No alto de uma península localizada na área central do Vietnã, fica uma estátua de 67 metros de altura, de pé sob uma flor de lótus de 35 metros de diâmetro. Destaca-se desde uma grande distância pela tamanho, pela impassível altivez e pela cor branca que a constituem.
A estátua apoia-se na montanha, encarando o mar, seus olhos meigos olham para baixo, uma mão abençoa enquanto que a outra segura uma garrafa de água benta, como que espalhando paz aos pescadores.
A tradução livre foi feita a partir do site oficial da atração turística (aqui). E representa bastante bem o “todo” da atração turística.
Abaixo vê-se uma praia e barcos pequenos de pesca completando o bucólico cenário.
Impossível não correlacionar com outras religiões, deusas protetoras, cenários…
A Umbanda é tida como uma religião brasileira por excelência. Suas origens sintetizam o Brasil e as crenças africana e cristã trazidas ao país com rituais e entidades indígenas originários daqui (para saber um pouco mais, leiam).
Jesus pode ser representado no congá (altar da Umbanda) em sua forma ocidental: aloirado e cabeludo, mas geralmente com o nome de Oxalá. Ele divide espaço com outros orixás do candomblé africano e com santos conhecidos e cultuados no cristianismo, como São Jorge.
Iemanjá é a deusa das águas ou rainha do mar. Tem sua origem em uma deusa nigeriana (Yemọjá). É a protetora dos pescadores, a grande mãe.
A “nossa” Lady Buddha é a mais celebrada dentre as divindades da Umbanda, talvez por ser identificada também como Nossa Senhora da Conceição, uma das manifestações católicas da Virgem Maria, mãe de Jesus.
Mas… Por que não temos uma estátua de Iemanjá nas mesmas proporções no Brasil?
Por que não oferecer ao turista, local ou estrangeiro, um pouco da nossa cultura, um pouco do sincretismo religioso nacional?
Conservadorismo? O popular complexo de vira-latas que impede a valorização nacional? Laicidade disfarçada de cristianismo neo-pentecostal?
Onde quero chegar com isso?
Nos países do sudeste asiático, lista que tem o Vietnã, o budismo é a religião predominante. Como tantas outras religiões, possui vertentes e diferenças regionais. E, mesmo pregando a harmonia, não há consenso sobre as “ladies Buddha“; não são todos os países (ou vertentes) que vêm com bons olhos a presença de mulheres, quer seja como sacerdotes, no caso, monjas, ou como entidades a cultuar.
Mesmo assim Lady Buddha está lá, abençoando os pescadores e recebendo turistas.
Como primeiro post do novo ano, proponho a reflexão.
Que em 2018 sejamos críticos e provocadores, exercitemos o diferente, pensemos mais no improvável!
Que a indignação e o inconformismo façam parte da nossa rotina.
Que a política entre de vez nas discussões do dia-a-dia, não como exercício de queixa, mas como mal necessário à evolução cidadã.
Que os abusos de poder: político, sexual, racial, etc., em todos os níveis, sejam punidos de alguma forma. Nem que seja de forma moral. E, consequentemente, que diminuam.
E, para aqueles que creem, que Lady Buddha, Iemanjá, a Força, Krishna, Gaia ou Nossa Senhora Aparecida nos abençoe nesse novo recomeço.
Para os que não creem, que a auto motivação e a força de vontade sejam suficientemente grandes para fazer a diferença.
por Celsão correto.
figuras retiradas daqui e daqui.