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Ciro-Gomes-de-anel-560x250Estamos em ano eleitoral. E uma coisa pessimamente lamentável de nosso processo político são as acusações entre candidatos.
Ao invés de discutir-se planos de governo, metas da economia, programas de desenvolvimento; falhas do passado são escancaradas (do próprio candidato, de seu partido, de aliados); com o intuito de minar a confiança do povo naquela legenda.
Os debates entre candidatos na TV, quando contam com a presença daquele que lidera as pesquisas, também têm seu foco nas acusações mútuas e percebemos que os proponentes fogem às perguntas.

A seguir, compartilho um texto excelente do Ciro Gomes, político que respeito, sobre os recentes escândalos explorados na mídia e consequentes CPIs instauradas em ambas as casas do legislativo em Brasília; como “golpe” e “contra-golpe” aos presidenciáveis.
É triste notar que, em resposta ao escândalo metroferroviário do PSDB de São Paulo, surgiram escândalos na Petrobrás, sob a tutela da presidente Dilma, e no porto de Suape em Pernambuco, reduto do Eduardo Campos.

De modo algum sou contra as investigações e punições. Só não gostaria que o debate dos próximos meses fosse pautado por acusações, direitos de defesa e discussões vazias. Para refletir…

Moralismo a serviço da imoralidade

Na iminência do debate eleitoral, a canalhocracia se esforça para grudar em Dilma Rousseff a mancha da corrupção
por Ciro Gomes publicado 05/04/2014 05:43
 
Certa feita, fui à sala do presidente da República comunicar que iria romper com ele e com seu partido. Denunciei, entre outras razões, a corrupção sistêmica instalada em seu governo. Na data era o Ministério dos Transportes. O responsável, um quadro do PMDB, claro. A resposta me frustrou muito, mas nunca esqueci. “Ciro, um dia você vai sentar nesta cadeira”, me disse, em tom acadêmico e apontando para a cadeira presidencial. “E aí vai ver que o presidente que não contemporizou com o patrimonialismo, caiu.”

Essa memória me voltou por esses dias com muita força a propósito do esforço que a picaretagem tupiniquim faz para imputar em Dilma Rousseff a tisna da corrupção. É, sem dúvida, a agitação moralista a serviço da genuína imoralidade. Ou, em termos mais populares, são os corruptos na tentativa de arrastar para o seu universo podre uma pessoa clara e insofismavelmente decente.

Quem me acompanha sabe que não sou o maior entusiasta do atual governo. O leitor mais atento conhece minha opinião sobre o grande despudor com que o condomínio PT-PMDB – sejamos justos, partes grandes dele – se entranha nas tetas públicas. Mas não é possível calar diante do despudor com que a canalhocracia assesta suas baterias contra Dilma Rousseff na iminência do debate eleitoral.

E a resposta dos governistas mais apressados apenas provará ao povo brasileiro, especialmente aos jovens, aquilo que o preconceito generalizado afirma para gozo dos plutocratas: não há vida limpa na política brasileira. Vamos investigar também, além da roubalheira na Petrobras, a roubalheira no metrô de São Paulo e a roubalheira no porto de Sua-
pe, em Pernambuco. Teríamos assim, das duas uma: ou todos os três grupos que se preparam para disputar a Presidência da República são igualmente sujos e corruptos, ou, o mais provável, “vamos deixar disso” e arquivar tudo. Em um caso e noutro, irresponsáveis, o que os senhores estão fazendo é enterrar a jovem democracia brasileira.
(texto completo aqui)

por Celsão correto

figura retirada daqui
P.S.: notícia de abertura de CPIs: (1) Petrobrás, publicada em 02/04 e (2) “contra-golpe” do governo, publicado um dia após

ÉticaMesmo que vocês não percebam, ou insistam em não enxergar onde as diversas áreas, comportamentos, instituições, pensamentos, da vida se cruzam e tomam o mesmo caminho de mãos dadas; este cruzamento existe.
A corrupção, o individualismo, o narcisismo, a elevação do ego (egoísmo), falta de solidariedade, desrespeito à liberdade do próximo, passividade, preguiça, exploração, subjugação, a indiferença…. são todos face de uma mesma moeda, o MAL.

Se você trata seus próximos com indiferença ou frieza, não é complacente aos problemas e sofrimentos dele…. não se engane, você não é melhor que um político corrupto, ou que um juiz narcisista. Você é farinha do mesmo saco.

