Primeiro foi divulgada a cifra de R$3 bilhões pelo valor econômico e outros veículos da mídia, ainda chamando de Mensalão da Petrobrás (aqui). Depois esse valor cresceu e especulou-se que já passaria dos 10 bilhões e, logo após, dos 20 bilhões de reais (como veiculado pela revista da extrema direita, por exemplo, aqui).
E, há alguns dias, veiculado pela Folha, o número cresceu para R$88 bilhões!!!
Afinal, por que tanta especulação sobre tais valores? Qual a credibilidade desta mídia que salta em poucas semanas de 3 para 88 bilhões? Será que nossos jornalistas e os editoriais dos jornais estão agindo de forma séria e profissional? Aliás, será que ao menos pararam para refletir no absurdo que é a cifra de 88 bilhões de reais?
Somos contra a corrupção e acreditamos que só uma punição exemplar, atingindo os culpados financeira- e moralmente pode começar a mudar a “mania de Gerson” e a sensação de impunidade no país, como escrevemos num post recente sobre a Petrobrás (aqui).
Mas também somos igualmente contra as especulações, manipulações, distorções aplicadas a tais escândalos, neste caso, pela oposição política, através de seu fiel escudeiro, a Grande Mídia. Nesta busca desesperada por sensacionalismo e holofotes, em tentativas de golpes políticos e manipulação da opinião pública, aqueles que levantam as bandeiras da moral, transparência e ética, acabam sendo igualmente tão antiéticos e corruptos quanto os acusados.
E não nos esqueçamos do principal: a cada “pancada” que a Petrobrás leva, mais esta se aproxima de ser privatizada por empresas estrangeiras, o que certamente, seria o maior desastre da economia e soberania brasileira dos últimos 30 anos. Portanto, a todos aqueles que torcem pela quebra da Petrobrás, sua ingenuidade e “vira-latismo” podem fazer com que todo nosso petróleo seja entregue de mãos beijadas a outros países, que ficarão com a maior parte do lucro para si, nos afundando ainda mais na pobreza.
No Oriente Médio, estes países desenvolvidos promovem guerras para se apoderarem do Petróleo. No Brasil, eles promovem golpes políticos e manipulação da opinião pública, forçando uma privatização ilegítima e sorrateira do mesmo.
Não se enganem, no meio deste bombardeio de informações e escândalos, o que acontece por debaixo dos panos é uma guerra violenta, onde um grupo luta pela manutenção da soberania brasileira de nosso Petróleo, e outro grupo luta para nos roubar a mesma.
Abaixo, compartilhamos na íntegra um artigo do DCM (Diário do Centro do Mundo) de Paulo Nogueira. (aqui)
por Celsão Correto e Miguelito Formador
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O festival de asneiras em torno dos 88 bilhões de reais da Petrobrás
Raras vezes tantas tolices foram publicadas e compartilhadas em cima de um número malcompreendido.
Entre no Twitter e digite Petrobras 88 bilhões, e você encontrará uma enxurrada daquilo que de mais imbecil a mente humana pode conceber.
A cifra de 88 bilhões de reais representaria aquilo que foi desviado por corrupção na Petrobras.
Para quem tem o mínimo de familiaridade com números, é um caso parecido com o do homem de oito metros.
Mas poucos tem, e a Folha, origem dos disparates, não está entre estes raros.
Foi a Folha que deu a “informação”. Ela estaria no balanço divulgado pela Petrobras.
Depois, a Folha corrigiu o erro, mas era tarde demais: a asneira já fora transmitida e incorporada por dezenas, centenas, milhares de analfabetos políticos que incluem suspeitos de sempre como Lobão e Danilo Gentilli.
Os 88 bilhões são um cálculo aproximado de ativos supervalorizados.
Imagine que, em vez da Petrobras, se tratasse da Abril. Suponha que a Veja, o principal ativo da casa, tivesse sido avaliada num balanço em 1 bilhão de reais.
Depois, se verificaria que o valor estava inflado em 50%, digamos. No ano seguinte, o balanço corrigiria o excesso, e a Veja surgiria com o valor de 500 milhões de reais.
É mais ou menos isso.
Dentro dos 88 bilhões, existe uma parcela associada aos desvios. Mas ninguém sabe quanto é.
Na reunião de diretoria que aprovou o balanço, chegou-se a cogitar – ou chutar — uma soma de 4 bilhões em desvios, com base nos 3% de taxa de propina de que falou o ex-diretor Paulo Roberto Costa.
Os 88 bilhões não fizeram a festa apenas de internautas sem noção de grandeza de números.
Numa rápida pesquisa no Twitter, encontrei o link de uma entrevista da CBN com um economista para falar dos “88 bilhões em desvios”.
Mesmo confessando não ter condição de analisar o balanço, ele concedeu uma entrevista de mais de seis minutos.
Pobres ouvintes da CBN. Uma rádio competente jogaria luzes onde há sombras. Mas a CBN cobre áreas cinzentas com ainda mais sombras.
Mas não se pode desprezar a contribuição da Petrobras para a confusão.
Tente entender o que a empresa quis dizer na sentença abaixo, que consta do balanço e é assinada por Graça Foster. Um determinado método foi descartado, e a explicação foi a seguinte:
“O amadurecimento adquirido no desenvolvimento do trabalho tornou evidente que essa metodologia não se apresentou como uma substituta ‘proxy’ adequada para mensuração dos potenciais pagamentos indevidos, pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente, quais sejam, mudanças nas variáveis econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de desconto, indicadores de risco e custo de capital), mudanças nas projeções de preços e margens dos insumos, mudanças nas projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados, mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto (engenharia e suprimento).”
Proust podia escrever parágrafos intermináveis, pelo talento excepcional em juntar palavras, mas nenhum redator de balanços pode fazer o mesmo.
Frases curtas, simples, fáceis de entender: eis o que um balanço deve conter, para ser compreendido para além dos números.
E então você tem o cruzamento de um jornal que admite o homem de oito metros com um balanço escrito numa linguagem não identificada – parecida, apenas, com o português.
Estava tudo pronto para um festival de asneiras nas redes sociais. Falsos gênios chegaram a fazer contas: com 88 bilhões de reais você compra x Fuscas e coisas do gênero.
Claro que o PSDB não poderia faltar.
Em sua conta no Twitter, o PSDB postou um quadro que dizia que “o prejuízo da Petrobras com corrupção pode chegar a 88 bilhões de reais.”
Neste caso, não é apenas erro. É má fé. É manipulação. É cinismo.
E uma tremenda duma mentira. O presidente do PSDB, Aécio, acaba de gravar um vídeo em que diz que Dilma mente.
Antes de ser julgada, a Petrobras tem que ser compreendida.
O barulho em torno dos 88 bilhões de reais mostra que a Petrobras, embora tão falada, é uma ilustre desconhecida para muitos brasileiros. Por isso, é fácil usá-la com propósitos canalhas por quem quer tudo — menos, efetivamente, contribuir para o bem dela.
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figura retirada do próprio DCM (aqui)