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Guerra_as_DrogasA violência no Brasil anda assustando a população brasileira, assim como os turistas.
O problema da violência transcende Governos, e vem assolando nosso país desde a ditadura militar, e ano após ano numa escalada progressiva.
(clique AQUI e leia nosso artigo onde refletimos sobre a relação entre “real aumento da violência” X “nossas sensações de insegurança, influenciadas pela mídia”).

Mas o que gera a violência?
Podemos apontar vários fatores: Pobreza, desigualdade social, sistema educacional degenerado, uma mídia que incentiva sentimentos como ódio, desejos e inveja; fatores culturais (há culturas mais pacíficas, outras mais agressivas), etc.
E claro, a presença e força do tráfico de drogas nesta sociedade. E é neste ponto que quero me detalhar.

No Brasil, todos sabemos, temos um enorme problema com drogas. Temos muitos viciados, e o tráfico é fortíssimo. Traficantes mandam em bairros e comunidades inteiras. O combate ao tráfico parece ter se intensificado nos últimos anos, como exemplo, temos as ações policiais com a ajuda do exército no Rio de Janeiro, fazendo uma “limpeza” em algumas comunidades.
Ajudou? Bom, não parece. O número de usuários de crack aumenta a cada dia, traficantes do Rio saíram “corridos” de lá e migraram para outras cidades, onde então o problema das drogas piorou, e no Rio, outros assumiram seus lugares.

Mas afinal, é eficiente combater o traficante? Como fazer isso? O traficante está lá, isolado no morro, sem amigos, sem influência? Ou será que ele, muitas vezes, possui forte rede de contatos e influência, incluindo grandes empresários, policiais, políticos e até juízes?
Penso que, em muitos casos, a segunda opção seja a mais realista.
Então, como o poder público vai lutar contra o tráfico, se o tráfico está entrelaçado com instituições públicas e privadas?

Michael Levine, que foi durante 25 anos agente da DEA (Agência de combate às drogas dos EUA), revela em seus livros, que a CIA tem conexões diretas com o tráfico na Colômbia, México, Bolívia. Há aí uma história de troca de favores e benefícios mútuos entre CIA e as drogas na América Latina, que já atravessa várias décadas.

Michael Levine, hoje com 75 anos, vem publicando documentos oficiais sigilosos, vídeos gravados por ele em reuniões secretas, e livros há cerca de 20 anos. Podemos compará-lo a Snowden, porém do submundo das drogas.
Os livros mais famosos de Levine são: “Deep Cover” e “The Big White Lie” (com tradução em português: A grande mentira branca).

Levine diz que a guerra contra as drogas é ineficiente, pois, para diversas instituições e empresas poderosas, é desinteressante que o tráfico acabe. Ele e outros estudiosos apontam para outra variável óbvia: o tráfico é lucrativo, portanto, combater aquilo que dá dinheiro fácil, é desperdício de energia. Você prende ou mata um traficante, tem uma fila de outros 100 esperando para assumir seu lugar.

Afinal, como então combater as drogas?
Levine e intelectuais apontam possibilidades. Primeiramente, não se deve focar no traficante, mas sim no usuário. O traficante só existe, pois tem mercado, ou seja, há quem compre. Se for possível trabalhar a sociedade para que haja menos necessidade de consumo de drogas, o traficante perde a força, o tráfico perde o sentido.
Mas como causar essa mudança na sociedade?

Bom, primeiro temos que nos livrar de pensamentos preconceituosos, ortodoxos, ultrapassados, nos livrar da hipocrisia de discursos dogmáticos e conservadores, para podermos aceitar possíveis realidades e soluções.

Li um artigo de Johann Hari, autor do livro “Chasing the scream: the first and last days of the war on drugs”, que poderíamos traduzir como “perseguindo o grito: o primeiro e último dias da guerra contra as drogas”, que viaja pelo mundo fazendo uma série de entrevistas, tanto com cidadãos comuns, como com representantes de ONGs contra as drogas, comunidades que enfrentam tais problemas, e também com governos que revelaram suas experiências.

Johann traça algumas reflexões e estudos sobre o vício. Seus estudos apontam que, o vício químico existe, mas é fator pequeno frente ao vício psicológico. Ele mostra estudos feitos tanto com ratos, quanto com seres humanos, que apontam uma tendência clara de que, em condições de vida saudáveis, felizes, com lazer, com as necessidades básicas vitais satisfeitas, tanto seres humanos, quanto ratos tendem automaticamente a não precisar mais de drogas e a preferir a sobriedade.

Johann menciona Portugal, que tinha um problema gravíssimo com Heroína até o ano 2000, cerca de 1% da população estava viciada. O Governo português tentou por vários os anos a guerra contra as drogas, sem sucesso. Então resolveram inovar. Descriminalizaram as drogas e fizeram um rigoroso programa público de educação, conscientização e recuperação dos drogados. O resultado: 50% de redução do consumo de heroína em poucos anos.

Algo parecido acontece no Uruguai, onde o ex-presidente, Pepe Mujica, descriminalizou a maconha fazem 2 anos. Estatísticas já comecem a apontar resultados positivos naquele país.
Ao ser confrontado em entrevista, com a pergunta “mas o senhor tem certeza que dará certo?”, Mujica respondeu: “Lógico que não tenho certeza. Mas eu tenho certeza que o que tentamos antes nunca deu certo, por isso, é preciso tentar algo novo. Se não der certo, mudamos para outra tentativa. O que não se pode é ficar parado repetindo erros!”.
Parece simples não? Mas não é! Afinal o conservadorismo e o medo do novo nos impedem de sermos inovadores, de aceitarmos mudanças, de revermos nossos valores. Aí, ações racionais e promissoras, são hostilizados pela sociedade.

