é quando vejo mulheres e outras minorias defendendo o candidato.
Será mesmo que tudo o que ele disse no passado foi efeito de ações mal pensadas e/ou reflexo de uma personagem?

Talvez a Sociedade Brasileira precise mesmo passar por um governo mais a direita, para vislumbrar a realidade da desigualdade social que vive. E descobrir, a duras penas, que meritocracia sem igualdade de condições de partida é utopia.
Não falo em Social Democracia, bandeira do PSDB e de outros que, na realidade, estão mais ao centro. Falo em Novo e no discurso de renovação real.
No entanto, migrar para uma ditadura conservadora, ou mesmo religiosa, dependendo dos apoios conseguidos da grande “bancada da Biblia” no Congresso, é algo que definitivamente não precisamos, nem merecemos.

por Celsão irônico

figura retirada daqui

 

Parto de homem

Posted: March 28, 2018 in Comportamento, Outros
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Se existe um momento mágico em nossa vã existência, um momento que aproxima o terreno do divino, algo que nem o mais profícuo dos poetas consiga relatar precisamente… esse “momento”, esse “algo” para mim é um parto.
O nascer. Essa chegada de um ser e os seus primeiros momentos. A áurea que cerca a família que o recebe é indescritível.

Compartilho um texto repleto do “sentir” de um pai.
Não parimos, ainda ou infelizmente.
Mas muitos de nós compartilhamos dos medos, anseios, dor e agruras do período. Não menor é o número dos que sofrem sem dizer palavra; capricho da natureza, característica ou formação relegada aos “sentimentos”. Coisa difícil de curar…

Que esse machismo bobo, muitas vezes pensado como inerente ou intrínseco do homem, desapareça e dê lugar a experiências como a descrita abaixo.
Nós seres humanos e o mundo certamente ganharíamos.

O texto foi publicado aqui. De onde também usei a imagem…

João Valadares não sabia nada sobre partos. Até a sua mulher, Cecília, engravidar e decidir que queria um parto em casa. Nesse relato de tirar o fôlego, João narra o que viu, o que sentiu e como foi trazer ao mundo o filho Francisco.

“Parto de homem. É sobre isso que quero falar. E é para eles que escrevo. Então vou começar do começo. Ela estava no avião, foi ao banheiro e me telefonou: ‘estou grávida‘. Não teve tempo de falar mais nada. As portas já estavam em automático. Desligou. Fui buscá-la no aeroporto e, no caminho para o laboratório mais perto, completou a frase interrompida pela aeromoça: ‘quero ter o nosso filho em casa‘. A cabeça dura-sertão do macho pernambucano, dos miolos encaretados pelo sol, desinformado e suposto senhor das ações, travou. ‘Em casa? Você é maluca?‘. Ela não falou mais nada. Nem eu. Segui calado, com aquela angústia-catapora, que faz tudo coçar por dentro.

No outro dia, comecei a pesquisar sobre nascer em casa. Em apenas um dia, li muito. Um turbilhão gigantesco de informações. No outro dia, li mais ainda. E assim seguiu. Fui a todos os encontros e consultas. Ouvi depoimentos lindos sobre o nascimento. Escutei também um relato de uma mulher decepcionada, pessimamente atendida num hospital público de Brasília porque apenas queria que o filho nascesse na hora que ele quisesse nascer. Ouvi muito mais. Com três meses de gestação, não tinha absolutamente mais nenhuma dúvida. Meu filho nasceria aqui, no seu quarto, com o cheiro da nossa casa, num ambiente afetuosamente preparado para tentar parecer o escurinho quente da morada onde viveu por nove meses. E assim aconteceu.

Mulher foi feita para parir. Homem não. Mas homem também foi feito para sentir. E o parto em casa me proporcionou isso. Eu pari junto. Eu eu Cecilia viramos um só dentro da água. É sobre isso que quero falar. Sou um homem que senti o corpo da minha mulher tremer a cada contração. Sou um homem que senti os músculos da minha mulher esticar e relaxar numa dança perfeita. Sou um homem que emprestei meu corpo para minha mulher beliscar e aliviar a dor do nascimento. Choramos muito. Ela de dor. Eu de outro tipo de dor. Parimos.

É isso. Eu não estava num baby-lounge, longe do meu filho, olhando tudo por uma televisão. Também não estava separado por um pano verde, impossibilitado de perceber o olhar do meu filho na primeira vez que viu o mundo. Eu estava ali, do lado, sentindo e vendo a natureza no seu estágio mais verdadeiro. Vendo minha mulher virar um bicho, gritando e se contorcendo para proporcionar ao nosso filho uma chegada sem nenhum tipo de intervenção. Uma chegada sem luz forte no rosto, sem mãos estranhas, sem aquela higienização terrorista de manual, sem a impessoalidade de um quarto frio com objetos que não são nossos, que não foram colocados por nós.

