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jesus-rosto-realTodo o alvoroço de fim de ano, agregado a alguns prazeres que o dinheiro pode comprar, coisas fúteis e exageradas em qualquer cultura, me fizeram pensar na razão disso tudo.
E então vieram as mensagens de final de ano via whatsapp… e um amigo me lembrou que Jesus era de esquerda.

É inacreditável o quanto se consome, se gasta, se desperdiça, nas duas principais datas do cristianismo: Natal e Páscoa. Coincidentemente, ambas têm relação com o mais famoso dentre os cristãos: Jesus Cristo.

“Se o aniversário é de Jesus, por que você quer presente?” – dizia uma piadinha em meu celular – enquanto eu me perguntava quantos realmente sabiam que era aniversário “dele”, e quantos, mesmo sabendo, se importavam com o fato.
Percebo, infelizmente, que aquele “espírito natalino”, que nos toma e nos acomete de bondade, caridade e boas ações para com o próximo, está um tanto raro. E, num desperdício de “all inclusive”, imagino quantas famílias seriam abastecidas pelo que se consome aqui; e por quanto tempo…

Todo aquele que teve educação cristã, mesmo não sendo um católico ou protestante praticante, sabe que Jesus pregava a igualdade. Condenava a usura, a desigualdade e a exploração do homem por si próprio.
Mesmo que não acredite em toda essa “inclinação política”, sabe também que Jesus pregava contra o domínio irrestrito dos romanos e da elite judaica do seu tempo em Israel. E… andar, sentar-se a mesa com “impuros”, quer sejam eles mendigos, prostitutas e leprosos, era uma afronta às classes dominantes (e por que não dizer), ao imperialismo da época.

Numa das passagens mais famosas da Bíblia, Jesus, criticando o comércio exploratório nas portas do templo de Jerusalém, durante a Páscoa, quebra as barracas e condena aquela exploração; até os historiadores que pesquisam o “Juses real” (link no final do post), acreditam que essa arruaça existiu mesmo e foi causada por um judeu pobre, provavelmente descontente com a desigualdade social e o excesso de tributos.

Citando parte de um texto do comediante Gregório Duvivier (aqui), que escreveu como Jesus em primeira pessoa, fazendo crítica direta ao pastor evangélico Silas Malafaia, como outro exemplo do Jesus-esquerda:

(…) eu sou de esquerda. Tem uma hora do livro [Bíblia] em que isso fica bastante claro (atenção: SPOILER), quando um jovem rico quer ser meu amigo. Digo que, para se juntar a mim, ele tem que doar tudo para os pobres. “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus”.

(…) Sou mais socialista que Marx, Engels e Bakunin — esse bando de esquerda-caviar. Sou da esquerda-roots, esquerda-pé-no-chão, esquerda-mujica. Distribuo pão e multiplico peixe -só depois é que ensino a pescar.
Mesmo para os que não acreditam, em Deus, Jesus, na “Força” do Star Wars ou em qualquer entidade-pai à qual atribuimos as coisas que não explicamos… Fazer o bem, repartir, compartilhar é esquerda!
E é disso que precisamos para o futuro. É isso que desejo para o ano vindouro: mais esquerda para o mundo!
Se essa “revolução da esquerda” virá através da Alemanha revogando a “devolução” dos refugiados que entraram na Europa nesse 2016, na erradicação da fome, na devolução das terras palestinas ocupadas por assentamentos de Israel, através de mais empregos com salários justos, da doação de fortunas de bilionários, de melhores condições sociais nos países em desenvolvimento, de campanhas de melhoria no saneamento básico, proporcionando melhor saúde para populações carentes, ou, simplesmente de nós próprios, ajudando àqueles que precisam e estão bem próximos… não sei.
Sei que o ser humano, como tal, precisa evoluir. Darwin, na contramão da espiritualidade e da religião, provou que há evolução e ela é constante.
E EVOLUIR, ou ser melhor, na minha opinião, não é possuir mais, comprar mais, mostrar ao outro o que fez e faz…
É, sim, SER mais, no sentido puro, de evolução pessoal, principalmente evolução moral e intelectual. Sem descartar possíveis evoluções espiritual, física e material, que não impedem nem atrapalham necessariamente as citadas primeiramente.