Há outros países com legislações mais flexíveis e que buscam caminhos progressistas para o combate às drogas, como Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega, entre tantos outros.

Por isso vemos que há uma conexão clara entre as drogas e as faltas de oportunidade de viver uma vida saudável e feliz. Ou seja, numa sociedade deteriorada, às margens da pobreza, desigualdade social, preconceitos, racismo, violência, mídia do medo, políticos do descaso, é evidente que há um espaço enorme para o crescimento do consumo de drogas.

Qual seria a solução?
Observando os trabalhos de Levine, Johann, e tantos outros vastos trabalhos existentes mundo a fora, e observando as experiências bem sucedidas de alguns governos, podemos chegar a conclusões que apontam para possíveis boas soluções:

  • Parar de focar no tráfico, no combate da violência com violência. Passar a focar na sociedade e na melhoria da vida dos usuários.
  • Gerar condições de vida que reduzam a necessidade da entrada das drogas na vida das pessoas: erradicação da pobreza, diminuição radical da desigualdade social, melhorar o sistema de saúde, investir em arte e cultura.
  • Melhorar a qualidade da educação em todos os sentidos, e claro, com informação crítica e que conscientize sobre o tráfico de drogas e sobre os danos do uso das mesmas.
  • Descriminalizar ao menos drogas leves, para que o Governo, a Justiça e órgãos públicos, tenham maior controle do consumo da droga e possam ter maior acesso aos usuários, para assim realizarem trabalhos e tratamentos com os mesmos.
    De tabela, enfraquece-se o tráfico, diminuindo a arrecadação destes.

Muito do exposto acima é burocrático, exige mudanças na Constituição Federal, e enfrentará resistência conservadora.
Mas há como iniciar ações rápidas e locais, independentes do Governo Federal. Levine menciona seu livro Fight Back, onde ele aponta ações da própria sociedade e das comunidades para reduzir os problemas com o tráfico.

Ajudar ONGs já existentes, e apoiar o surgimento de novas. Realizar constantemente audiências públicas, com participação da Justiça, promotoria, polícias civil e militar, ONGs, prefeitura, autoridades da saúde e da educação, e representantes de comunidades; e debater possibilidade de melhoria do saneamento básico, da limpeza pública, de ampliar a geração de emprego e aumento salarial, possibilitar a criação de mais áreas e possibilidades de lazer, mais eventos culturais e artísticos, um acompanhamento médico e psicológico, de perto, dos jovens, e tudo mais que lhes traga mais interesse pela vida e perspectivas de felicidade e futuro.


* Para ler entrevista com Michael Levine, com links para seus vídeos e documentos, clique AQUI
* Para ler o artigo de Johann Hari, clique AQUI

por Miguelito Formador

figura daqui

Minha amiga e nossa leitora, Jéssica Pereira, escreveu um texto brilhante. Apesar de muito crítico, o texto consegue ser suave e capaz de nos tocar no cerne dos sentimentos: a alma.

Reproduzimos então o texto aqui na íntegra:

por Miguelito Filosófico

figura daqui


por Jéssica Pereira

Meritocracia_CriancaVocê nasceu, cresceu, seus pais trabalharam, você estudou, e hoje tem um emprego.

Espero que este emprego lhe pague mais que um salário mínimo, talvez três, ou quatro, e que além de pagar o aluguel, você possa pagar um jantar pra sua namorada.

Espero que sua namorada tenha um emprego.
E que vocês juntos decidam se casar.

Espero que vocês se casem. E com o suor que cai em vossos rostos, consigam se livrar do aluguel.

Espero que ao comprar uma casa, vocês tenham filhos. E que juntando os salários que você e sua esposa ganham, vocês sejam capazes de incluir seus filhos no plano de saúde. O inverno chegou e as crianças ficam doentes com mais facilidade. E nós sabemos que o SUS não presta.

Espero que seus filhos cresçam com saúde e entrem na escola. Mas que seus salários sejam suficientes para pagar uma escola e dar educação de qualidade, porque o ensino público não presta.

Espero que seu filho se forme e ingresse na universidade. Mas numa universidade privada, porque o ensino básico público não presta e não sei o que lhe faz pensar que a faculdade pública é diferente.

Espero que seu filho deixe a vaga da faculdade pública pra mim, porque meu pai é pedreiro no interior, e ganharia só um salário se não me deixasse sozinha o dia inteiro pra colocar comida na mesa da nossa casa. Eu sou uma criança e não posso trabalhar, é crime.

Espero encontrar alguém que me dê amor em qualquer esquina, porque discurso de ódio eu escuto sair da televisão. Tô crescendo “abandonada”. Meus pais me deixam sozinha, porque precisam me sustentar. Mas sou criança, e choro quando vejo mães com seus filhos de mãos dadas, enquanto a minha corta o cabelo da madame do bairro nobre.

Passei o inverno com pneumonia, o ensino da minha escola é ruim, e o meio que vivo não colabora. Eu sou pobre.