Não basta você achar Hitler um bárbaro. Se você chega em casa, senta no sofá para assistir ao futebol ou à novela, e ainda grita com sua esposa (seu marido) enquanto ela (ele) cozinha carinhosamente para você; ou se você briga num estádio de futebol, hostilizando pessoas por terem um gosto diferente do seu; se você briga no trânsito, fechando propositalmente outros motoristas, desrespeita pedestres, ciclistas, motoqueiros; ou se você exige daqueles que se relacionam com você, coisas que você não faz por eles; se você não reflete todas as vezes que passa por um mendigo, e se pergunta porque/como ele chegou até ali, de onde ele vem, e o que você poderia fazer para ajudá-lo; se você discute com alguém próximo, e após a discussão você fica bem e tranquilo, porém percebe que o outro está mal e com dificuldades de superar o episódio, e isso não te incomoda, pois afinal, VOCÊ está bem; significa que você é um(a) bosta! Você é mal!
E não precisa fazer todos acima, não… basta fazer qualquer um deles, ou qualquer tipo de ato semelhante aos descritos, e bingo: você agiu de forma maldosa, e o mundo se tornou um pouquinho pior, por causa de VOCÊ!

Ser bom exige ética, desenvolvimento de valores, coerência e muita, mas muita disciplina e dedicação. Exige vontade!

Assista AQUI ao vídeo do jornalista Bob Fernandes, onde ele analisa as atuais disputas e desrespeitos entre os Poderes Legislativo e Judiciário no Brasil, e como isso é um reflexo do mal da sociedade, do ser humano.
E AQUI indico um excelente artigo, o qual já indiquei anteriormente em outro post, onde o autor mostra detalhadamente que o grande mal do mundo não está em grandes atos bárbaros, mas sim na repetição diária de pequenos atos de falta de atenção.

por Miguelito Formador

figura daqui

Marina_SilvaEncontrei num desses consultórios uma revista Veja, que mostrava na capa a “importante” notícia sobre chocolates e em quadros menores o anúncio do especial de 25 anos da Constituição e o título “Eleições 2014 – A escolha de Marina”.

Como uso bastante a máxima “Conheça o teu inimigo” do livro “A Arte da Guerra”, decidi abrir a revista e ler a reportagem.

A revista mostra uma Marina emotiva (sempre aos prantos) e indecisa; talvez para desacreditá-la de uma vez como candidata. Porém, algumas coisas positivas da reportagem e do Roda Viva que vi recentemente com a ex-senadora são passíveis de análise.

Começando pelo subtítulo da matéria: “A hesitação da ex-senadora em definir a candidatura a presidente repete o conflito que marca sua carreira: manter intocáveis os seus princípios ou ceder ao pragmatismo?

Na minha opinião, a posterior (em relação a reportagem) filiação de Marina ao PSB, de Eduardo Campos, mostra uma desistência (ao menos temporária) dos princípios. Ceder, nesse caso foi desistir da brilhante campanha “quase que independente” pelo PV nas últimas eleições presidenciais. Aliar-se a um outro partido/candidato foi algo refutado pela senadora nas últimas eleições que disputou. E não foi por falta de “cantadas”, pois os quase 20 milhões de voto conquistados por Marina atraíam ambos os candidatos do segundo turno.

Essa neutralidade, que chamou a atenção de muitos brasileiros, foi por terra agora.

Daí vêm algumas frases de Marina Silva destacadas na revista, como: “Já somos partido político, sim. Se agora não temos o registro legal, temos o registro moral perante a sociedade brasileira” e “Muitos partidos se institucionalizam para depois ganhar representação social. Nós fizemos exatamente o contrário. Ganhamos representação social no país inteiro e depois buscamos a institucionalização

Aqui quero comentar que embora contra a suruba de partidos no Brasil (ver post anterior aqui), assinei eletronicamente há algum tempo um abaixo-assinado para a criação do Rede Sustentabilidade. Não sei se essa assinatura via internet contou. Sei que assinatura “no papel” não houve (ao menos de minha parte) e achei estranho a aprovação ter falhado justamente no ponto mais “fácil” do processo.

Alguns blogueiros escreveram na época que foi um plano proposital, de clamar a atenção da mídia após estar ausente das eleições de 2012, para depois unir forças ao pré-candidato Eduardo Campos. Não acredito nisso, ou melhor, não quero acreditar nisso.