Desajeitado que sou, descobri que sei fazer massagem. Ah como foi bom perceber o alívio imediato quando apertava as costas de Cecília e ela mudava de som. Fiz isso por duas horas seguidas. Na verdade, posso dizer que era uma espécie de automassagem. Quando percebia que, de alguma maneira, era ator ativo do parto da minha mulher, do nosso parto, descobri que era mais do que pai. Muito mais.

Não escrevo para encorajar mulheres. Escrevo para encorajar os homens. Se puderem, passem por isso. A experiência mais incrível de toda minha vida. Francisco demorou cinco horas para nascer. Não houve nenhum tipo de intervenção. Ninguém sequer tocou em Cecília. Ele nasceu quando queria nascer. Passou dez minutos com a cabeça dentro da água. Ninguém o puxou. A natureza o empurrou quando achava que deveria empurrar. E ele saiu direto para os nossos braços. Ficamos ali por uns 20 minutos acarinhando o nosso filhote, tentando ainda entender como uma pessoa sai de dentro de outra. E foi lindo. Esperamos a placenta sair, cortamos o cordão umbilical e pronto. Cecilia se levantou, eu me levantei e fomos conversar na cama. Ficamos ali por horas, olhando o nosso filho. O melhor: na nossa casa.”

 

Tive a sorte de poder participar do parto de meus dois filhos.
Para gozar de uma licença maior, no segundo, fiz um curso de paternidade ativa ou “pai presente”. Foi lá que encontrei esse esplêndido depoimento.

Ambos os meus filhos escolheram o dia de nascer. Pude cortar os cordões após “murcharem”. Ficamos com eles o tempo todo em nosso “alojamento compartilhado” no curto período hospitalar.
Não quero criticar outras escolhas ou processos.
Apenas compartilhar… e agradecer…

por Celsão ele mesmo

figura retirada daqui

para os que desejarem fazer o curso, gratuito, o link está aqui

Na balada

Posted: May 17, 2017 in Comportamento, Outros
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Olá Princesa.

Oi.

Você vem sempre aqui? Posso te pagar um drinque?

(…) E agora? (disse após algum tempo, fazendo uma interjeição desesperada)

E agora o quê?

Poderia ter sido rápida e responder com o risinho inocente que você estava esperando, ou começar a enrolar o meu cabelo enquanto te olhava de cima a baixo, demonstrando que ainda o avaliava. Ou ainda virar a cabeça, fingindo e sua inexistência. Perdi o tempo dessas reações conhecidas e não sei como lhe tratar nesse momento.

Nossa!

Nossa o quê? Não esperava frases coordenadas? Nem raciocínio rápido? Ou simplesmente não queria?

Fiquei surpreso…

Surpreso pelas minhas palavras, pela reação inesperada ou por encontrar uma mulher inteligente e capaz de usar palavras que você não conhece? (…) Eu bem que disse à Vanessa que queria ter ficado em casa.

É esse o problema?

Problema? Entre nós é você que está com problemas. Decidiu vir pra cá querendo uma diversão fácil, uma traiçãozinha inocente. E não sabe como lidar. Sequer tem coragem de arranjar uma desculpa e sair.

(Silêncio)

Alô? Falei rápido ou complicado demais?

Estou apaixonado…

Ah, entendi. Você é daqueles que “piram” num desafio e encontrou em mim algo inédito.

Onde está a Vanessa?

Deve estar beijando a terceira boca. Por quê?

Ela está se divertindo mais que você. Ela é que é esperta…

Ela simplesmente consegue “desligar” os problemas pelo tempo necessário de se divertir e entrar num Mundo de Alice. Do Facebook. Todos são felizes. Ou só o hoje interessa. Passei dessa fase. E… não posso deixar de comentar o “esperta” na sua colocação; eu não sei se foi preconceito ou rótulo.

Como assim?

Você está rotulando uma pessoa que nem conhece como fútil, fácil, burra. Deve aprender que beijar três bocas numa noite não a faz vagabunda. Você faria isso. Se pudesse e fosse mais que um rosto bonito numa roupa de marca.

Estou impressionado. Você é a mulher dos meus sonhos.

Acorda cara! Você não está preparada para uma mulher. Você quer uma menininha que te obedeça…

(Novo silêncio)

Sua mãe não me suportaria, pois eu leria os dramas artificiais dela para com você e talvez outros detalhes da sua família, imperceptíveis pra você, pro seu pai. Seus amigos fúteis não falariam comigo por medo e eu não conseguiria conversar com as namoradas deles. Você ia achar desculpas para sair sozinho com os amigos, mas não permitiria que eu fizesse o mesmo.

O que eu devo fazer agora pra te agradar?

Criar uma segunda impressão melhor que a péssima primeira, quer seja por citar um livro que eu li, de um autor que gosto, quer por fazer um comentário inteligente retirado de um filme premiado, ou ainda por me fazer rir.

Você sempre trata os homens dessa maneira?