Enxugaram meus recursos básicos e vão torcer pra que eu não mate o teu filho. Na verdade, vão torcer pra que eu mate. É pra isso que alguém vai na mídia e te convence que prisão é a solução. Você tem grana pra pagar por saúde e por educação pro seu filho, o meu pai não. É pra isso que ele trabalha, porque ele sabe que eu, criança, tenho um futuro pela frente. O meu pai acredita em mim.

Lhe fazem – de mim – sentir medo, enquanto lhe arrancam todo dinheiro.

Mas espero que seu filho tenha um emprego, e que este emprego lhe pague mais que um salário mínimo, talvez três, ou quatro, e que além de pagar o aluguel, ele possa pagar um jantar pra namorada.

* Jéssica possui um blog filosófico-poético, que também não deixa de ter seu conteúdo intimista e crítico. Para interessados, segue o link AQUI

Hitler_maioria_FascismoOs episódios recentes de racismo, machismo, fascismo, ignorância, falta de educação, ausência completa de bom senso e respeito ao próximo, elevam meu grau de preocupação com o futuro do Brasil. Há uma grande parcela da sociedade brasileira que está doente, mentalmente doente. Histeria, ódio, irracionalidade, causados pela doença da estupidez.
(Quem quiser ler mais sobre a burrice e estupidez como doença, segue um artigo da filosofa Márcia Tiburi: AQUI)

O ódio que a mídia e líderes radicais de direita geram, e que muitos ajudam a disseminar (isso pode incluir você, então reflita) mesmo que de forma modesta e branda, é um trem desgovernado: depois que embalar, não é mais possível parar.

Se o pior acontecer, e este ódio se institucionalizar de vez em forma de Governo (já começou, com Cunha na presidência do Legislativo e com um Congresso extremamente conservador e repleto de radicais de direita), não chorem suas mágoas depois.

Aquele que diz ser contra o ódio, mas está sincronizado ideologicamente com quase tudo aquilo que os fascistas também defendem (contra bolsa família, contra mais médicos, querem o PT fora, acham que Dilma quebrou o país, contra cotas, a favor da redução da maioridade, contra aproximações com Cuba e Venezuela, se calam quando o Congresso mantem as doações privadas a campanhas eleitorais ou fazem uma mesma votação duas vezes em 24 horas para inverter um resultado do dia anterior, etc), é cúmplice da alavancada da insanidade.
A você, um lembrete: você não será poupado por estes fascistas quando eles tiverem o Poder ilimitado. Afinal, fascistas não irão reconhecer que você defende algumas das mesmas causas que ele; pelo contrário, ele irá somente reconhecer que você não defende algumas de suas causas, e então, irá te perseguir.

Quem também faz vista grossa, não se manifesta, tenta se manter numa falsa, e/ou hipócrita, e/ou covarde neutralidade (em cima do muro), não deve se enganar, pois também não será digno de misericórdia.
Além disso, é sempre bom lembrar: o silêncio dos bons deixa com que a voz dos maus prevaleça e cresça. Portanto, você, com pinta de neutro, é conivente e cúmplice, infelizmente.

Aos fatos:

  1. Adesivos de montagem pornográfica com a Presidente Dilma sendo distribuídos para serem colados nos tanques de gasolina dos carros. Nem vou me aprofundar neste assunto, nem vou descrever detalhes do adesivo (pois todo mundo o viu, o que dispensa minha narração), pois é tão, mas tão baixo, que sinto vergonha de falar sobre isso. Quem chegou a colá-lo no carro, precisa ser internado numa clínica psiquiátrica, pois está sofrendo de sérios problemas mentais, e não é só burrice não. E não estou falando isso para ofender, ou para mostrar meu desprezo (apesar de merecido), estou falando sério, a pessoa tem sérios problemas e precisa de tratamento.
  2. Maju Coutinho, jornalista da Globo responsável pela previsão do tempo no Jornal Nacional, recebeu diversos ataques racistas e machistas na internet. Entre os comentários, estavam os seguintes: “só conseguiu emprego no JN por causa das cotas, preta macaca” e “não tenho TV colorida para ficar olhando essa preta, não”, além da palavra “vagabunda”, diversas vezes. Ao que parece, a maioria dos perfis que fizeram os ataques, são perfis falsos/fakes, o que para mim, não muda em nada o ocorrido, pois a única diferença entre um perfil fake e um verdadeiro, é que o fake representa alguém covarde, incapaz de se mostrar e expor o que pensa. Para ler mais sobre os ataques, clique AQUI
  3. Deputados do DEM, PR, PSDB, que decidiram ser contra a posição de seus partidos e votaram “contra” a redução da maioridade penal, sentiram por algumas horas, pela primeira vez em suas vidas, a insanidade do ódio. Até então blindados de tais agressões, provavelmente por pertencerem a partidos conservadores, receberam em seus twiters e Facebooks uma série de ataques maliciosos, machistas e sexistas (para as deputadas mulheres), ofensas, ameaças, e tudo mais. Esses deputados se disseram horrorizados, e manifestaram entender melhor agora o que sofrem políticos progressistas.Mara Gabrilli (PSDB-SP), Clarissa Garotinho (PR-RJ) e Professora Dorinha (DEM-TO) foram algumas das vítimas, escreveu o deputado Jean Wyllys. Segundo ele, as três se referiram às injúrias sexistas e às acusações de que eram “comunistas” e “vendidas ao PT”.
    Entre os que sofreram os ataques, muitos mudaram seus votos 24 horas depois (como foi o caso do deputado Celso Maldaner do PMDB, clique AQUI). A maioria nega a relação entre os ataques e a mudança do voto. Mas cá entre nós, o medo físico, e/ou o medo de perder eleitorado, certamente influenciaram a mudança de muitos deles. Também o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, longe de ser um progressista de esquerda, se posicionou contra a redução, e sofreu a ira dos fascistas, muitas vezes acompanhada de ataques racistas.
  4. Durante a comitiva da presidente Dilma nos EUA, uma repórter da Globo fez uma pergunta maliciosa, como de costume, para ser respondida por Dilma: “Senhora presidente, como lidar com a contradição de que o Brasil se vê como uma potência global, mas os EUA veem o Brasil somente como uma potência regional?”
    Obama, que percebeu a maldade da pergunta, se antecipou e disse: “Com licença, mas na parte que toca aos EUA eu preciso responder. Os EUA não veem o Brasil como uma potência regional, mas sim global. Eu poderia dar vários exemplos, mas vou lembrar somente que o Brasil é um dos países mais importantes e respeitados entre os G20, e além disso, o combate às mudanças climáticas e a diminuição da destruição do meio ambiente, só é possível tendo o Brasil como nosso líder.”
  5. E por fim, e talvez o melhor exemplo de como esse ódio fascista é completamente insano, doente e irracional. Durante a mesma visita da presidente Dilma a Obama, um jovem brasileiro, fã de Jair Bolsonaro, se infiltrou na comitiva de Dilma, e filmando começou a gritar e xingar a presidente. Vejam a notícia da Folha, onde também é possível acessar o tal vídeo (AQUI). Entre as ofensas, estavam as palavras: ladra, terrorista, assassina, comunista de merda e vagabunda.

