Há algum tempo estão sendo veiculadas na mídia, notícias de rebeliões e assassinatos no presídio de Pedrinhas, estado do Maranhão.
Tais notícias, assustadoras por sinal, expõem três problemas interessantes de uma só vez:
1) o descaso ao sistema prisional ou penitenciário no Brasil
2) as mazelas do governo coronelista do Maranhão
3) a abordagem distorcida da mídia, manipulando as notícias e ocultando detalhes importantes
Sobre o primeiro ponto, que sequer é o foco deste post, é incrível como o Estado isola os presos “num mundo a parte” e quer simplesmente esquecer-se deles. Creem que por mágica, todos se recuperarão, se arrependerão e voltarão à sociedade por si só para trabalhar e pagar impostos.
Sem me aprofundar muito, ficou latente pra mim a já divulgada “equalização” dos presos. Não importa se o crime foi roubo a banco, sequestro ou furto de pães para comer; ao entrar na cadeia superlotada o detento se envolve com outros e tem de se alistar em uma facção criminosa sob pena de morte. Começa aí um novo “estágio” para o preso chamado “recuperável”, ou o popular “ladrão de galinhas”; a universidade de bandidos, como tantos pregam.
São as guerras entre facções do crime organizado que dão o tom nessas últimas rebeliões em Pedrinhas. Busca-se o poder não só interno, no presídio, mas da distribuição de droga fora dali.
Quanto à “Fazenda Maranhão”, propriedade da família Sarney há algumas décadas, me revoltam as ações, ou falta delas, por parte do “senhorio”.
Enquanto a oligarquia Sarney segue encomendando toneladas de camarão, caviar, lagosta e vinho importado para o Palácio dos Leões, aparecem na TV apenas o secretário de Segurança e alguns chefes do Judiciário.
Pois é, enquanto uns sofriam com a violência desenfreada e com atentados a ônibus, delegacias e postos policiais; outros orçavam mais de um milhão de reais para rechear a despensa.
Li na mesma semana uma opinião que classificava como absurdas as críticas à lista de encomendas da governadora maranhense; afinal, um estado no Nordeste brasileiro consome geralmente frutos do mar e, por ser residência oficial e contar com muitos visitantes e compromissos, duas toneladas de camarão não eram, de modo algum, exagero.
Respondo a este comentário com a direta acusação de descaso, ou melhor, de abissal diferença entre os governantes e o povo daquele estado. Um estado, diga-se a verdade, que detém os mais vergonhosos índices de educação, saúde e bem estar social: maior analfabetismo, pior IDH e a segunda pior mortalidade infantil do Brasil.
Se foi apenas coincidência, o fato é que foi infeliz e teria “queimado o filme” da Dona Roseane se não fosse o terceiro fato levantado no início deste post: a manipulação da mídia!
É incrível como sempre volta a ocorrer. Já apontamos alguns desses “equívocos”, como omissão de nomes ou troca proposital de partidos aqui, aqui e aqui. Mas é rara a correlação entre as rebeliões no Maranhão e a família Sarney.
E não é por acaso. A família Sarney é dona de boa parte da mídia Maranhense (pra não dizer toda); sendo inclusive dona da afiliada Rede Globo por lá.
Em todas as reportagens que vi, são outros que aparecem falando sobre o problema: assistentes carcerários, representantes da Polícia, família das vítimas e, quando muito, o secretário estadual de Segurança.
Não digo que não seja a função destes; mas a Dona Roseane poderia numa só “cajadada”, mostrar-se ciente do problema, acessível à população que a tem como sua representante maior e explicar os gastos gastronômicos ocorridos que ocorreriam na mesma semana.
Citando um exemplo: o Fantástico do último domingo mostrou os “absurdos” da cadeia de pedrinhas, como telefonemas gravados, ordens partindo do presídio para os ataques incendiários a ônibus, as vítimas, uma pequena estória de rebeliões naquele local, a obrigatoriedade que os detentos têm de escolher a facção que fará parte ao entrar no presídio, etc. Mas nenhuma vez mencionou o nome da governadora Roseane. O mais próximo que “chegou” foi a imagem desfocada de um quadro presente no fundo da sala do secretário de segurança, durante a entrevista. (imagem essa que usei como figura para esse post)
por Celsão Correto
link para um vídeo excelente do Bob Fernandes, com suas opiniões contundentes sobre Política, abordando o Maranhão como foco: aqui
Para quem quiser, segue o link do vídeo/reportagem do Fantástico, do qual tirei a figura – aqui.