As vezes. Os que “se acham” perfeitos ou acima dos outros, os preconceituosos, os indelicados, os grosseiros, sempre. Me interesso também pela reação dos demais…

Você sabe de tudo?

Não. Mas já sei que você conta na roda de amigos sobre suas conquistas, julga as mulheres pela roupa e pelo tanto que bebem.

Eu não sou machista.

Sob a própria ótica, nenhum homem é. A verdade é que poucos se assumem.

Estamos conversando demais. Poderíamos estar ocupados noutra atividade. Que tal um beijo?

De que planeta você veio? Acha mesmo que vou te beijar?

Acho!

Ao menos autoconfiança você tem…

 

 

por Celsão “contista”

figura retirada daqui. O site apresenta uma das muitas pesquisas sobre machismo.

P.S.: lembrem que o machismo mata muitas mulheres, todos os dias. Assédio, cantadas ofensivas, toques desnecessários dificilmente são bem vindos, sobretudo entre desconhecidos. Homens, por mais piegas que seja, pensem nas mulheres como suas mães, irmãs e filhas. Respeito! 

estuproÉ triste e é revoltante.
Talvez devêssemos usar a palavra “inaceitável”…

Estupro é um ato grotesto, desumano. Causa indignação e extrema revolta.
É ultrajante! Aqui coloco não só o ato de estuprar alguém, mas incluo o machismo que “se multiplica” em ações imorais deste quilate.

Falamos bastante sobre o machismo do brasileiro, sobretudo do homem, nestes últimos seis meses (exemplos aqui e aqui).
Mas o novo caso, da jovem carioca de dezesseis anos possivelmente estuprada por mais de trinta homens, me choca novamente (e repetidamente), pela “dualidade” do julgamento dos homens!

Me entristecem uma vez mais o “ela mereceu”, “o que ela estava fazendo lá?”, “ela também não é santa”…
O que nós homens precisamos entender é que, mesmo que uma mulher se apresente nua na porta de seu apartamento, não há salvo-conduto para uma relação sexual; sobretudo sem consentimento! Um não dito por ela em qualquer momento da “aproximação” ou “galanteio”, caracteriza um crime. E um crime grave!

Não há motivos suficientes para afirmar o “merecimento” da vítima.
Mesmo que ela tenha participado de orgias em outras ocasiões. Mesmo que use com frequência entorpecentes. Mesmo que tenha comportamento sexual caracterizado como “de alto risco”… Nada pra mim explica o que fizeram os agressores e muito menos transfere a culpa para a menor! Nada!
Culpar a erotização precoce, a televisão, o ambiente “pernicioso” e violento de comunidades e favelas, uma péssima estrutura familiar, eventuais insinuações da moça, a música funk… é como buscar outro culpado que não o que escolheu, por livre-arbítrio (ou distúrbio mental), agir, tomar a atitude de estuprar.

1 a 1 a a a a pesq causas de estuproUsando palavras de um amigo, durante discussão acalorada sobre o tema: “Uma mulher deveria poder ficar bêbada ou drogada em qualquer lugar, sem correr o risco de ser estuprada”
Utópico?
Talvez nos morros cariocas no dia de hoje. Talvez em todo o território nacional. Talvez em países subdesenvolvidos e machistas (não necessariamente correlacionados).
Mas não é normal. Ou melhor, não é sadio se queremos e pregamos um mundo igualitário e civilizado.

Algumas estatísticas chocantes para finalizar.
– Uma mulher é estuprada a cada 11 minutos no Brasil
– Em São Paulo, estado considerado “mais evoluido”, um estupro ocorre a cada 40 minutos. Totalizando lastimáveis e espantosos 35 estupros por dia!
– Estima-se que somente 10% dos casos sejam denunciados. Em números de 2013, do IPEA, o número é de 527 mil tentativas ou casos de estupro. (fonte aqui)

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e daqui.

P.S.: relutei em citar exemplos lamentáveis e machistas sobre o caso. Mas como é de um “famoso”, segue link dos comentários do cantor Lobão (aqui), que acredita que mulheres devem ficar em casa ao invés de “rebolar a bunda”.

P.S.2: adendo importante, vindo de um comentário no Facebook: “Só tenho uma consideração: o ato sexual só é consensual quando há aceitação explícita de ambas as partes. Não é apenas com um ‘não’ que se caracteriza a recusa, a ausência de consentimento não pode ser considerada um ‘sim’. Pois em ocasiões onde a mulher se encontra muito dopada, ou até mesmo apagada, ela não tem condições de pronunciar seu desejo”

IMG-20160308-WA0035Todos os anos fico “preso” entre a pieguice das mensagens vazias e da lembrança única e a importância histórica da data na luta das mulheres contra o machismo e a desigualdade.
Busquei no histórico dos outros “Marços” desse blog e, como não encontrei menções ou homenagens à data, resolvi fazer essa menção nesse ano de 2016; mesmo que tardiamente.