Estou há dias encucado com essa filosofia cristã-consumista-cara-de-pau que temos adotado e atormentado com maneiras de irromper isso em palavras.
Ei-las aqui.

Que os ensinamentos cristãos do primeiro esquerdopata, Yeshua de Nazaré, ou que a evolução de Darwin nos guiem para um 2017 de ensinamentos, evolução e consequentes realizações.

por Celsão correto

figura retirada daqui. É a foto aproximada do Jesus real. Sem o romantismo Europeu que o transformou num ser bonito e mais aceitável…

P.S.: quem quiser disfrutar de duas leituras sobre o tema Jesus e sua real existência, a revista Super Interessante escreveu em 2003 e 2013 dois artigos aqui e aqui.  Outro texto que recomendo, principalmente ao que acreditam em Deus e criticam as instituições que o “amarram” a preceitos e dogmas, é o atribuido ao filósofo Espinoza, chamado “Deus segundo Espinoza” (aqui um link que apresenta ao fim uma breve biografia do autor)

P.S.2: Valeu Fabinho!

Natal_GuerraE mais uma vez o Natal se aproxima, e traz com ele a virada de ano.

O Natal é tempo de união familiar, de demonstrar nosso amor aos nossos entes queridos, de dar um abraço gostoso no melhor amigo, nos nossos pais, nossos avós e nossos filhos. Também no Natal, devido ao que ainda resta de vínculo religioso desta data com o cristianismo, lembramos de Jesus, e com isso, lembramos do amor ao próximo. É neste momento que dedicamos pensamentos positivos e orações aos pobres, aos menos favorecidos, aos que sofrem de enfermidades, aos cidadãos de países em guerra.

O Réveillon carrega a esperança do novo. Novamente abraçamos com muito afeto os nossos entes e amigos mais queridos, nos emocionamos, agradecemos pelos maravilhosos momentos vividos juntos no ano que se vai, e desejamos momentos ainda mais maravilhosos para o ano que se inicia.

Aproveitamos essa data para fazermos algumas promessas, definirmos alguns objetivos, normalmente visando tornar nossa vida mais feliz, ou nos tornarmos uma pessoa melhor e/ou mais saudável e/ou mais bem sucedida.

Mas e o nosso cotidiano fora destas datas, como anda? Andamos fazendo nosso dever de casa para que o mundo seja um lugar melhor, e assim, necessite menos de nossas orações e pensamentos positivos? Afinal, o nosso voto em 2014 levou em consideração as propostas daquele político para reduzir a pobreza e a fome no Brasil, levou em consideração suas propostas a favor das minorias que mais sofrem (pobres, deficientes físicos, negros, homossexuais, mulheres, povos indígenas)?

Quantas vezes por ano cumprimentamos o mendigo que vive no nosso bairro? Com qual frequência convidamos o mesmo para tomar um café na padaria conosco? E aquele cobertor que está no armário há quatro anos sem utilização; já pensamos em descer as escadas e oferecer-lhe para o mendigo? Ou mesmo, alguma vez nos interessamos pela sua história de vida; já sentamos ao seu lado para bater um papo e ver o que ele tem a dizer?

Visitamos durante este ano alguma instituição que cuida de meninos de rua, órfãos, ou menores infratores? Será que estudamos ou buscamos nos interessar pelos principais motivos da criminalidade no Brasil, ou no mundo? Visitamos um asilo para perguntar se precisam de alguma ajuda? Fomos num abrigo de refugiados da Síria e Afeganistão para saber como podemos ser úteis e conhecer a forma como estas pessoas estão sendo tratadas?

Quantas vezes nos interessamos, enquanto brancos, em nos colocar no lugar do negro e entender sua dor; ou como hetero, no lugar do homossexual ou transexual; ou como homem, no lugar da mulher; ou como negro, no lugar do índio?