 

por Miguelito Nervoltado

figura retirada do facebook, compartilhada por diversos perfis

15155110E não é que depois dos rolezinhos com as “invasões” das classes baixas desejosas por aparecer em centros de compras da elite, como a rua Oscar Freire e o Shopping JK; e depois dos funkeiros “ostentação” e seus carrões, cordões e mídia, eis que surje mais um problema para a elite?

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad está revendo o zoneamento da cidade. E, com isso, bairros definidos na década de 70 como “estritamente residenciais” podem ganhar comércios, consultórios e até, pasmem, moradias populares!
“Meu Deus, como vamos fazer nossa caminhada, levar nosso Yorkshire Terrier para passear!” – dizem alguns.
“Estacionar minha Cayenne na padaria ao lado de um Chevette, de um carro mil! E se ele bater em mim? Vai querer me roubar! Nunca pensei que isto aconteceria aqui…” – provável frase de outro.

Não posso dizer que gosto de tudo o que foi feito até aqui pelo político.
A meta colocada (talvez a si mesmo) de 400km de faixas exclusivas para bicicletas (as ciclofaixas) criou bizarrices inimagináveis, como ciclofaixas interrompidas em pontos de ônibus e postes no meio das mesmas.
Sou a favor da priorização adotada em prol do transporte público e das bicicletas; mas é notório que não houve muito planejamento na escolha das vias e caminhos dos ciclistas.
Diferentemente do ocorrido com o zoneamento, já que várias chamadas públicas para discussão do Plano Diretor Municipal foram feitas, por exemplo, na TV. Nas subprefeituras, certamente o assunto zoneamento foi citado. E, se um minimercado é prioridade para os assalariados que trabalham para a elite, e não teriam tempo de comprar itens de necessidade ao chegarem duas horas depois em Guaianazes ou Interlagos, só seria visto com bons olhos pelos moradores se for um “Marché” ou “Pão de Açucar”;

Argumentar que aumentará a violência, ou trará drogas é pura piada de mau gosto.
Outros bairros nobres têm favelas na vizinhança e elas não são a razão da violência. Igualmente com as drogas: quem consome continuará consumindo, mas terá como provável vantagem o menor deslocamento até a “boca”.
O que a elite não deseja é ver os seus imóveis de vários milhões de reais, ou R$20mil o metro quadrado, da badalada Vila Leopoldina, desvalorizados com a construção de moradias populares.
E isso realmente acontecerá se os novos zoneamentos da cidade forem levados a cabo. A zona predominantemente residencial (ZPR) da Leopoldina passará a conter uma Zonas Especiais de Interesse Social (ou ZEIS).

Gostaria que a cidade convergisse para menores deslocamentos e maior qualidade de vida para a população. Se o zoneamento é a solução, ou se o é a tentativa de diminuição do número de veículos com as ciclofaixas, ou ainda a criação de parques e áreas públicas de lazer… não sei.
Mas… convenhamos no “cá entre nós”… as três medidas, são passos no caminho certo.

Sem querer tocar no tema do post anterior, mas já tocando. Nós paulistas, temos muito a evoluir socialmente. (post aqui)
Só não proponho, como o título propunha, a invasão de Alphaville (bairro “ilha” da elite paulistana), por ser de impossível locomoção com transporte público. Talvez este seja a única barreira que “salva” esta parcela elite da perigosa miscigenação de classes.
Se bem que para o MST, seria uma boa…

por
Celsão Irônico

figura e ideia do post retiradas daqui (valeu Caldo!)

