E não é que nosso querido ex-Prefeito foi condenado de novo e taxado de “Ficha Suja” pelo TSE?
O Maluf é um daqueles políticos que me dá vergonha. Pertenceu ao Arena na época do regime militar, quando foi nomeado governador “biônico” de São Paulo e concorreu a presidência; depois ajudou a fundar o PFL, e foi presidente de “honra” do PDS e PP (se é que dá pra usar a imagem do político com a palavra honra).
O bordão atribuído a ele, talvez pelo próprio, do “rouba, mas faz”, me enoja. É como se os fins justificassem os meios, como se fosse deliberadamente aprovável executar obras superfaturadas pelo simples fato de executá-las.
Outra frase do político: “Essa assinatura é minha, mas não fui eu que assinei” denota o total descrédito a instituições públicas, a jornalistas, policiais e, sobretudo, ao judiciário. Negar o inegável tornou-se normal para ele; tanto que se dizia inocente pelo simples fato de não (naquele período) ter sido condenado.
Ele declarava a inocência com desdém, vangloriando-se desta ao invés de fazer saber da morosidade da justiça e do sem-fim de recursos que seus advogados “bons” conseguiam nas muitas instâncias e tribunais do país: “Processos em meu nome são muitos, mas nunca fui condenado”
Pois bem, exatamente por conta de uma dessas obras “rouba mas faz” é que o ex-prefeito foi condenado: um túnel que passa por baixo do parque do Ibirapuera que custou mais que o Eurotúnel, que liga a Inglaterra à França (aqui) e cerca de R$100 milhões mais caro por kilômetro que nosso já caro e contestado metrô (aqui e aqui os valores dos kilômetros).
Já condenado pelo TRE de São Paulo, Maluf recorreu. E agora foi condenado pelo tribunal superior eleitoral, a última instância nesta seara. Mas teve votos a favor da manutenção de sua candidatura. Foram três juízes que ficaram ao lado do político, entre estes juízes, ninguém menos que Gilmar Mendes (lembram-se dele? O mesmo que liberou Daniel Dantas, Abdelmassih, etc – post sobre ele aqui). Mas nem com a “ajuda” de magistrados dispostos a usar a lei de modo distorcido Maluf se safou…
Tudo estaria bem se… o julgamento acabasse aí, a candidatura fosse retirada e o partido penalizado(*) por haver inscrito um candidato Ficha Suja. Mas não acabou!
Nosso sistema judiciário permite que haja um novo recurso e que o caso seja transferido ao STF! A situação não é fácil, já que os votos a Maluf só serão computados se ele conseguir fazer valer seu registro no STF ou no próprio TSE.
Mas, com base nos advogados “bem pagos” e juízes sem escrúpulos, é certo pra mim que mais uma eleição está garantida ao engenheiro; que, além de si próprio, conseguirá uma pequena bancada para o seu partido graças às leis eleitorais em vigor no país. (pra quem não sabe, quando um deputado recebe muitos votos, usa os remanescentes num tal de quociente eleitoral e pode “trazer” outros consigo – fonte TSE)
É nocivo para a democracia e inaceitável do ponto de vista ético que, mesmo após a aprovação da lei da Ficha Limpa, políticos como Maluf continuem por aí, registrando-se e recorrendo em tribunais diferentes a cada quatro anos.
Não dá mais!
A Lei da Ficha Limpa custou bastante pra ser votada e pra entrar em vigor, foi alterada pelos parlamentares para que somente processos finalizados (transitado em julgado) fossem considerados, livrando infelizmente, boa parte dos safados habituados com a morosidade dos tribunais. Mas foi aprovada e entrou em vigor! É hora de torna-la clara e aplicável: político condenado em qualquer instância ou tribunal, não pode ter o registro aceito para concorrer a eleições.
Está errado! É revoltante!
Ter dinheiro e bons advogados não deve privar um condenado a cumprir a pena imposta, nem postergar indefinidamente essa condenação. Muito menos se for um político, que na minha opinião, deveria servir de exemplo aos outros cidadãos. Foro privilegiado, renunciar para não ser cassado e perder os direitos, dentre outros benefícios, não devem existir como instrumento de “endeusar” uma casta que abusa destas vantagens em prol de si.
Reforma política e do judiciário já!
por Celsão revoltado.
(*) Um parêntese rápido sobre a pena a ser imputada ao partido… Pra mim, seria justo que devolvessem ao menos metade do dinheiro do fundo partidário, já que é o Maluf o principal “porta voz” e “puxa votos” do partido, é ele que aparece quase que o tempo todo na TV falando de seus feitos.
P.S.: o pior é saber que outros candidatos “puxa-voto” lideram a pesquisa de intenções. Segundo o UOL, além de Maluf, Tiririca, Russomano e Feliciano também estão na lista dos preferidos (aqui)
P.S.2: pra quem quiser ler a notícia sobre o julgamento de Maluf , segue link aqui
figura retirada daqui