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Hoje é dia internacional de combate à LGBT-fobia.
O dia foi escolhido pelo fato marcante ocorrido em 1990, em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou o homossexualismo da lista de doenças. Algo tão absurdo hoje em dia, ao menos para mim, que não parece ter sido realizada há menos de vinte anos.

A Wikipedia informa que houveram comemorações em 132 países no ano de 2016. Mas que ainda há discussão sobre a “aceitação” do dia em termos globais, como toda a luta desse grupo. E é prova de que a humanidade demora para quebrar os seus pré-conceitos e julgamentos.

Mas eu gostaria de comemorar dois pequenos avanços recentes. Que me surpreenderam e, ao mesmo tempo, me excitaram. Fazendo com que eu voltasse a ter certa esperança na mudança.
A revista Você SA, do grupo Abril, divulgou no começo do mês uma matéria com o título “Sou chefe e gay: executivos assumem orientação e alavancam inclusão”, que pode ser lida aqui.
Mais do que o fato e a análise em si, a exposição de três executivos de grandes empresas “quebra”, mesmo que em parte, a máxima machista de não se presumir sobre a sexualidade de uma pessoa em ambiente corporativo e não se assumir homossexual quando se almeja subir na carreira.
Todos convivemos com gays em ambiente corporativo. É certo! Mas eu ainda vejo como um tabu a admissão por parte dos profissionais, sobretudo pelo patriarcado ainda forte e latente; Não se assume (ou não se assumia) abertamente por “medo” de retaliações.
Não quero dar spoiler, mas a reportagem fala sobre alguns acontecimentos nesse sentido.

O segundo pequeno avanço ocorreu na empresa em que trabalho, a Siemens.
Foram estabelecidos comitês de diversidade, através da ação de voluntários, para discussão de temas de raça, gênero, deficiência física e LGBTI+.
E, para mostrar que a mudança não ocorre apenas “da boca para fora” ou “para ficar bem na fita”, a empresa concedeu, a um funcionário do sexo masculino, uma licença parental de seis meses. A notícia pode ser lida em várias fontes, aqui copio o link do portal UOL.
Mesmo ouvindo (ainda) piadas preconceituosas frequentemente, algumas inclusive envolvendo os dois colegas, vejo nessa iniciativa também uma quebra de padrão; e uma abertura importante numa direção “sem volta”. O precedente, legal juridicamente ou não, pode atrair a atenção de outros colaboradores e, por que não, de outras empresas para o acontecido.
E, talvez, o que tenha sido o primeiro caso (divulgado ao menos) no Brasil, possa se tornar apenas o primeiro.

São pequenos avanços, mas, comemoremos!

por Celsão correto.

figura retirada daqui.

P.S.: faço uma ressalva triste para o fato de ainda existirem 71 países onde ser gay é crime (aqui). Ainda há um longo caminho a percorrer. Até por conta disso, as publicações corporativas na Siemens sobre o assunto não são “globais”. 

E a “magia” recomeça…
Recomeçam os sonhos, as esperanças, as promessas…

Recebemos aquela porção de votos, recados e desejos, alguns sinceros, de sucesso, aperfeiçoamento.
Recebemos o carinho das pessoas. Fazemos aquela pausa que nos revigora.

Para não me furtar a começar o Ano Novo da mesma maneira (mesmo um tanto atrasado), aproveito uma propaganda fantástica da cerveja Skol, veiculada no final do ano passado para compartilhar parte dos meus desejos e recados para 2019.

 

 

O fato é que todos temos preconceitos. Ou pré-conceitos, no sentido de ideias fixas e pré-concebidas.
Ou, para ficar mais “leve” nesse início de ano: todos vemos aspectos, hábitos e comportamentos nos outros que nos incomodam.
E a barreira entre uma opinião, sobre o que incomoda, e a repulsa do convívio com o diferente pode ser tênue.
E perigosa até em alguns aspectos e momentos.

Que tal se pensássemos nestes nossos comportamentos?
Em como vemos os outros, em como tratamos essas “ideias fixas” sobre as pessoas ou esses “pré-conceitos”?

Que tenhamos um ano leve.
Que a metamorfose obrigatória no dia-a-dia ocorra também com os nossos pensamentos.
Que entendamos que as cantadas mudaram de tom. Que evitemos as brincadeiras com gays, negros, religiosos e deficientes, sobretudo quando não os conhecemos. Ou que aceitemos as consequências quando escolhemos fazê-las.

Que todos tenham o seu espaço nessa Nação varonil.
E, essencialmente, que todos pratiquem o respeito à esse espaço e às diferenças!

por Celsão correto

P.S.: para quem não conseguir assistir o vídeo aqui, segue o link do Youtube (aqui)

figuras retiradas do próprio vídeo

A constante desconfiança de quem te vê e se assusta ao saber que é engenheiro, advogado, universitário.
O mesmo “susto” ocorre quando vêm que você tem condições financeiras razoáveis, casa, carro, pode viajar nas férias…
Daí, invariavelmente, te “clareiam”, como se um tom de pele mais claro o fizesse digno do lugar ou situação. Te chamam e classificam como “moreno”, como se “negro” fosse pejorativo, impróprio, sujo até.