Quantas horas de nosso tempo dedicamos este ano a buscar informação de qualidade, para não nos deixarmos ser manipulados por grandes grupos de monopólio da mídia? Quantas vezes engolimos nosso orgulho, neste ano, quando um amigo, ou professor, ou parente, bem informado e preocupado com as questões do mundo, chegou até nós para nos alertar sobre nossa opinião equivocada sobre algo?

Quantas vezes nos preocupamos se aquilo que escrevemos, falamos, defendemos, argumentamos, realmente são ideias que visam promover um mundo mais justo e ético? Quantas vezes, ao invés de emitirmos rapidamente nossa opinião, não nos sentamos e ouvimos o que o outro tem a falar, e refletimos sobre a possibilidade dele estar certo, e enxergamos uma oportunidade de evoluirmos intelectualmente e espiritualmente?

Refugiados africanos, europeus e asiáticos na Europa; o Congresso mais conservador do Brasil desde 1964, eleito PELO POVO BRASILEIRO, aprovando projetos e leis sem fim que reduzem os já poucos direitos do povo sofrido brasileiro; este mesmo Congresso, com intenções parecidas com as anteriores, caça a Presidente Dilma e busca convencer o povo brasileiro, através da mídia, que a solução para o Brasil é um impeachment, mesmo que não haja argumentos legais para tal; homossexuais continuam a ser espancados e assassinados, enquanto a popularidade de Bolsonaros e Felicianos só aumenta;

Ataques terroristas em Paris justificam o bombardeio de todo um país, com a morte de milhares de civis; este mesmo país é estratégico no controle do petróleo no Oriente Médio pelos EUA e os países aliados da OTAN, mas acreditamos que o bombardeio à Síria se deve ao atentado em Paris; na Alemanha, movimentos como o Pegida crescem e ganham popularidade.

Alguém diz estar ciente que Eduardo Cunha é um bandido e mafioso inescrupuloso, mas defende o impeachment de Dilma, liderado e encabeçado por esse mesmo Cunha;

Afeganistão, Iraque, Egito, e dezenas de outros países da Ásia e África continuam em eterno estado de guerra, com milhares de mortes semanalmente, financiados por empresários e governos de países ricos, mas nós só nos indignamos pra valer quando 100 pessoas morrem num atentado terrorista em Paris, ou nos EUA, ou em Londres.

Eu já escrevi isso anteriormente, mas assim como o Natal e Réveillon se repetem, também irei me repetir: “eu desejo para o próximo ano, que todas as pessoas ajam como se Natal e Réveillon fossem todos os dias do ano”.

por Miguelito Filosófico

figura daqui

478725-Frases-bonitas-sobre-caridade-2Falta-me inspiração. O objetivo era escrever algo relacionado ao Natal e Ano Novo.

Fiquei refletindo na cama ao deitar nos últimos dois dias: será que escrevo um conto, ou poema, ou uma crônica, ou dissertação? Será que escrevo algo crítico, como de costume, ou algo mais leve, para combinar com os anseios das pessoas nessa época? As ideias críticas que me vieram, pareciam muito clichês, os mesmos ataques de sempre ao consumismo, ou o porquê do Papai Noel se vestir de vermelho, etc. As ideias brandas, porém, me pareceram igualmente clichês e bregas.

Da minha cabeça não sai uma coisa: meu trabalho.
Vésperas de tirar férias longas, demanda-se deixar tudo organizado para que a firma não tenha dificuldades sem você. Os colegas, por saberem que estará ausente, passam a lhe pedir, de uma vez só, tudo que lhe pediriam ao longo dos próximos 30 dias.
Assim, a demanda profissional mais que dobra.

Em paralelo, há os preparativos para as festas. Sim, não teve como, terei que cair no consumismo.
Sentimos obrigação de presentearmos as pessoas que amamos. Não basta um abraço afetuoso, um sorriso, um olhar sincero, nem a palavra bem escolhida. 99,9% dos seres humanos (ao menos dos que celebram Natal) esperam ganhar um ou mais presentes nesta época. Casais, pais, filhos, bons amigos, amigos ocultos, afilhados, etc, sempre esperam algo, e se não ganham, ficam frustrados.
Então, depois de sair do serviço já as 19h, o roteiro de vários dias do mês de dezembro é: shopping, lojas, ou então, ir para casa para pesquisar preços na internet.