P.S.: para quem quiser se informar mais, leia este post. A blogueira Raquel Rolnik, que o escreveu originalmente na Folha, explica o zoneamento. Aproveitando, aqui há um resumo sobre o assunto “Plano Diretor da cidade”, em posts excelentemente explicados pela Raquel em seu blog. 

P.S.2: outra notícia interessante da “revolta” da elite (aqui). 

P.S.3: Não menos importante, o plano diretor de São Paulo está disponível para download neste link.

maioridade-penalNeste artigo irei apontar alguns dados e estatísticas sobre a violência no Brasil e sobre a Maioridade Penal mundo afora.

Não pretendo aqui fazer grandes debates morais ou éticos sobre a possível redução da Maioridade Penal; tampouco quero especular sobre os mais diversos efeitos colaterais da mesma. Esse aqui não é um artigo filosófico, nem humanista, muito menos moralista. Esse é um artigo de exposição de dados e estatísticas.
Se quiserem saber um pouco sobre a forma como os integrantes deste blog (Celsão e Miguelito) pensam sobre a Maioridade Penal e sobre os diversos efeitos de uma possível redução da mesma, clique AQUI para ler o artigo do Celsão.

  • Como anda este tema pelo Mundo?

Para começar, eu gostaria de compartilhar o resultado de um estudo feito pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), órgão da ONU. A UNICEF levantou os dados de 54 países de grande relevância, e construiu uma tabela com a “Idade para responsabilidade penal juvenil”, e “responsabilidade penal adulta (maioridade penal)”, respectivamente, em vários países. Vejam alguns exemplos que eu selecionei, onde adicionei por contra própria a Nova Zelândia, que não está inclusa no estudo original:

Brasil: 12 & 18
Alemanha: 14 & 18
Argentina: 16 & 18
Áustria: 13 & 19
Chile: 14/16 & 18
China: 14/16 & 18
Espanha: 12 & 18/21
Eslováquia: 15 & 18
Eslovênia: 14 & 18
Finlândia: 15 & 18
Franca: 13 & 18
Grécia: 13 & 18/21
Holanda: 12 & 18
Hungria: 14 & 18
Irlanda: 12 & 18
Itália: 14 & 18/21
Japao: 14 & 21
México: 11 & 18
Noruega: 15 & 18
Uruguai: 13 & 18
Austrália: 10 & 19
Hong Kong: 14/16 & 18

Nova Zelândia: 10/14 & 17
Portugal: 12 & 16/21
Suécia: 15 & 15/18
Suíca: 7/15 & 15/18
Escócia: 8/16 & 16/21
Dinamarca: 15 & 15/18
Bélgica: 16/18 & 16/18
Rússia: 14/16 & 14/16
Canadá: 12 & 14/18
EUA: 10 & 12/16

O que percebemos nesta lista?
Selecionada a grande maioria dos países mais “civilizados” e “evoluídos socialmente” no planeta, temos 21 com Maioridade Penal de no mínimo 18 anos, e em alguns casos chegando a 21 anos.
Há 6 países com critérios mistos (variando de 14 aos 21 anos), onde a criança será julgada como adulto somente em casos bem específicos, por exemplo, quando da ocorrência de crimes gravíssimos. Normalmente o processo é acompanhado de uma avaliação criteriosa da maturidade da criança/adolescente.
Há 1 país que fixou em 17 anos.
E temos 2 países (EUA e Rússia) que possuem Maioridade Penal fixada abaixo de 18 anos.

O que isso significa?
Se aprovado o projeto de lei no Brasil, estaremos nos distanciando, mais um pouquinho, dos padrões de cidadania, de evolução social, de direitos humanos, e do utópico sonho de sermos mais parecidos com os países “desenvolvidos”.

Dos 54 países estudados pela UNICEF, 74% aplicam Maioridade Penal de 18 anos. Algo em torno de 20% aplicam Maioridade Penal flexível/mista, e somente 6% aplicam Maioridade Penal fixa menor que 18 anos.
Clique AQUI e veja o estudo completo da UNICEF.

Há dados mundiais que nos alertam para um grande retrocesso, uma caminhada na contramão da evolução do ser humano enquanto sociedade. E que se a maioria dos países “desenvolvidos” tem maioridade penal de 18 anos, é por que há um motivo bem concreto para isso. Suas legislações chegaram a essas soluções devido há séculos de estudos, progresso, aprendizado, experiências e evolução. E nós, no Brasil, por pura subjetividade e impulsos instintivos, queremos impor aquilo que “achamos”, em detrimento da ciência, da intelectualidade, e da natural evolução das sociedades.

  • Quem é a favor, e quem é contra?

Do lado dos que apoiam estão:
O Congresso Nacional, tido pela maioria dos brasileiros como uma instituição falida, corrupta, apodrecida. Em especial este atual Congresso, que é o mais conservador desde o golpe de 1964 que implantou a “querida” ditadura no Brasil. Hoje, liderados pelos “admiráveis” Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
A Grande Mídia, composta por Rede Globo, Revista Veja, Jornal O Globo, Folha de São Paulo, entre outros, cada vez mais dignos de críticas e repulsa da sociedade brasileira, devido a sua parcialidade e falta de profissionalismo e ética. 