Mesmo que tenhamos reiteradamente abordado os temas machismo e preconceito contra as mulheres, por exemplo: aqui, aqui e aqui. Nunca é demais lembrar aos homens e à toda a sociedade o quão preconceituosos e machistas eles são.
Por exemplo, durante o dia de ontem, inúmeras foram as mensagens de cunho machista e sexista que circularam nas mídias sociais, como o WhatsApp.
E, infelizmente, não foi com o intuito de refletir sobre a realidade, mas somente para intensificar e perpetuar a discriminação, o status-quo.

O Google, que sempre prepara desenhos e filmes para ocasiões especiais, os chamados doodles, fez um video interessante sobre o desejo das mulheres de hoje (acesso aqui).
Os anseios variam de acordo com o país e poder aquisitivo, naturalmente; mas é impressionante ver que muitas apenas pedem educação ou igualdade!

IMG-20160308-WA0039Como é possível, no século 21, mais de um século após as primeiras celebrações e o grave incêndio na fábrica têxtil americana, seguirmos sem garantir igualdade às mulheres? (mais informações sobre a data no Wikipedia)
Por que vemos mais exemplos de maus tratos no dia-a-dia, que de êxitos de empreendedorismo feminino?
Por que foi necessário criarmos uma delegacia especial para atendimento à mulher e leis como a Maria da Penha, contra a violência doméstica?
E por que nós homens usamos, no dia delas, frases do tipo: “Os outros 364 dias são nossos”?

As mulheres são o motor do Mundo. Só elas são capazes de planejar o todo e atentar aos detalhes. Só elas são realmente “multi-tarefas” e conseguem dar conta de lares e carreiras. Só pra não me alongar demais…

Que sejamos não só piegas em homenagens e romantismo para com as mulheres de nossas vidas…
Que lutemos com elas contra o peso do machismo e do sexismo do dia-a-dia!
Quer um exemplo simples do que fazer? Pare de compartilhar videos e fotos “roubados” ou “vazados”! Sobretudo aqueles que acompanham pedidos desesperados das próprias mulheres, para que não os divulguemos.
IMG-20160308-WA0040Nós devemos isso a elas. E não somente a elas; devemos isso a um mundo mais justo e igualitário!

por Celsão correto

figuras recebidas no WhatsApp no dia de ontem

P.S.: Para quem quiser fazer “mais”, o doodle do Google direcionava ontem para uma página de apoio à causa da igualdade para as mulheres. Além dessa campanha, podem ser encontradas outras reinvidicações e programas de apoio à mulheres de todo o mundo. É possível aderir a campanha e fazer doações, por exemplo. O acesso pode ser feito aqui. (página somente em Inglês)

 

 

Madrugada

Posted: February 14, 2016 in Outros
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frases madrugada luaO relógio marca 0:37h. E a TV mostra uma cena que conheço e remexe fundo na mente, aquele “já vi isso antes”.
O filme do Corujão 1 é antigo, certamente do final da década de 80 ou começo de 90… A programação mostra: “A Casa do Espanto I”, mas me é mais familiar que isso. Descobri pela voz do Egon: “Os Caça Fantasmas”!

Eu deveria escrever algo sobre o Carnaval.
O problema ocorrido nas apurações de São Paulo(?), só se fosse para investigar a massiva participação da Polícia Civil do caso. Nunca vi tanto policial civil junto, nem nas greves recentes… Certamente é alguém buscando promoção própria e encontrando na briga dos dirigentes um prato cheio.
O “suposto” escândalo da passista que tirou a roupa em protesto (!) e foi expulsa do desfile? Vazio! Certamente ela queria mesmo se promover, pois carregava, segundo a notícia, um tapa-sexo com a figura da presidente.
O bom mesmo seria conseguir correlacionar o Carnaval uma vez mais com machismo, buscando aquelas declarações de homens brasileiros que afirmaram categoricamente que blocos de Carnaval não são pra “mulher direita” no mesmo ano que as mulheres pediram um Carnaval sem assédio.
Putz… melhor ainda se desse para citar o vídeo publicado pela jornalista iraniana que sofreu assédio do próprio chefe em seu país. Afinal, machismo não é exclusividade brasileira e está “intrínseco” em muitas culturas e países.
É incrível e lamentável como tem homem que não entende o “não”. E também acreditam que uma roupa curta explica atos primais…

Que bacana rever Bill Murray e Dan Aykroyd com cara de anos 80. Me lembro que assisti esse filme no cinema e que depois comprei o disco (de vinil mesmo) da trilha sonora.
Dispersei de novo com a TV. De volta ao post…

E o lance do Zika vírus e variações das transmissões do mosquito Aedes?
Importante, mas o blog não tem esse apelo de “prestar um serviço à comunidade”.
Faço o primeiro? O que a “galera” pensaria disso?
E a abordagem? Somente informação? Assusto com os casos de transmissão fora do comum, com a infeliz situação geral da saúde brasileira, a mercê de tudo, de laboratórios, a médicos mercenários e, principalmente, políticos corruptos em diferentes esferas?
Não…

Só vou entrar na internet para ver quem é a mulher de rosto conhecido, que faz o papel de Dana: Sigourney Weaver! Show. Aproveitei pra ver o ano do filme: 1984!