No meu caso, tenho o adendo de minha viagem ao Brasil que se aproxima, o que também exige muitos preparativos. Além de minhas próprias tarefas, também começam a surgir as encomendas: pode trazer isso para mim, aquilo, é baratinho, é pequeno, é fácil de achar… e nessas dezenas de coisinhas pequenas e fáceis de achar, lá se vão horas e horas dos meus dias, e minha única mala de 23kg (limite da companhia aérea) vai ficando cheia, de coisas para os outros, e faltando espaço para minha calça jeans.

Então, neste contexto, escrevendo aqui só para ver o que saía, me veio a brilhante reflexão: será que é só a mim que falta inspiração, ou será que a muitos, talvez, a maioria? Será que nossas expectativas e preparações para estas celebrações, acabam nos causando tanto estresse e desgaste, que talvez seria melhor nem as termos?
Pensando por esse lado do estresse, parece que minha afirmação é razoável.

Mas, inegavelmente, Natal e Ano Novo, apesar dos pesares, são datas que, quando chegam, enchem nossas casas de alegria. É a hora de estarmos com a família e pessoas amadas.
No Natal, muitas pessoas por todo o planeta se reúnem em mutirões para arrecadarem presentes, vestuários, comida, para em seguida, doá-los àqueles que menos possuem. Nas orações, ou envios de bons pensamentos, pessoas se lembram de desejarem aos desafortunados mais sorte, mais alegrias.
No Ano Novo, é hora de darmos três pulinhos e fazermos trocentas promessas, todas elas positivas. Mesmo que não as cumpramos, pelo menos, lembramos daquilo onde temos que melhorar.

Ideal seria termos os sentimentos do Natal com as metas do Ano Novo, durante os 365 dias do ano, e preferencialmente, sem o estresse que os antecede… hahaha
Mas isso é uma utopia, diria alguém, como se a utopia fosse algo ingênuo, bobo, ruim.
Eu então lembraria Eduardo Galeano, que nos diz didaticamente que: a utopia é como o horizonte, se damos dez passos em sua direção, ela se afasta dez passos. Sempre estaremos infinitamente distante dela. Então, para que serve a utopia? Ora, para que possamos caminhar, em frente.

A minha utopia de fim de ano, então, é simples: que cada vez mais, os presentes materiais sejam menos importantes, e que os abraços, olhares e palavras, sejam mais valorizados. Que cada vez mais, precisemos orar menos pelo próximo, o que significaria que a maioria das pessoas têm uma vida boa. Que cada vez mais, mais pessoas entendam que a caridade só é necessária, pois o mundo é repleto de injustiças e desigualdades, e que boa parte destas são causadas pelas nossas formas de pensar, de agir, e de fazer política, e que portanto, nós que praticamos caridade, somos muitas vezes, os próprios causadores da necessidade da caridade.
Que cada vez mais, o ser humano respeite o próximo em sua plenitude de Ser, com suas diferenças, um respeito íntegro e completo, sem hipocrisias, entendendo e aceitando que todos, independentemente da cultura, religião, cor de pele, crenças, gênero, estatura, peso, preferência sexual, nacionalidade, devem ter os mesmos direitos civis, e serem respeitados em sua plenitude. Que cada dia mais, mais pessoas entendam que a liberdade é uma benção, mas que ela tem limite, e que nossa liberdade acaba onde começa a do outro. Que cada dia mais, as pessoas entendam que sim, elas têm o direito de emitir opiniões, mas que suas opiniões geram impactos ao seu redor, causando sofrimento, e que portanto, é preciso termos noção, não só de nossos direitos, mas também de nossas responsabilidades e deveres.

Feliz Natal, com muito amor e paz. E um Ano Novo de mais sabedoria, mais empatia, mais respeito, mais interesse, mais leveza, e principalmente, mais amor a todos. Esses são meu votos. Ou seriam, minhas utopias? 🙂

por Miguelito Formador

figura retirada daqui