Já do outro lado,  são contra a Redução da Maioridade Penal os seguintes órgãos:
ONU, UNICEF, OEA (Organização dos Estados Americanos), CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), CFP (Conselho Federal de Psicologia), CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), e a OAB (ordem dos advogados do Brasil).

E você, está sincronizado com quais grupos? Já parou para pensar no porquê de cada um destes grupos se posicionarem como se posicionam? Já parou para pensar na história, na integridade, nas intenções de cada um desses grupos e como isso reflete na forma deles se posicionarem?

Eu, assim como você, chego a conclusões “próprias”, sem precisar seguir ninguém ou qualquer órgão. Mas, me alivia bastante saber que estou do mesmo lado que a ONU, AMB, OAB, CNBB, UNICEF, OEA, CFP, etc.
Se não te incomoda o fato de estarem ao seu lado a Globo e Congresso Nacional, bom, cada um com sua consciência.

  •  Qual a parcela de culpa dos adolescentes na violência do Brasil?

Segundo os dados da SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública), os jovens entre 16 e 18 anos são responsáveis por 0,9% do total de crimes praticados no Brasil. No caso de homicídios, somente 0,5% são de responsabilidade deste grupo.
Clique AQUI e leia mais.

Segundo o Anuário de Segurança Pública, entre todos os crimes cometidos por menores, cerca de 10% são crimes graves, como homicídio. Mais de 70% dos crimes são crimes contra o patrimônio: furto e roubo (quase 43,7%) e envolvimento com o tráfico de drogas (26,6%). Clique AQUI.

O que concluímos com isso?
Ora, o argumento de que a redução da Maioridade Penal será eficiente para combater a criminalidade no Brasil, é um argumento furado, fruto de desinformação. Supondo uma eficiência de 100% da justiça e da polícia caso a redução seja aprovada, teríamos uma redução de 0,9% na criminalidade do país, e uma redução de 0,5% das taxas de homicídio. Isso significa que, ao invés de termos 200 assassinatos, teríamos 199. Nossa, que melhoria!!!

Reduziremos o número de assassinatos de 200 para 199, mas em contrapartida, estaremos colocando milhares de adolescentes na cadeia, por terem furtado ou por serem foguetinho do tráfico, e quando saírem da cadeia, terão se tornado reais criminosos, traficantes, assassinos, estupradores, com os mais diversos distúrbios mentais. Ou seja, ganha-se 0,9% aqui, perde-se 30% em alguns anos.

Agora, convido vocês a refletirem sobre estes dados. Pense em quanta informação falsa e manipulada você acreditou e que foi desmentida aqui. Reflita, e reposicione-se.
Vai ficar com as mentiras e achismos subjetivos, ou ficará com a realidade e a ciência?

por Miguelito Formador

Leia 18 motivos para dizer não á redução da Maioridade Penal. Clique AQUI (figura do link)

FRANCE-ATTACKS-CHARLIE-HEBDO-MEDIA-FRONTPAGETodo o planeta acompanhou nessa semana uma massiva manifestação em Paris contra o terrorismo e a favor da liberdade de expressão e imprensa. Foi tão divulgada que é dispensável a colocação de um link.

Pouco quero falar sobre o ato execrável e criminoso dos irmãos, membros da rede Al Qaeda do Iêmen. Saliento somente que nenhuma religião, em sua síntese, prega atos violentos contra quem quer que seja.
O próprio Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, condena atos de blasfêmia somente cometidos por aqueles que foram “educados” na doutrina, ou seja, os castigos deveriam ser aplicadas apenas à muçulmanos (detalhes de estudiosos do livro aqui). Na prática vê-se que países mais radicais na doutrina, como o Paquistão, prendem e executam (cristãos inclusive) por profanar ou blasfemar contra Alá ou Maomé.

Eu queria focar, primeiramente, na liberdade de expressão e declarar minha “opinião pirata” sobre o assunto: liberdade completa e irrestrita de opinião e imprensa não existe!
Citando exemplos para ilustrar a frase acima…
– Será que a polícia francesa e seus 80 mil homens que buscavam os terroristas agiriam normalmente se manifestantes pró-terroristas fossem às ruas? Ou mesmo se membros dos direitos humanos pedissem clemência para os criminosos?
– O que aconteceria com um jornal satírico nos Estados Unidos após o onze de setembro, caso publicasse tirinhas exaltando Osama Bin Laden ou mostrando a estúpida e exagerada reação americana?
– No Brasil, que não é um dos países mais rígidos em termos de lei, proprietários de blogs na internet podem ser processados por comentários feitos por terceiros. Como alternativa, os comentários devem ser moderados ou cada post deve conter a isenção de responsabilidade, informando que a página não se responsabiliza… (blá, blá) que os comentários não representam a opinião do autor e editores… (blá, blá)
– Pra completar a lista de exemplos, Laerte, um dos maiores cartunistas brasileiros, declarou em entrevista (link)que não existiria um Charlie Hebdo no Brasil, por conta da pressão “bate-assopra” que cobramos uns dos outros aqui.