“Mas… você não é negro!”
É uma frase de quem busca aproximação, elogio. A pessoa que a diz geralmente quer causar aquela impressão de que você “é gente”, de que “pertence” a um grupo mais aceito. E não ao grupo dos negros.
Se há contestação de nossa parte, a emenda do interlocutor fica invariavelmente pior que o soneto.
“Tá bom. Eu só quis dizer que você não é negro, neeeegro!”

Os heróis demoraram a aparecer.
Me lembro na década de 80, de Zezé Motta, do Thaide, dos gêmeos Os Metralhas com sua frase inesquecível: “Se hoje eu pareço um vilão pra você é porque antes não me deram chance de vencer”

Só que… Zezé tinha que dividir as oportunidades com Neusa Borges, Ruth de Souza e Chica Xavier.
Na época, quando apareciam oportunidades, não fazia sentido para a TV inserir mais de uma atriz negra como personagem. E só eram atrizes principais quando a estória pedia, como no Xica da Silva de Cacá Diegues.
Na música, igualmente, mesmo aceitos e de certa forma vangloriados, o espaço nas gravadoras e na mídia era maior para rappers como Gabriel, o Pensador, branco.
As acanhadas brechas para se falar abertamente sobre racismo, por exemplo, surgiam fora dos canais e dos horários mais assistidos.

“Verdadeiros heróis, somos nós” – dizia uma letra de um grupo de rap que não chegou a fazer sucesso.
O que Lecão, Xandão e Lord aludiam na época é realidade até hoje. Os periféricos, majoritariamente pardos e negros, acordam mais cedo, por morarem mais longe do trabalho, ganham menores salários e têm de se esforçarem mais (que o normal) para merecerem promoções e melhores condições.
Falar em meritocracia na periferia é pregar uma condição igualitária que não existe.
Não digo que precisamos desistir. Longe disso. Sigo, aliás, contrário às políticas de cotas que consideram somente a cor da pele como critério.

Houve evolução. Gradativa e lenta, porém inegável.
Graças principalmente ao esforço dos verdadeiros heróis, que surgem e se multiplicam.
A segmentação da revista Raça e da internet, provaram que pode haver desenvolvimento no mercado específico.
A faculdade Zumbi dos Palmares abriu as perspectivas de um grupo que acreditava (arrisco dizer que ainda acredita) que não poderia sequer pisar, usar o espaço de uma USP e de outras Universidades públicas.
Hoje, com ou sem cotas, seguimos na batalha diária de transcender o senso comum, deixando frases como: “É você o Engenheiro/a dentista/a professora da minha filha”, cada vez mais artificiais e ridículas.

Mas a evolução segue esbarrando em Tais Araujo, Lázaro Ramos, Maju Coutinho, Preta Gil.
Provando aos descrentes que o racismo está aí, claro como água, mesmo para quem tem sucesso e é “Global”.
Muitos se incomodam com esse sucesso.
Muitos atravessam a rua quando nos aproximamos pela calçada, independente dos trajes e modos.
Muitos se levantam quando sentamos ao seu lado, sobretudo em ambientes “premium“, como restaurantes caros e salas VIP; e quando não o fazem por impossibilidade, nota-se o indisfarçável desconforto.
Muitos não aceitam que o Mano Brown faça shows na Vila Olímpia; muitos não aceitam Emicida e os seus no São Paulo Fashion Week.

E foi um texto do Emicida que desencadeou esse post.
Não de revolta, daquelas que destilam veneno e esperam passivamente que o mal não atinja a si mesmo. De análise.
São tantas as recordações, tantos exemplos e obstáculos…
A grande maioria igualmente vivido por amigos na mesma condição. Muitas vezes compartilhado. Muitas vezes excluído da memória ou negado pra si mesmo, ora por não querer ver o óbvio, ora esquecido intencionalmente por proteção própria.
“Levanta e Anda” é daqueles hinos que me renovam as energias.

Irmão, você não percebeu
Que você é o único representante
Do seu sonho na face da terra
Se isso não fizer você correr, chapa
Eu não sei o que vai

Juntamente com “Sou mais você”, dos Racionais MC:

Olha aí, mais um dia todo seu
(…)
A preguiça é inimiga da vitória, o fraco não tem espaço e o covarde morre sem tentar

Emicida lançou um clipe recentemente: “Inácio da Catingueira”, enaltecendo um daqueles heróis desconhecidos enquanto conta a própria história, enaltece o que atingiu e “prepara” os detratores para suportar um sucesso, dele, ainda maior.
Inácio foi letrista e poeta, cantor de cordel, escravo iletrado do século XIX.
Emicida é hoje mais um herói, exemplo de sucesso a seguir para os que não desejam a ascensão rápida e perigosa de “Soldado do Morro”. O crime e o tráfico não precisam ser a realidade.

Finalizo como Emicida fez em seu texto, que pode ser lido aqui.