Os boatos sobre redução proposital de orçamento do Poder Judiciário e Polícia Federal para atrapalhar as investigações em curso também mereciam um texto!
Afinal, cortar custos é cortar em todos os lugares e é isso que está acontecendo.
Infelizmente os conchavos se mantêm e os cortes poderiam ser mais efetivos… Mas daí vou falar mal do PMDB outra vez…
Falando em boatos, recebi outra vez no whatsapp a notícia que vincula o Lulinha à Friboi. Por que as pessoas espalham antes de buscar no Google? Os celulares também possuem navegador!

Terceira promessa de ficar mais 15 minutos.
Quando peguei o computador as 22h e minha mulher perguntou o que faria, menti que era algo do trabalho para não ser cerceado.
“Por que você tem de dormir tarde todo dia?”
Mas é tanto assunto que merece ser comentado, é tanta necessidade de “botar pra fora”, que a lista de assuntos no arquivo txt cresce tanto quanto as abas não lidas e salvas no Firefox…

Mas os amigos e leitores me enviam tanta coisa legal…
Como um teste de posicionamento político assinado pelo Washington Post e BBC, classificando as pessoas além de direita/esquerda em liberal/comunitarista.
Ou vídeos do youtube com depoimentos interessantíssimos, lições a serem partilhadas, como aquele TED do Marco Piangers…

1:37h!
O filme está acabando e noto como o “Geleia” é diferente daquele que me encantava no desenho animado.

Já sei! Vou escrever um conto.
Talvez dê certo misturar tudo e não falar de nada…

por Celsão irônico

figura recebida via WhatsApp

P.S.: pra não deixar todo mundo “boiando”, os links citados sobre o Carnaval estão aqui e aqui. O assédio da jornalista iraniana aqui. O teste da BBC aqui e o vídeo do youtube aqui. Afinal, vai que não viram textos.

FacebookQuem acompanhou o caso, viveu o absurdo, o achincalhamento da exposição escancarada e desnecessária das redes sociais.
Quem estava na Lua, ou tem a sorte de só participar de grupos de WhatsApp corporativos ou construtivos e também de ter no Facebook somente pessoas que não compartilham piadas de mau gosto (ou de ter bloqueado da linha do tempo estes)… realmente é sortudo.
Resumindo bem o fato, a Fabíola traiu o marido com a desculpa de ir fazer as unhas. O marido pegou-a em flagrante com o amante, um amigo filmou e divulgou o vídeo. A partir daí, fotos, montagens, outros vídeos, piadas, tudo fazia referência aos personagens, muitas vezes deturpando o caso e expondo (principalmente) a mulher.

Minha opinião começa lamentando o machismo do brasileiro.
O amante sai sempre como herói, não importando a condição social ou estado civil.
O marido traído, quando se indigna e/ou penaliza a mulher, também é herói. É ainda mais enaltecido se abusa da violência, principalmente contra a mulher.
A leitura machista não aceita que os direitos iguais propõe-se para todas as situações, traições incluídas.
“Também, né… a mulher mereceu!” ou “Um homem de verdade não pode aceitar uma traição” ou “É feio a mulher trair” me entristecem profundamente. A mulher pode trair sim, pois tem as mesmas vontades e fraquezas dos homens. Se geralmente não as têm na mesma medida (por serem superiores, eu diria), não implica que devam permanecer castas e ingênuas ante a relacionamentos vazios ou a homens sem escrúpulos.
Chega de usar os adjetivos “vagabunda” quando é ela e “garanhão” quando é ele!

Acredito que a vergonha do flagrante seja suficiente para o exercício interno de pensar e repensar nos atos cometidos, que é bem importante. Aliás, todos os envolvidos direta e indiretamente repensam a vida e podem (devem) avaliar as amizades e a exposição que estão submetidos nas redes sociais.

Voltando rapidamente ao tema da desculpa, que diferença faz?
Uma viagem de negócios, uma visita a um parente, uma cerveja com amigos, futebol a noite com o pessoal da empresa… Tudo serve ou serviria como desculpas para uma traição, ou várias.

