O nosso trem-bala ou, como vem sendo chamado, TAV (trem de alta velocidade), era sonho de muitos políticos caricatos, mas começou a tomar “corpo” depois que fomos escolhidos como país-sede de dois dos principais eventos esportivos do Globo: Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas.
Havia tempo suficiente (estávamos em 2007) e os powerpoints mostravam que os investimentos eram rentáveis para a iniciativa privada, ou mesmo um modelo diferenciado PPP (parceria-público-privada), em que há isenção de impostos por um período determinado e subsídios para viabilizar o negócio.
Pois bem…
Já estamos com a Copa “às portas” e diversos atrasos contabilizados nos aeroportos, estádios e demais obras de infraestrutura, incluindo aqui uma primeira licitação do TAV em Julho de 2011. E agora o governo avalia, com certa insistência, o leilão do TAV, marcado para meados de Setembro.
Até mesmo a provável ausência do grupo espanhol Renfe, um dos interessados no TAV brasileiro, devido ao acidente ocorrido há alguns dias na Espanha já está sendo “contornada”. Nos documentos exigidos, a inexistência de acidentes com vítimas fatais nos últimos cinco anos não os desqualifica, conforme análise prévia do ministro César Borges (aqui); que argumenta que o acidente ocorreu numa malha considerada de baixa velocidade… Há um certo receio de que “sobre” no leilão apenas o grupo francês, envolvido no escândalo recente de propinas (post aqui)
Me parece que o governo busca no projeto “a vitrine” que anseia e está disposto a gastar muitas fichas nesse objetivo. O que não usaria dinheiro público no início, agora contará com a participação de BNDES e Correios, conforme noticiou o Estadão.
Não menos importante para o país, mas menos visível aos olhos, a linha férrea chamada de Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que interligaria a cidade de Barreiras, no oeste baiano a um porto em Ilhéus, no litoral, possui menos de 20% das obras concluídas, principalmente devido à falta de trilhos, após a data prevista de sua inauguração (detalhes aqui)
Anunciada como obra do PAC em 2010, a ferrovia escoaria a produção de grãos não só da região, mas também do Centro-Oeste. A nova previsão do governo é entregar o trecho entre Ilhéus e Caetité até o final de 2014 e entre Caetité e Barreiras em 2015. Há um projeto de extensão planejado (ainda sem data de entrega) visando interligar a Fiol à Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins. Outro exemplo das muitas obras paradas ou atrasadas do PAC e PAC 2.
Voltando ao TAV, o que mais me incomoda é a ausência de planejamento dos investimentos necessários, nem ao menos o custo total do projeto é conhecido. Estimado em R$30 bilhões não só representaria o maior investimento em infraestrutura do país, como também poderia ser usado em ambos estados em problemas mais urgentes! O presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) estima que este valor resolveria os problemas urgentes do transporte público no Rio e em São Paulo (aqui).
E vocês, o que acham do trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio?
por Celsão correto
figura: montagem