(…)
Acalme seus ânimos e volte pro front com uma mira melhor. De nada adianta ser uma metralhadora giratória se você estiver mirando em seu próprio pé.

Sejamos mais. Sempre.

por Celsão correto

links para letras das músicas citadas. Escolho todas do Vagalume, por constarem também os clipes, para quem interessar…
Sou mais você, Levanta e Anda, Soldado do Morro e Inácio da Catingueira, de onde tirei a figura.

Obviamente, a maioria delas está também no YouTube. Aqui o link para o “Rap da Abolição”, dos gêmeos “Os Metralhas” e aqui uma aparição dos mesmos no programa da Angélica em 1989.

 

Dia dos pais

Posted: August 14, 2017 in Comportamento, Outros
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Pai é quem cria. Pai é quem sustenta. Pai é quem educa. Pai é quem decide.

Independente da carga de responsabilidade dos verbos acima, não há como negar, após uma análise rápida, que os mesmos carregam certo machismo, ou paternalismo, de décadas atrás. De uma época e sociedade conservadoras. (ou mais conservadoras, para os que negam que o conservadorismo seja exclusividade de outro período)

Convido a todos, após a comemoração do dia dos pais, a assistir ao vídeo abaixo. Aos que não conseguirem acompanhar diretamente por aqui, o mesmo está disponível no link.

O conceito de família mudou. E não dá pra afirmar mais que não há amor, não há carinho ou não há proteção na “nova família”, no “novo conceito” de “pai e mãe”.
A classificação da primeira frase do post já não servia há um bom tempo. Soa tão absurdo hoje em dia, por exemplo, pais que não trocam fraldas e que não ajudam nos cuidados diários, quanto soará (espero), num futuro próximo, o “dia dos pais”.

Por que comemorar especificamente dias para pais e mães e não dia da família? (ouvi a ideia recentemente e achei perfeita!)
Afinal, se as crianças são criadas por avós, por somente um dos pais biológicos, por um casal homossexual, ou por amigos que decidem adotar menores carentes… Pode-se afirmar que não mereçam um dia especial, mesmo que extremamente comercial?
Essas pessoas não seriam exemplos para os seus filhos? Não os educariam de forma satisfatória? Não ensinariam, sustentariam, criariam e decidiriam com “sim’s e não’s”?

A resposta é sim para todas as perguntas. O resto é preconceito!

por Celsão correto

figura de arquivo pessoal. Eu na (linda) interpretação do meu filho.

P.S.: como alternativa, insiro também o vídeo em formato MOV, aqui abaixo…

americafirst_oesp_v2Caro senhor presidente Donald Trump.
Essa é uma mensagem do blog Opiniões em Sintonia Pirata pra você.

Talvez você esteja se perguntando o porquê um blog do Brasil esteja entrando em contato dessa forma.
A ideia aqui é mostrar o quão próximos somos a você.

Nós também odiamos e disseminamos o ódio. Não através de mascarados da KKK ou de simbolismos pouco claros como bandeiras, confederações e afins.
Nós odiamos a elite e tudo o que ela representa em nosso país fragilizado social e economicamente.
Odiamos a manutenção do status quo e os golpes suaves que nossa elite aplica aqui, juntamente com os seus serviços de inteligência.
Pensando bem, se ainda não foi apresentado à nossa elite e aos nossos partidos de direita, não perca seu tempo!
Você os adorará ainda mais que à Marine Le Pen e aos demais ultranacionalistas europeus. E eles sequer darão trabalho… nada pedirão em troca e aceitarão de bom grado a condição de subalternos e subdesenvolvidos…

Nós odiamos a imprensa também. Nisso estamos de acordo.
Mas não da maneira como você os odeia, por publicarem os fatos maquiando um pouco a verdade. Sabia que publicamos uma estória sua com a imprensa americana aqui?
Nosso problema com a imprensa é um pouco pior. Eles buscam perpetuar o “pão e circo”, conhece isso?
Creio que não. É muito culto e muito “francês” pra você.
Bem… a imprensa brasileira promove acesso difuso à informações de baixo impacto no desenvolvimento do povo. A eles interessa que o povão não leia, não se informe, só reclame. Quem realmente não busca se informar por aqui, vive num universo paralelo, semelhante as “Brumas de Avalon“. Que julgo também que não conheça… É muito “Inglês” e muito “feminino” pra você.
E não é que essa odiada imprensa tem sido censurada pelo atual governo (outro ponto adorável, sob sua ótica, no Brasil). Veja aqui as ordens explícitas de censura sobre uma investigação pública da primeira dama

Voltando às mulheres, você não sabe, mas estamos no Brasil. Onde as mulheres são bonitas e bronzeadas…
Mas diferentemente de você e do que prega, queremos que as mulheres tenham mais liberdade, mesmas oportunidades e condições, tenham salários e benefícios equiparáveis aos dos homens.
E nós somos homens! Não é incrível isso?