Agora falando sobre as redes sociais: o que leva uma pessoa a filmar já pensando em compartilhar esse material com desconhecidos?
E o que leva outros a seguir encaminhando, compartilhando uma humilhação, uma revelação, um segredo?
Creio que isso já é e será por muito tempo tema de estudos e teses de acadêmicos de Sociologia e de estudiosos do comportamento humano. Os porquês, a “nova necessidade” de compartilhar e julgar, as especializações relâmpago do Facebook…
Pra mim, numa análise rasa, primeiro vem a necessidade de fazer-se conhecido, vangloriar-se de ter obtido a informação em primeira mão, de ter vídeos eróticos da funcionária do banco X ou da empresa Y.
O que é péssimo!
Sem medo de errar, digo que carreiras foram comprometidas, famílias se desfizeram e problemas psicológicos surgiram graças a esse bullying cibernético e “anônimo” (pois todos pensam que estamos anônimos na internet). Se nós nos esquecemos dos nomes, empresas e rostos, dificilmente os vizinhos e parentes terão a mesma “sorte” e isso levará a mais provocações e mais bullying.

No site onde encontrei a foto, estavam listados alguns dos pontos-chave da Revolução Francesa. Cito dois: O respeito pela dignidade das pessoas, que estamos ignorando com esses atos anormais; Liberdade e igualdade dos cidadãos perante a lei, que esquecemos completamente com o machismo que praticamos e difundimos.

Onde será que isso vai parar? Na suspensão dos softwares de compartilhamento? Na sanção do uso do Facebook a alguns usuários adictos?

Difícil de dizer hoje.
Uma das tristes consequências foi a interrupção, temporária, mas efetiva, das discussões sobre política, sociedade, desenvolvimento da Nação, que poderiam estar ocorrendo nos mesmos meios. (sim, é o Celso utópico falando aqui novamente!)

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

P.S.: me nego a divulgar links sobre o caso citado. São acessíveis através de uma rápida busca no google, pra quem não conhece ou não ouviu sobre o assunto.

Hitler_maioria_FascismoOs episódios recentes de racismo, machismo, fascismo, ignorância, falta de educação, ausência completa de bom senso e respeito ao próximo, elevam meu grau de preocupação com o futuro do Brasil. Há uma grande parcela da sociedade brasileira que está doente, mentalmente doente. Histeria, ódio, irracionalidade, causados pela doença da estupidez.
(Quem quiser ler mais sobre a burrice e estupidez como doença, segue um artigo da filosofa Márcia Tiburi: AQUI)

O ódio que a mídia e líderes radicais de direita geram, e que muitos ajudam a disseminar (isso pode incluir você, então reflita) mesmo que de forma modesta e branda, é um trem desgovernado: depois que embalar, não é mais possível parar.

Se o pior acontecer, e este ódio se institucionalizar de vez em forma de Governo (já começou, com Cunha na presidência do Legislativo e com um Congresso extremamente conservador e repleto de radicais de direita), não chorem suas mágoas depois.

Aquele que diz ser contra o ódio, mas está sincronizado ideologicamente com quase tudo aquilo que os fascistas também defendem (contra bolsa família, contra mais médicos, querem o PT fora, acham que Dilma quebrou o país, contra cotas, a favor da redução da maioridade, contra aproximações com Cuba e Venezuela, se calam quando o Congresso mantem as doações privadas a campanhas eleitorais ou fazem uma mesma votação duas vezes em 24 horas para inverter um resultado do dia anterior, etc), é cúmplice da alavancada da insanidade.
A você, um lembrete: você não será poupado por estes fascistas quando eles tiverem o Poder ilimitado. Afinal, fascistas não irão reconhecer que você defende algumas das mesmas causas que ele; pelo contrário, ele irá somente reconhecer que você não defende algumas de suas causas, e então, irá te perseguir.

Quem também faz vista grossa, não se manifesta, tenta se manter numa falsa, e/ou hipócrita, e/ou covarde neutralidade (em cima do muro), não deve se enganar, pois também não será digno de misericórdia.
Além disso, é sempre bom lembrar: o silêncio dos bons deixa com que a voz dos maus prevaleça e cresça. Portanto, você, com pinta de neutro, é conivente e cúmplice, infelizmente.

Aos fatos:

  1. Adesivos de montagem pornográfica com a Presidente Dilma sendo distribuídos para serem colados nos tanques de gasolina dos carros. Nem vou me aprofundar neste assunto, nem vou descrever detalhes do adesivo (pois todo mundo o viu, o que dispensa minha narração), pois é tão, mas tão baixo, que sinto vergonha de falar sobre isso. Quem chegou a colá-lo no carro, precisa ser internado numa clínica psiquiátrica, pois está sofrendo de sérios problemas mentais, e não é só burrice não. E não estou falando isso para ofender, ou para mostrar meu desprezo (apesar de merecido), estou falando sério, a pessoa tem sérios problemas e precisa de tratamento.
  2. Maju Coutinho, jornalista da Globo responsável pela previsão do tempo no Jornal Nacional, recebeu diversos ataques racistas e machistas na internet. Entre os comentários, estavam os seguintes: “só conseguiu emprego no JN por causa das cotas, preta macaca” e “não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta, não”, além da palavra “vagabunda”, diversas vezes. Ao que parece, a maioria dos perfis que fizeram os ataques, são perfis falsos/fakes, o que para mim, não muda em nada o ocorrido, pois a única diferença entre um perfil fake e um verdadeiro, é que o fake representa alguém covarde, incapaz de se mostrar e expor o que pensa. Para ler mais sobre os ataques, clique AQUI
  3. Deputados do DEM, PR, PSDB, que decidiram ser contra a posição de seus partidos e votaram “contra” a redução da maioridade penal, sentiram por algumas horas, pela primeira vez em suas vidas, a insanidade do ódio. Até então blindados de tais agressões, provavelmente por pertencerem a partidos conservadores, receberam em seus twiters e Facebooks uma série de ataques maliciosos, machistas e sexistas (para as deputadas mulheres), ofensas, ameaças, e tudo mais. Esses deputados se disseram horrorizados, e manifestaram entender melhor agora o que sofrem políticos progressistas.Mara Gabrilli (PSDB-SP), Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Professora Dorinha (DEM-TO) foram algumas das vítimas, escreveu o deputado Jean Wyllys. Segundo ele, as três se referiram às injúrias sexistas e às acusações de que eram “comunistas” e “vendidas ao PT”.
    Entre os que sofreram os ataques, muitos mudaram seus votos 24 horas depois (como foi o caso do deputado Celso Maldaner do PMDB, clique AQUI). A maioria nega a relação entre os ataques e a mudança do voto. Mas cá entre nós, o medo físico, e/ou o medo de perder eleitorado, certamente influenciaram a mudança de muitos deles. Também o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, longe de ser um progressista de esquerda, se posicionou contra a redução, e sofreu a ira dos fascistas, muitas vezes acompanhada de ataques racistas.
  4. Durante a comitiva da presidente Dilma nos EUA, uma repórter da Globo fez uma pergunta maliciosa, como de costume, para ser respondida por Dilma: “Senhora presidente, como lidar com a contradição de que o Brasil se vê como uma potência global, mas os EUA veem o Brasil somente como uma potência regional?”
    Obama, que percebeu a maldade da pergunta, se antecipou e disse: “Com licença, mas na parte que toca aos EUA eu preciso responder. Os EUA não veem o Brasil como uma potência regional, mas sim global. Eu poderia dar vários exemplos, mas vou lembrar somente que o Brasil é um dos países mais importantes e respeitados entre os G20, e além disso, o combate às mudanças climáticas e a diminuição da destruição do meio ambiente, só é possível tendo o Brasil como nosso líder.”
  5. E por fim, e talvez o melhor exemplo de como esse ódio fascista é completamente insano, doente e irracional. Durante a mesma visita da presidente Dilma a Obama, um jovem brasileiro, fã de Jair Bolsonaro, se infiltrou na comitiva de Dilma, e filmando começou a gritar e xingar a presidente. Vejam a notícia da Folha, onde também é possível acessar o tal vídeo (AQUI). Entre as ofensas, estavam as palavras: ladra, terrorista, assassina, comunista de merda e vagabunda.

 

por Miguelito Nervoltado

figura retirada do facebook, compartilhada por diversos perfis

skyshoe1Estava eu, buscando num desses portais na internet alguma notícia “nova” da Copa e me deparo com a notícia: “Em clima de Copa, pianista toca nua os hinos de Brasil, EUA e França”.
Pra quem não a conhece, a “pianista nua” ou “Suzy pianista” surgiu no ano passado, postando inicialmente vídeos de música clássica tocados sem mostrar o rosto e de lingerie na internet. Houve sucesso e ela “ousou” mais, passando a tocar só de calcinha e nua em algumas ocasiões.

Deu entrevistas, foi tema de documentário na emissora alemã Ruptly TV, participou de programas no Brasil, como o programa Silvio Santos e o Pânico, tocando nua no quadro do “Poderoso Castiga”…

Os argumentos que usava, como: “Protesto em nome das musicistas que sofrem num ambiente puramente masculino” e “Tiro a roupa por uma causa”, se comparando ao grupo Femen, ou mesmo, “Diferente de simplesmente mostrar meu corpo e agregar a isso coisas vulgares, estou mostrando música clássica”, não surtiram muito o efeito desejado e ela própria sucumbiu à música popular.
(no programa Silvio Santos tocou um dos temas do apresentador e no Pânico tocou Gustavo Lima)

E digo mais, num universo masculino e machista e, num país ainda mais machista, o intento deve ter gerado muito mais “dor de cabeça” que “chamadas para audições” como ela desejava. Ela própria, analisando seus progressos, poucos meses após aparecer na mídia, disse que havia interrompido as aulas de piano que dava, principalmente para homens e adolescentes, dado os pedidos para ensinar de lingerie; além disso, recebeu ligações e propostas não-relacionadas com a música…

Bem… E o que pretendo eu com esse título e essa introdução?
Perguntar a essa moça: “Precisa disso?”
Não bastava ter sentido na pele o machismo e a discriminação ao tocar nua, precisava querer aparecer na Copa e rivalizar com as chamadas “musas”? Precisava ter mais uma bunda brasileira à mostra para gringo ver?

