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parto_normal_cartaz_03O título pode parecer exagerado ou sensacionalista, mas não creio que haja termo melhor para exemplificar a situação atual dos partos no Brasil.

É uma constatação. A UNICEF fez esse alerta há algum tempo. A taxa já era a mais alta do mundo em 2011: 44% (três vezes mais alta que a indicação da OMS, que varia entre 10 e 15%). Alguns estudos (como esse), apontam uma assustadora maioria de partos cesária no país, mesmo no SUS.

Não enumerarei todas as vantagens de um parto normal ou natural em relação a cirurgia que é um parto cesárea. Mas o próprio estudo apontado acima mostra maiores taxas de mortalidade de mães e bebês quando a cirurgia é escolhida; além de maiores incidências de problemas pós-parto, dada a precocidade com que o feto muitas vezes é retirado.

O que acontece na prática são cesáreas de segunda-feira (para que o pai emende a semana em casa) e nas vésperas de feriados (afinal, a equipe médica tem direito a viajar!), independente da condição do bebê. A gravidez humana normal dura entre 38 e 42 semanas, mas a contagem do tempo não é da mais precisa, pois considera a data da última menstruação.

Ou seja, marcar uma cirurgia cesariana com 38 semanas ou mesmo 39 é ao meu ver arriscar a saúde da criança, já que a idade gestacional pode ser menor.

Por que então existem tantos partos cesáreas no país?

Ponto 1: os planos de saúde pagam muito pouco por parto para os médicos, não importando se normal ou cesariana. Diz-se R$300. Oras, é muito mais cômodo pro médico e pra equipe uma cirurgia (ou várias) de duas horas ao invés de permanecer no hospital por doze horas (em média) acompanhando o trabalho de parto, pelos poucos trezentos reais.

Ponto 2: Os médicos criam desculpas para “forçar” uma cesárea, quando a mãe tem a opção clara do parto normal. Bebê grande, sofrimento do feto, placenta velha, falta de dilatação são apenas alguns dos argumentos usados por eles.

Ponto 3: Os hospitais tampouco querem ter partos normais, pois isso representa salas de parto ocupadas por mais tempo e tempo mais curto de acomodação de mãe e bebê.

O resultado? Quem realmente quer um parto normal precisa pagar pelo serviço; são poucos os profissionais e os hospitais ou casas de parto que permitem o “absurdo” de um nascimento natural. Mas nem tudo está perdido, pois ONGs como a GAMA e a GAPP tentam reverter esse quadro através de informação, palestras e cursos.

por Celsão revoltado

P.S.: Respeito aquelas mães que optam conscientemente pela cirurgia, por razões das mais diversas. Mas não acho correto que médicos e equipe mintam e escolham datas convenientes para que os bebês venham ao mundo.

figura retirada daqui

post_medicosTudo começou com a notícia da “importação” de médicos cubanos.

O Conselho Federal de Medicina foi contra, pois afinal, temos profissionais muito mais qualificados e prontos para exercer a profissão, é o governo que não dá oportunidade.

A mídia e a burguesia foram contra. Ignorando fatos conhecidos, como a qualidade da saúde em Cuba, a experiência desses médicos, sobretudo em áreas pobres e em doenças dessas áreas e a recusa dos nossos médicos em atender os pontos longíncuos do país.

Não vou isentar o governo do descaso geral com a Saúde Pública. A falta de recursos, leitos, material humano torna desafiador e trágico o dia-a-dia dos profissionais da saúde na maioria dos confins dessa Nação. Mas houve ação e coragem na idéia. Temos um baixíssimo contingente de médicos estrangeiros e dificuldades em preencher vagas nas regiões Norte e Centro-Oeste, mesmo com salários, comparativamente, mais altos.

Daí vieram os protestos. Médicos e outros profissionais foram as ruas nas principais cidades para criticar a vinda de médicos Cubanos e reinvindicar “melhores condições” de trabalho. Justo o protesto e algumas exigências como teste de validação de Diploma e proficiência em Português, na minha opinião. Injusto pedir auxílio moradia, melhores salários e planos de carreira para irem, por exemplo, para o Tocantins ou o Acre. Parece-me que eles querem “expatriações” dentro do próprio país…

Agora surgiu mais um ponto nesse conto: houve aumento na carga horária dos cursos de medicina; os futuros profissionais deverão trabalhar dois anos no SUS, vinculados à Universidade, recebendo bolsa e ajudas de custo em caso de deslocamento. O anúncio foi feito no lançamento do programa “Mais Médicos para o Brasil” e já gerou críticas de todos os lados. Dizem que agora nossos cursos serão os mais longos do mundo, apontaram como retrocesso e trabalho forçado a medida, e como um impedimento ao desenvolvimento profissional ou especialização.

Bem ou mal, algo está sendo feito. E, cá pra nós… Salários de R$10 mil para atuação nas periferias, a “importação” de profissionais somente em caso de vagas remanescentes e agora da Espanha e Portugal (Cuba deu o que falar), está muito além do que os demais profissionais do nosso país têm.*

O que me faz perguntar: o que afinal os médicos querem?

por Celsão correto

* exceção feita aos políticos e juízes. Mas não entremos em assuntos mais complicados nesse post.

figura proveniente de montagem. Original retirada daqui