Não temos mexicanos aqui. Nem no blog, nem no Brasil.
Corrigindo a informação, no Brasil existem mexicanos, americanos, angolanos, italianos, japoneses, libaneses e pessoas de muitas outras Nações. Nós os recebemos e sabemos de sua importância na construção da nossa Nação.
Ao menos nós aqui no blog reconhecemos isso e sabemos que muitos outros brasileiros também.
Ultimamente, tivemos a imigração de muitos Haitianos para o Brasil. Pessoas que escolheram deixar seu lar, sua família, sua história em busca de melhores alternativas para viver, de novas oportunidades.
Ignorá-los ou expulsá-los é algo impensável para nós. Integrá-los para que se sintam nosso país como um novo “lar” e contribuam para o desenvolvimento nacional é uma sugestão nossa para com os mexicanos, cubanos e demais latinos, bem como para os muçulmanos que vivem nos Estados Unidos.

Falando em muçulmanos, por que não proibiu a entrada em seu país dos muçulmanos da Arábia Saudita?
Eles cultuam o mesmo “Deus dos terroristas”, bem como os iranianos e sírios. São similares em cultura, possuem até, pasme, reservas de petróleo como os demais!

Enfim… pra terminar gostaria de entrar noutro tema polêmico: voto.
Você adoraria o nosso sistema! Aqui votam inclusive os negros (e negras) desde 1932. Acredite, eles também sofrem bastante aqui, até hoje. Mas podiam votar mais de trinta anos antes dos “afro-descendentes” daí!
Nosso voto é obrigatório. Deixamos opcional para maiores de 70 anos e para os analfabetos. Sim, isso mesmo! Nós temos analfabetos mas tentamos tratá-los como gente!
Nosso sistema é eletrônico, de contagem automática. Mas os derrotados, sobretudo quando semelhantes a você, sempre reclamam e dizem que todo sistema eletrônico é burlável.
E o atual presidente, o mesmo da censura, estava na chapa com aquela “inimiga” que ganhou a eleição, mas foi afastada. Usamos até uma palavra em inglês para isso: impeachment.
Pois bem, esse presidente e o partido dele, fantástico, incrível, “a sua cara”, estão envolvidos até o pescoço com corrupção. Aqui está rolando uma operação federal de combate a corrupção, ou estava… O fato é que a chapa do atual presidente está sendo acusada de receber dinheiro ilegal de campanha. Mas ele conseguiu, aparentemente, desvincular-se da própria eleição. Talvez consiga até desvincular sua imagem do partido. Não é realmente incrível?

Coisas que você, certamente, apoiaria!

Então, entendemos e aceitamos que você busque o “America First”. Mas… poderia (des-)considerar o nosso blog nessa briga?

por Celsão irônico

P.S.: Para quem não viu, a Holanda e outros países europeus lançaram vídeos no youtube satirizando o “America First” de Donald Trump. Eles puseram a maioria numa página (essa). Tem Alemanha, Portugal, Suiça, Namíbia, Austrália… Outros internautas fizeram montagens hilárias também, por exemplo: Marte e Mordor.

figura retirada do vídeo de Mordor no youtube e montada com o “nosso símbolo”. Achamos que Mordor representa bem Donald Trump

Compartilho o vídeo acima, por achar (primeiramente) a propaganda criativa.
Conseguiram explorar um sonho de criança/adolescente fugindo do padrão “normativo-social” que temos atualmente. Mostraram a busca pelo sonho, a perseverança em atingir aquele objetivo, o apoio da família…

E me perguntei, assistindo o vídeo, se acreditamos que todo sonho é aceitável?
Se realmente apoiaríamos nossos filhos em qualquer desejo deles, em todas as “maluquices” que pensassem em fazer, em qualquer profissão que escolhessem.
Um “filho de pobre”, expressão que meu pai sempre usava, sofre mais intensamente dessa pressão em “ser alguém” e desistir de um sonho em prol de evolução econômica e social. Se escolher uma carreira artística, como o teatro, por exemplo, será persuadido na melhor das hipóteses a buscar essa realização profissional depois de conseguir uma “profissão”; e aqui uso aspas na palavra profissão, pois ela é específica, “profissão” para pobres se resume a advogado, médico e engenheiro, grosso modo.
Se o tal “filho de pobre” for gay então… o “ser alguém” engloba não só a profissão, mas um comportamento exemplar, desprovido de sexualidade, que esconda sua atração por pessoas do mesmo sexo, suas perguntas e negue, quase sempre, as estórias aventadas pela vizinhança.

Por que tudo isso?
Somos treinados, ou doutrinados socialmente, para o sucesso. Desde muito cedo, o bombardeio televisivo e midiático nos mostra que nosso brinquedo recém adquirido não é tão bom quanto aquele outro, que nossas roupas não ostentam os animais corretos no símbolo, que a TV da loja tem mais botões, que o carro do vizinho é mais confortável, espaçoso e tem motor maior…
Se a pessoa nasce fora deste estereótipo de “sucesso”, não é branco, homem, hétero, por exemplo; o atingimento deste “sucesso social” passa também por essas questões imutáveis de raça, credo e sexualidade. É como se o sucesso fosse preconceituoso.