Post_Copa_Machismo_01No mesmo tom, outras “candidatas a musa”, também aproveitam o momento e mostram o corpo em qualquer oportunidade que surge. Minha vontade é pegar as moças da foto ao lado (uma delas é a tal da Andressa Urach) e “ensinar bons modos”, como nossas avós fariam. Na base da vara de marmelo, se fosse preciso!

A Copa está acontecendo sem maiores problemas, torcedores estrangeiros vieram e estão elogiando a organização e a hospitalidade (coisa que muito brasileiro duvidava que ocorreria). Estamos fazendo a nossa parte. Mas… não deveríamos perder essa excelente chance de mudar a imagem de turismo sexual e de “república da bunda”? É uma pena que, mais uma vez o machismo seja estimulado pelas mulheres…

Enfim… pode ser que me julguem machista ao tolher uma mulher da oportunidade de mostrar seu corpo.
Pode também ser visto como machismo a frase escrita acima: “ensinar bons modos”, ensinuando uma agressão.
Assumo que não “curto” quando a pianista Rita Tibes (nome verdadeiro de Suzy) expõe o Brasil nua; preferia que fosse vestida. Mas assumo também não saber o quê ela precisava fazer pra aparecer de outra forma…

Minha revolta está no fato dela (e das outras) serem brasileiras e, mesmo não representando todas as outras, passarem a imagem que a muito custo, alguns tentam mudar. Me revolta também o fato dessas coisas acontecerem nesse período, propiciando comentários maldosos e, infelizmente, com base em fatos.

por Celsão revoltado

figuras retiradas daqui e montagem feita daqui.
P.S.: pra quem quer ler uma notícia da Suzy pianista (com alguns vídeos na matéria), clique aqui

figura_SargentErotização, hipersexualismo, machismo, sexismo, racismo. Tudo isso me vêm à cabeça quando ouço o termo “Globeleza”.
Mais que um jargão ou “elogio racista” (me apropriando de um termo cunhado pela blogueira Charô Nunes), ser Globeleza é ser a “negra gostosa” para a Globo, para o deleite da classe média, que comparará os detalhes dos corpos, desta e das anteriores, ignorando tudo o que a mulher representa na sociedade e, além disso, os desafios ainda maiores que uma mulher negra enfrenta dia após dia.
A competição pra se tornar uma Globeleza e ter sucesso (?!?), me lembra o Sargentelli apresentando suas mulatas na década de 80 e 90: sentado como um senhor de escravos a negociar sua mercadoria. (pra quem não lembra, achei um vídeo do programa do Clodovil)

Quando ouço comentários em corredores e ambientes públicos, a lá Michel Teló, sinto vergonha e lamento pela mulher vítima daquela ofensa, evito ser complacente a esta cultura machista enraizada, pois entendo (ao menos tento entender) a fragilidade e impotência femininas frente aos costumes e regras vigentes na sociedade e encarados como “normais” por quase todos.
Já que citei a internacionalmente famosa música “Ai se eu te pego!”; ela, alguns filmes e até mesmo o Carnaval, atrapalham bastante o intuito de desvencilhar o hipersexualismo explorado nas mulheres negras. E é triste constatar que,muitos dos que sofrem tais preconceitos (seja na própria, ou na pele de uma companheira, filha, parente), são também felizes consumidores dessa cultura… Quando é pra eles é bom; quando é contra eles, é ruim. O que mostra uma profunda incoerência, ou até mesmo, hipocrisia.

Sou completamente a favor do “Brasil menos Globeleza” apregoado no blog Soul Negra.
Proponho refletirmos, homens e mulheres, nas pequenas atitudes machistas e racistas que temos no dia-a-dia; em palavras como “denegrir”, expressões como “ovelha negra” e “cor do pecado”, comentários sobre roupas e cabelos.
Falando especificamente aos homens agora, proponho também que nossos comentários não sejam feitos na frente de mulheres, expondo-as ainda mais a este machismo degenerativo; ou que sejam substituídos. Por exemplo, ao invés de:
– Tem coragem, fulano?
– Não tenho é sorte, beltrano!
Que usemos:
– Tem coragem, fulano?
– Ela é bonita, mas porque falar sobre ela na frente dela?

Dessa forma, ofensas e comportamentos impróprios não se propagam.

Que as mulheres sejam cultuadas e homenageadas não só no dia ou no mês dedicado a elas, mas todos os dias e todos os meses, mas sem excessos, sem machismo.

por Celsão correto

figura montagem feita daqui

P.S.: artigo publicado também no blog Soul Negra, que aborda temas relacionados à cultura, moda e beleza Negra. Clique AQUI