Pra finalizar, uma frase estranha: “Nem direita, nem esquerda. Estamos à frente

Pra início de conversa, negar a existência da dicotomia direita-esquerda é papo da direita. Que há algum tempo foca nesse discurso para despolitizar e “emburrecer” de argumentos as campanhas, projetos e plataformas de governo.

E, cá pra nós, Marina Silva negar a clara convicção de esquerda, trazida desde a fundação do PT e das origens no Acre defendendo a floresta Amazônica é negar a si mesma! Talvez o discurso tenha mudado para atrair políticos como Heloísa Helena e Walter Feldman, que entrariam no Rede. Mas, creio que mesmo o ex-tucano aceitaria uma clara definição social e radical do partido que seria criado.

Uns podem dizer que as influências e apoios recentes de Marina, como o banco Itaú, disfarçado de “empresa responsável e sustentável” a impeçam de ser o que realmente é (ou foi).

Se por um lado, ela não fugiu de temas como corrupção, reforma política, casamento gay e black blocs durante a entrevista ao Roda Viva; por outro creio que falta nela, pra mim, algo de Plínio, Heloísa, de radicalismo (ou de PSOL) para abarcar de vez os insatisfeitos com os dois (ou três) maiores partidos que governam o país há duas décadas.

por Celsão correto

figura retirada do site oficial de Marina Silva (aqui)

link para vídeo do programa Roda Viva (aqui)

arquivoSearchNessa semana, foi aprovada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a criação de dois novos partidos políticos, e atingimos a incrível soma de trinta e duas “agremiações” políticas.

Não sou daqueles que defende uma dicotomia limitada em esquerda / direita ou conservadores / liberais; sou contra também a proposta de candidatos independentes ou desvinculados de um partido. Não é por aí. A pluralidade de ideias e ideais enriquece o diálogo e abre “frentes” diferentes de discussão de um mesmo ponto. Mas… 32 partidos é demasiado!

Se ao menos tivéssemos uma cláusula de barreira, como na Alemanha, saberíamos que os partidos de pouca representação não participariam do governo. Lá o “corte” se dá com 5%. Partidos que não atingem essa percentagem nas eleições, não participam do Congresso.

Mas, com a realidade brasileira, temos acordos e conchavos entre todas as pequenas legendas criando coligações. E, infelizmente, longe de afinidades e apoio para governar, os pequenos partidos buscam cargos, poder e dinheiro.

Explicando…

No Brasil existe um fundo partidário (definição do TSE), que financia com dinheiro público parte das ações de todos os partidos políticos brasileiros. Pra quem pensa que é pouco dinheiro, o menor partido, o PEN, obteve em 2012, R$160 mil! (aqui temos o valor total do fundo e nesse link o valor distribuído a cada um dos trinta partidos existentes no ano passado)

Ou seja, junta-se assinaturas de eleitores (algo em torno de 490 mil assinaturas), cria-se diretórios em nove estados, escolhe-se um nome/sigla e pronto: partido criado! Então, de acordo com a tendência das eleições em cada capital ou estado, escolhe-se uma coligação, doando o tempo na TV e pleiteando cargos como ministérios, secretarias, presidência de órgãos ou empresas públicas e ainda usufrui-se do dinheiro de contribuintes.

Meu lado revoltado crê que seis partidos seriam mais que suficientes:

Centro-esquerda: foco em projetos sociais, mas sem abandonar elite e grupos conservadores, como evangélicos e ruralistas: PT

Centro-direita: embora eles possam refutar por ter “social” na sigla, diria que hoje é o papel do PSDB.

Esquerda: mais a esquerda que o PT, algo como uma fusão entre PSOL, PC do B, PCO e PSTU.

Direita: PFL (qualquer que seja o nome que ele use hoje) e DEM

Partido “alternativo”: não necessariamente em um dos lados, como o PV

Partido “em cima do muro”: grande e sem ideologias; quer o poder pelo poder: PMDB.

 

Minha miopia não me leva mais longe desse cenário: seis partidos. O que vem além disso, seja bem intencionado ou não, atrapalha a democracia!

por Celsão correto.

 

P.S.: isso sem entrar no mérito de outros pontos interessantes da reforma política, como fidelidade partidária, financiamento privado, limitado e aberto aos partidos, etc. Tema já abordado nesse blog, aqui.

P.P.S.: ainda tramitam no TSE dois pedidos para criação de partidos. Um deles chama-se “Rede Sustentabilidade” e têm como líder a ex-senadora Marina Silva. O prazo final é 5 de Outubro.

figura retirada do site do TSE