Voltando ao vídeo, e sugiro que o vejam pela segunda vez, prestando atenção nos detalhes só percebidos após o conhecimento do seu desfecho, a sucessão de fatos entre a decisão de seguir o sonho e a realização do mesmo, sugere uma sociedade perfeita e utópica. Uma academia para o treino específico de “ring girl“, a viagem para Las Vegas, a chance real numa luta de boxe… seriam eventos praticamente impossíveis separadamente.
Qualquer paralelo com a realidade mostra o mesmo. Um menino pobre, se homossexual, terá barreiras ainda maiores para transpor se tiver o sonho de se tornar apresentador de TV. A família o desencorajaria prontamente, mesmo aceitando a sua sexualidade, e estereótipos “comuns” até o levariam para a TV, mas em funções secundárias como maquiador ou cabeleireiro, não desmerecendo-as, o intuito é falar sobre o nosso preconceito.

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post_sonhoNorberto decidiu passar a festa de Réveillon em casa.
Havia muito tempo que não voltava àquele bairro periférico de São Paulo e as razões eram muitas.

A infância e adolescência foram períodos difíceis. Havia a presença constante e inesquecível da família e dos vizinhos. A primeira em sua resistência em aceitar sua sexualidade e o medo constante de agressões verbais e físicas do segundo grupo.

Mas agora, acreditava Norberto, algo estava diferente. A sociedade havia evoluído de certa forma, tanto a TV quanto as redes sociais “aceitavam melhor” os gays e, legalmente, já era permitido até casar (quem diria?) com pessoas do mesmo sexo.
E lá foi Norberto com seu companheiro e sua saudade para o Jardim Santa Cruz.

Tantos sonhos reprimidos. Tantas oportunidades coibidas.
Não gostava de futebol, nem de pipas, nem de carrinhos de rolimã.
E era a capoeira, naquela lista de diversões acessíveis na periferia da sua época que o atraía. Mas não podia praticar capoeira, ou melhor, acreditava que lhe seria vedado, visto que muitos dos que lhe ofendiam verbalmente frequentavam aquele círculo.

Em casa, vieram olhares desconfiados para Alexandre, seu namorado, conforme esperado. Para os mais velhos, mesmo entendendo e aceitando a condição de Norberto, receber um namorado não era realmente uma tarefa fácil. Compreensivo, Norberto fingiu não notar os olhares e nem as discussões e pequenas brigas sem sentido que presenciou. É algo corriqueiro numa família grande e desestruturada, pensou, e sempre aconteceu aqui.
Seu objetivo era também apresentar sua família a Alexandre, que já lhe houvera apresentado a dele. E, rusgas a parte, havia sido uma boa experiência.

Aproveitou a noite quente e sem nuvens para sair. Uma certa coragem lhe aflorava, naquela rua de muitos medos e bullyings, palavra que na época nem existia.
Decidiu ir até àquela casa onde melhor lhe acolhiam, onde a alegria sobrepujava o sofrimento daqueles que ali viviam com poucos recursos.

Só que, lá chegando, percebeu que a nova geração que ali se encontrava, com seus modernos celulares, selfies e publicações instantâneas, comentava ostensivamente a sua presença e a de seu namorado. Chegava até a ridicularizar o anel que ambos usavam.
Eles mal se olhavam, mas sentiam o aperto desconfortável da situação, dos comentários direcionadamente perniciosos.
Não é possível que não haja evolução, pensou pra si, as cabeças são outras… muitos anos passaram!

Quando estavam prestes a sair, em busca de ar, ou refúgio, ou paz, ou carinho… receberam a esperança num copo de caipirinha. Um dos presentes da festa pareceu perceber o preconceito e os ofereceu o que podia naquele momento, numa aproximação tímida.
Após o primeiro gole, veio a dúvida se aquilo havia sido oferecido realmente em busca de integração, ou se era um ato inocente de alguém bem intencionado.
O estranho tentou puxar papo e perguntou se eles desejavam algo mais. O “eles” mostrou certo respeito, e aparente anuência com a presença deles, com o fato de serem um casal, de estarem juntos naquela festa.
“Vocês moram por aqui?”, perguntou ele.
Realmente ele percebeu o quê somos. E pareceu não se importar.

O álcool e a esperança na humanidade aliviaram a noite. E trouxeram, para o começo de 2017, uma confiança e uma fé renovadoras.

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por Celsão correto

vídeo recebido por whatsapp. Mas também disponível no Youtube aqui

figura retirada daqui

P.S.: o conto provém de uma estória real. 

6jan2016-o-candidato-a-presidencia-dos-eua-donald-trump-fala-durante-comicio-de-campanha-em-nashua-new-hampshire-trump-ameacou-retirar-investimentos-previstos-na-escocia-no-valor-de-945-milhoes-de-1Péssimo-realismo.

Com a já por mim esperada vitória de Trump, fica ainda mais nítida a gravidade das sombras que pairam sobre este Planeta.