Isto posto, mesmo com a boa vontade de alguns governos e instituições de tolerar o humor ácido, as provocações e os insultos. Todos os habitantes do mundo não são iguais e é impossível prever a reação de uma pessoa a um ataque ou ofensa. Por exemplo, eu nunca faria charges provocativas contra religiões!
Seguindo essa linha, o ex-presidente francês, Jacques Chirac, criticou uma republicação do jornal Charlie em 2006, dizendo que “tudo o que fere convicções, sobretudo religiosas, de uma pessoa, deve ser evitado”. (a página em Inglês do Wikipedia mostra uma cronologia resumida das matérias polêmicas – aqui)
Mas o jornal, talvez em nome de sua independência (?), talvez apenas por buscar mais fama nas publicações controversas, não se importou com ameaças e processos e segue fazendo a mesma linha polêmica. Para quem quiser ver algumas das mais discutidas capas, segue link aqui (seleção feita com as 16 melhores, em Inglês) e aqui (reunidas pela Folha e UOL)

Voltando à frase “pirata” sobre a ausência de liberdade de opinião no mundo, alguns dos próprios líderes mundiais presentes em Paris na mega-manifestação, têm em seu passado marcas vergonhosas em relação à mídia e imprensa – veja levantamento aqui.
Dentre os hipócritas, estão primeiro-ministros, presidentes e ministros de relações exteriores. A matéria apresenta links para cada uma das acusações feitas.

Finalizando, posso ser cruel, mas não creio que um jornal de 30 a 60 mil exemplares atingiria os 5 milhões desta edição sem o atentado.
E… o que os “novos fãs” não pesam ao buscar o jornal no eBay e cultuar sua “independência” é a linha tênue entre a liberdade de expressão e a crítica ou mesmo preconceito contra a população muçulmana francesa, já estigmatizada.

por Celsão revoltado

figura retirada do portal UOL. Escolhi por ser uma capa inteligente e não apelativa quanto poderia ser.

P.S.: para quem quiser a edição digital, em PDF, no idioma original, segue link.

Violencia X midiaÉ inegável que nossa percepção da violência no Brasil, é de que a mesma tem aumentado substancialmente nos últimos anos.
Até mesmo eu, por passagem de férias no Brasil, tive essa impressão ao ver minha pacata cidade de Ubá vivendo momentos de guerra entre polícia e traficantes, e arrastões no centro da cidade.

Porém, até que ponto nossas percepções/sensações seriam somente pontuais (em nossos estados, cidades, comunidades, ou bairros) e portanto talvez não representem a realidade de toda a Nação? Até que ponto, o cada vez mais claro sensacionalismo midiático não interfere em nossas “impressões”, nos convencendo que a coisa está pior do que realmente é?

Até que ponto somos influenciados por nossos amigos, conhecidos, colegas, que se deixaram cair no desespero propagado pela mídia, e assim acabam nos influenciando com os seus próprios medos? Até que ponto não nos influenciamos uns aos outros?

Sei que é difícil avaliar a “violência” como um todo. A violência é composta por agressões físicas, agressões verbais, assaltos, furtos, ameaças, violência contra a mulher, contra homossexuais, contra negros, contra índios, violência policial, taxa de homicídios, violência no trânsito, e por aí vai… Portanto, precisaríamos avaliar um por um destes componentes. Mas, na minha singela opinião, uma variável que pode nos trazer uma boa ideia da realidade, seria a taxa geral de homicídio. .

Desta forma, fiz uma breve pesquisa e achei um estudo realizado pela Secretaria Nacional da Juventude, vinculada ao Governo Federal. Acesse o mesmo AQUI.
O Documento é extenso, não o li por completo. Mas busquei pontos-chave relacionados ao que eu procurava, e encontrei, na página 21, um gráfico que possui, entre outras informações, a taxa de homicídio em valor absoluto e em percentual (a cada 100.000 habitantes).

Se olharmos o gráfico veremos que do período de 1980 até 1990 (fim da ditadura militar e Governo Sarney), a taxa de homicídio no Brasil subiu de 11,7/100.000 habitantes, para 22,2, ou seja, um aumento de 89,9%.
De 90 até 2000(Collor, Itamar e FHC), subiu de 22,2 para 26,7, aumento de 20%.
E de 2000 até 2011 (fim de FHC, e governo Lula), subiu de 26,7 para 27,1, aumento de 1,6% (ou seja, se manteve praticamente estável, não melhorou, mas também não haveria piorado, como branda a maioria das pessoas).

Conclusão: Esse “absurdo aumento” da violência no Brasil nos últimos anos, pode não ser real, mas sim muito mais fruto de nossas impressões influenciadas, em muito, pela mídia sensacionalista, que além de querer vender notícias (sabendo que o “sangue” vende bem), quer também gerar medo e pânico, o que desestabiliza a sociedade e consequentemente o Governo vigente (e qualquer pessoa com suficiente informação e que seja honesta intelectualmente sabe, que a Grande Mídia brasileira faz dura oposição ao Governo atual). Além disso, o medo gera ansiedade, o que leva ao consumo desenfreado (tão bom para as grandes empresas – elite) o que também é vantajoso para a mídia, que é patrocinada por estas empresas.

Gostaria de salientar que, muitos dirão que estes dados mostrados acima podem ter sido manipulados, afirmação com a qual concordo plenamente. Outros dirão que a polícia deixa de registrar muitos casos de violência e/ou homicídio, a mando dos governos dos estados e prefeituras, ou muitas vezes, por falta de estrutura ou competência. Também concordo com isso.
Mas penso que manipulação de dados sempre houve, e sempre vai haver. E não penso que atualmente essa manipulação seja pior que antigamente. Portanto, mesmo manipulados, os dados científicos vindos de estudos sérios e respeitados, ainda são a melhor forma de nos aproximarmos da realidade.