Se eu tivesse a crença em algo grandioso, tipo Deus e Diabo. Se eu tivesse a crença em conspirações do Universo. Se eu tivesse a crença que somos reféns de outros seres vivos, ou alienígenas, ou da natureza.
Se eu tivesse a crença de que somos escravos de enfermidades mentais causadas por vírus, bactérias, ou má formações anatômicas no cérebro, que não nos permitem raciocinarmos nem sermos quem realmente poderíamos ser.
Se ainda me restasse a crença ou me ocorresse qualquer explicação que causasse alívio…..

Mas a realidade que percebo é outra, e ela é cada vez mais assustadora, não só porque ela parece estar a piorar, mas também por ela se revelar cada vez mais clara para mim.
E é por ser assustadora que sinto cada vez mais gosto e necessidade da reclusão.
O duro da realidade, é que o problema somos nós mesmos. Somos nossos próprios demônios. Somos nossos algozes. Não tem vírus, não tem Deus, nem Demônio, nem ninguém. Quem manipula é o ser humano. Quem se deixar ser manipulado, é o ser humano. Quem escolhe o fascismo, o ódio, o individualismo absoluto, é o próprio ser humano. E assim o escolhe por que é falho, frágil, débil, e por que não dizer, mau?

É difícil achar conforto. Na verdade, quanto mais o procuro, menos encontro.
Artes e música se mostram uma boa fuga, onde por breves momentos, nos esquecemos que também estamos nesta ilha.

Sendo nós os próprios algozes do Mundo, não resta sequer o alívio do clichê conformista: “pobre de nós”.
No máximo resta um: “pobre da vida”.

por Miguelito Filosófico

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O que posso dizer?

As insinuações racistas, sexistas, preconceituosas e intolerantes venceram.
O tal do americano “redneck” ou americano médio mostrou-se tão perigoso quanto o terrorista armado, agindo por ódio, egoísmo exacerbado e autodestruição.

A hegemonia não é a resposta para o mundo. Um Trump como líder de uma nação hegemônica é ainda pior.
Queria que não houvesse influência no resto do mundo.
Ou que realmente o discurso de alguns “Ele só disse isso por estar em campanha. Da boca pra fora!” fosse verdade. Difícil de acreditar que uma pessoa que comunga de tal pensamento há anos, mude de ideia exatamente depois de ser escolhido para governar o país mais poderoso do Mundo…
Compartilho abaixo uma carta da Avaaz, disponível aqui para assinatura.

Caro Sr. Trump,

Não há grandeza no que o senhor está fazendo.

O mundo inteiro rejeita seu discurso de medo, ódio e intolerância. Rejeitamos seu apoio à tortura, seu clamor à morte de civis e a forma como o Sr. incita a violência em geral. Rejeitamos seu menosprezo às mulheres, muçulmanos, mexicanos e milhões de outras pessoas que não se parecem com você, não falam como você e não rezam para o mesmo deus que você.

Decidimos enfrentar seu medo com compaixão. Frente a sua desesperança, escolhemos a confiança. E, em vista de sua ignorância, escolhemos a compreensão.

Como cidadãos globais, nós resistimos à sua tentativa de separar-nos uns dos outros.

Atenciosamente,

Celsão correto


figura retirada daqui
P.S.: o link da figura contém alguns argumentos explicando alguns porquês do ódio mundial ao senhor Donald Trump. Vale a pena a leitura.

Post_RafaelaTodos a querem. Agora.
Todas querem estar ao seu lado e mostrar-se parte da conquista.
A direita fala do militarismo, do esforço próprio, da não necessidade de cotas nem de patrocínio público…
A esquerda fala sobre as críticas ácidas feitas na Olimpíada anterior e sobre o estereótipo negra-mulher-suburbana tão odiado pela elite nacional.

É fato que muitas medalhas conquistadas em jogos olímpicos e pan americanos são conquistados por atletas militares. E isso desde o começo do século XX, quando as medalhas vinham exclusivamente das competições de tiro.
Independente do grau de sucateamento, a estrutura militar oferece tempo e disciplina, itens raramente exibidos em clubes nacionais e programas de financiamento ao esporte.
Então…  é (sempre) esperado que algum atleta do exército ou marinha seja laureado com o pódio e, também, por que não, com o hino.

Outro fato, inegável, mas talvez de mais complexa compreensão, é a exceção de uma medalha para atletas brasileiros.
Uma Rafaela, um Diogo Silva, um João do Pulo, um Claudinei Quirino no revezamento do atletismo são exceções.
Até mesmo atletas com melhores condições sociais, como César Cielo e Flávio Canto são exceções.
Não há estrutura para atletas profissionais. Sobretudo longe de modalidades como futebol e vôlei (esse nos últimos vinte anos). E mesmo que haja um patrocínio, aderido a ele há sempre uma ameaça de cancelamento, um atraso de pagamento, um prejuízo emocional dificilmente calculável…
E, pior ainda, se não há estrutura para o atleta de hoje, tampouco há futuro para ex-atletas profissionais!

Voltando ao cerne da questão, afirmar que Rafaela ganhou sem cotas e sem feminismo é ignorar o país onde vivemos. Que não gosta de mulher, de negros, de pobres.
E que não tolera fracassos, sobretudo de mulheres, negros e pobres.
A bolsa-atleta é um benefício que não pode ser concedido a todos. E Rafaela a possui.
É parte de um assistencialismo necessário quando a sociedade não oferece as mesmas “condições iniciais” a estudantes, profissionais e atletas. Quando não há ISONOMIA.
Sem isonomia e sem auxílio para se chegar em condições semelhantes a outros atletas no mundo, não há como mensurar deste atleta a MERITOCRACIA, palavra tão adorada pela elite que não percebe o ambiente, as cercanias em que se encontra o nosso Brasil.

O mérito existe. Não há dúvida.
É da Rafaela. É da equipe dela. É da marinha que a treinou. É do governo petista que a ajudou.

Ela venceu. Mas venceu hoje!
O resto da vida terá de aturar comentários machistas, sofrer assédios indesejados, enfrentar discriminação nos mais diversos locais, como em restaurantes, responder questionamentos obtusos sobre as favelas do Rio e a Cidade de Deus…

Coisas que o Faustão e o Luciano Huck de hoje, da festa pós-olímpica, não farão surgir novos patrocínios no amanhã.

por Celsão revoltado

figura retirada daqui

P.S.: como citei João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, ex-recordista mundial e medalhista olímpico do salto triplo, coloco também o link da Wikipedia do ex-atleta (aqui). João foi exceção em seu tempo e virou a triste regra da falta de oportunidades na carreira de atleta: teve depressão e sofreu com alcoolismo, morrendo solitário e com problemas financeiros.

O palco é a Alemanha. Uma cidade de médio porte, com pouco mais de cem mil habitantes.

Deitado num ponto de ônibus, estava um senhor grisalho, gritando por ajuda. Pessoas passavam e o ignoravam, algumas iam além e riam dele, insultando-o e descarregando algumas de suas frustrações.

Chegando perto pude perceber que o senhor pedia por uma ambulância, na realidade por um médico de emergência (Notarzt), ele gritava.
Foi chegando perto que percebi que ele exalava álcool, havia urinado nas próprias calças e que a pequena cadeira-andador que ele utilizava continha várias garrafas de cerveja terminadas.
Ele explicou, bastante consciente: “Sei que estou bêbado, mas preciso de uma ambulância. Não consigo tirar meu braço do banco”

Outros jovens passaram por mim e me disseram para que não me importasse. Que o bêbado era um velho conhecido daquele ponto, onde sempre dormia.
Quase fui embora, mas algo me fez voltar. Ele continuava gritando por socorro! E não falando palavras desconexas nem xingando ou praguejando, como muitos fazem nessa condição.
Perguntei para alguns taxistas parados nas imediações, que assistiam à cena, o número da ambulância. Se recusaram a informar: “Pra ele? Ele não precisa!”

Voltei ao ponto e pedi ao homem paciência.
Fui até outro ponto de ônibus e expliquei para um homem que eu era estrangeiro e não conhecia o número de emergência, mas que queria auxiliar o bêbado que pedia por auxílio.
O desconhecido me acompanhou, tentamos ambos levantar o senhor e tirar o seu braço preso entre o bando e o vidro do ponto de ônibus, chamamos a emergência, que fez as perguntas de praxe e insistiu para que tentássemos por nós mesmos tirar o homem daquela posição.
Depois de alguma insistência, conseguimos!

E daí foi incrível a sensação!
A expressão de agradecimento em meio a dor, enquanto mexia o braço que provavelmente formigava.
A alegria do companheiro de empreitada, ao desligar o telefone informando que não precisaríamos de ambulância.
E as lágrimas daquele senhor bêbado, que juntou as mãos em agradecimento, enquanto insistíamos que não era necessário…

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humanos_inumanosPor que não tratamos seres humanos como tal?
Por que a aparência conta tanto aos nossos olhos e a nosso julgamento?

Ter preconceito contra bêbados é algo plausível. Cada um tem uma ou mais histórias que podem levar a odiar bebidas alcoólicas e, de tabela, aos que fazem uso abusivo delas.
Mas discriminação é algo que podemos controlar. E… ignorar o modo como interpretamos os seres humanos por serem bêbados inveterados, nordestinos, negros, gordos, mulheres, deficientes, asilados… é algo prejudicial a toda a sociedade!

Existem inúmeros vídeos no Youtube com o título “O que você faria?”. O próprio Fantástico da TV Globo investiu nesse formato algum tempo atrás.
Os vídeos tratam de temas como violência contra idosos, preconceito, bullying…
O vídeo que quero chamar a atenção foi publicado pela UNICEF. E correlaciona a complicada relação entre aparência, roupas e penteado, por exemplo, com a qualidade ou “classificação” da pessoa. E, no caso, da criança.
O vídeo está abaixo.


Por que o exterior faz tanta diferença?
Acredito ser impossível numa primeira olhadela ou primeiro julgamento não correlacionar aspecto geral de trajes e limpeza com perigo iminente de assalto, por exemplo. (não sejamos hipócritas)
Mas daí a ignorar pedidos de socorro ou empurrar uma criança que se parecia estar perdida e assustada… há uma grande diferença.