Vale à pena ao menos refletir sobre isso, não acham?

* Segue aqui o link de um vídeo de apenas 6 minutos, retirado de uma palestra com o filósofo Eckhart Tolle, onde ele fala da violência na mídia, o que isso nos causa, e quais são nossas responsabilidades enquanto seres pensantes para reduzirmos nossa demanda por violência e podridão, e assim, enfraquecermos o negócio tão lucrativo, que é disseminar ódio e futilidades através da mídia. Clique AQUI

* Aqui, dei foco na análise das nossas “percepções, impressões, sensações” a respeito da violência. Por não querer prolongar o texto, não caí em outras abordagens bem diferentes, como por exemplo: Como a violência disseminada pela mídia corrobora diretamente para o aumento da violência efetiva? De tanto presenciar algo, sabe-se na psicologia que este algo acaba se tornando banal. No caso da violência não é diferente. De tanto vermos violência na mídia, acabamos nos tornando mais violentos, e isso acaba por se tornar normal/banal.

por Miguelito Formador

figura retirada daqui

Deparei-me, enquanto navegava pela internet, com o seguinte vídeo: Clique AQUI ou AQUI

Uma pessoa desatenta ao assistí-lo pensará: Nossa, a criminalidade não tem limites mesmo.

Bom, é justamente o que a Rede Globo quer que você pense. Como sempre digo (e estou só repetindo especialistas): A grande mídia visa gerar o medo, insegurança, pânico e ódio, pois um povo com medo e ódio, é mais fácil de se manipular… exemplos de estudos teóricos e resultados práticos dessa ideia não faltam, mas vou só mencionar uma pessoa que sabia disso perfeitamente: “Hitler”, ou melhor, Joseph Goebbels, o chefe de propaganda e marketing do Nazismo na época.

Gente, vamos a alguns detalhes deste vídeo:

  1. O infrator iria escolher alguém que está sendo entrevistado na TV, com o risco de ser filmado? E pior, um microfone da Globo, que 90% dos brasileiros conhecem. Por mais sem cultura, sem educação formal e tudo mais que ele fosse, acho que são raros os casos de tamanha imbecilidade. Eles existem, mas são raros.
    PRIMEIRA COINCIDÊNCIA.
  2. O repórter estava no momento provocando a mulher, falando do cordão dela, e de repente vem o moleque, e boom! Porque o repórter não estava falando do tempo, da economia, do lazer? Estava falando do cordão da mulher. Será que foi coincidência, ou ele já estava tentando voltar a atenção do telespectador para o cordão da mulher e para a violência do Brasil?
    SEGUNDA COINCIDÊNCIA.
  3. Segundo a legislação voltada para menores de idade, a imagem destes deve ser protegida. Portanto, parece que a Globo coloca a tarja por se tratar de um menor. Mas, a própria reportagem diz claramente que a polícia chegou atrasada ao local, o que dá a entender que não foi possível capturar o infrator, e portanto, não é possível identificar se ele é menor ou não. Então por que a tarja? Parece estar clara a intenção da reportagem de abordar, além da criminalidade, a redução da maioridade penal.
    Isso, fica ainda mais claro ao assistir a reportagem completa (AQUI). Dá-se ênfase diversas vezes ao “fato” (contestável) de que a maioria dos infratores são menores de idade. Por isso a tentativa sensacionalista de comprovar essa argumentação, colocando tarjas em todos os infratores.
    TERCEIRA COINCIDÊNCIA.
    Aqui abro aspas para uma observação, algo que achei bem estranho: percebam que na primeira cena do delito, o rosto do infrator ainda não possui a tarja. Ele corre, e continua sem a tarja. Quando o replay acontece, é a primeira vez que a tarja aparece. Por que? Erro de gravação/edição? Um erro tanto quanto estranho, principalmente ao se tratar da maior mídia do Brasil.
  4. Esse cameraman deveria estar filmando cenas do The Flash, sem precisar de edições posteriormente. Vejam como ele está com foco na mulher, daí o moleque passa correndo, repentinamente e sem dar aviso prévio, e neste exato momento, o cameraman começa a filmar o infrator, sem nunca perder o foco do mesmo, em alta velocidade e perfeição de movimento. Incrível isso não? Parece até que ele estava preparado e posicionado para tal cena.
    QUARTA COINCIDÊNCIA.

Eu aprendi estudando segurança de trabalho que, quando temos 2 coincidências ou mais, já estamos normalmente a falar de sabotagem, ou então, de um caso raro, com probabilidades tão baixas quanto um gato pôr ovo, ou eu estar andando pela rua e um meteorito do tamanho de uma bola de gude cair na minha cabeça, matando somente a mim.

Para mim está claro. Armação das mais tenebrosas da Globo, se equiparando ao nível da revista Veja. Apelação sensacionalista forte, e desrespeitando o juramento de ética do jornalismo.
Cena no estilo de novelas mexicanas…..

Sim gente, o Brasil é violento, e ninguém tem dúvida disso. A questão é: Quão violento, quão perigoso? É tão perigoso quanto nossa impressão? Ou nossa impressão é o resultado do real perigo + o sensacionalismo da mídia a nos ludibriar, fazendo com que o problema pareça ainda maior do que já é?

por Miguelito Formador