Cito o diretor geral da UNICEF, Anthony Lake, no prefácio de um relatório que aponta que 70 milhões de crianças morrerão antes dos cinco anos até 2030…

Quando olhamos para o mundo de hoje, somos confrontados com uma verdade desconfortável, mas inegável: as vidas de milhões de crianças são arruinadas pelo simples fato de terem nascido num determinado país, comunidade, gênero ou circunstância

É a velha e interminável discussão do TER e SER.
Verbos independentes que insistimos em manter juntos. Ao menos para muitos, lamentavelmente, só se É, quando se TEM.

por Celsão correto.

figura retirada daqui, retirada certamente do próprio vídeo. Direto no Youtube, caso o vídeo aqui inserido não funcione, assista aqui

P.S.: detalhes dobre o relatório da UNICEF citado podem ser lidos aqui. O relatório em si também pode ser baixado.

Blog_TerrorismoTerrorismo é terrorismo quando aplicado a minorias?
Acho que essa é uma das perguntas polêmicas que o senhor Donald Trump se fez logo que tomou ciência do atentado do final de semana contra gays que estavam numa em Orlando.

Ora… o combate ao terrorismo é uma bandeira de todo e qualquer pré-candidato à Casa Branca nos últimos anos. Acredito até que seja tema obrigatório nos debates, após o onze de Setembro de 2001.
E muitos poderiam afirmar que extremistas do Estado Islâmico apenas reforçam o discurso bélico da extrema direita, ou seja, reforçam uma candidatura como a de Donald Trump.

Se Trump fosse presidente, talvez as duas ou três “entrevistas interrogatórias” feitas pelo FBI ao atirador Omar Mateen tivessem terminado em prisão preventiva. Talvez os Estados Unidos vivessem num constante Estado de Vigilância desgastante e opressor. Mas talvez houvesse realmente algum êxito na prisão dos milhões de muçulmanos; ou não-protestantes, se expandirmos a provável rotulação e discriminação em relação a religião, que Trump prega contra os “diferentes”.

E quanto aos gays?
Certamente não haveria uma boate famosa chamada Pulse. Ou ao menos as festas na boate não teriam divulgação na internet. Seriam festas de um submundo acanhado, de um grupo perseguido.
Se estendermos a análise à festa latina, celebrada naquela noite, a situação pioraria, pois os latinos também seriam perseguidos por Trump; mesmo quando héteros, brancos e protestantes!

E o que fazer quanto às armas, vendidas livremente em boa parte dos Estados Unidos?
Elas são importantes para que se garanta o direito (individualista) da liberdade e da propriedade. Inerentes a todo americano pleno de sua cidadania (risos).
Talvez a solução fosse vender armas somente a americanos brancos, sem antecedência imigratória até a terceira geração. Já que o atirador e terrorista Omar Mateen era americano, nascido em Nova York!

O que será que mais dói na mente de um extremista de direita? Na mente de um Donald Trump, de um Bolsonaro, de um Malafaia…
Os gays que se beijam em público, se casam e decidem adotar e educar filhos?
Os muçulmanos que adoram “outro Deus” e distorcem uma desvirtuada família e uma religião “perfeita”?
Os outros forasteiros estrangeiros, que, na maioria das vezes, distorcem o próprio sentido do “sonho americano”, do individualismo típico, enviando dinheiro a seus países de origem ou mesmo trazendo os familiares para  compartilhar o mesmo teto e condições?
Os que usufruem de assistencialismo?

E ainda mais fundo: qual seria a escolha de Trump (ou de Bolsonaro) numa eventual consulta policial no meio da madrugada, após as primeiras notícias sobre o atentado?
Talvez explodir toda a área. Trágico, não?

São perguntas de intrincada análise.
Da mesma forma que são muitos os “se’s” levantados aqui. Condições que espero nunca serem atingidas.

Para concluir, quero trazer para o Brasil e fugir (talvez muito) do tema “Terrorismo”…
Um dos fatos a pensar é que a crise política que vivemos pode trazer a cargo uma crise de representação: o povo percebendo que não é representado por nenhum político ou partido.
Tal crise, reforça muitas vezes uma fragmentação: podem aparecer muitos candidatos diferentes, como na eleição de 1989, que teve vinte e tantos candidatos (aqui).
E, em meio à estas “forças divididas”, pode ocorrer o surgimento de um Bolsonaro, de um Enéas, de um Tiririca, trazendo a negação do atual, a insatisfação. E nessa insatisfação pode-se colocar no poder alguém que seja contra gays, negros, umbandistas, refugiados do Haiti, pobres…

E usando talvez o nome de um Deus distorcido. Usando desculpas armamentistas. Gerando violência com aumento de prisões e redução de maioridade penal.
Um governo que talvez tomasse ações em nome de uma soberania, de uma “liberdade” que desnudada seria apenas a manutenção do status-quo de uma elite (política e apolítica).

por Celsão correto

figura retirada daqui.